DISCIPLINA HISTÓRIA DO NORDESTE GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA ROBERVAL S. SANTIAGO.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
CASA GRANDE & SENZALA 1933.
Advertisements

2º EM: Gilberto Freyre e Casa-grande e Senzala
A gênese geoeconômica do território brasileiro
Áreas de Fixação Humana Urbanização e Ruralidade.
Geografia Regional do Brasil A dimensão temática: O recorte temático da ordem e, portanto, a reordenação da ordem; Uma construção sintética; O sentido.
Conceitos de Karl Marx.
E.E Abadia Faustino Inácio Aluna: Jéssica Tema : Educação e Família Prof. ° Inês Pereira.
A Imigração Nomes: Bruna Grasel e Bruna Moenke.. República Velha  Foi o período que foi de 1889 a 1930  Este período da História do Brasil é marcado.
PROJETOS DE VIDA, ESCOLA E TRABALHO
RAÇA E ETNIA: Quem é o povo brasileiro? Prof. Marcelo Costa.
ECONOMIA E SOCIEDADE COLONIAL. EMPRESA COLONIAL Plantation Escravidão indígena ∟ início Escravidão africana Comércio triangular.
Escravidão no Brasil História Unidade 7 4º Ano.
Colonização Espanhola
GEOGRAFIA ÁFRICA Prof. Jhonny.
A formação das monarquias nacionais Cap. 3/p.77-80
A Capoeira: de uma tradição clandestina...
América Espanhola Independência do Haiti
A QUESTÃO DA TERRA NO BRASIL
Componentes: Gustavo Luiz - n° 10
Rumos possíveis, rumos proibidos – ou quase
O Antigo Regime em Portugal
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Sociedade e indivíduo como relação recíproca
LES-237 Sociedade, Cultura e Natureza
DIVERSIDADE ÉTNICA Nomes: Eloisa F. Hockele e Francieli Zapalai Turma: 811 Profª Carol Matéria: Ensino Religioso.
INVASÕES HOLANDESAS NO NORDESTE BRASILEIRO- SÉCULO XVII
A presença portuguesa em África
O que é região? Regionalização
Disciplina: Geografia
séculos XII / XIII –um país emergente – aspectos estruturais
Revisão TSE 8 ano geografia
Geopolítica Prof.ª Rachel.
COMPLEXO AÇUCAREIRO: A ESCRAVIDÃO
CIÊNCIA POLÍTICA COMO CIÊNCIA SOCIAL
UT 13 – O COTIDIANO NO BRASIL COLONIAL
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 AS REGIÕES DA ONU
A gênese geoeconômica do território brasileiro
Aula 4 Burocracia Weberiana.
A liberdade guiando o povo
Expansão Europeia O Império Português.
EXPANSÃO MARÍTIMA E ENCONTRO CULTURAL
A história das grandes migrações populacionais para o Brasil remonta ao período colonial, quando entraram no território brasileiro milhões de colonizadores.
O MERCANTILISMO: Definição: conjunto de práticas econômicas dos Estados Absolutistas. Quando: aproximadamente entre os séculos XV e XVIII. Onde: vários.
O QUE É UMA COMUNIDADE E COMO IDENTIFICÁ-LA
Módulo 3 Os Espaços Organizados pela População:
Colonização – conceitos básicos
A história das grandes migrações populacionais para o Brasil remonta ao período colonial, quando entraram no território brasileiro milhões de colonizadores.
Economia Imperial (XIX)
O que é Educação Ambiental?
A organização da vida social na visão de Karl Marx
O domínio português do comércio marítimo do Oriente
ESTUDO COMPARADO: PORTUGAL, ESPANHA E INGLATERRA
ISRAEL Fatos pouco conhecidos.
Preparatório EsPCEx História Geral
O QUE É UMA COMUNIDADE E COMO IDENTIFICÁ-LA
Expansão Marítima: princípios e motivações
América Portuguesa Aula 2
AULA 2 – geopolítica clássica
A NÚBIA E O REINO DE KUSH Professora: Janaína Vargas 6° ano CAESP.
POLITICA NORMATIVA /01/2019.
Povoamento Construção do Brasil
História Geral e do Brasil José Alves de Freitas Neto
História Geral e do Brasil José Alves de Freitas Neto
EXPANSÃO ECONÓMICA E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
Direitos Humanos.
OS REINOS AFRICANOS.
MULTICULTURALIDADE.
GRÉCIA CAPÍTULO 4.
Transcrição da apresentação:

DISCIPLINA HISTÓRIA DO NORDESTE GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA ROBERVAL S. SANTIAGO

CASA GRANDE & SENZALA 1933

Gilberto de Mello Freyre ( Recife, 15 de março de Falecido no Recife, 18 de julho de 1987) foi um polímata brasileiro. Como escritor, dedicou-se à ensaística da interpretação do Brasil sob ângulos da sociologia, antropologia e história. Foi também autor de ficção, jornalista, poeta e pintor. É considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX. Recebeu da Rainha Elizabeth II o título de Sir, sendo um dos poucos brasileiros detentores desta alta honraria da coroa britânica... GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA Seu primeiro e mais conhecido livro é Casa-Grande & Senzala, publicado no ano de 1933 e escrito em Portugal. Nele, Freyre rechaça as doutrinas racistas de branqueamento do Brasil. Baseado em Franz Boas, demonstrou que o determinismo racial ou climático não influencia no desenvolvimento de um país. Entretanto, essa obra deu origem ao mito da democracia racial no Brasil com relações harmônicas interétnicas que mitigariam a escravidão brasileira, que, segundo Freyre, fora menos ruim que a norte-americana...

1937

► “ Vi uma vez, depois de mais de três anos maciços de ausência do Brasil, um bando de marinheiros nacionais - mulatos e cafuzos - descendo não me lembro se do São Paulo ou do Minas pela neve mole de Brooklin. Deram-me a impressão de caricaturas de homens. A miscigenação resultava naquilo. Faltou-me quem me dissesse então que não eram simplesmente mulatos ou cafuzos os indivíduos que eu julgava representarem o Brasil, mas cafuzos e mulatos doentes. Foi o estudo de Antropologia sob a orientação do Professor Boas que primeiro me revelou o negro e o mulato no seu justo valor - separados dos traços de raça os efeitos do ambiente ou da experiência cultural. Aprendi a considerar fundamental a diferença entre raça e cultura. Neste critério de diferenciação fundamental e ntre raça e cultura assenta todo o plano deste ensaio.” GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1934

► "Casa-Grande & Senzala foi a resposta à seguinte indagação que eu fazia a mim próprio: o que é ser brasileiro? E a minha principal fonte de informação fui eu próprio, o que eu era como brasileiro, como eu respondia a certos estímulos." ► Quer ver o Brasil a partir do Brasil. GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1939

CONTEXTO DO LIVRO ► Livro surgiu num contexto histórico dominado por intelectuais conservadores, principalmente entre 1937 e 1945, com o Estado Novo que adotava a política de branqueamento idealizada por Oliveira Vianna... GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1964

Inovações do livro ► Vê a cultura brasileira enriquecida pela integração dos elementos indígenas, portugueses e africanos. ► Não pensa a mestiçagem em termos de “purificação”. ► Pensa a contribuição da cultura negra como elemento central à constituição da sociedade brasileira (admite e valoriza o papel do negro). ► Abriu mão de estatísticas, tabelas e fontes primárias (usados por Oliveira Vianna como garantia de cientificidade). GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1945

Capítuloo1 Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida... Capítuloo1 Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida... GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1947

O PORTUGUÊS ► Portugal é um país marítimo. Recebia sempre povos de todos os lugares do mundo. Seus portos eram rota de comércio e de migrações. ► “Povo definido entre a Europa e a África” >> bicontinentalidade. ► O contato com estrangeiros estimulava, no povo português, tendências cosmopolitas, imperialistas e comerciais. ► Na Península Ibérica as raças se misturavam havia milênios (árabes e judeus, principalmente): ► Diferente de outras nações europeias, Portugal não tinha “orgulho de raça” GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1959

► A burguesia comercial ganhava mais poder que a aristocracia territorial portuguesa e buscava no além-mar terras e riquezas nunca exploradas. ► Além da mobilidade, o português tinha a capacidade de se misturar facilmente com outras raças. ► Características: cosmopolistismo, mobilidade (herança judaica) e plasticidade. GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1940

A colonização ► A ocupação do Brasil deu-se após um século de contato dos portugueses com os trópicos (na Índia e na África). ► Sucesso da colonização deveu-se à aclimatabilidade e à miscibilidade do português, características que supriram a falta de capital humano. ► Miscibilidade favorecida pela sexualidade exacerbada, fruto de um catolicismo “amaciado” pela influência árabe e judaica. GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1939

► Miscibilidade: “Nenhum povo colonizador, dos modernos, excedeu ou sequer igualou os portugueses na sua miscibilidade. Foi misturando-se gostosamente com mulheres de cor logo ao primeiro contato e multiplicando-se em filhos mestiços”. ► Aclimatabilidade: Clima em Portugal é próximo ao da Europa, portanto a vinda para os trópicos não seria de difícil adaptação. ► Miscigenação foi o grande trunfo do português na colonização e constituição da nação brasileira: adaptação biológica e social. ► Colonização pela “hibridização”: construção de uma população e de uma sociedade mestiça. GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1957

► Nação feita a partir da “espada do particular” (patriarcalismo), não pela ação oficial do Estado. ► Casa Grande como unidade da vida política e social. ► : ► Formação de uma sociedade:  Agrária na estrutura  Escravocrata na técnica de exploração econômica  Híbrida na composição GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1978

Família Família ► “A família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é desde o século XVI o grande fator colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas (...) Sobre ela o rei de Portugal quase reina sem governar” ► Oligarquia, personalismo. ► Latifúndio: célula fundadora. Unidade política, econômica e social. GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1943

Equilíbrio de antagonismos ► Formação da sociedade brasileira é um permanente processo de equilíbrio de antagonismos Antagonismos fundadores: ► Cultura europeia x indígena ► Cultura europeia x africana ► Cultura africana x indígena ► Economia agrária x pastoril ► Economia agrária x mineira ► Católico x herege ► Senhor x escravo (o antagonismo fundamental) GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1949

Aspectos fundamentais para o equilíbrio, para o amortecimento de contrastes: Aspectos fundamentais para o equilíbrio, para o amortecimento de contrastes: ► Miscigenação ► Dispersão da herança ► Fácil mudança de profissão ► Tolerância moral ► Catolicismo “lírico” português ► Hospitalidade a estrangeiros >> a mediação do negro foi fundamental, como “influência amolecedora” de contrastes entre europeus e indígenas GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA

1984

Casa-Grande & Senzala, 1933; Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife, 1934; Sobrados e Mocambos, 1936; Nordeste: Aspectos da Influência da Cana Sobre a Vida e a Paisagem…, 1937; Açúcar, 1939; Olinda, 1939; O mundo que o português criou, 1940 ; Um engenheiro francês no Brasil,1940 e ª edição) ; Problemas brasileiros de antropologia, 1943 GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA OBRAS

1969

Sociologia, 1945; Interpretação do Brasil, 1947; Ingleses no Brasil, 1948; Ordem e Progresso, 1957; O Recife sim, Recife não, 1960; Os escravos nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX, 1963; Vida social no Brasil nos meados do século XIX, 1964 ; Brasis, Brasil e Brasília, 1968; O brasileiro entre os outros hispanos, 1975; Homens, engenharias e rumos sociais, GILBERTO FREYRE: CASA GRANDE & SENZALA OBRAS

1962

“A palavra Nordeste é hoje uma palavra desfigurada pela expressão "obras do Nordeste" que quer dizer: "obras contra as secas". E quase não sugere senão as secas. Os sertões de areia seca rangendo debaixo dos pés. Os sertões de paisagens duras doendo nos olhos. Os mandacarus. Os bois e os cavalos angulosos. As sombras leves como umas almas do outro mundo com medo do sol...” GILBERTO FREYRE: CONCEPÇÃO DO NORDESTE “ Mas esse Nordeste de figuras de homens e de bichos se alongando quase em figuras de El Greco é apenas um lado do Nordeste. O outro Nordeste. Mais velho que ele é o Nordeste de árvores gordas, de sombras profundas, de bois pachorrentos, de gente vagarosa e às vezes arredondada quase em Sancho pança pelo mel de engenho, pelo peixe cozido com pirão, pelo trabalho parado e sempre o mesmo, pela opilação, pela aguardente, pela garapa de cana, pelo feijão de coco, pelos vermes, pela erisipela, pelo ócio, pelas doenças que fazem a pessoa inchar, pelo próprio mal de comer terra...” Por fim, o Nordeste das Obras de Gilberto Frey que mostra como uma Região o Nordeste é especificamente tradicional...

1954

“O Nordeste e não um, muito menos Norte maciço e único de que se fala tanto no Sul com exagero de simplificação. As especializações regionais de vida, de cultura e de tipo físico no Brasil estão ainda por ser traçadas debaixo de um critério rigoroso de ecologia ou sociologia regional, que corrija tais exageros e mostre que dentro da unidade essencial, que nos une, há diferenças, às vezes profundas...” A região foi pensada por Gilberto Freyre não como um espaço determinado pelos elementos físicos, mas como um espaço social. Isso foi explicitado pelo autor no prefácio a Casa grande & senzala, ao afirmar ser o espaço social ocupado pelo sistema patriarcal da lavoura açucareira condicionado por elementos geológicos, botânicos e físico-geográficos, mas, de forma alguma, determinado por eles. Seu ponto de vista era de que o sistema patriarcal com suas formas constantes e processos incessantes, sua ação e sua dinâmica, foi superior a todos os elementos físicos - tropicais ou quase tropicais... GILBERTO FREYRE: CONCEPÇÃO DO NORDESTE

FILME: ABRIL DESPEDAÇADO WALTER SALES

FIM