AVALIAÇÃO Educacional: A SUA TRAJETÓRIA NO BRASIL

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Transcrição da apresentação:

AVALIAÇÃO Educacional: A SUA TRAJETÓRIA NO BRASIL CURSO: DIDÁTICA E METODOLOGIA DO ENSINO SUPERIOR (UMC) PROF. MS REGILSON MACIEL BORGES

No Brasil os primeiros esforços em torno da avaliação educacional são localizados por Saul (2001ab), Gatti (2002), Vianna (2002), e Dias Sobrinho (2003), a partir dos anos 1960. Nesse período, de acordo aponta Sousa (2005), ao analisar estudos divulgados na época, o significado atribuído à expressão avaliação educacional era de forma dominante de seleção e medida educacional: O uso de testes educacionais de modo mais generalizado se deu no Brasil a partir de meados da década de 60. Seu emprego em nosso meio está muito associado a exames vestibulares, através dos quais esta maneira de avaliar conseguiu ampla divulgação. É, também, neste período que uma perspectiva mais tecnicista e economicista começa a dominar na área educacional, principiando a proliferação de textos mais específicos sobre medidas educacionais, nos quais se discutem as técnicas de elaboração das chamadas questões e provas objetivas e as questões estatísticas envolvidas na teoria das medidas (GATTI, 1987, p.34).

Saul (2001ab) também demarca os anos de 1960 para referir-se a trajetória da avaliação educacional no Brasil e indicar que esta foi fortemente influenciada pela produção norte- americana. A influência apontada por Saul (2001ab) é constatada por Vianna (1995; 2002) ao registrar os esforços de algumas experiências de programas de avaliação na década de 1960 e 70 em proceder segundo princípios metodológicos com base em fontes norte-americanas (FUNBEC, EDURURAL). No meio acadêmico brasileiro, são as ideias de Tyler que receberão importante atenção, Princípios Básicos do Currículo e Ensino chegou a ter nove edições no período de 1974 a 1984.

Deve-se levar em conta que a perspectiva tyleriana de avaliação, ainda que tenha permitido um avanço na fundamentação teórica do campo, como por exemplo, a introdução de vários procedimentos de avaliação (inventários, escalas, listas de registro, questionários, fichas de registro), carrega consigo uma concepção positivista de avaliação. Depois dos anos 1973 os problemas da avaliação passaram a merecer um enfoque teórico mais aprofundado (VIANNA, 1992; SAUL 2001a; SOUSA, 2005), período em que as produções se direcionam para a avaliação programas educacionais.

Saul (2001a, p.40) comenta os esforços empreendidos a partir de 1978 a fim de “quebrar” com o circuito que marcava a avaliação no país: O artigo de Marli André, A abordagem etnográfica: uma perspectiva na avaliação educacional (1978), A tradução do texto de Parlett e Hamilton, Avaliação como iluminação: uma nova abordagem no estudo de programas inovadores (1980), A publicação da revista Educação e Avaliação (1980,81), E o trabalho de Goldberg e Sousa, Avaliação de programas educacionais: vicissitudes, controvérsias e desafios (1982).

No final dos anos 70 e início dos anos 80, a análise política da avaliação será objeto de estudos de muitos pesquisadores brasileiros, entre os quais destacam-se: Ana Maria Saul, Mere Abramowicz, Isabel Cappelletti, Carlos Cipriano Luckesi, Magda Soares, Sandra Zákia Lian Sousa, Pedro Demo, Maria Amélia Golberg, Clarilza Prado Sousa, Jussara Hoffmann, Celso dos S. Vasconcelos, Lea Depresbiteris, Maria Laura Barbosa Franco, Menga Luke, Thereza Penna Firme.

Do início dos anos de 1980 são os estudos de Saul (2001) que contribuem, a partir de sua pesquisa para sua tese de doutoramento, para a construção de um novo paradigma para a avaliação, a chamada avaliação emancipatória. O novo paradigma proposto pela autora (SAUL, 2001) surge como reação aos pressupostos teórico-metodológicos e ao autoritarismo dos modelos clássicos de avaliação educacional, em particular de currículo. - Trata-se de uma proposta, de caráter político- pedagógico, que incorpora uma perspectiva crítico-transformadora da realidade educacional enquanto fundamento e uma prática democrática enquanto processo.

É nessa mesma perspectiva que Pedro Demo (1986) irá centrar seus estudos. A avaliação qualitativa pretende, segundo Demo (2005, p.108), ultrapassar a avaliação quantitativa, porém sem dispensar esta. Entende que, no espaço educativo, os processos são mais relevantes que os produtos, não fazendo jus à realidade, se reduzida apenas às manifestações empiricamente mensuráveis. Os anos 80, ainda, assistirão a criação de alguns programas de avaliação que se tornaram alvo das pesquisas científicas, surgindo conhecimentos específicos a partir de processos decorrentes da implantação de políticas educacionais: - Avaliação do rendimento de alunos de escolas de 1º grau da rede pública em todo o país; O projeto de avaliação sobre o desempenho escolar de alunos da 3ª série do Ensino Médio; O Programa de Avaliação da Reforma Universitária (PARU); O Grupo de Estudos da Reforma da Educação Superior (GERES)

Ainda no que tange a avaliação enquanto mecanismo de ação de governo, nos anos 1990 a avaliação terá papel central na formulação e implementação das políticas educacionais tanto no nível básico quanto no superior, para tanto serão criados: O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em 1990; O Programa da Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB), em 1993; O Exame Nacional dos Cursos (ENC), em 1995; O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em 1998.

Referências DEMO, P. Avaliação Qualitativa: um ensaio introdutório. Educação e Seleção, São Paulo, n.14, p.5-16, 1986. ____. Teoria e Prática da Avaliação Qualitativa. PERSPECTIVAS, Campos dos Goytacazes, v.4, n.7, p. 106-115, janeiro/julho 2005. DIAS SOBRINHO, J. Avaliação: Políticas Educacionais e Reformas da Educação Superior. São Paulo: Cortez, 2003. GATTI, B. A. Testes e avaliações do ensino no Brasil. Educação e Seleção, n.16, p.33-42, 1987. ____. Avaliação Educacional no Brasil: Pontuando uma História de Ações. EccOS, São Paulo, v. 4, n.1, p.17-41, 2002. SAUL, A. M. Avaliação Emancipatória: desafio à Teoria e à Prática de Avaliação e Reformulação de Currículo. São Paulo: Cortez, 2001a. ____. Avaliação da aprendizagem: uma “janela” para o aperfeiçoamento da prática docente. In: CAPPELLETTI, I. (Org.). Avaliação Educacional: Fundamentos e Práticas. 2ª edição. São Paulo: Editora Articulação Universidade/Escola Ltda, 2001b. SOUSA, S. Z. M. L. 40 Anos de Contribuição a Avaliação Educacional. Estudos em Avaliação Educacional, v. 16, n. 31, p.7-36, 2005. VIANNA, H. M. Avaliação Educacional: uma perspectiva histórica. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 12, pp. 7-24, 1995 ____. Questões de Avaliação Educacional. In: FREITAS, L. C. (Org.). AVALIAÇÃO: Construindo o campo e a crítica. Florianópolis: Insular, 2002.