2. Sujeitos: Movimentos Sociais Populares – urbanos e rurais

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Transcrição da apresentação:

2. Sujeitos: Movimentos Sociais Populares – urbanos e rurais Faculdade de Educação - Programa de Pós-Graduação em Educação Trabalho – Formação – Currículo na Educação de Jovens e Adultos Marlene Ribeiro[1] Pergunta: Que relações são possíveis de se estabelecer entre trabalho, formação e currículo com a Educação de Jovens e Adultos? 2. Sujeitos: Movimentos Sociais Populares – urbanos e rurais 3. Trabalho [1] Está vinculado ao Projeto de pesquisa: Experiências pedagógicas dos movimentos sociais populares e políticas de educação rural/do campo: confronto de concepções, com apoio do CNPq.

3. 1 - Conceito Trabalho: princípio educativo de uma formação humana integral; Produção da vida, relação com a natureza, com os demais seres humanos e com o mundo; Produção de linguagens, de cultura e de saberes. 3. 2 - Trabalho no mundo de hoje Flexibilização da produção na agricultura, na indústria, no comércio e nos serviços; Máquinas inteligentes substituem os seres humanos e os tornam apêndices delas; Produtos de curta duração para clientes diversificados; produção descartável;

Cooperação subordinada à máquina; terceirização, cooperativas falsas; Estágios curriculares substituem empregos; Desmonte do Estado social apropriado pelo capital; perda dos direitos sociais; jovens e mulheres são os mais prejudicados pela falta de empregos; “Empreendedorismo” substitui a formação para o trabalho e repassa aos jovens a responsabilidade pelo fracasso de não conseguir empregos; Violência, tráfico de drogas, prostituição e assassinatos atingem os jovens mais pobres; A humanização da máquina produz a desumanização do homem e da mulher. 3. 3 - Pergunta: Como agir para que o trabalho corresponda ao ato de satisfação da necessidade e potencialize a criação como um ato de liberdade?

4. 2 - Formação escolar oferecida aos jovens e adultos trabalhadores 4. 1 - Conceito Formação integral contempla: história, condições de produção e de organização da sociedade, da ciência, da tecnologia, do trabalho, da cultura e da linguagem; Leitura histórica, econômica, sociológica, cultural, científica e tecnológica do mundo articulada aos saberes e fazeres do trabalho; 4. 2 - Formação escolar oferecida aos jovens e adultos trabalhadores Tempo de trabalho diurno superior ao tempo de escola noturno, com métodos e conteúdos alheios ao trabalho inviabilizam uma formação qualificada;

Escola é mundo ideal das certezas, fechado, separado e lacrado para não contaminar-se com o mundo real do trabalho, das perguntas, das incertezas, aberto à competição; Trabalho infantil e juvenil, trabalho escravo em grandes fazendas sem punição impossibilitam ou dificultam a formação escolar; Aluno como alguém que não têm a luz do conhecimento; negação dos saberes do trabalho; ciência contrapondo-se à experiência; Ênfase no saber-fazer – aprender a aprender – com o aligeiramento da formação eliminam-se disciplinas, conteúdos e métodos necessários para pensar, refletir e problematizar;

Formação flexibilizada, aligeirada onde as áreas do conhecimento, que ajudam a problematizar a realidade, são eliminadas ou minimizadas; 4. 3 – Pergunta: Como fazer uma formação integral se os processos de trabalho exigem trabalhadores unilaterais, que saibam apenas fazer e resolver problemas imediatos? 5. Currículo 5. 1 – Conceito Conjunto de ações planejadas sob a forma de conhecimentos e técnicas, organizados na modalidade de disciplinas e atividades atribuídas a professores especializados, distribuídas em cargas horárias, semestres e anos letivos;

Não é neutro; seleciona elementos de uma determinada cultura, incorpora filosofia, concepção de mundo e sociedade conforme o modelo vigente; 5. 2 – Currículo das escolas de formação de jovens e adultos Conteúdos das disciplinas de formação distanciados da realidade, com métodos de ensino tradicionais sem a participação do aluno, fazem o jovem perder o interesse pela aquisição de conhecimentos que não lhe servem para nada; Professores sem formação nem preparação específica para as realidades do campo e das periferias das cidades não articulam os conteúdos com as experiências e necessidades dos alunos;

Seleção de conhecimentos, didatização em forma de conteúdos, fragmentação em disciplinas, separação entre teoria (escola) e prática (trabalho ou estágio); Concebido para o modelo de escola de uma sociedade (neo)liberal, baseada na expropriação da terra e na apropriação do produto do trabalho; Referido à ciência moderna não tem espaço para saberes da experiência (senso comum) ou “não-científicos”, nem para culturas não-européias, consideradas inferiores; Ordenamento curricular determinado de fora e controlado pelas provas de avaliação do MEC;

5. 3 – Pergunta (s): Se os processos de produção, distribuição e gestão são fragmentados, estanques, baseados em conhecimentos especializados, como realizar a interdisciplinaridade na escola? Ou como fazer a educação integral? 6. Relação trabalho e formação: potencializando currículos Trabalho define o humano pela sua potencialidade de recriar as condições de existência na sua relação com a natureza, consigo mesmo e com os “outros”; Permite caracterizar o humano como um ser histórico na tri-dimensão de ser indivíduo, natureza e sociedade.

O capital, como relação social, expropria a terra, apropria-se do produto do trabalho, dos meios de subsistência, da ciência e da técnica; Transforma o humano em mercadoria, portanto em objeto, e humaniza os objetos e os animais; Contradição: homogeneíza pela eliminação do outro, do diferente; diversifica e hierarquiza as “mercadorias”, inclusive a mercadoria força de trabalho humana – do analfabeto ao “superior”; 6. História e formação de uma identidade de classe Não existe uma história verdadeira – existem histórias interessadas, feitas e registradas pelas classes sociais cujos interesses são antagônicos;

O capitalismo é o “fim da história” ou não é? Na sociedade de classes impõe-se a história dos vencedores; nega-se ou oculta-se a dos vencidos; Mudanças são controladas para se manter a “ordem”, com a criminalização dos movimentos sociais; O capitalismo é o “fim da história” ou não é? Movimento contínuo, de superfície, de notícias e propagandas, oculta o movimento profundo provocado pelas desigualdades sociais; A riqueza, que se reproduz por meio virtual, se alimenta da inflação, produção de armas, tráfico, crimes contra crianças, mulheres, jovens, escravidão; Mas, pode ser que o sucesso do capital globalizado seja também o seu fracasso! Como?

Movimentos sociais populares se organizam em todos os continentes no processo de construção de um projeto popular de sociedade; Nesse processo denunciam a destruição da natureza e propõem a agroecologia; Formulam propostas pedagógicas de alternância entre trabalho-educação mediados pela cooperação; Exigem: dignidade, justiça, solidariedade! 6. Questões para refletir A atualidade histórica da relação trabalho e capital – desemprego, trabalho precário, fome, destruição do planeta nos desafia a re-construir os conceitos/práticas de:

Revolução, o que é?: conquistar o Estado burguês burocrático, autoritário ou construir novas relações de poder? Trabalho, qual?: emprego, subemprego, desemprego ou trabalho associado assentado sobre a cooperação e a co-gestão? Poder, que relações?: piramidais, hierárquicas, fragmentadas ou horizontais, associadas, comunitárias, inter-pessoais? Educação, qual?: formação do indivíduo competitivo ou formação integral articulada ao trabalho e à cooperação, visando uma intersubjetividade democrática e solidária?

Questão central: Qual a nossa tarefa e responsabilidade, hoje, na construção da relação necessária entre trabalho, formação e currículo: de modo a articular o trabalho como satisfação da necessidade e como liberdade de criação? a educação como formação humana mediada pelo trabalho em base à cooperação? o currículo como expressão da relação entre trabalho-educação-cooperação?