Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Transcrição da apresentação:

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Economia da Pobreza Qualidade do Ensino Fundamental: Políticas, suas Possibilidades, seus Limites Creso Franco Fátima Alves Alicia Bonamino Filipe Buchholz

Introdução A literatura especializada, desde há muito, registra os problemas de desigualdade no acesso e no fluxo e de qualidade da educação brasileira. Porém, desenvolveu mais intensivamente o tema da desigualdade no acesso e no fluxo do que o da qualidade. Somente a partir da década 1990, o Brasil passou a contar com avaliação nacional, que permite acompanhar a qualidade da educação brasileira. Mais recentemente, alguns pesquisadores têm enfatizado que os temas da qualidade e do fluxo precisam ser ratados de modo integrado, pois, a despeito da melhora na década de 1990, sérios problemas de fluxo ainda persistem e a mudança no fluxo afeta os indicadores de qualidade.

O desafio da qualidade hoje O Prova Brasil é um exercício de avaliação de base censitária que focaliza as escolas públicas urbanas. Por sua abrangência, o Prova Brasil produz indicadores para os municípios brasileiros. Recentemente, no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o INEP integrou os resultados do Prova Brasil e do Censo Escolar, de modo a viabilizar o Indicador de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O principal princípio do IDEB é de que qualidade da educação pressupõe que o aluno aprenda e passe de ano, medido pelo Prova Brasil e pelo Censo Escolar, respectivamente. Sinteticamente: IDEB = (1/T) . Nota T é o número de anos que o aluno leva para completar uma série; e Nota é a média do Prova Brasil para a rede de ensino, o município, o estado ou o país.

O desafio da qualidade hoje Além de propor o indicador, o PDE definiu metas para 2021. Para atingi-las, é necessária a regularização do fluxo escolar, de modo que reprovações e abandono sejam eventos raros e que o desempenho das escolas brasileiras melhore sensivelmente, de modo que, em 2021, a escola brasileira mediana tenha desempenho equivalente a de escolas que, em 2003, eram exemplares. Considerando que, entre 1995 e 2005, o IDEB teve não mais do que pequenas oscilações, faz-se necessário que os temas do PDE e de suas metas sejam discutidos à luz de políticas que possam fazer diferença em termos da qualidade da educação.

Gerações de políticas educacionais Ainda que medidas de política educacional possam ser duradouras ou possam ser retomadas em novos contextos, a análise de políticas educacionais se beneficia da consideração das políticas como conjunto relativamente articulado de medidas, relacionadas com seu contexto social e político. No texto, quatro gerações de políticas serão considerados, focalizando os aspectos de cada geração que, de certa forma, influem de modo expressivo nas práticas educacionais e nas gerações subsequentes de políticas, resgatando os elementos de continuidade ou de retorno cíclico.

Política educacional na década de 1970 A Constituição vigente definia a educação primária como nível de frequência compulsória e cujo direito de acesso era obrigação do Estado. A legislação de 1971 definiu o ensino de 1º grau como sendo o equivalente ao ensino primário e ginasial. O novo preceito legal colocava desafios expressivos em termos de incorporação de novos contingentes de alunos no recém-inaugurado esquema de educação compulsória de oito anos. Com o propósito de equacionar favoravelmente os novos desafios colocados, o de oferecer educação primária a todos, foram adotados aspectos relacionados à racionalidade técnica.

Política educacional na década de 1970 Na linha da racionalidade técnica - isto é, racionalidade relativa aos meios – a legislação propôs que a administração, a supervisão e a orientação educacional fossem exercidas por profissionais de educação, formados em cursos de pedagogia com habilitação voltada para essas áreas. Reconhecendo os diversos problemas de aprendizagem preexistentes e antecipando-se aos novos problemas associados ao acesso de novos contingentes estudantis em nível correspondente ao antigo ginásio, foi previsto esquemas de recuperação paralela, para minimizar as consequências da reprovação em massa. No âmbito da formação de professores, a racionalidade técnica expressou-se por meio de diversas iniciativas em torno da tecnologia educacional, na vertente comportamentalista.

Política educacional na década de 1970 Ainda que a legislação de 1971 tenha tido o mérito de alargar o direito à escolarização, o fracasso da política de profissionalização compulsória acabou por fortalecer a oposição aos aspectos da racionalidade técnica. Sendo catalisado pela resistência dos professores ao modo como a legislação atribuiu poder aos especialistas formados pelos cursos de pedagogia e pela crítica ao reducionismo inerente à tecnologia da educação de base comportamentalista, que influenciava a formação de professores à época.

A redemocratização e a renovação das políticas educacionais A vitória da oposição na eleições estaduais de 1982, constitui marco importante não só do processo de redemocratização, mas também da renovação dos agentes atuantes na política educacional. Esse contexto favoreceu o aparecimento de importantes novidades, com reflexo na política educacional: Democratização da escola: pretendia renová-la com as tendências democratizantes presentes na sociedade, contrapondo-se tanto ao clientelismo associado a indicações políticas quanto à racionalidade técnica. A eleição de diretores tinha papel central nesta área. Autonomia docente e de unidades escolares: enfatizava o papel ativo do professor, tanto como agente de democratização da escola quanto como criador de soluções originais para os problemas pedagógicos.

A redemocratização e a renovação das políticas educacionais Reorganização das séries iniciais e instituição do Ciclo Básico de Alfabetização (CBA): o reconhecimento de dificuldades com a alfabetização, levou à reestruturação do tempo, das propostas pedagógicas e das séries iniciais do ensino de 1º grau. Várias redes criaram o CBA e eliminaram as reprovações dentro do ciclo. As demais redes mantiveram a organização seriada, mas desdobraram o processo de alfabetização em dois anos letivos. Discussões sobre o trabalho educativo desenvolvido por creches e pré-escolas, foram decisivas para o estabelecimento dos novos rumos da política de atendimento à infância, com o crescimento da oferta da educação infantil. Ênfase no reconhecimento de fatores intra-escolares produtores de fracasso escolar: sublinhava-se que a escola tinha dificuldade em alfabetizar seus alunos. A partir deste diagnóstico, políticas envolvendo mudanças curriculares e pedagógicas foram tomadas, como a formação continuada de professores.

A redemocratização e a renovação das políticas educacionais Organização do ensino do 1º grau em ciclos: sistema concebido como alternativa ao tradicional sistema de séries e na qual a avaliação é feita ao longo do ciclo – e não ao fim do ano letivo. Municipalização: preconizava que escolas que só possuíam parte do recém- criado ensino de 1º grau deveriam, progressivamente, oferecer o ensino de 1º grau completo. As políticas educacionais do período entre 1983-1994 foram marcadas por dois veios principais: a) Fortalecimento da visão de que a origem social afetava o desempenho escolar, mas que este processo envolvia a mediação de fatores intra-escolares de atualização da desigualdade social; b) Crítica ao paradigma da racionalidade técnica e ênfase no compromisso político e na criatividade docente como elemento central da escola inclusiva e democrática.

Política educacional no governo FHC O governo FHC estendeu-se por dois mandatos, com forte elemento de continuidade. Teve participação ativa do MEC no processo de tramitação e aprovação da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – e da reforma constitucional que abriu espaço para o novo arranjo institucional relativo ao financiamento do ensino fundamental. O aprimoramento da avaliação nacional: o SAEB foi aplicado com diversas alterações metodológicas. Passou a incorporar a possibilidade de comparação dos resultados ao longo do tempo e compreensão das políticas adotadas sobre o desempenho dos estudantes. Financiamento da educação: implementação do FUNDEF e o financiamento de estados e municípios em função do número de alunos matriculados. Foi estendido às unidades escolares que aderiram ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).

Política educacional no governo FHC Municipalização: ao associar recursos ao número de alunos, o FUNDEF estimulou a municipalização. Estímulo ao ensino fundamental de 9 anos: diversos municípios já ofereciam escolas para crianças de 6 anos antes da criação do FUNDEF. Com decorrência do esquema de financiamento, alguns sistemas de ensino propuseram-se a classificar classes que ofertavam educação para crianças de 6 anos como parte integrante do ensino fundamental. Consideração da educação infantil (crianças de 0 a 6 anos): sua coordenação passou da área de assistência social para as secretarias municipais de Educação. A não inclusão da educação infantil no FUNDEF provocou uma diminuição no ritmo de crescimento da sua oferta.

Política educacional no governo FHC Formação inicial e continuada de professores: estabelecimento do nível superior como formação mínima para a docência na educação básica. Determinação de que 60% do fundo vinculado ao FUNDEF fossem utilizados para o pagamento de salário e formação de professores. Atenção no fluxo escolar: apoiou programas de correção de fluxo e insistiu na caracterização da reprovação em larga escala como medida ineficaz e excludente. Porém, no cenário nacional, o fluxo escolar ficou estabilizado entre 1999 e 2002, ainda em patamar elevado de reprovação. A política do governo FHC pode ser caracterizada por três aspectos: a) Revalorização da racionalidade técnica, desta vez concentrada no financiamento; b) Ênfase no ensino fundamental; e c) Valorização da política educacional baseada em evidências.

Política educacional no governo FHC O período FHC caracterizou-se por uma conquista importante, permitiu uma universalização do acesso ao ensino fundamental, processo que foi fortalecido pelo FUNDEF. Por outro lado, o SAEB sinalizou para um moderado declínio da qualidade, que pode ser explicado pela chegada de novos contingentes de alunos às séries avaliadas.

Política educacional no governo Lula Houve bastante instabilidade na área de educação. No primeiro mandato, três ministros assumiram a pasta da Educação, o que colaborou com políticas rapidamente descontinuadas. Passada a instabilidade, as políticas para a educação básica foram relacionadas à continuidade e o aprofundamento da avaliação, com o FUNDEB e com o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Diante da oposição de acadêmicos da área de educação ligados ao governo às propostas de avaliação em larga escala, foi surpreendente que a avaliação nacional incluísse a vertente censitária (Prova Brasil) e que os resultados por unidades escolares fossem divulgados tanto para o Prova Brasil quanto para o ENEM. Isto deve-se à maior influência que intelectuais de formação na área de economia passaram a desempenhar na área de educação.

Política educacional no governo Lula Na área do financiamento, uma das maiores críticas ao FUNDEF era o foco exclusivo deste Fundo no ensino fundamental. Por isso, o projeto de lei do FUNDEB foi enviado ao Congresso Nacional. Através de Medida Provisória, o FUNDEB foi colocado em vigor e trazia os seguintes aspectos: a) inclusão no FUNDEF da educação infantil (crianças de 0 a 6 anos); b) instituição de um piso nacional para os professores, cujo valor será definido por lei específica; e c) priorização do ensino fundamental, viabilizado por meio de dispositivo de lei que só distribui recursos para outros níveis de ensino após a garantia de que o valor por aluno do ensino fundamental estivesse resguardado.

Política educacional no governo Lula Estes aspectos atenderam de forma parcial, respectivamente, ao movimento em prol de creches e pré-escolas, ao movimento sindical docente e aos setores (oposição) que temiam que o FUNDEB pudesse redundar em retrocesso no financiamento do ensino fundamental. O FUNDEB manteve o arranjo inicial do FUNDEF, prevendo ainda níveis crescentes de transferências da União para os fundos estaduais ao longo dos anos, sem alteração dos níveis gerais de recursos para a educação. No segundo mandato, o governo procurou dar centralidade à educação básica em sua política educacional. Sendo prioridade a configuração do PDE, que tem clara ênfase no ensino fundamental.

Política educacional no governo Lula Os aspectos do PDE são o IDEB e as metas a ele associadas. O IDEB e as metas envolvem transparência nos resultados de escolas e redes de ensino. Envolvem, também, incentivos simbólicos relacionados ao IDEB elevado e, futuramente, a variações positivas do mesmo índice. Por esta via, a política educacional contemporânea articula-se com ideias associadas à racionalidade relativa aos fins da educação, complementando a ideia da racionalidade relativa aos meios.

Conclusão A revisão dos estudos mostrados permite elucidar as consequências das políticas educacionais, presentes nas diversas gerações, sobre a qualidade da educação. No entanto, não restam dúvidas de que a qualidade da educação ainda é um grande desafio para o Brasil. O desempenho do aluno mediano das escolas públicas fica aquém de habilidades em matemática e em literatura, consideradas fundamentais ao término do primeiro segmento do ensino fundamental. As políticas educacionais avaliadas mostram magnitude modesta no aumento do desempenho dos alunos. Isto indica que nenhuma dessas medidas educacionais é capaz de oferecer incremento da qualidade na magnitude necessária.

Conclusão Em face do contexto atual de configuração do PDE e do estabelecimento de metas, é necessário que o desempenho das escolas brasileiras melhore sensivelmente, além da quase total regularização do fluxo escolar. Há espaço para avanços na agenda de política educacional presente nas gerações passadas – mais pré-escola, maior titulação de professores, mais avaliação, mais autonomia de unidades escolares e melhores formas de indicação de diretores – mas, os resultados sinalizam que o desafio de qualidade hoje não pode ser enfrentado sem alterações profundas na agenda de políticas educacionais.