Prof. Ms Ana Paula Orichio UCB 2012

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Transcrição da apresentação:

Prof. Ms Ana Paula Orichio UCB 2012 O Relacionamento Terapêutico e comunicação entre a enfermagem e o paciente portador de transtornos psíquicos   Prof. Ms Ana Paula Orichio UCB 2012

Considerações Iniciais A importância de um relacionamento terapêutico entre médico e paciente é amplamente descrita na literatura. No entanto, tal relacionamento também deve ser uma constante na atuação dos demais profissionais que atuam na área de Psiquiatria. O segredo para cuidar de um paciente é ter consideração por ele. O paciente psiquiátrico precisa ter confiança no profissional de enfermagem, o que facilita as intervenções e a adesão ao tratamento. A auto-reflexão é fundamental para repensar a própria prática. A equipe de enfermagem precisa ter empatia para com seus pacientes, mas não a ponto de assumir seus problemas. As intervenções da enfermagem em saúde mental também incluem educar o paciente e a família sobre promoção, manutenção e recuperação de comportamento que contribua para o seu funcionamento integrado.

Considerações Iniciais A consecução de tal meta só é possível por meio de trabalho conjunto com o paciente e seus familiares, desenvolvendo com eles a terapia do cotidiano da enfermagem. Esta terapia tem como competência básica o desenvolvimento de relações interpessoais terapêuticas ou adequadas, para ajudá-los a encontrarem as possíveis soluções para seus problemas do cotidiano.

Componentes essenciais do Relacionamento Terapêutico A equipe de enfermagem interage com o paciente durante todo o tempo. Ao conviver com o cliente por mais tempo, principalmente quando se trata de doença crônica, ambos experimentam uma variedade de fenômenos, sentimentos, pensamentos e reações que podem interferir beneficamente no relacionamento terapêutico. Os componentes do relacionamento terapêutico podem ocorrer ora como fenômenos ora como desafios no desenvolvimento das diferentes fases. Entre eles estão: autoconhecimento; capacidade para amar e ser amado; aceitação e não-julgamento; empatia e envolvimento emocional, confiança e respeito mútuo.

Autoconhecimento É o desenvolvimento da capacidade de conhecer as próprias atitudes que estão presentes e que dão vida ao comportamento do ser humano. Nem sempre são conscientes, mas o profissional deve esforçar-se para reconhecê-las. O esforço para se autoconhecer deve acompanhar por todo o curso da vida. A atitude forma-se a partir de crenças, valores, padrões culturais, que são apreendidos nas interações com os outros desde o nascimento e determinam seu modo de ser ou seu comportamento. Quanto mais a pessoa se conhece, mais consciente ela é de suas atitudes e da influência destas em suas ações ou em seu modo de ser.

Capacidade de amar e ser amado Todo ser humano tem necessidade de amar e ser amado. Amor é a capacidade de demonstrar afeto por outra pessoa de modo reflexivo sem esperar reciprocidade. Amar o paciente significa experimentar e demonstrar a ele compreensões, aceitação, respeito, paciência, proteção, entre outros. As manifestações de comportamento do enfermeiro que expressam amor ao paciente é que o levam a sentir-se amado. Mesmo ações que parecem insignificantes para alguns podem ser valiosas para o paciente. É nos atos mais simples que o cliente começa a perceber e a experimentar a sensação de ser amado e respeitado.  

Aceitação e não-julgamento A pessoa que sofre, sobretudo por experimentar um transtorno mental e toda sobrecarga que isso traz, em decorrência de preceitos sociais, perda de emprego entre outros, experimenta ansiedade em diferentes níveis. Às vezes, isso o leva a apresentar comportamentos não aceitáveis socialmente. O profissional de enfermagem deve aceitar o cliente como ele é, demonstrando compreensão e aceitação empática do porque ele age daquela maneira no momento em que o comportamento se manifesta. É a expressão de seu transtorno. Agindo assim é propiciada ao cliente a oportunidade de experimentar segurança e confiança. O profissional de enfermagem, quando necessário, deve estabelecer limites ao comportamento manifestado, seguindo os passos preconizados para tal, com competência e humanismo, explicando ao cliente o que é o limite, por que está sendo estabelecido e quais são as expectativas com relação a ele.

Empatia e envolvimento emocional No mundo das relações interpessoais, o conceito de empatia é muito discutido. Inicialmente, precisa-se esclarecer as confusões existentes entre empatia, identificação e simpatia. A identificação não é considerada terapêutica no relacionamento entre enfermeiro e cliente, pois nesta situação o enfermeiro estaria assumindo o lugar do cliente e perdendo sua identidade profissional, pois passaria a “viver” a vida do cliente.

Empatia e envolvimento emocional Na simpatia, estão envolvidos aspectos de piedade e concordância com o cliente; há risco de se estabelecer analogia ou projeção do próprio comportamento no do cliente, com perda da objetividade, além de prejuízo para a capacidade de ajudar o cliente. O conceito de empatia é multidimensional e contém aspectos cognitivos, emocionais, comunicacionais e relacionais. Há autores em busca de um mecanismo neuronal que explique o fenômeno da empatia. É a tentativa de sentir o mundo do outro como ele o percebe, com seus sentimentos e emoções. O profissional de enfermagem deve adquirir maturidade suficiente a ponto de poder experimentar a empatia sem que haja envolvimento emocional prejudicial aos objetivos, portanto não-terapêutico. A intensidade do envolvimento emocional deve permanecer dentro dos limites terapêuticos para minimizar o efeito da subjetividade.  

Confiança É o sentimento de fidedignidade em relação ao outro. A confiança permite à pessoa aprender lidar com o mundo e a resolver os desafios que se apresentam. As características de confiança incluem respeito, honestidade, consistência e crença no potencial do outro. A demonstração de aceitação, empatia e consistência ajudam o cliente a se aceitar como ele é. Flexibilidade, cumprimento das promessas feitas, manutenção de contato visual, respeito ao silêncio do cliente, atendimento das possíveis preferências, planejamento das atividades diárias e promoção do alívio da sua ansiedade podem propiciar o surgimento mais rápido da confiança, embora às vezes esse processo possa ser demorado.

Respeito Mútuo Ter respeito pela pessoa é acreditar em sua dignidade e seu valor, independentemente de seu comportamento; aceitar a pessoa sem julgá-la. É a demonstração de sentimento empático e de interesse genuíno pelo cliente, associado ao fato de que o cuidado dele não é apenas mais uma tarefa; trata-se de uma oportunidade para auxiliá-lo a desenvolver seu potencial e seus recursos pessoais para enfrentar situação vivenciada. Assim, o enfermeiro torna-se respeitado como profissional, estabelecendo o respeito mútuo, fortalecendo a confiança entre os dois. O respeito é transmitido ao outro principalmente por ações, portanto, mais de modo não-verbal do que por meio de palavras.

Comunicação Terapêutica   A comunicação terapêutica é a competência do profissional de saúde em usar o conhecimento sobre comunicação humana para ajudar outra pessoa a descobrir e a utilizar sua capacidade, seu potencial e suas possibilidades para solucionar conflitos, reconhecer os limites pessoais, ajustar-se ao que não pode ser mudado e a enfrentar os desafios à auto-realização, procurando viver de forma saudável e com o máximo de independência e autonomia possíveis. Ao ouvir, é importante tentar compreender o que há de comum nos pontos aos quais o cliente sempre se refere ou que se repetem, pois podem ser indícios da sua área de preocupação. Correspondente a ler “nas entrelinhas”. Ao ouvir o cliente, tenha em mente: O que ele disse? O que significa o que ele disse? O que não está sendo dito?

Ao ouvir o cliente, tem-se de centrar a atenção no que ele expressa de modo verbal, não-verbal, tentando compreender o que ele diz e o que pode estar querendo transmitir, pensar reflexivamente sobre o que pode estar querendo transmitir; pensar. O profissional às vezes experimenta sensação de impotência, de não estar ajudando o cliente ao ouvi-lo em silêncio. A aquisição de habilidade no uso desta estratégia exige perseverança, pois ela é necessária por transmitir ao cliente sinal de que ele é respeitado e tratado como ser humano. Somente ouvindo a informação do cliente é que se pode conhecer com mais segurança os problemas e as necessidades sentidos por ele, seus pensamentos, a imagem que tem de si mesmo e do mundo que o cerca.