Efeitos da Lei Seca

EXEMPLO DE TEXTO A Lei Seca, promulgada em 2008, sofreu em 2012 alterações, as quais intensificaram sua rigidez – multas com valores mais elevados e a possibilidade de provar a embriaguez do motorista por meio de outros instrumentos além do bafômetro são algumas dessas mudanças. Esse enrijecimento, apesar de ter colaborado para a significativa queda no número de acidentes de trânsito, não se mostra como uma solução suficiente para tal problema, que envolve também a responsabilidade do condutor.

Casos envolvendo motoristas embriagados são expostos frequentemente nos noticiários. Em 2013, um ciclista teve seu braço amputado ao ser atropelado por um carro em São Paulo. O motorista, alcoolizado, além de não prestar socorro à vítima, cometeu um ato brutal – lançou o braço do rapaz em um córrego. Esse fato que chocou o país chamou a atenção da sociedade para uma situação que, há tempos, faz parte do cotidiano nas cidades: a combinação, por vezes mortífera, de álcool e direção.

Nesse contexto, sabe-se que é alto, ainda, o número de acidentes provocados por motoristas embriagados. Além disso, a fiscalização insuficiente e os meios utilizados para burlá-la – através do acesso a redes sociais, por exemplo, é possível saber onde se realiza “blitz” – são entraves que revelam a insuficiência da Lei Seca. O seu enrijecimento, dessa forma, não pode ser considerado uma ação que, por si só, estabeleça uma solução.

Ações mais efetivas - aliadas à lei - apresentam-se, assim, imprescindíveis. Campanhas criativas, que conscientizem de maneira lúdica sobre o perigo da associação de álcool e volante, devem ser ampliadas, seja por meio das mídias ou nos próprios estabelecimentos onde se consomem bebidas alcoólicas. É mister, também, formar condutores mais responsáveis, aumentando o número de aulas, nas autoescolas, sobre a consciência no trânsito. A educação básica também tem papel relevante nessa questão – é preciso abordar as possíveis consequências de dirigir alcoolizado, para que as crianças e adolescentes sejam, no futuro, motoristas mais conscientes. Essas intervenções, relacionadas a práticas educativas, corroboram certamente a máxima do educador Paulo Freire – “se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda”.