CESÁRIO VERDE SÍNTESE DA UNIDADE

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Autora: Maria de Lourdes Vieira Universidade Estadual de Goiás Anápolis-GO.
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Transcrição da apresentação:

CESÁRIO VERDE SÍNTESE DA UNIDADE Encontros – 11.º ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Inês Ribeiros

Friso cronológico REALISMO Cesário Verde (1855-1886) CESÁRIO VERDE: SÍNTESE DA UNIDADE Friso cronológico Séc. XVII BARROCO Séc. XIX ROMANTISMO REALISMO Cesário Verde (1855-1886) Cânticos do Realismo (O Livro de Cesário Verde) 1887

CESÁRIO VERDE: SÍNTESE DA UNIDADE Representação da cidade e dos tipos sociais Deambulação e imaginação: o observador acidental Perceção sensorial e transfiguração poética do real O imaginário épico (em “O Sentimento dum Ocidental”) Linguagem, estilo e estrutura Verifica se sabes (grelha de autoavaliação) Em síntese…

Deambulação e imaginação: o observador acidental CESÁRIO VERDE: SÍNTESE DA UNIDADE Espaço confinador e destrutivo, marcado pela ausência ou perversão do amor. Deambulação e imaginação: o observador acidental Representação minuciosa e realista, segundo a perceção sensorial e a reflexão / análise do sujeito poético. Representação da cidade Captação de exteriores e interiores e de pequenos episódios do quotidiano, decorrente da deambulação do sujeito poético pela cidade e da observação acidental. Espaço oposto ao campo (vitalidade, energia, ânimo, expressão idílica do amor).

Representação da cidade Tipos sociais Povo / classes trabalhadoras Burguesia Marginais que vivem na cidade Produtividade, vitalidade, autenticidade. Ex.: vendedora de legumes, calafates, obreiras, varinas… Ociosidade, inércia, artificialidade. Ex.: criado do bairro burguês, dentistas, arlequins, lojistas… Degradação social e moral. Ex.: ladrões, bêbedos, jogadores, prostitutas… Alvo de crítica por parte do sujeito poético. Alvo de simpatia e solidariedade por parte do sujeito poético. Alvo de crítica e ironia por parte do sujeito poético. Voltar

TRANSFIGURAÇÃO POÉTICA DO REAL PERCEÇÃO SENSORIAL TRANSFIGURAÇÃO POÉTICA DO REAL Primado das sensações (visuais, auditivas, olfativas, gustativas, táteis). Ex.: “De tarde” (predomínio de sensações visuais, complementadas com sensações gustativas) Conceção duma nova realidade, a partir de elementos reais, através da visão transfiguradora do sujeito poético. Ex.: “Num bairro moderno” (criação, pelo sujeito poético, de uma figura antropomórfica, a partir dos legumes e os frutos da giga (melancia – cabeça; repolhos – seios; azeitonas – tranças…) Giuseppe Arcimboldo, O Verão, 1573 [pormenor] Voltar

O imaginário épico em “O Sentimento dum Ocidental” Poema longo Estruturação do poema Constituído por 44 quadras, divididas em quatro partes (de onze estrofes cada). Versos alexandrinos (com doze sílabas métricas) e decassilábicos (com dez sílabas métricas) no início de cada estrofe. Poema com uma estrutura narrativa: Progressão narrativa na noite, encadeada pelas quatro partes (Ave-Marias  Noite Fechada  Ao Gás  Horas Mortas); Relato de pequenos episódios; rapidez da narrativa; inesperado da aventura. Tris/te/ ci/da/de! Eu/ te/mo/ que/ me a/vi[ves] → Decassílabo U/ma/ pai/xão/ de/fun/ta! Aos/ lam/pi/ões/ dis/tan[tes] → Alexandrino

Relações com o poema épico “O sentimento dum Ocidental” Cesário Verde Os Lusíadas Luís de Camões Espírito antiépico (atitude face à realidade observada: descrença nas capacidades humanas no universo citadino). Espírito épico – exaltação das capacidades humanas. Também está presente o espírito antiépico. Viagem pela cidade (representação da degradação social e moral da cidade). Viagem marítima (epopeia dos Descobrimentos). Personagens antiépicas: marginais (ladrões, bêbedos, jogadores, prostitutas); ociosas, artificiais (dentistas, arlequins, lojistas). Personagem coletiva épica: povo português (representado por Vasco da Gama e pelos marinheiros que com ele percorrem o caminho marítimo para a Índia). Também há exaltação das personagens “épicas” (classes trabalhadoras). Voltar

Linguagem, estilo e estrutura Estrofe Conjunto de versos que, geralmente, apresenta um sentido completo. As estrofes têm designações diferentes consoante o número de versos que as constituem. Ex.: Quadra (“A débil”), quintilha (“Cristalizações”) Rima Semelhança de sons que, normalmente, ocorre no final dos versos. Estamos perante rima consoante quando existe correspondência total de sons (consonânticos e vocálicos) a partir da última sílaba tónica. Pode ser cruzada (ABAB), emparelhada (AABB) ou interpolada (ABBA, ABBCA). Ex.: Triste cidade! Eu temo que me avives Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes, Curvadas a sorrir às montras dos ourives. Interpolada Emparelhada Metro Dá-se o nome de sílaba métrica à sílaba contada no verso tal como é ouvida. Os versos têm designações diferentes consoante o número de sílabas métricas. Ex.: Nas/ no/ssas/ ru/as,/ ao/ a/noi/te/cer → Decassílabo Há/ tal/ so/tur/ni/da/de, há/ tal/ me/lan/co/li[a] → Alexandrino

Uso expressivo do adjetivo Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Metáfora Uso expressivo do adjetivo Comparação Uso expressivo do advérbio Enumeração Hipérbole Sinestesia Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Metáfora Utilização de um termo para designar algo diferente daquilo que designa habitualmente, a partir de elementos que são comuns a esse termo e ao que ele refere. “Assim as bestas vão curvadas!” (“Num Bairro Moderno”) Com esta metáfora reforça-se a natureza animalesca dos trabalhadores e os sacríficos por eles feitos. Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Comparação Relação de analogia entre dois termos com o objetivo de assinalar as suas diferenças ou semelhanças, recorrendo a uma palavra ou expressão comparativa. “Dos teus dois seios como duas rolas” (“De Tarde”) Com esta comparação realça-se a beleza e a forma dos seios da figura feminina descrita. Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Enumeração Apresentação ou listagem sucessiva de elementos relacionados entre si e, geralmente, da mesma classe gramatical, de forma a intensificar uma ideia. “Madeiras, águas, multidões, telhados!” (“Num Bairro Moderno”) Com esta enumeração realça-se a quantidade e diversidade de elementos que dão vida à cidade. Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Hipérbole Exagero de uma realidade com a finalidade de acentuar determinado aspeto. “E os rapagões, morosos, duros, baços, / Cuja coluna nunca se endireita!” (“Num Bairro Moderno”) Com esta hipérbole acentua-se o trabalho árduo dos calceteiros. Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Sinestesia Associação de sensações resultantes da perceção sensorial de sentidos diferentes (isto é, de sensações que pertencem a sentidos diferentes). “Com choques rijos, ásperos e cantantes” (“Num Bairro Moderno”) Com esta sinestesia (em que se associam sensações táteis e auditivas) acentuam-se as impressões causadas no sujeito poético pelo impacto do metal na pedra. Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Uso expressivo do adjetivo Emprego do adjetivo com o intuito de conferir beleza/expressividade ao texto e de realçar a característica por ele expressa. O uso expressivo do adjetivo pode resultar da associação de um nome que designa uma qualidade física e um adjetivo de carácter afetivo / emocional. O adjetivo pode ainda ser utilizado para criar a metáfora, a sinestesia, a ironia… “Com lentidão, terrosos e grosseiros” (“Num Bairro Moderno”) Com os adjetivos “terrosos” e “grosseiros” enfatiza-se a natureza objetiva dos trabalhadores no seu contacto com o meio envolvente. Voltar

Linguagem, estilo e estrutura – Recursos expressivos Uso expressivo do advérbio Emprego do advérbio com o intuito de conferir beleza/expressividade ao texto e de realçar determinado valor semântico. O uso expressivo do advérbio pode contribuir para a construção da ironia. “Encaram-na sanguínea, brutamente” (“Num Bairro Moderno”) Com o advérbio “brutamente” foca-se o desejo instintivo, animal dos trabalhadores ao observarem a mulher que passa. Voltar

Verifica se sabes (grelha de autoavaliação) Voltar

Em síntese… Cesário Verde, Cânticos do Realismo (O Livro de Cesário Verde) A representação da cidade e dos tipos sociais Deambulação e imaginação: o observador acidental Perceção sensorial e transfiguração poética do real O imaginário épico (em “O Sentimento dum Ocidental”) – o poema longo – a estruturação do poema – subversão da memória épica: o Poeta, a viagem e as personagens Linguagem, estilo e estrutura – estrofe, metro e rima – recursos expressivos: a comparação, a enumeração, a hipérbole, a metáfora, a sinestesia, o uso expressivo do adjetivo e do advérbio Voltar