A construção social da ciência

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A construção social da ciência Apostila 6 filosofia capítulo 8

O entusiasmo filosófico pela ciência e pela razão As mudanças ocorridas na Europa a partir da Baixa Idade Média (séculos XI a XV), verifica-se uma reorientação na esfera dos conhecimentos humanos. Podemos identificar duas tendências articuladas nessa redefinição, o alargamento dos horizontes da razão, a crescente conjugação entre os saberes desenvolvidos e as interferências humanas na realidade natural e social. Com o propósito de facilitar a ação humana sobre o meio natural, o conhecimento científico, então, associa-se à geração de tecnologias ou, em sentido mais abrangente, ao projeto de domínio humano sobre a natureza. Saber e a transformação da natureza pelo homem é abertamente defendido por muitos filósofos modernos, que declaram a necessidade de o conhecimento ser convertido em benefícios concretos para a humanidade.

O entusiasmo filosófico pela ciência e pela razão. O francês René Descartes (1596-1650), considerado uma das referências inaugurais do pensamento moderno. Esse filósofo dedica-se à procura da adequada condução da razão em direção a verdade, ordenando o uso do pensamento para a distinção entre as ideias falsas e as ideias verdadeiras. Descartes enfatiza que, mediante o controle sobre o meio natural, os homens devem se tornar senhores da natureza. O filósofo Francis Bacon (1561-1626) defende a necessidade de um conhecimento que servisse a humanidade em sua luta contra a natureza. Assim, a perspectiva de Bacon costuma ser sintetizada na frase “saber é poder”, nesse filósofo,o saber era visto como algo que engendra poder para o conjunto da humanidade, melhorando objetivamente a vida de todos os seres humanos.

As revoluções científicas Esse otimismo em relação a capacidade libertária da razão e da ciência é mantido aos longos dos séculos XVIII e XIX, período em que se consolidam as economias e sociedades industriais europeias. Nesse período se reforçou a ideia da crença na razão e na ciência como princípios pelos quais deve se conduzir a humanidade. Os problemas sociais enfrentados por essas sociedades modernas e industriais, como as péssimas condições de vida dos trabalhadores, não negados, porém são definidos como desajustes transitórios. Immanuel Kant (1724-1805), Friedrich Hegel (1770- 1831)Auguste Comte (1798-1876), projetaram sociedades regidas pela ciência e pela razão, ambos assinalam que o conhecimento científico e racional como a via necessária ao progresso material e espiritual da humanidade. Filósofos como Diderot, d’ Alembert e Voltaire, entendem que as sociedades se inclinam ao aperfeiçoamento na organização crescentemente racional de suas instiuições.

A razão e a emancipação humana Kant em O que é o esclarecimento? , define o iluminismo ou esclarecimento como o processo pelo qual os homens superam sua menoridade, tornando-se capazes de orientar suas ações exclusivamente por suas ações. Hegel compreende a história da humanidade como um devir dialético em que as épocas posteriores são sempre mais racionais em relação as anteriores, apontando o desfecho histórico como realização completa da razão. Comte, por seu turno, concebe o conhecimento humano em três etapas um ponto de partida, o conhecimento teológico, um estado intermediário, o metafísico; e o patamar mais elevado, conhecimento científico ou positivo. Pretendemos destacar o predomínio da confiança filosófica no projeto de uma civilização científica e racional, porém realizar uma análise sobre os aspectos negativos referentes aos avanços da ciência.

As críticas filosóficas à razão e à ciência. Muitos reservaram exclusivamente as ciências o estatuto do saber verdadeiro, concedendo à filosofia um papel auxiliar ou até mesmo descartando a necessidade a atividade filosófica. Os problemas concernentes aos métodos científicos; a possibilidade ou não de as ciências responderem a todas as questões importantes para os seres humanos; o desenvolvimento contínuo das ciências ou as transformações ou rupturas; e a superioridade ou não do conhecimento científico sobre outras formas de explicação sobre a realidade. A ciência sempre é uma construção social. Como construção social, a ciência constitui-se entremeada de relações de forças sociais, estratégias políticas, interesses econômicos e perspectivas culturais. Nesse horizonte, então, movem-se as atuais críticas filosóficas à ciência e ao modo de racionalidade o qual se conjuga hoje. Edmund Husserl (1859-1938) é um exemplo disso,defende a necessidade de um conhecimento filosófico que, atingindo as essências, ofereça fundamentos sólidos ás ciências.

Críticas filosóficas em relação a ciência Gabriel Marcel (1889-1973) afirma que a ação cientifica sobre o mundo se direciona à supremacia do ter, sobre o ser,e Martin Heidegger(1889-1976) relaciona a existência inautêntica ao mundo consagrado a técnica. Michel Foucault (1926-1984), para quem o saber é necessariamente vinculado ao poder. Trata-se de interpretação do saber com as relações de poder que envolvem os homens em sociedade, isto é, o saber e o poder influenciam-se reciprocamente na construção de discursos e na instauração de técnicas disciplinares de adestramento dos corpos. Uma ampla crítica das sociedades contemporâneas é desenvolvida pelos estudiosos da escola de Frankfurt, que reuniu intelectuais comprometidos em compreender os motivos pelos quais as civilizações ocidentais contemporâneas não realizaram as expectativas filosóficas iluministas.

Escola de Frankfurt Tinha como objetivo identificar os motivos pelos quais a sociedade racional científica e tecnológica, em vez de fazer os homens seres livres, parece retirar a sua humanidade. Adorno e Horkheimer investigam o trajeto da civilização ocidental, de suas origens no interior do pensamento mítico às suas manifestações na atualidade. A razão inicialmente direcionada ao domínio dos homens sobre a natureza, deriva para a dominação dos homens sobre os próprios homens. A razão passa a ser então uma razão formal instrumental. Na primazia da técnica do mercado, a racionalidade é reduzida a simples cáculo que ajusta os meios aos fins e o pensamento não é um ato de independência do ser humano, pois é sempre algo dado antecipadamente, uma via de ajuste do indivíduo à sociedade totalmente administrada. As ideias, portanto, convertem-se em mecanismos de perpetuação de uma sociedade totalmente administrada, em que os objetivos dos indivíduos são predeterminados e todas as formas de raciocínio devem se adaptar as exigências do mercado. Desse maneira, a razão formal e instrumental elimina as bases da verdadeira subjetividade humana, pois a civilização moderna tende a suprimir os sujeitos do pensamento.