Anemia Falciforme Universidade Católica de Brasília (UCB)

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Anemia Falciforme Universidade Católica de Brasília (UCB)
Advertisements

Superintendência de Vigilância em Saúde - SVS Superintendência de Vigilância em Saúde - SVS Centro de Epidemiologia - CEPI VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA E.
RESPOSTA METABÓLICA AO TRAUMA CIRÚRGICO
Fisiologia e Patologia
TRAMADOL ►Indicações: Utilizado no tratamento de dor de intensidade moderada ou grave, de caráter agudo, subagudo e crônico ►Mecanismo de Ação: Agonista.
BRONQUIOLITE (Caso Clínico) Apresentação: Marlon Sousa Lopes Coordenação: Carmen Lívia Universidade Católica de Brasília Turma XIX
HPV:papiloma vírus humano HPV: papiloma vírus humano.
DIABETES MELLITUS – TIPO II Jailda Vasconcelos Juan Borges Poliana Zanoni Shamara Taylor.
GERÊNCIA REGIONAL DE SAÚDE Sistema Único de Saúde Secretaria de Estado da Saúde.
HPV e a vacinação nos adolescentes
O que são doenças não transmissíveis?
Lactente chiador Caracteriza-se por 3 episódios de
SERVIÇO DE RADIOLOGIA Orientações para solicitações de exames de imagem na Emergência do HU/UFSC Prof. Dr. Gustavo Lemos Pelandré Chefe do Serviço de Radiologia.
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA
Epidemiologia IV – 2016 Caso clínico 1.
Implante de stent no canal arterial como paliaçao inicial em cardiopatias canal-dependentes: Resultado inicial e seguimento Juliana Neves, Fabricio Pereira,
Detecção Precoce e Manejo Clínico da Sepse
Pneumonias adquiridas na comunidade: como tratar
Hemoterapia: produção e indicação de hemocomponentes
Doença Coronária Estável
Módulo 3: O indivíduo no ambiente hospitalar e o uso de medicamentos e outras tecnologias em saúde Dislipidemia Karina Caramico Mayara Ullian Samira Arabi.
Impacto da introdução da vacina Meningocócica C Conjugada no Programa Nacional de Imunização na população pediátrica atendida em hospital de referência.
Meningite Bacteriana: Diagnóstico e Tratamento
Doenças Infecciosas e Parasitárias
Doenças relacionadas aos Ossos
CARDIOPATIA HIPERTENSIVA
BULHAS CARDÍACAS - B1, B2 e Desdobramentos -
Sistema esquelético.
PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO PROF.DR.LUIZ BOT GASTROCIRURGIA UMC.
Ira pré-renal Bruno Braga.
Abuso Sexual 12ºCT4.
BRONQUIECTASIA Dra Luisa Siquisse.
Indicadores epidemiológicos e sua evolução histórica no Brasil
contagem de plaquetas ≥ µ/l-1
PERFIL LIPÍDICO OU LIPIDOGRAMA
História Natural da Doença
TRANSPLANTE ORTOTÓPICO DE FÍGADO INDICAÇÕES
Escola Superior de Ciências da Saúde
Assistência de enfermagem nas Síndromes Coronarianas Agudas
Patologias do Sistema Urinário
Universidade Católica de Brasília
Prof. Dr. Daniel Fernandes
Apresentação:Rodolfo Squiabel Iamaguti, Túlio Bosi, Rafael Alvarez
ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
Dra Nazah C M Youssef Mestre em Medicina Interna - UFPr
Terapia de Reidratação Oral e Hidratação Venosa
UTI PEDIÁTRICA DO HRAS/HMIB/SES/DF
PNEUMONIA ASSOCIADA À ASSISTÊNCIA- NOVAS DEFINIÇÕES
DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO
Brasília, 29/1/2010 Ventilação Mecânica de recém-nascidos altera Citocinas Plasmáticas pró e antiinflamatórias (Mechanical Ventilation.
Peculiaridades do Hemograma
Filipe Lacerda de Vasconcelos Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
Natália Mansur Pimentel Figueiredo André Soares M Costa
Infecção urinária febril Maurícia Cammarota
Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal Hospital Regional da Asa Sul ATENDIMENTO DO PACIENTE COM SIBILÂNCIA NA EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL.
  Universidade Aberta do SUS – UNASUS Universidade Federal de Pelotas Especialização em Saúde da Família Modalidade a Distância Turma3 PREVENÇÃO DO CÂNCER.
Natália Silva Bastos Ribas R1 pediatria/HRAS
Diabetes Mellitus Juliana Della Rovere Seabra Enfermeira - STS
contagem de plaquetas ≥ µ/l-1
INTERNATO EM PEDIATRIA
Meningite Bacteriana: Diagnóstico e Tratamento
A Pressão venosa central prediz a responsividade ao fluido?
CASO CLÍNICO Anemia Falciforme
Fatores determinantes da reabertura do canal arterial após fechamento clínico com indometacina (Factors determining reopening of the ductus arteriosus.
DENGUE UNIDADE DE PEDIATRIA – HRAS/SES/DF ENFERMARIA - DIP
Brasília, 29/1/2010 Ventilação Mecânica de recém-nascidos altera Citocinas Plasmáticas pró e antiinflamatórias (Mechanical Ventilation.
CONVULSÃO FEBRIL Por Vanessa Macedo Silveira Fuck
Infecções do Trato Urinário
DOENÇA FALCIFORME Internato em Pediatria-HRAS/2010
Internato de Pediatria Guilherme Sales Gonçalves
Transcrição da apresentação:

Anemia Falciforme Universidade Católica de Brasília (UCB) Internato em Pediatria Patrícia Barbosa Martins Castro Brasília, 18 de abril de 2014 www.paulomargotto.com.br

Introdução Doença hemolítica autossômica recessiva, caracterizada por mutação da globina B, originando a hemoglobina mutante S (Hb S). Genótipo da doença: Homozigose para HbS Genótipos compostos: HbS/beta-talassemia HbS/HbC HbS/HbD

introdução Ocorre polimerização da hemoglobina S ocasionando a falcização. Desoxigenação HbS desoxigenadas formam polímeros. Influxo cálcio, saída potássio, depleção ATP

Introdução Principais causas de óbito: Mortalidade Traço falcêmico Infecção por microorganismos capsulados: S. pneumoniae, H. influenzae, Neisseria meningitidis, Salmonella sp. Seqüestro esplênico Mortalidade Depende do haplótipo herdado 20 a 25% não chegam aos 5 anos de idade. Sobrevida homem 42 anos Sobrevida mulher 48 anos Traço falcêmico Aconselhamento genético

Epidemiologia No Brasil, nascem 3500 crianças portadoras de anemia falciforme ao ano 250.000 portadores do traço falciforme ao ano. Prevalência de 2-6% população brasileira 6-10% população negra Redução de 80% da mortalidade daqueles que são triados adequadamente e acompanhados por programas de atenção multiprofissional. (OMS)

Crises de dor Manifestação clínica mais frequente. Principal causa de internação. Ocorre vasoclusão com hipóxia, acidose Isquemia tissular. Tem duração de 4 – 6 dias. Situações que predispõe à crise: Desidratação Infecções e febre Estresse físico e emocional Exposição ao frio

Crises de dor Ossos e articulações -> hipóxia tecidual Dactilite Dor difusa, sem alteração óssea Derrame articular -> punção em casos duvidosos Eritema -> celulite Dor coxofemural -> necrose cabeça fêmur Osteomielites- Salmonela 80% Dactilite Síndrome mãe-pé Dor e edema no dorso das mãos/pés com calor e eritema local 1-2 semanas

Crises de dor Dor abdominal Dor lombar. Difusa e constante Infarto, apendicite, colecistite (70% tem ao menos um episódio) Dor lombar. Pielonefrite, litíase renal Necrose de papila.

Tratamento Avaliar fatores desencadeantes Hidratação oral e venosa 50ml/kg/24h SF0,9 + SG 0,5% Analgesia Investigação de foco infeccioso Hemograma com reticulócitos Hemocultura Radiografia de tórax e extremidades Punção articular EAS e urocultura

Manejo da Dor Escala de Dor Medicação Exemplos Nível 1 Escala de 1 a 3 Analgésicos não-opiódes Dipirona (4/4h), Paracetamol Nível 2 Escala de 4 a 6 + AINE Diclofenaco, Ibuprofeno (8/8h) Nível 3 Escala de 7 a 10 + Opióides Codeína, Tramadol, Morfina (4/4h), Fentanil Nunca em SOS, com intervalos de 2h entre as medicações, intercalando-as Retirada a cada 24h, do mais forte ao mais fraco

Síndrome Torácica Aguda Causada por infecção e vasoclusão pulmonar. Principal causa mortis em adultos Critérios: Infiltrado pulmonar novo (excluir atelectasia) Dor torácica aguda Febre>38,5°C Taquipneia tosse ou sibilância

Síndrome Torácica Aguda Tratamento Hidratação e analgesia ATB: cefalosporina 3° geração + macrolídeo Mycoplasma, Legionella e Chlamidia Exames: Radiografia de tórax Gasometria Hemograma Hemoculturas

Febre Sepse é a principal causa mortis <5anos Risco de sepse ou meningite por Pneumococo e H. influenzae é maior Protocoloco para febre Internar <3 anos ou com febre >38,3°C Exame físico detalhado em busca de desconforto respiratório, icterícia, sepse ou meningite. Esplenomegalia Dor óssea AVC

Sequestro Esplênico Aprisionamento agudo de eritrócitos no baço Queda basal de >2g/dL podendo evoluir com choque hipovolêmico Taquicardia, palidez, taquipnéia, esplenomegalia, aumento de reticulócitos. Conduta: Suporte hemodinâmico, correção rápida da hipovolemia com transfusão sanguínea. Níveis ideiais de 9 – 10 g/dL

Crise Aplásica Supressão temporária eritropoese, geralmente, após quadros infecciosos. Grave em pacientes anêmicos com hemácias de ½ curta. Parvovírus B19. Deficiência de folato Quadro clínico: Anemia aguda, Fadiga, dispnéia, febre, IVAS, distúrbios gastrointestinais Reticulocitopenia São auto-limitadas, duração de 7 – 10 dias. Tratamento com sintomáticos e estabilidade hemodinâmica. Transfusão em sintomáticos*

Priapismo É a ereção involuntária sustentada e dolorosa do pênis ocasionada por vaso-oclusão com déficit drenagem venosa. Aos 20 anos, 89% já apresentaram algum episódio Duração >3 horas -> urgência médica Avaliação urológica Conduta: Hidratação e analgesia. Transfusão de hemácias ou exsanguíneo transfusão parcial, Injeção intracavernosa de agonista A-adrenérgicos Drenagem cirúrgica

Acidentes vasculares cerebrais AVC isquêmico Acomete 10% dos falcêmicos antes dos 20 anos Associado com crises torácicas agudas frequentes e HAS Após a regressão, o paciente deve ser mantido em regime crônico de transfusões, mantendo a HbS próxima a 30%. Risco de recorrência em 3 anos >67%. Cumulativo chega a 90% É indicado Doppler transcraniano em >3 anos, com objetivo de identificar pacientes de risco e iniciar regime de transfusões profilático. ACV Hemorrágico Em Adultos chega a 50% dos casos Maior incidência de aneurismas e hemorragia subaracnoide

Imunizações A asplenia funcional atinge níveis máximos em torno dos 5 anos, deixando os pacientes suscetíveis a infecções por germes capsulados; Pneumococco Haemophilus influenzae. Profilaxia com penicilina dos 3 meses aos 5 anos. Reduz 80% episódios fatais Penicilina VO: 3 meses – 2 anos: 125mg/ 2x por dia. 2 – 5 anos: 250mg/2x por dia Penicilina G Benzatina 3 meses – 2 anos: 300.000 U/28 dias 2 – 5 anos: 600.000U/28 dias 7: difteria tetano coqueluxe

Calendário vacinal

Indicação para transfusão Queda >2g/dL do valor basal, com repercussão hemodinâmica Crise aplásica Sequestro esplênico Síndrome torácica aguda Hipóxica crônica Cansaço ou dispneia com HB abaixo do basal Falência cardíaca

Consequências a longo prazo: Retardo da maturação sexual Sobrecarga cardíaca com insuficiência cardíaca na terceira década de vida e Gênese das úlceras de perna IRC AVCh Litíase biliar

Insuficiência de múltiplos orgãos Comprometem a qualidade de vida do paciente: úlceras de pernas, retinopatia, necrose óssea (da cabeça do fêmur), cálculos de bilirrubina Comprometimento da expectativa de vida. Infecções, complicações cardio-respiratórias (ICC, STA) IRC, acidentes vasculares cerebrais.

Referências Bibliográficas Schvartsaman, Benita; Maluf Jr, Paulo. Pediatria. Instituto da Criança. Hospital das Clínicas. São Paulo: Manole, 2013. Fauci et al. Manual de Medicina de Harrison. 17 ed. Porto Alegre, Mc GrawHill, 2011. Lissauer, Tom; Clauden, Graham. Manual Ilustrado de Pediatria. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsivier, 2007. Prevalência do traço e da anemia falciforme em recém-nascidos do Distrito Federal, Brasil, 2004 a 2006 Doença falciforme: um grave e desconhecido problema de saúde pública no Brasil Lúcia Mariano da Rocha Silla. J Pediatr (Rio J) 1999;75(3):145-6 Martins, HS; NETO, AS; VELASCO, IT. Emergências clínicas. Ed. Manole, 2008.