O QUE É UM TUTOR? REPRESENTAÇÕES DO PAPEL EM UM GRUPO DE PROFESSORES DA FMUSP Patrícia Lacerda Bellodi* Centro de Desenvolvimento de Educação Médica -

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O QUE É UM TUTOR? REPRESENTAÇÕES DO PAPEL EM UM GRUPO DE PROFESSORES DA FMUSP Patrícia Lacerda Bellodi* Centro de Desenvolvimento de Educação Médica - CEDEM Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - FMUSP www.usp.br/fm/tutores Introdução Mentor era um sábio e fiel amigo de Ulisses, Rei de Ítaca. Quando Ulisses partiu para a Guerra de Tróia, ele confiou a Mentor seu filho Telêmaco e sua esposa Penélope. Mentor foi largamente responsável pela educação da criança, formação de seu caráter, valores, e, por fim, pela sabedoria de suas decisões. A presença de Mentor era particularmente importante quando decisões práticas eram necessárias, ou quando escolhas críticas tinham de ser feitas. No final da jornada, Telêmaco tinha amadurecido e tomava já decisões independentemente. Nesse sentido, Mentor era visto como uma importante figura de transição na vida de Telêmaco durante sua jornada da infância à maturidade. Partindo dessa origem histórico-literária, na Odisséia de Homero, o papel do mentor em educação tem assumido importância crescente e permite diferentes definições. Seu raio de ação pode, por vezes, estar focalizado especialmente na orientação do cotidiano acadêmico e, outras vezes, amplia-se abordando também questões da vida pessoal do aluno. No Brasil, a palavra tutor, mais do que mentor, tem sido utilizada para denominar esse papel educacional e com ela trabalhamos na FMUSP. Seleção de Tutores na FMUSP Resultados Relações assimétricas Relações simétricas Processo seletivo Do perfil Docente da universidade, médico de um dos hospitais-escola ou do centro de saúde Inserção no ensino de graduação e bom relacionamento com os alunos Disponível para contato com alunos quando necessário Disposto a participar de treinamento inicial e ser supervisionado em sua atuação Horário disponível para 1 ou 2 reuniões mensais com seu grupo de alunos e uma reunião mensal com seu grupo de supervisão Comportamento técnico e ético adequados para ser “modelo” vida em geral Vida acadêmica e profissional Não explicitado Figura paterna, Figura materna Figura paterna e materna 12 14% 17% Irmão mais velho 1 1% 3% Outras figuras familiares 2 2% 7% Padrinho Total 16 19% 33% Gênero Ações 5 MASC (84) Papel (30) 26 13 8 Guia, Diretriz, Balizador 6% Orientador, Conselheiro, Assessor 32 38% 30% Formador, Instrutor, Treinador 4 5% Preceptor, Monitor Figura de transição até maturidade 47 56% 37% 58 34 17 7 Disciplina, Repressão Tutela, Curador, Responsável pelo outro 3 4% Modelo, Exemplo Filósofo, Professor à moda antiga, Clínico antigo, Guru, Mentor FEM 10 9 11 11% 10% 6 Afetiva Profissional Não afetiva profissional Ideal vida em geral Vida acadêmica e profissional Não explicitada Amigo, Companheiro 6 7% 2 Vínculo, Pessoa próxima 9 11% Apoio, Suporte, Ajuda, Proteção, Cuidado 10 13% 4 Pessoa Aberta, Disponível 5 6% Total 30 37% 33% Ponto de Referência 8 10% 3 Parceiro 2% 1 3% 12% 23 11 Gênero MASC (84) FEM (30) Ações 40 14 7 Afetiva Profissional Papel Nas relações “simétricas” os homens, um pouco mais que as mulheres, enfatizaram aspectos de vínculo, proximidade, apoio, suporte, disponibilidade e amizade. Aspectos negativos associados ao papel do tutor (disciplina, repressão) foram pouco explicitados no grupo como um todo. Também não surgiram diferenças importantes entre os sexos quando a figura do tutor era associada a um papel idealizado (modelo, exemplo, professor à moda antiga, entre outros). Dos números 364 inscrições para Tutor 238 compareceram à Entrevista 170 foram selecionados e convidados para o Treinamento Todas as especialidades presentes 75% sexo masculino e 25% sexo feminino A seleção foi feita baseada na presença na reunião com os Supervisores, na concordância com os objetivos do projeto e contato com os Alunos de Medicina No conjunto total das respostas classificadas como relações “assimétricas”, os professores do sexo masculino enfatizaram os papéis profissionais (especialmente de orientador e conselheiro) mais que suas colegas do sexo feminino. Estas, em contrapartida, privilegiaram mais que os homens os papéis afetivo-familiares (especialmente o da figura paterna). O que é um tutor para você? Neste processo de seleção foram investigadas as representações associadas ao futuro papel num subgrupo de candidatos (114 dos 364 inscritos). Através da técnica de associação livre os professores responderam à seguinte pergunta: “O que lhe vem à mente com a palavra TUTOR?” As respostas apresentadas foram categorizadas tendo como eixo de análise a simetria e a autoridade na relação tutor-tutorando a partir da associação apresentada. As categorias não são mutuamente excludentes e sua expressão numérica é aqui utilizada como expressão de diferenças de ênfase entre os subgrupos de candidatos do sexo masculino e feminino. Conclusões Além de reafirmar a diversidade do conceito, os resultados desta investigação mostraram de modo claro a influência do gênero na representação do papel, sugerindo a possibilidade de dinâmicas diferentes nos grupos formados a partir do tutor a ele destinado. As esferas de atuação dos diferentes papéis apresentados explicitaram principalmente ações amplas, direcionadas tanto à vida acadêmica quanto à vida pessoal. O tutor FMUSP mostrou assim disponibilidade para, independentemente do papel associado (pai, conselheiro, amigo, referência) orientar e auxiliar integralmente seus tutorandos. Esta aproximação com o aluno e o estabelecimento de vínculos mais estreitos apresentaram-se também como uma demanda dos professores, os quais, claramente em suas falas, revelam não somente o desejo de promover transformações, mas especialmente de ser alvo delas também. ptbellodi@uol.com.br