EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS COMUNIDADES ESCOLARES:

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Transcrição da apresentação:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS COMUNIDADES ESCOLARES: REFLETINDO SOBRE AS AÇÕES Deise Keller Cavalcante1; Ana Maria Dantas Soares2 1Mestranda em Educação Agrícola – PPGEA/UFRRJ, Consultora da Coordenação Geral de Educação Ambiental CGEA/SECAD/MEC. Licenciada em Ciências Agrícolas, Especialista em Ciências Ambientais, d.keller@uol.com.br 2Profª Doutora em Ciências em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, DTPE/IE/UFRRJ, adantas@ufrrj.br INTRODUÇÃO O presente trabalho faz uma reflexão sobre a importância da Educação Ambiental inserida nas práticas escolares, a partir da análise do processo de implementação de uma das políticas públicas que vem sendo levada a efeito em nosso país através do Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, na perspectiva da formação continuada de professores e alunos. Diferentes autores têm realçado a importância da Educação Ambiental na atualidade e todos são unânimes em destacar que a escola pode ser considerada como um dos locais privilegiados para a sua efetivação que, numa perspectiva de educação integral e integradora, deve permear todas as disciplinas, uma vez que cada disciplina tem sua contribuição a dar nas atividades de Educação Ambiental, envolvendo professores de todas as áreas de conhecimento. Entretanto, a busca de soluções de problemas ambientais carece de uma maior integração interdisciplinar para a busca do conhecimento. Observe-se que a Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9795/99, estabelece a educação ambiental nas escolas como prática integrada, contínua e permanente, transversal a todas as disciplinas. Nesse sentido, a SECAD – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, por meio da Coordenação-Geral de Educação Ambiental, tem se dedicado à implementação do Programa Nacional de Educação Ambiental / Política Nacional de Educação Ambiental difundindo conhecimentos atualizados sobre questões de ciência, saberes tradicionais e políticas ambientais usando estratégias de rede, publicações, e projetos com a sociedade. Recuperando a história A partir da década de 1960 e início da década de 1970, começa a ser destacada a importância de uma educação voltada para as questões do meio ambiente. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, é o grande marco inaugural da ênfase na necessidade de um programa de educação ambiental, de enfoque interdisciplinar, envolvendo os diferentes níveis de ensino, além da educação não-formal. Vários eventos de grande porte se realizaram, realçando a perspectiva estratégica da educação ambiental para a sustentabilidade, necessária à continuidade da vida no planeta (Tbilisi, em 1977; Rio de Janeiro, em 1992; Jhoanesburgo, em 2002). , A visão da educação ambiental como estratégia para o alcance da sustentabilidade social continua presente nas conferências e acordos internacionais que têm sido realizados, e repercute nas constituições estaduais e leis orgânicas municipais, que passaram a mencionar a educação ambiental em seus respectivos capítulos relacionados ao meio ambiente, dentro de um entendimento que destaca o papel central da educação no reconhecimento de valores e ações; Na legislação brasileira vemos que a Constituição Federal, de 1988, incorporou em seu texto a Educação Ambiental, conforme o Art. 225, ressaltando a qualidade de vida como integrante da própria cidadania. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, emanados do MEC, apresentam a questão ambiental como um dos temas transversais do currículo do Ensino Fundamental e Médio. Por outro lado, a elaboração dos Projetos Político-Pedagógicos das escolas é uma oportunidade ímpar para que a EA possa se constituir num eixo gerador das atividades educativas. O Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas Em 2003, o Ministério do Meio Ambiente lançou a campanha Vamos Cuidar do Brasil, com a Conferência Nacional do Meio Ambiente, com duas versões: uma destinada a adultos e uma versão voltada para jovens, idealizadas pela Ministra Marina Silva. A Conferencia Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, feita em parceria com o Ministério da Educação, contou com a participação direta de quase 16 mil escolas, onde cerca de 6 milhões de pessoas entre estudantes, professores e comunidades debateram questões ambientais. Esse movimento incluiu além das escolas regulares do ensino fundamental, escolas indígenas, quilombolas, ribeirinhas, caiçaras, de assentamento, de pescadores e de pessoas com deficiência. A mobilização para realização de conferência nas escolas se transformou numa política pública gerada pela Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEA) que, estruturada no Departamento de Educação para a Diversidade e Cidadania da SECAD, implementou o programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas. Trata-se de um processo de formação de educadores ambientais, com o objetivo de construir uma cultura permanente de educação socioambiental, visando a busca de conhecimentos, pesquisa e geração de saberes e ações transformadoras nas comunidades locais, em especial na rede Pública de Ensino. Desta forma, partindo da demanda das dezesseis mil escolas que participaram da conferência nacional infato-juvenil pelo meio ambiente em 2003 (CNIJMA) até a segunda CNIJMA em 2006, pretendeu-se construir um círculo virtuoso para adensar conceitualmente temas ambientais urgentes e atuais com abrangência mundial e local. METODOLOGIA Para trabalhar com os alunos, os jovens formadores utilizaram a publicação Formando Com-VIDA e Construindo a Agenda 21 praticando a metodologia “Oficina de Futuro” para a construção da Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-VIDA). A convida propõe uma nova organização na escola com foco na educação ambiental cujo objetivo é o debate coletivo para construção de projetos para elaboração da agenda 21 e elaboração das conferências. Foi adotado um livro para articular as atividades nas escolas: Consumo Sustentável: manual de educação (Idec/MMA/MEC 2004). Escolher apenas um material para professores de mais de quatro mil municípios de todos os estados, regiões, biomas e estratos sociais do país constitui-se em uma enorme dificuldade. Foi escolhido um livro que trouxesse uma base comum de conteúdos, complementada por uma Pedagogia de Projetos que permitisse a construção coletiva. Buscou-se formas abertas e inovadoras de construir, juntamente com formadores, professores e alunos, aquilo que Morin (2001), chama de conhecimento pertinente, que possibilita “apreender os problemas globais e fundamentais para neles inserir os conhecimentos parciais e locais”. Nestes dois saberes têm-se implícita a busca de um conhecimento complexo, não fragmentário e que se amplia continuamente, sem, entretanto ser um conhecimento totalizador. A simplicidade metodológica esteve na orientação dos debates desde os seminários até a sala de aula, sem discurso especializado, nem utilização de parafernálias tecnológicas que excluem a maior parte das escolas sem que isso traduza o universo de conhecimentos. Cada participante levou para o seminário, caderno e lápis, além se um livro de meio ambiente, um artigo de jornal ou revista sobre questões ambientais, uma canção, uma poesia e seus pensamentos e habilidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final das formações propostas no Programa, foi elaborado um questionário de apenas cinco perguntas para ouvir a opinião dos segmentos que compunham os FI que são representantes da: SEDUC, SEMED, Universidades, ONG, Coletivos Jovens e SISNAMA. Considerando os resultados obtidos até o momento com a execução do Programa entendemos que a efetivação das ações educativas voltadas para as questões ambientais devem ser alicerçadas por uma forte política governamental, em todos os níveis, para que se consiga dar sustentação e continuidade ao esforço de colocar na prática os preceitos legais sobre a temática. Por outro lado, destacamos a importância de processos continuados de sensibilização e de formação, sem os quais não se consegue alcançar os objetivos almejados, bem como a necessidade de que é fundamental repensar-se, reavaliar-se e reorientar-se por processos auto-organizativos, realmente contextualizados histórica e culturalmente, numa perspectiva interdisciplinar. Como Maturana e Rezepka (2001) entendemos que: “A tarefa da educação é formar seres humanos para o presente, para qualquer presente, seres nos quais qualquer outro ser humano possa confiar e respeitar, seres capazes de pensar tudo e fazer tudo o que é preciso como um ato responsável a partir de sua consciência social”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: 1988. 23ª ed., Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. MEC. 2ª ed. Brasília: 1996. BRASIL. Política Nacional de Educação Ambiental, MEC / MMA, 3ª ed.Brasília, 2002. BRASIL. Programa Nacional de Educação Ambiental, MMA / MEC, 3ª ed.Brasília, 2005. BRASIL. Formando COM-VIDA. Ministério da Educação/Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Coordenação Geral de Educação Ambiental. Brasília: MEC, 2004.42p. BRASIL. Agenda 21 Brasileira – Ações Prioritárias – Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional; MMA / MP / MRE / MCT / Presidência da República; Brasília; 2001. 160 p. BRASIL. Consumo Sustentável; Manual de Educação; Brasília: Consumers International / MMA / MEC / IDEC, 2005.160p. CAPRA, F. “Educação - Alfabetização ecológica,” In: TRIGUEIRO, André (coordenador) Meio Ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. CARVALHO, I.C. de M. Educação Ambiental: A formação do sujeito ecológico, São Paulo: Cortez, 2004. GUERRA, A. F. S. & TAGLIEBER, José Erno. A inserção da educação ambiental no currículo: o olhar dos pesquisadores de um programa de mestrado em educação. Caxambu: ANPED-GT 22, 2003. LEFF, E. (Coord.). A complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2003. MATURANA, H. & REZEPKA, S. N. Formação humana e capacitação. Petrópolis: Vozes, 2001. 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