O formato MARC 21 Algumas Reflexões Edwin Hübner edwin@datacoop.com.br.

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Transcrição da apresentação:

O formato MARC 21 Algumas Reflexões Edwin Hübner edwin@datacoop.com.br

Agenda MARC – suas origens e evolução Dúvidas e questionamentos freqüentes Reflexões sobre os designadores de conteúdo Reflexões sobre alguns detalhes importantes Reflexões sobre o futuro da catalogação Oportunidade para perguntas e contribuições

O começo: 1965 - Conferência sobre Catálogos Mecanizados (LC). Objetivo: estabelecer um formato para o registro de dados em computador. 1966 – Na 3ª Conferência, ficou determinado que a LC iniciaria o que ficou conhecido como “MARC Pilot Project” – o MARC I que estabeleceu a praticabilidade 1968 – Com o sucesso do projeto piloto, a LC lança o MARC II com melhorias e aperfeiçoamento que se tornou o 1º formato operacional 1983 – USMARC - a nova fase evolutiva do MARC, com: - integração de materiais bibliográficos, - tornando-se mais abrangente

O começo: (cont.) Paralelamente ao USMARC, surgem muitas versões mundo a fora, como: ANNMARC (Itália); AUSMARC (Austrália); CANMARC (Canadá); IBERMARC (Espanha); FINMARC (Finlândia); INDIMARC (Índia); INTERMARC (França); JPNMARC (Japão); MALMARC (Malásia); RUSMARC (Rússia); UKMARC (Reino Unido); CALCO (Brasil); etc.

O começo: (cont.) Formato de Intercâmbio Em paralelo com o desenvolvimento do MARC, também foi criado um padrão de intercâmbio de registros bibliográficos: A norma ANSI Z39.02, através do American National Standards Institute. Esta norma virou uma norma ISO internacional, recomendada pelo International Organization for Standardization, chamada ISO 2709

O começo: (cont.) MARC no Brasil Em 1942 foi criado no DASP o Serviço de Intercâmbio de Catalogação (SIC) O SIC cresceu e em 1954 foi transferido para o IBBD (Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação), hoje IBICT 1972 – Maria A. Príncipe Barbosa apresentou sua tese sobre o formato MARC, que chamou de CALCO, pois: MARC – MAshine Readable Cataloging CALCO – CAtalogação Legível por COmputador Em 1977, a BN publicou um manual descritivo intitulado Instruções de Preenchimento da Folha para Catalogação CALCO e a FGV inicia o projeto CALCO para o desenvolvimento de um visando a catalogação cooperativa

O começo: (cont.) MARC no Brasil 1979 – Os primeiros programas do Projeto CALCO entram em operaração 1980 – Com a adesão de outras instituições como IBGE, ESG, JN, PUC-Rio e em seguida a BN, constitui-se a Rede Bibliodata/CALCO. Objetivo: construir um Catálogo Coletivo 1994 a 1996 – Migração de CALCO para USMARC e aquisição do sistema VTLS para gerenciamento do Catálogo Coletivo, passando a se chamar apenas Rede Bibliodta 1999 – Desenvolvimento do CatBib – um editor MARC 2001 – Desenvolvimento do atual sistema de gerenciamento do Catálogo Coletivo Bibliodata, compatível com o MARC 21

O começo: (cont.) MARC no Brasil Paralelamente outras frentes MARC se abrem, como: A aquisição do sistema VTLS (Classic e VIRTUA) por várias instituições Desenvolvimento do sistema ORTODOCS Sistema ALEPH, através da USP e UNESP Pergamum SOPHIA , etc.

Evolução do MARC 21 Campos MARC 21 Definidos Obsoletos Total MARC II 1972 (Somente livos) 00x 6 1 7 3 0xx 238 245 28 1xx 66 67 40 2xx 137 32 169 15 3xx 109 141 4 4xx 69 37 5xx 323 38 361 8 6xx 184 5 189 7xx 452 47 499 41 8xx 20 161 36 TOTAL 1725 183 1908 278 Fonte: William E. Moen - University of North Texas

Dúvidas e indagações: Por que usar o MARC 21? Qual é a finalidade do MARC na catalogação? Por que usar o MARC 21? Por que o MARC 21 é tão complexo? Por que preencher tantos detalhes? Qual é o futuro da catalogação biliográfica? Estamos no limiar de novos paradigmas?

Qual é a finalidade do MARC na catalogação? Tudo o que é criado é criado com alguma finalidade ou objetivo Servir como formato padrão para o intercâmbio de registros bibliográficos entre computadores e sistemas Prover um mecanismo ou recurso através do qual os computadores podem ler e interpretar as informações bibliográficas contidas em um registro

Por que usar MARC 21? É importante adotar um padrão, poderia ser outro, mas por que “mexer no time que está ganhando!” Está mais do que provado que a cooperação e o compartilhamento é o caminho mais curto para se chegar ao resultado Para compartilhar é preciso interoperabilidade e portabilidade de dados entre organizações e sistemas. O MARC 21 tem contribuído em larga escala para que isto aconteça

Paul Miller “One should actively be engaged in the ongoing process of ensuring that the systems, procedures and culture of an organisation are managed in such a way as to maximise opportunities for exchange and re-use of information, whether internally or externally.” Citado por William E. Moen em MARC Content Designation Use Implications for indexing & interoperability

Fernando Modesto usa um título um tanto engraçado em um de seus trabalhos: (http://www.ofaj.com.br/colunas_conteudo.php?cod=294) “O ACERVO DA BIBLIOTECA ESTÁ REDONDO, DEIXE-O EM FORMA COM O MARC” E acrescenta: “O título não é propaganda da Polishop, com indicação de algum tipo de creme ou cinta redutora de medidas para coleções bibliográficas infladas e de confusa recuperação. A intenção a destacar refere-se ao momento de informatizar o acervo da biblioteca ou trocar seu sistema computacional. O recomendável é adotar um formato de descrição e intercâmbio, em especial o formato MARC”

VIRTUA Wanda Paranhos, em um trabalho sobre o projeto de informatização do sistema de bibliotecas da UFPR, afirma: “... a UFPR, por participar da Rede Bibliodata..., ao adquirir seu sistema aplicativo para gerenciamento das bibliotecas em 2001, já dispunha de 55.000 registros referentes a livros em formato padrão MARC, que puderam ser imediatamente importados no sistema... Assim, a construção da base bibliográfica é o investimento de caráter permanente no processo de informatização de bibliotecas. Sistemas aplicativos, cada vez mais potentes, representam alternativas para eventuais mudanças em seu uso; equipamento tem caráter evolutivo rápido, demandando reserva de recursos para substituição e/ou atualização tecnológica. Já a base bibliográfica, dependendo de como é construída, pode implicar em re-trabalho, conforme se tenha respeito ou não a padrões na prática biblioteconômica e no software aplicativo selecionado: se a base é construída em respeito a padrões, é um ativo permanente que não vai exigir re-trabalho na hipótese de migração entre sistemas que também o adotem.”

British Library Em junho de 2000, a British Library fez uma pesquisa sobre manter ou não o UKMARC: 57% foram favoráveis à migração completa para MARC 21 30% sugeriram integração parcial 7% queriam manter UKMARC Principal vantagem: Download de registros bibliográficos de um leque maior de fontes

Mesmo quem é contra, como no caso de Elysio, fornecedor do software PHL, quando perguntado: “Você - e não só - considera o formato MARC obsoleto ... Que motivos você vê para o MARC ainda ganhar tanta atenção ...?” Reconhece: “O formato MARC é um dos padrões de registro bibliográfico mais utilizado nas bibliotecas em todo o mundo. ...“ Justifica dizendo que se atribui maior peso à variável compatibilidade do que ao processamento técnico, à capacitação de pessoal e à manutenção

Ao preparar este painel, ouviu alguns críticos: Is MARC Dead? A panel at the American Library Association Meeting, July, 2000 by Karen Coyle Ao preparar este painel, ouviu alguns críticos: Não é um bom formato de bases de dados Não é suficientemente flexível Não é bom para exibição Também ouviu: É muito complexo e É simples demais Um queria um subcampo para sobrenome, outro recuperar inf. de notas, etc. Verificou que o problema não estava no MARC, concluindo: Necessidade de ter registros estáveis e compartilháveis Nenhum formato serve para todas as necessidades O problema não estava com o formato, mas com os sistemas

Por que o MARC 21 é tão complexo? Eugênio Decourt usava uma máxima que diz: “Simplificação na entrada de dados impõe restrições na saída” É mais fácil derivar o simples do complexo do que o complexo do simples Na realidade a complexidade do MARC 21 não é maior do a própria informação bibliográfica

O formato precisa ter recursos para os mais variados tipos de material e o MARC 21 tem

Por que preencher tantos detalhes? Os detalhes, em parte, são decorrentes das necessidades dos computadores. Computadores não pensam. Para que os sistemas possam atender aos requisitos de recuperação, identificação, seleção, ordenação e apresentação são indispensáveis os detalhes na codificação da informação, ou Do ponto de vista do FRBR: Encontrar Identificar Selecionar Obter “Only librarians like to search. Every one else like to find” . RoyTennant

Designadores de conteúdo: O MARC 21 oferece três tipos: Indicadores TAG’s de campos Códigos de subcampos Designam ou indicam o conteúdo específico São fundamentais para o adequado gerenciamento e tratamento da informação É importante colocar cada coisa no seu devido lugar

Elementos de dados de tamanho fixo: Dados do Leader, como Tipo de material Nível bibliográfico, etc. Dados dos campos fixos: 006 – Características de material adicional 007 – Detalhes de descrição física 008 - informações codificadas sobre o registro como um todo e sobre aspectos bibliográficos especiais

Campos e subcampos de ligação: Contêm informações que identificam outros itens bibliográficos relacionados Possibilitam uma conexão (link) por computador entre o registro bibliográfico e o item relacionado Subcampos de ligação Servem para estabelecer a ligação entre um campo e outro, ou para fazer a ligação entre o dado do campo e a instituição relacionada

Qual é o futuro da catalogação biliográfica? Barbara B. Tillett no CBBD 2007: Cataloging Principles for the 21st Century Destacando entre outros o seguinte:

IME ICC Goals & Objectives Increase the ability to share cataloguing worldwide by Promoting standards Objectives Develop “Statement of International Cataloguing Principles” See if rules/practices can get closer together Make recommendations for an International Cataloguing Code The goal of this series of IFLA regional meetings is To increase the ability to share cataloguing information worldwide by promoting standards for the content of bibliographic and authority records used in library catalogues. Objectives were to Develop and then later to review and update the 2003 draft Statement of Principles from the Frankfurt meeting – the latest draft is Sept. 2005 Also to see if we can get closer together in cataloging practices and to make recommendations for a possible future International Cataloguing Code. This would be a code for code makers – to identify the rules that we can agree should be in all cataloguing codes.

Claudia Lux Diretora Geral da Biblioteca Central de Berlim, Alemanha. Presidente Eleita da – IFLA (2007-2009 Palestra no CBBD sobre: A biblioteca moderna: sua face no século XXI Destacando: A Nanotecnologia, virtualidade e web 2.0 estão mudando o mundo da informação e comunicação. O que isso significa para as bibliotecas em nível mundial? Como será o seu futuro nesse ’’intrépido mundo novo“ ? Muitas bibliotecas já iniciaram as mudanças na forma de prover informações e materiais para os seus usuários. ... Com o foco em seus clientes, as modernas bibliotecas são o coração da sociedade da informação e proporcionam o suporte para o desenvolvimento econômico e social.

Estamos no limiar de novos paradigmas? Aldo Barreto – Prof. e Diretor do Doutorado em CI do IBICT em recente apresentação no INTERLOGOS-RJ 2007, colocou a seguinte questão: “Como serão as pessoas do amanhã em um mundo em que a leitura e a escrita se torna cada vez mais digital?” “As estruturas de informação e a interatuação dos receptores com estas estruturas definirão os desafios e tendências da ciência da informação de amanhã.” Para ele, estamos passando por uma ruptura

“Novo olhar sobre o objeto bibliográfico...mas... Fernanda Moreno, no 1º Seminário de Gestão da Informação Jurídica em Espaços Digitais – Brasília, 2007 Diz que o modelo FRBR representa um “Novo olhar sobre o objeto bibliográfico...mas... Como  as  entidades, atributos  e relaciona- mentos são refletidos nos registros bibliográ- ficos que temos hoje?”

Rebecca Guenther MARC 21 Evolução para XML Fonte: DC2004: IFLA session 13 Oct. 2004 Library of Congress

A necessidade de catalogar é sempre maior do que o tempo disponível A necessidade de catalogar é sempre maior do que o tempo disponível. Por isso é preciso usar modelos e padrões para minimizar o trabalho compartilhando e reutilizando, logo MARC 21 neles!

Perguntas ? Críticas ? Opiniões ? Contribuições ?

MUITO OBRIGADO !