Turma: NOTURNO Local: ECA-USP 31 - AGOSTO - 2015 O HOMEM E A TÉCNICA SENTIDOS, VANTAGENS, DANOS E LIMITES 5a. AULA ROSENFELD, Anatol H. O homem e a técnica.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Correção da tarefa de História – 6º ano p. 60 PAULA GRACIELE CARNEIRO.
Advertisements

Classificação Decimal Universal E.B.2,3 Padre Joaquim Maria Fernandes CDU.
O «Estado» em Karl Marx. Segundo O’Connor, o estado é empurrado a assumir um compromisso crescente em termos de «despesas pelo capital social» (infraestruturas,
Clique para editar o estilo do subtítulo mestre 2012 Por uma cidade mais justa e sustentável.
Bruna Giglio e Giovana Castro 9 m 1 Produção Textual Professora : Karla Faria.
Faro, novembro de 2013 Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares Direção de Serviços da Região Algarve.
Portifólio Prof. Ricardo Raele. Prof. Ricardo Raele é um cientista brasileiro, mestre em administração e doutorando em biologia. Começou sua carreira.
TRABALHO 2º ano Questionário Livro de Sociologia pg. 41 a 44.
INTERDISCIPLINARIDADE NO CONTEXTO DA ESCOLA Profª Drª em Educação Científica e Tecnológica VERA LUCIA BAHL DE OLIVEIRA.
Profa. Ma. Ana Lúcia Antônio – SAS/SEJUSP Prof. Me Leandro Araújo –OMEP/CEDCA A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA E SEUS REFLEXOS NA SOCIOEDUCAÇÃO Profa. Ma. Ana Lúcia.
Quem somos O Grupo Lusófona assume-se como o maior grupo de ensino de Língua Portuguesa com estabelecimentos de ensino superior e/ou secundário e básico.
Instituições Sociais Instituição é toda forma ou estrutura social estabelecida, constituída, sedimentada na sociedade e com caráter normativo - ou seja,
Escolas Sustentáveis. Caderno temático Vamos Cuidar do Brasil com Escolas Sustentáveis ://conferenciainfanto.mec.gov.br/index.php/
SANTOS, Cláudia Mônica dos. & NORONHA, Karine
Prof. Ms. Wesley Luis Carvalhaes
Jürgen Habermas (1929) Integra a segunda geração da Escola de Frankfurt. Foi integrado à escola só depois da publicação de sua teoria sobre a esfera pública.
Para entender o que é política pública Produção cultural
As aplicações do Genius X. No cenário atual do mundo dos negócios e da vida de um modo geral a tecnologia está substituindo muitas funções que antigamente.
Responsabilidade Social. Quem somos: Foco é desenvolver projetos que possibilitem às empresas a incorporação de práticas de responsabilidade corporativa,
Estado nacional e poder político. O que é poder? Na aula anterior, nossas reflexões sobre política, povo e nação esbarraram inúmeras vezes nos conceitos.
LAN 5844 PREPARAÇÃO PEDAGOGICA EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS 2014 Professor responsável Dra. Gilma Lucazechi Sturion
A cultura e suas transformações, ou seria imposições?
Formação da sociedade Urbano- Industrial Professor: Jeferson Geografia 220.
Crises Imperialistas e a Primeira Guerra Mundial ( ) Prof. Alan
Ética e Cidadania Prof. Vonei Cene Ética e Civilização: na sociedade tecnológica! Aula 2.
O que é Estado? Políticas Culturais Conceituando a política A política é atividade que diz respeito à vida pública. Etimologicamente, pólis, em.
Síntese: Platão e Aristóteles PPGE- UEPG PROFESSORA GISELE MASSON.
Resumo Boaventura S. Santos (p ) As sociedades capitalistas são constituídas por mercado, Estado e Comunidade. Em geral esta última sempre esteve.
Prof. Ricardo Lima Filosofia
AS METODOLOGIAS DE ENSINO E AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DE UM PROFESSOR ALFABETIZADOR DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO-SC Acadêmicas:
O Observatório de Favelas atua como uma rede sócio-pedagógica, com uma perspectiva técnico-política, integrada por pesquisadores e militantes vinculados.
SOCIOLOGIA WEBERIANA Prof. Saulo Carvalho. Karl Emil Maximilian Weber ( ) Entre os fatores de importância incontestável estão as estruturas racionais.
ÁREA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS REFLEXÃO ► LIVRO DIDÁTICO Matriz Curricular PCN/Orientações SPAECE ENEM Conhecimento de Mundo.
PROGRAMA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA - PAIC EDUCAÇÃO INFANTIL 2013 FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
O desenvolvimento ecologicamente auto-sustentável A partir da década de 1970, em meio a Guerra Fria, surgiram em vários países “movimentos ambientalistas”
Aula 4: Escola e Trabalho.  Retomar aula anterior  Educação no campo político pedagógico  Proposições de Marx sobre educação  Modelos de instituições.
Disciplina de Noções de Relações Humanas e Ética Professor Alvaro Kosinski Amaral Curso Técnico em Transações Imobiliárias.
IV JUNIC IV SEMINÁRIO DE PESQUISA 2009 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica –PMUC Acadêmico Natalia Paris Rodrigues Comunicação Social.
CONSUMO SEGURO: NOVO DETERMINANTE DA SAÚDE Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não.
Filosofia e Ciência Leitura e discussão do Texto “Introdução à filosofia da ciência” de Alex Rosemberg.
Retomando o conceito de texto Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira I Professor: Marcel Matias.
GESTÃO DE PROJETOS. 1. Introdução ao Gerenciamento de Projetos 1.1. Definições de Projeto, Programa e Portfólio. Relações entre Gerenciamento de Projetos,
Trabalhando com produção textual
II JUNIC II SEMINÁRIO DE PESQUISA
AULA 6 - Povo: traços característicos e distintivos
Instituições Sociais define regrasexerce formas de controle social Instituição é toda forma ou estrutura social estabelecida, constituída, sedimentada.
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA: por um turismo mais solidário, menos perverso e mais justo.
Preconceito linguístico: o que é, como se faz.
AULA INTRODUTÓRIA SAÚDE E TRABALHO AVANÇOS E PERMANÊNCIAS.
Aula 7 NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Atualidades - Prof. Savio Gonçalves.
KARL MARX ( ) Thiago Gonçalves.
ALUNOS: ALMIR ROGÉRIO MARQUES NºUSP: GABRIELA ROMANO ULIAN NºUSP: LETÍCIA GLIARDIN FERNANDES NºUSP: PROF. DR. MARCELO ALVES BARROS.
FOUCAULT: REFLEXÕES SOBRE A CRISE NA MEDICINA. BREVE RESGATE HISTÓRICO O SURGIMENTO DO DIREITO À SAÚDE A SOMATOCRACIA.
PARTE 2 O PROCESSO ESTRATÉGICO: FORMULAÇÃO Título: Administração Estratégica – da competência empreendedora à avaliação de desempenho Autores: Bruno H.
DOCÊCIA NA UNIVERSIDADE MARCOS MASETTO (ORG.). Professor universitário O professor universitário é um profissional da educação na atividade docente. Mas.
OS IDEAIS DA LUTA EMANCIPACIONISTA
SIGNIFICADO DO TRABALHO UMA PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL
O homem e a Cultura Capítulo do Livro : O desenvolvimento do Psiquismo
A Sociedade em Rede A revolução da Tecnologia da Informação
REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO
O QUE É A FUNDAÇÃO TERRA MIRIM? A FUNDAÇÃO TERRA MIRIM - FTM-CL, SURGIU EM MAIO DE 1992 COMO UM CENTRO DE LUZ, EM UMA ÁREA RURAL REMANESCENTE DA MATA.
ADMINISTRAÇÃO  Profª. Kelly Magalhães. Conteúdo da Seção  Introdução à Administração e às Organizações  Organizações e a Administração  Processo de.
Marco muitíssimo significativo a edição 2000 do JB News. São dois mil dias seguidos e ininterruptos que este periódico eletrônico está na web desde.
1 Aula 8 – Modos de Produção e formações sociais Observação da imagem Leitura da introdução.
MODELOS DE ENSINO E SELEÇÃO DE CONTEÚDOS Aula 9 – 12/maio/2014.
Docente: Marcos Camara de Castro Discente: Louise Gomes Wiezel.
Profa. Relma Urel Carbone Carneiro Aula: Ser professor: imagens e auto-imagens Referência: ARROYO, M. G. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis,
Leitura documentária Profa. Giovana Deliberali Maimone.
A Interculturalidade na Formação do Secretário Executivo
Celso Favaretto. Pesquisador, Doutor em Filosofia, concentração em estética, pela Universidade de São Paulo. Foi professor de Filosofia e Estética em.
Transcrição da apresentação:

Turma: NOTURNO Local: ECA-USP 31 - AGOSTO O HOMEM E A TÉCNICA SENTIDOS, VANTAGENS, DANOS E LIMITES 5a. AULA ROSENFELD, Anatol H. O homem e a técnica. In: Texto/Contexto II. São Paulo: Ed. da Unicamp; Edusp; Perspectiva, (Cap. 11 – p ) DISCIPLINA: CBD DOCUMENTAÇÃO E INFORMÁTICA DOCENTE: Prof. Dr. Marcos Luiz Mucheroni MONITOR: EDISON LUÍS DOS SANTOS

Epígrafe introdutória Fazer e Pensar “A separação entre ‘fazer’ e ‘pensar’ constitui-se numa das doenças que caracterizam a delinquência acadêmica; a análise e discussão dos problemas relevantes do país constituem um ato político, uma forma de ação, inerente à responsabilidade social do intelectual. A valorização do que seja um homem culto está estritamente vinculada a seu valor na defesa de valores de cidadania essenciais, ao seu exemplo revelado não pelo seu discurso, mas por sua existência e ação.” (Maurício Tragtenberg, A delinquência acadêmica, 1979, p. 22)

A Técnica: visitando o dicionário... TÉCNICA [  = arte] GRÉCIA (séc. V a.C.) A palavra “técnica” (Tecné) herdou o significado primeiro (isto é, platônico) do termo “arte”; o sentido geral do termo “técnica” coincide com o sentido que era dado inicialmente à “arte”: “Conjunto de regras capazes de dirigir (ordenadamente) uma atividade humana qualquer.” (raciocínio, filosofia, dialética, poesia, política, guerras, medicina etc.) Homem = animal que a natureza deixou mais desprovido inerme em toda a criação (Platão) Fonte: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São Paulo: Mestre Jou, 1982.

Palavras iniciais: texto e contexto Texto : obra (póstuma) resulta de pesquisa iniciada por Nanci Fernandes, A maioria dos textos foram escritos nos últimos anos de vida ( ) Reúne ensaios e estudos que foram impressos em jornais entre 1943 e 1967, alguns durante e outros logo após a guerra (Diário Paulista, Jornal de São Paulo, Correio Paulistano, Correio Israelita etc.) A bibliografia: composta de livros datados de meados séc. XX (pré 1958) > Maioria das obras citadas em alemão [ausência de Heidegger*] ler p. 110 Contexto Anatol H. Rosenfeld (1912* – 1973+) pensador, crítico literário e de teatro, ensaísta, fugiu da Alemanha hitlerista e radicou-se no Brasil no fim dos anos 1930) * A conferência A questão da técnica (Die Frage nach der Technik) foi proferida no dia 18 de novembro de 1953 no Auditorium Maximum da Escola Superior Técnica de Munique, ciclo de conferências As artes na época da técnica, promovido pela Academia Bávara de Belas Artes. O texto foi publicado pela primeira vez no volume III do Anuário da Academia, R. Oldenbourg München, 1954, p. 70 e ss.

A Técnica: desvelando o significado... Compreende: “todo conjunto de regras aptas a dirigir eficazmente uma atividade qualquer.” TÉCNICAS RACIONAIS Simbólicas {cognitivas {artísticas Comportamento {educacionais {econômicas {morais {jurídicas {eróticas {propaganda etc. Produção {produção e consumo de bens TÉCNICAS MÁGICAS TÉCNICAS RELIGIOSAS (ritos) Fonte: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São Paulo: Mestre Jou, 1982.

>>>> Da Técnica: acepção geral “Conhecimento e domínio de meios para atingir determinado fim”. (p. 133). Exemplos pintar um quadro, jogar tênis, xilogravura, fazer canoas, fazer redes de pesca etc. Título: Sensitiva (MASC) Autor: Victor L. Rebuffo Técnica: xilogravura sobre papel Ano: 1958 | Dimensões: 53,5 x 28 cm

A ESSÊNCIA DO INSTRUMENTO Dádiva Ambígua - PEDRA | FOGO | ENERGIA ATÔMICA “Tanto podem servir como armas mortais quanto podem ser instrumentos úteis para adaptar o mundo às necessidades do homem” (p. 134) > concepção instrumental da TÉCNICA (Heidegger). Pesca artesanal (cerco) | Tecnologia assistiva PcD | Cisternas p/ captação de água

Diferentes formas de adaptação às necessidades CONDIÇÃO COLONIAL & AMBIÇÃO Financiamento holandês nos Engenhos de açúcar brasileiros. Mulheres e crianças caiçaras produzem tartareias – técnica artesanal de fabricação de tartarugas; peixes de madeira

CONDIÇÃO COLONIAL: TÉCNICAS DEDOMESTICAÇÃO DOS CORPOS (Animalização: ontem e hoje) Negros ao tronco. Gravura francesa século XIX, Thierry Freres, Carolina | BRA-SP, 2003, col., 15 min. | DE, Jeferson.

O DOM DA LÍNGUA: conquista do mundo simbólico “NÃO É O MERO USO DE OBJETOS QUE FAZ O INSTRUMENTO, MAS SUA ESCOLHA PARA UM EMPREGO POSSÍVEL”. (p. 136). SINAL = “PRESENTA” (cão) SÍMBOLO = “REPRESENTA” (homem) “O instrumento define o homem como ser capaz de viver no condicional; como ser capaz de arrancar-se do indicativo da atualidade e de viver na dimensão do tempo” (p.138)

DO INSTRUMENTO AO AUTÔMATO MÃO “Cérebro exterior do homem” (Kant) HANDELN (alemão) = fazer, atuar com as mãos (p. 138) Fonte: Homo habilis - manufaturavam facas, machados, lanças, enfim, utensílios que lhes permitiam caçar, pescar, alcançar frutos e outros vegetais, obtendo alimentos para a conservação da vida. Assim, pode-se dizer que Técnica têm suas origens ligadas às necessidades humanas.

DO INSTRUMENTO AO AUTÔMATO Fonte: INTELIGÊNCIA PRÁTICA INTELIGÊNCIA PRÁTICA = REAÇÕES DENTRO DE UM CAMPO CONCRETO DE TENSÕES VITAIS.

DO INSTRUMENTO AO AUTÔMATO Fonte: Agora foram encontrados fragmentos de rochas lascadas que datam de 3,3 milhões de anos, empurrando a origem da técnica 700 mil anos em direção ao passado. [Lago de Turkana, Quênia, 149 fragmentos (cores) e lascas (flakes), sítio Lomekwi 3] (Fernando Reinach, A origem de todas as tecnologias. In: O Estado de S. Paulo, Metrópole, E9, HOMO HABILIS - HOMO HABILIS - Os fragmentos de rocha lascada mais antigos datavam de 2,6 milhões de anos, época do Homo habilis.

DO INSTRUMENTO AO AUTÔMATO FASE DO INSTRUMENTO “O trabalho dos órgãos humanos é apenas reforçado, facilitado e aperfeiçoado”. FASE DA MÁQUINA “Surge o mecanismo para produzir e transmitir forças que realizam trabalho útil por meio de outros engenhos”. Ao homem restam as funções de controle e orientação”. FASE DO AUTÔMATO “Máquinas eletrônicas (mecatrônicas) auto-reguladoras tornam dispensável o trabalho intelectual do homem”. (p. 139).

O MUNDO EM MUDANÇA: aceleração constante “Nenhum setor da cultura e nenhum nervo do homem deixarão de ser atingidos por essa transformação que pode durar ainda séculos, sendo impossível predizer o que neste fogo se queimará, o que será transfundido e o que se mostrará resistente”. (p. 141) [Arold Gehlen, pensador alemão] “Estamos todos nos deslocando sobre uma esteira rolante que se move em sentido contrário às velocidades crescentes trazendo novos conhecimentos; temos que correr para ficar pelo menos no mesmo lugar”. (professor Wladimir P. Longo)

GLOBALIZAÇÃO DA MISÉRIA - Favelas e Subclasses Favelas em SP e no RJ. Fonte: Google Imagens, subclasse... é justamente “nas grandes cidades, metrópoles, megalópoles e, frequentemente, nas cidades globais que se localiza a subclasse - uma categoria de indivíduos, famílias, membros das mais diversas etnias e migrantes, que se encontram na condição de desempregados mais ou menos permanentes” (IANNI, 2004: 59)

A FONTE E O TELEFONE “Ao pé do poço ou da fonte de água perto da aldeia ou vila onde se reúnem as moças para buscar água e trocar ideias (conversar)”. (p. 147). Romantismo (séculos XVIII-XIX) (GOETHE, Herman e Doroteia)

A AMBIGUIDADE DA TÉCNICA 1. Técnica = perigo, desumanização, robotização ( Tempos modernos, Chaplin) ( Revolução da esperança : por uma tecnologia humanizada, Herbert Marcuse, 1981.) X 2. Novo homem = Progresso (positivo) > técnica como solução > atitude otimista diante do mundo > visão utilitarista da vida e da matéria (hedonismo, consumismo, alienação, destruição da natureza, fim de recursos, lixo marinho, lixo nuclear etc.

A TÉCNICA E OS VALORES A TÉCNICA MODERNA E O HOMEM INSATISFEITO “A imensa oferta de bens materiais parece condicionar a intensificação de desejos inferiores que se emaranham no círculo vicioso dos valores utilitários, de conforto, luxo e semelhantes, enfraquecendo o apelo dos valores ascéticos, ligados do rigor da conduta”. (p. 156) Acidente, em 2007, com o cargueiro britânico “MSC Napoli”, Sul da Inglaterra, e da colisão mortal no estreito de Messina (Itália).

A TÉCNICA E OS VALORES TÉCNICA MODERNA E O UTILITARISMO “Por trás do discurso utilitarista (prazer do uso) esconde-se o PODER DE DOMINAÇÃO (vontade de poder). O consumo passa a ser o estio de vida em função dos seus benefícios; o pressuposto para a propagação de uma “racionalidade unidimensional. Essa racionalidade tecnológica é um processo POLÍTICO” MARCUSE, H. Ideologia da sociedade industrial, p VALORES DA TRADIÇÃO ORAL DIÁLOGO ESCUTA CONVERSA = MEMÓRIA, GENEROSIDADE, TROCA DE AFETOS PARTILHA DE HISTÓRIAS E EXPERIÊNCIAS MUTIRÃO = TROCA DE SABERES, TROCA DE AFETOS, PARTILHA DE FAZERES

O TECNOPÓLIO: RENDIÇÃO DA CULTURA À TÉCNICA Tecnopólio é a tecnocracia totalitária. É a submissão de todas as formas de vida cultural à soberania da técnica e da tecnologia. “ As novas tecnologias competem com as antigas — pelo tempo, por atenção, por dinheiro, por prestígio, mas sobretudo pela predominância de sua visão de mundo”. POSTMAN, Neil. Tecnopólio - a rendição da cultura à tecnologia. São Paulo: Nobel, 1994, p. 61 e 25. O ESTRIBO O estribo tornou possível combater no lombo do cavalo, e isso criou uma nova e tremenda tecnologia militar: o combate do choque montado. A nova forma de combate [...] aumentou a importância da classe dos cavaleiros e mudou a natureza da sociedade feudal. [...] Em dado momento, os cavaleiros assumiram o controle das terras da igreja e distribuíram-nas a vassalos, com a condição de que estes continuassem a seu serviço. [...] O estribo assumiu as rédeas e levou a sociedade feudal aonde ela jamais chegaria de outra forma. (POSTMAN,1994; 36)

UMA TÉCNICA PARA DOMINAR A TÉCNICA A TÉCNICA MODERNA = CAPITALI$MO > Produção e consumo de bens materiais (p. 153) Mundo artificial da técnica = racionalidade unidimensional > aspiração em que falta o coração e a centelha moral > símbolo máximo das alienações (p ). “O telefone é indispensável no nosso mundo; mas de igual importância é o encontro, ainda que não seja na fonte e sim na cantina da fábrica” “O telefone é indispensável no nosso mundo; mas de igual importância é o encontro, ainda que não seja na fonte e sim na cantina da fábrica” (p.159) A INTOLERÂNCIA É A NEGAÇÃO DO DIÁLOGO... >

TÉCNICAS PARA ANIQUILAMENTO DOS SERES – APAGAMENTO DA MEMÓRIA não só incomodam, mas causam desconfortos ao ato de pensar... Noite e neblina [Nuit et brouillard] | FRA, 1955, col. e p&b, 32 min. | RESNAIS, Alain. Para atingir níveis de escala compatíveis com a lógica do sistema de produção industrial, milhões de pessoas deveriam ser reduzidas a esqueletos viventes (privação de água, comida e sono), amontoado de ossos e trapos, antes de serem transformados em cinzas pelos crematórios dos campos de concentração. Para tanto, foi empregado o terror como arma política, combinado com elevada eficiência técnica dos aparelhos burocráticos e fanática sustentação ideológica com base em “conhecimento científico”

DESTRUIÇÃO DOS TRÊS PILARES DO JUDAÍSMO: SABHAT, SANTIDADE FAMILIAR E SEXUALIDADE Situação-limite Situação-limite e efeitos TRAUMÁTICOS Noite e neblina [Nuit et brouillard] | FRA, 1955, col. e p&b, 32 min. (leg. port.) | RESNAIS, Alain. Mais do que mera desinfecção de corpos, tratou-se de apagar de modo intencional e sumariamente todos os símbolos e valores culturais do corpo judaico. Um desses pilares simbólicos do judaísmo é o Shabat.

Técnicas de esvaziamento semântico do CORPO A desconstrução semiótica do corpo precede a morte física, por meio do aniquilamento da verdade interna do indivíduo e da destruição de suas representações sígnicas externas, de modo planificado e intencional para que, sob a aparência de “crime perfeito”, não deixe nem rastros, nem pistas. Todos os vestígios que por ventura poderiam subsidiar a História, incluindo arquivos, documentos, imagens, relatos, desenhos, fotografias, lembranças e os próprios corpos dos sujeitos deveriam sempre “desaparecer” até a SOLUÇÃO FINAL. >>>>>>>>>[NOVILÍNGUA] Sugestão leitura: LEVI, P. É isto um homem? Trad. Luigi Del Re. 3ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

TÉCNICAS MÉDICAS DE EXTERMÍNIO Em vários campos de concentração, os internados foram utilizados como cobaias humanas e submetidos a terríveis experiências e técnicas médicas: inoculação de enfermidades, ablação de músculos, castração cirúrgica e esterilização de órgãos Algumas dessas experiências estavam orientadas a encontrar os métodos científicos mais eficazes para o extermínio das etnias e grupos sociais considerados “inferiores”.

UM NOVO MODO DE VER A TÉCNICA Quando se começou a testemunhar a eclosão de acidentes nucleares, vazamentos de petróleo, tragédias pelo uso indiscriminado de pesticidas, envenenamento farmacêutico, a visão otimista do “progresso” científico e tecnológico também começou a se relativizar. (Guerras do Vietnã e Coreia, Guerra Fria etc.) Livro Silent Spring, de Rachel Carson (1962): denuncia os males causados pelo uso do pesticida DDT e questiona a fé cega no progresso científico e tecnológico; considerado por muitos o “fundador” do movimento ecológico. As discussões apontavam para o fato de que a Ciência não é neutra como se fez acreditar até poucas décadas atrás. Acreditava-se que a Ciência geraria automaticamente benefícios sociais por um mecanismo simples que podia ser resumido na seguinte fórmula: + ciência = + tecnologia = + riqueza = + bem-estar social

TÉCNICA SOCIAL APROPRIADA Entre 1924 e 1927, Gandhi dedicou-se a construir programas, visando à popularização da fiação manual realizada em uma roca de fiar reconhecida como o primeiro equipamento apropriado, a Charkha, como forma de lutar contra as injustiças sociais e o sistema de castas que a perpetuava na Índia. Isso despertou a consciência política de milhões de habitantes das vilas daquele país sobre a necessidade de autodeterminação do povo e da renovação da indústria nativa hindu, o que pode ser avaliado pela significativa frase por ele cunhada: “Produção pelas massas, não produção em massa”. DAGNINO, Renato; BRANDÃO, Flávio Cruvinel; NOVAES, Henrique Tahan. Sobre o marco analítico- conceitual da tecnologia social. In: Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004, p. 19.

DEFESA DE DISSERTAÇÃO DEFENDIDA EM 30 de SETEMBRO de 2013 Pós-Graduação em Ciência da Informação - ECA/USP Estação Memória Cambury: mediação cultural com os parceiros do Rio que Muda Edison Luís dos Santos

objetivo Apresentar o desenvolvimento dos referenciais conceituais e metodológicos construídos a partir da criação de um dispositivo informacional – Estação Memória Cambury – voltado à produção, apropriação e circulação social de memórias/experiências no contexto da comunidade quilombola/caiçara do Cambury, Ubatuba-SP. Conceitos Conceitos-chave que formam o tecido da trama conceitual: Expropriação cultural Mediação cultural Dispositivos informacionais Apropriação social da informação.

t QUILOMBOLAS E CAIÇARAS: CAMBURY UBATUBA - SP

A VOZ DOS SOBREVIVENTES: BIBLIOTECAS VIVAS Quilombo do Cambury - núcleo de escravos fugidos organizaram-se em torno da agricultura de subsistência e dos SABERES DA TRADIÇÃO ORAL.

CORRIDA DE CANOAS - Acervo do Pesquisador Praia de Cambury – Corrida de canoas; ocasião da 1ª. visita ao campo, entre 22 e 25 de junho de 2011

AS TÉCNICAS E O ESPAÇO “As técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço”. (SANTOS, 2014: 29). Alcides Alves | pescador, artesão, quilombola, líder comunitário, prática do mutirão.

REFERÊNCIAS Texto-Base ROSENFELD, Anatol. O homem e a técnica. In: Texto/Contexto II. São Paulo: Ed. da Unicamp; Edusp; Perspectiva, (Cap. 11 – p ) Leituras Complementares ABBAGNANO, Nicola. Técnica. In: Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi. São Paulo: Mestre Jou, ORTEGA Y GASSET, José. Meditacion de la tecnica y otros ensayos sobre ciencia y filosofia. Madrid: Revista de Ocidente; Alianza Editorial, 2004 [1939]. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4ª edição. São Paulo: EDUSP, (Col. Milton Santos, 1) [1996]. ____. Técnica espaço tempo: globalização e meio técnico-científico-informacional. 4ª edição. São Paulo: Hucitec, 1998, p ____.; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 3ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2001, p

Tel.: (11) Site: PPGCI – ECA USP Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, prédio 8, sala 9 Cidade Universitária – CEP – São Paulo – SP – Brasil CONTATOS