DOR ABDOMINAL NA CRIANÇA
Referência bibliográfica: Mota JAC, Leão E, Ferreira RA. Dor abdominal. In: Leão E et al.Pediatria Ambulatorial. Belo Horizonte: Coopmed; 2005,4 ed, p.356-65
É uma das queixas mais comuns em pediatria Geralmente são de curta duração, leves, de causa benigna, auto-limitadas
Causas freqüentes em nosso meio: parasitoses intestinais e contaminações alimentares Em crianças: problemas originários em outras áreas podem vir acompanhados de dor abdominal (linfadenite mesentérica?) No entanto é sintoma fundamental para a identificação de condições cirúrgicas agudas
Na anamnese e no exame físico: Dificuldades com a criança pequena Ouvir a criança maior Exame físico sempre completo
Origem da dor abdominal Visceral(mediada pelo SN autônomo): distensão ou contração de vísceras ocas distensão de vísceras sólidas processos isquêmicos
Origem da dor abdominal Parietal (somática ou peritônio- parietal): transmitida pelo SN cérebro-espinhal surge quando o peritônio parietal é acometido localizada, aumenta com a movimentação e com o aumento da pressão abdominal há contratura de parede abdominal
Origem da dor abdominal Irradiada: é sentida em local diverso do órgão acometido (mas com inervação comum)
Origem da dor abdominal Psicogênica: distúrbios psicológicos → mecanismos neuro-hormonais → alterações de tônus e motilidade intestinais/secretoras/vasculares → dor É real Abordagem deve ser efetiva
Origem da dor abdominal Doenças sistêmicas: mecanismos às vezes não conhecido
A abordagem da dor abdominal depende: processo agudo, recente, único ou recidivante ou problema crônico, recorrente, no momento sem sintomas
Dor abdominal aguda: Anamnese e exame físico cuidadosos, completos e rápidos; reforço no exame abdominal Valorizar o aspecto da criança Investigar: evolução e características da dor, problemas concomitantes (febre, vômitos, hábito intestinal, distúrbios gênito- urinários ou respiratórios, alimentação e traumas)
Causas de dor abdominal aguda: RN (infecções GI, ITU, sepsis, malformações do trato GI e GU): “criança que não vai bem”, vômitos, distensão abdominal, hipotermia Lactentes: RGE; “cólica idiopática do primeiro trimestre”; meteorismo; malformações GI; infecções GI; transgressões/ alergias/ intolerâncias alimentares: hérnias encarceradas; invaginação intestinal
Causas de dor abdominal aguda: Pré-escolar (2 a 5 anos): infecções GI; trangressões alimentares; parasitoses intestinais; constipação intestinal; ITU; malformações do trato urinário, cálculos; doenças sistêmicas (Doença falciforme e Púrpura de Henoch-Schönlein); traumas; hepatites; doenças respiratórias; linfadenite mesentérica
Causas de dor abdominal aguda: Escolar e adolescente (assemelhando-se às dos adultos): infecções GI; distúrbios urinários e ginecológicos; constipação intestinal; apendicite; doença sistêmicas (Doença falciforme e Púrpura de Henoch- Schönlein); parasitoses; traumas; causas psicogênicas; úlceras/ gastrites/ ileites/colites; linfadenite mesentérica
Exames complementares (devem ser pedidos em função do quadro clínico): hemograma, VHS, urina, funções renal e hepática, amilasemia RX abdômen, RX tórax RX contratados, endoscopias, US Outros, se suspeita de doenças extra-abdominais ou sistêmicas
Conduta: Pacientes graves ou duvidosos →internação Tratamento clínico? Cirúrgico? Distensão abdominal, peristaltismo diminuído, massas abdominais, dor significativa, vômitos, desidratação, desnutrição, RN / lactente, imunodeprimidos →internação Observação rigorosa; analgesia; dieta suspensa; hidratação venosa
Dor abdominal crônica recorrente: Psicossomática: 10 a 15% dos escolares, com interferência em atividades cotidianas, mais prevalentes em meninas Geralmente peri-umbilical, sem relação com a alimentação, diurna
Psicossomática: Freqüentes: ansiedade, introspecção, alterações da motilidade intestinal (inclusive nos familiares) Exame físico normal Pode persistir na vida adulta
Causas de dor abdominal crônica recorrente Simulação (manobre manipulativa) Parasitoses Constipação intestinal Doenças GU, hepatobiliares e ginecológicas Má-rotação intestinal Alergias e intolerâncias alimentares
Causas de dor abdominal crônica recorrente Úlceras, RGE, hérnia hiatal, colites Doenças sistêmicas (Doença falciforme, colagenoses) Tumores abdominais Epilepsia abdominal e enxaqueca
Conduta Vai depender se a origem sugere ser orgânica ou psicogênica Importância da anamnese detalhada, particularmente emocional Geralmente abaixo de cinco anos é orgânica Localização não peri-umbilical: sugere ser orgânica
?Conduta há prejuízo das atividades habituais? Há outros sintomas/sinais? História familiar Propedêutica específica (na dependência da suspeita clínica): Laboratoriais Imagem Bacteriológicos
Conduta Avaliação por especialistas Testes alimentares de prova Endoscopias Apoio psicoterapêutico Nunca menosprezar a queixa