Acidentes por Escorpiões Palmira Cupo Depto. Puericultura e Pediatria Centro de Controle de Intoxicações UE-HCFMRP-USP
ESCORPIONISMO Os escorpiões situam-se entre os primeiros animais a conquistarem a Terra há algo em torno de 425 a 450 milhões de anos . Desde então pouco mudaram morfologicamente, mas foram capazes de adaptar diversos aspectos de sua fisiologia às condições de vida mais inóspitas. Alguns escorpiões toleram temperaturas extremamente baixas, durante semanas, enquanto outros sobrevivem em regiões de calor abrasivo. Podem viver praticamente sem beber água e ficar até um ano sem se alimentar.
Os escorpiões pertencem à classe ARACHNIDA, ordem ESCORPIONISMO Os escorpiões pertencem à classe ARACHNIDA, ordem SCORPIONES, atualmente com 20 famílias descritas. Distribuem-se em ampla faixa territorial, com representantes em todos os continentes, com exceção da Antártida. Todas as espécies de escorpiões perigosas para o homem pertencem à família BUTHIDAE. É a família mais importante, tanto em número de gêneros como de espécies, estimadas em 550. Desse total no entanto apenas 25 espécies são consideradas capazes de causar acidentes graves ou fatais.
Os escorpiões mais perigosos pertencem a quatro gêneros: ESCORPIONISMO Os escorpiões mais perigosos pertencem a quatro gêneros: Androctonus e Leiurus ( África do Norte e Oriente Médio), Buthus (África do Norte), Centruróides (México e Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Trinidad). Ocorrem no Brasil cinco famílias, das quais apenas a família BUTHIDAE, gênero Tityus, apresenta espécies de importância médica.
ESCORPIÕES DE INTERESSE MÉDICO NO BRASIL T. Serrulatus MG,SP,RJ,ES,BA,GO, DF T. Stigmurus NE, exceto MA T. Bahiensis MG,GO,SP,PA
ESCORPIÕES DE INTERESSE MÉDICO NO BRASIL metuendus PA, AM, RO, Roraima T. cambridgei PA, Amapá, AM
FAIXA ETÁRIA E SEXO DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ESCORPIONISMO idade n = 9230
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS DURANTE OS MESES DO ANO
ESPÉCIES DE ESCORPIÕES X ANOS CCI – HC-FMRPUSP
TEMPO TRANSCORRIDO ENTRE O ACIDENTE E A CHEGADA AO HOSPITAL ESCORPIONISMO ESCORPIONISMO TEMPO TRANSCORRIDO ENTRE O ACIDENTE E A CHEGADA AO HOSPITAL
DISTRIBUIÇÃO TOPOGRÁFICA DAS PICADAS 0,9% 0,5% 3,7% 6,5% 45,4% 11,3% 28,8%
AÇÕES DO VENENO ESCORPIONISMO ESCORPIONISMO atua sobre os canais de sódio provocando: estimulação das fibras musculares e terminações nervosas do simpático, parassimpático e medula da supra-renal causando liberação de neurotransmissores, catecolaminas e acetilcolina
Fisiopatologia do Envenenamento ESCORPIONISMO Fisiopatologia do Envenenamento ação de neurotransmissores efeito tóxico direto de componentes do veneno (?) ação das citocinas (?)
AÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES ESCORPIONISMO AÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES Catecolaminas midríase FC, PA arritmias cardíacas vasoconstricção sudorese * FR Glicemia Potássio Acetilcolina miose FC arritmias cardíacas vasodilatação secreções broncoconstricção priapismo Amilase
ESCORPIONISMO MANIFESTAÇÕES LOCAIS
ACIDENTES LEVES ESCORPIONISMO TRATAMENTO combate à dor: analgésicos e/ou anestésicos locais ACIDENTES LEVES dor local, de intensidade variável parestesias vômitos ocasionais agitação e/ou taquicardia leves
ACIDENTES MODERADOS ESCORPIONISMO TRATAMENTO combate à dor : analgésicos e/ou anestésicos locais combate aos vômitos soroterapia em crianças < 7a ACIDENTES MODERADOS dor local alguns episódios de vômitos algumas manifestações sistêmicas isoladas e de pequena intensidade: sudorese, sialorréia, PA,taqui/bradicardia, taquipnéia, agitação Observação em ambiente hospitalar
ACIDENTES GRAVES ESCORPIONISMO ESCORPIONISMO TRATAMENTO combate à dor : analgésicos e/ou anestésicos locais combate aos vômitos soroterapia para todos os pacientes ACIDENTES GRAVES náuseas e vômitos profusos sudorese intensa sialorréia, rinorréia alterações dos ritmos cardíaco e respiratório ou PA, ou FC agitação intensa / sonolência, torpor Monitorização cardio-respiratória contínua
Os acidentes graves podem evoluir para: ESCORPIONISMO Alterações Laboratoriais Glicemia, glicosúria Amilase Potássio Leucocitose CK-MB, LDH, TGO Troponina I Alterações ECG, ECO, Rx de tórax Os acidentes graves podem evoluir para: insuficiência cardíaca edema pulmonar choque óbito Alterações laboratoriais (moderados, graves) Reversíveis dentro de 5 a 7 dias
GRAVIDADE DO ESCORPIONISMO X IDADE CCI – HC-FMRPUSP Graves 65% < 7a 94% < 15a Moderados 84% < 15a Óbitos 7 < 15a IDADE 1982-2000, n=9230
ESCORPIONISMO
ECG – Principais Alterações Observadas ESCORPIONISMO ESCORPIONISMO ECG – Principais Alterações Observadas arritmias taquicardia sinusal infra/supradesnive- lamento segmento ST alterações onda T presença onda Q prolongação QTc presença onda U
Nayele chegada 17/8/2006
Nayele 7h após SAV
Claudinei chegada
Claudinei após 3 h SAV
Jonathan 12/07/06
Eduardo 36 h após acidente
Thalesson fev 2003
ECO – Principais Alterações Observadas ESCORPIONISMO ESCORPIONISMO ECO – Principais Alterações Observadas hipo / acinesia paredes e septo da fração de ejeção encurtamento das fibras regurgitação mitral dilatação das câmaras cardíacas
CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA ESCORPIONISMO ESCORPIONISMO CINTILOGRAFIA MIOCÁRDICA PAC. 9 Figueiredo et al., 2006 FMRP-USP PAC. 1
ESCORPIONISMO Distribuição das Alterações Contráteis por Segmento Distribuição das Alterações Perfusionais por Segmento Figueiredo et al., 2006 FMRP-USP
ESCORPIONISMO – TRATAMENTO SINTOMÁTICO
Tratamento Específico ESCORPIONISMO Tratamento Específico Soro antiescorpiônico ou Soro antiaracnídico Casos Moderados : 4 ampolas Casos Graves : 8 ampolas (qualquer idade)
ROTINA SOROTERAPIA ANTIVENENO ESCORPIONISMO ROTINA SOROTERAPIA ANTIVENENO Aplicar, 20 minutos antes do SAV, via intravenosa: dextroclorfeniramina ( 0,08 mg/kg / 5 mg) hidrocortisona ( 10 mg/kg / 500 mg ) ranitidina ( 2mg/kg / 50-100 mg ) Aplicar SAV, gota a gota, durante 20 a 30 minutos Manter preparados: adrenalina, oxigênio, aminofilina, SF, material de urgência
TRATAMENTO Geral Suporte às condições vitais ESCORPIONISMO combate à dor combate aos vômitos Suporte às condições vitais IC/EA: oxigênio, diuréticos, ventilação mecânica, drogas vasoativas bradicardia ou bloqueio AV total: atropina hipertensão arterial mantida: bloqueadores do canal de cálcio
PROFILAXIA ESCORPIONISMO vedar frestas evitar entulhos, madeiras, tijolos observar roupas e calçados tampar ralos erradicar baratas limpeza de terrenos baldios manter galinhas ao redor das casas