Grupo Análise do Comportamento e Cultura (PUC-SP)

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
A Teoria do Caos e as Organizações
Advertisements

Dinâmica e Gênese dos Grupos
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
TEORIA COMPORTAMENTAL
Ética e Ciência José Roberto Goldim
Processos participativos
Ecologia da Informação e Ambiente Informacional
NOÇÕES PRELIMINARES.
Rocio Soledad Gutierrez Curo Mischel Carmen Neyra Belderrain
Livro: MODELAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO
NATUREZA, CULTURA E SOCIEDADE
EQUIPE HISTÓRIA SEED/PR
A SOCIOLOGIA ATÉ AOS ANOS 70 DO SÉCULO XX NOS EUA
OFICINA 3 PESQUISA EXPLORATÓRIA
II Fórum Internacional das Águas – A vida em debate Porto Alegre, 11 de Novembro de 2004 Informação e Educação para a Participação na Gestão das águas.
Sensibilização no IF-SC
DESAFIOS DA CLÍNICA CONTEMPORÂNEA
Possibilidades da Quase-Experimentação no Estudo da Evolução Cultural
Planejamento Integrado de Sistemas de Infraestrutura Urbana
LEHAC PEXP PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO O universo.
Behaviorismo.
Seminário de usabilidade Aspectos de cognição da aprendizagem humana
Terapia(s) Comportamental(is)
HISTÓRICO E ORIENTAÇÕES TEÓRICAS
Psicologia ambiental Conceito e Definição.
Sociologia das Organizações Prof. Robson Silva Macedo
Sociologia das Organizações Prof. Robson Silva Macedo
Pesquisa: Conceitos e Definições
ETAPAS DE UM PLANO DE AÇÃO
Como aprimorar, por contraste, procedimentos na Administração Pública?
Procedimento: sucessão encadeada de atos que objetivam a prática de um ato final.
Behaviorismo: Rompe com enfoques prescritivos “ingênuos” da Administração Científica e Relações Humanas Incorpora a sociologia da Burocracia em todas as.
Curso de Pedagogia _ Gestão e Tecnologia Educacional
Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-músical
O QUE É CULTURA? Noção de cultura como modo de vida:
MEIO AMBIENTE É FRATERNIDADE
Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-músical
BEHAVIORISMO RADICAL O que é RADICAL para esta Filosofia:
Introdução a Questão Social
Análise BEHAVIORISMO Ação Reação Conduta Comportamento.
Antropologia Conceitos básicos
Profª. Taís Linassi Ruwer
METODOLOGIA DA CIÊNCIA
PLANO DE ENSINO: orientações para elaboração
A Mudança de Estruturas e a Espiritualidade Vicentina
ESTÁGIO SUPERVISIONADO II HABILIDADES TÉCNICAS DE ENSINO
Série Lancet Brasil Seminário Rio Rio de Janeiro 14/9/2011 Artigo seis.
Teorias de Aprendizagem Profa. Cibelle Celestino Silva
Psicologia Comportamental
Metacontingências em “Walden Two”
O BEHAVIORISMO DE SKINNER Profª: Ana Paula Ferreira
Capítulo 6 Funcionalismo: as influências anteriores
GUARDIÕES DA VIDA A PRODUÇÃO + LIMPA = CONSUMO SUSTENTÁVEL.
BEHAVIORISMO RADICAL Behaviorismo Radical é uma filosofia do Comportamento Humano; Investigação, análise, discussão, formação e reflexão de idéias (ou.
ANÁLISE FUNCIONAL.
B.F. Skinner, análise do comportamento e o behaviorismo radical: Questões humanas. Compreensão mais profunda sobre homem e sua natureza, Ciência como.
Módulo 4: Funcionalismo (Estrutural)
Behaviorismo Metodológico e Behaviorismo Radical
Profa.: MAYNA NOGUEIRA.  Os negociadores fazem antes de se sentarem à mesa.  Precursores para se alcançar uma negociação: planejamento e estratégia.
Teoria Ecológica do Desenvolvimento Humano
POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.
O behaviorismo radical e a psicologia como ciência. O que é a psicologia? Objeto, método, modelo causal e papel na sociedade? - Behaviorismo Radical (filosofia.
LETRAMENTO CRÍTICO VISUAL: EXPLORANDO A LÍNGUA EM MUITAS FORMAS
ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA
1 Entre e a utopia e o cotidiano: uma análise de estratégias viáveis nos delineamentos culturais. Carrara, K. (2008). Entre e a utopia e o cotidiano: uma.
MOMENTO 1: Primórdios da Promoção à Saúde no Canadá Relatório de Discussão: The new perspective for the Health of Canadians, que se tornou conhecido como.
Uma contribuição à teoria do desenvolvimento infantil Aléxis N. Leontiev Uma contribuição à teoria do desenvolvimento infantil Aléxis N. Leontiev.
Cada grupo deverá elaborar uma proposta curricular para 1 ano de curso de Física. Isto compreende um planejamento para o total de 80 aulas (2 aulas por.
A BORDAGEM C OMPORTAMENTALISTA Carolina Farias Christiana de Sousa Cristiana Brandão Elba Lopes Elizângela Joelma Mayrla Vasconcelos Maria dos Santos Patricia.
METODOLOGIA CIENTÍFICA PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS E TÉCNICAS DE PESQUISA.
Transcrição da apresentação:

Grupo Análise do Comportamento e Cultura (PUC-SP) XVII Encontro da ABPMC Campinas, Agosto de 2008 O estudo da cultura pela Análise do Comportamento: Contribuições de M. Harris e J. Diamond Angelo A. S. Sampaio Maria Amalia P. A. Andery Grupo Análise do Comportamento e Cultura (PUC-SP) Realizado com o apoio do CNPq – Brasil

O que é Cultura Cultura = conjunto inter-relacionado de práticas culturais mantidas por um grupo Prática cultural = comportamentos (operantes) similares propagados através de sucessivos indivíduos por processos de aprendizagem Evolução cultural = transformação de culturas ou práticas culturais ao longo do tempo (Skinner, 1953, 1981; Glenn, 1988, 2003, 2004)

O que é Cultura Uma analogia Nível cultural Nível individual Prática cultural Classe de respostas Cultura Repertório comportamental Evolução cultural Processos de modificação do comportamento (modelagem, modelação etc.)

O Estudo da Cultura Questões Metodológicas Questões Conceituais Unidade(s) de análise de práticas culturais (Andery, Micheletto & Sério, 2005) Complexidade das culturas Como analisar conjuntos complexos de práticas culturais inter-relacionadas? Questões metodológicas serão discutidas na mesa redonda que coordenarei hoje à tarde Diálogo com as Ciências Sociais pode contribuir para a questão da complexidade das culturas

A Complexidade das Culturas Contribuições do Materialismo Cultural de Marvin Harris (1979, 1980) Ênfase na análise de conjuntos integrados de práticas culturais Princípio do determinismo infra-estrutural

Contribuições do Materialismo Cultural Ênfase na análise de conjuntos integrados de práticas culturais “Um ponto importante para o qual os antropólogos sempre chamaram atenção é que aspectos da vida social que não parecem estar relacionados, de fato estão relacionados. Quando uma parte de uma cultura muda, isto tem um efeito em outras partes que pode não ser notado à primeira vista. Geralmente, a conexão entre uma parte e outra pode não ser notada mesmo pelas pessoas cujas vidas são as mais afetadas pelos acontecimentos. Se isto é verdadeiro, então não podemos esperar compreender porque qualquer aspecto particular do estilo de vida de um povo mudou se o analisarmos isoladamente e se não estudarmos a interconexão de todas as mudanças ocorrendo – ou ao menos, a interconexão de todas as principais mudanças.” Why nothing works: The anthropology of daily life O mote do livro é a má qualidade dos produtos e serviços nos EUA da década de 1980. No entanto, para tratar desse assunto o autor discute desvalorização do dólar, os movimentos feminista e de homossexuais, novos cultos religiosos etc. “Descrever culturas inteiras” e “perceber como as várias partes de culturas inteiras se encaixam” (Harris, 1987, pp. 8-9)

Contribuições do Materialismo Cultural Princípio do determinismo infra-estrutural produção e reprodução organização interna e relações com outras sociedades esportes, religiões, artes Cultura “Natureza” Superestrutura Estrutura Infra-estrutura Infra-estrutura – sobrevivência dos membros atuais da cultura e produção de novos membros Outras abordagens antropológicas propõem outras divisões da cultura. Valeria a pena avaliá-las com mais cuidado. No entanto, o principal para nossa discussão é a idéia de alguma divisão deste tipo pode ser relevante para a pesquisa sobre cultura. “Determina probabilisticamente” Superestrutura pode afetar outras partes da cultura, se as outras partes permitirem...

A Complexidade das Culturas Contribuições de Jared Diamond (2001, 2005) Análises culturais coerentes com as de Harris Foco em ações concretas dos indivíduos Primazia causal a práticas relacionadas à sobrevivência

Contribuições de Jared Diamond Causas próximas (proximate) Vs. históricas (ultimate) Próximas: presentes quando o fenômeno ocorre Históricas: história como um todo Causas próximas são expressões das causas históricas Distinção importante para as ciências históricas Ênfase nas causas históricas Semelhante a Glenn e Field (1994) e Baum Fazer analogia com o comportamento individual

Contribuições de Jared Diamond 5 fatores (causas históricas) para o colapso ou sobrevivência das culturas (Diamond, 2005) Dano ambiental Mudança climática Estrangeiros hostis Parceiros comerciais “A resposta da sociedade aos seus problemas" Infra-estrutura Estrutura Dano ambiental: desmatamento; destruição do solo (erosão, salinização e perda de fertilidade); problemas de manejo da água; efeitos da introdução de novas espécies sobre espécies nativas; aumento do impacto per capita da população; mudanças climáticas provocadas pelo homem (aquecimento global); acúmulo de produtos químicos tóxicos no ambiente; carência de energia; e utilização total da capacidade fotossintética do planeta (TODOS ASPECTOS DA INFRA-ESTRUTURA) Mudança climática: não induzida pelo homem

Contribuições de Jared Diamond “A resposta da sociedade aos seus problemas“ ou “tomada de decisões” = possibilidade da cultura mudar seu modo de vida para enfrentar dificuldades que ameacem sua sobrevivência História da cultura – experiência prévia com situações semelhantes Planejamento cultural – práticas de prever dificuldades e práticas de mudar práticas Fatores não enfatizados por Harris, mas destacados por Skinner (1948, 1971)

Resumindo Cultura = conjunto complexo de práticas culturais inter-relacionadas Análise demanda conceitos que tratem da interação entre suas partes As ciências sociais podem contribuir para esta empreitada Obras de Marvin Harris e Jared Diamond mostram-se profícuas Outros autores podem ser explorados (Elias, 1994; Neves, 2002)

Grupo Análise do Comportamento e Cultura (PUC-SP) http://accultura.wordpress.com angsampaio@uol.com.br Muito Obrigado!

Referências Andery, M. A. P. A., Micheletto, N., & Sério, T. M. de A. P. (2005). A análise de fenômenos sociais: Esboçando uma proposta para a identificação de contingências entrelaçadas e metacontingências. Revista Brasileira de Análise do Comportamento, 1 (2), 149-165. Diamond, J. M. (2001). Armas, germes e aço: Os destinos das sociedades humanas (2ª ed.). Rio de Janeiro: Record. (Originalmente publicado em 1997). ______. (2005). Colapse: How societies choose to fail or suceed. New York: Viking Penguin. Elias, N. (1994). A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Glenn, S. S. (1986). Metacontingencies in Walden Two. Behavior Analysis and Social Action, 5, 2-8. ______. (1988). Contingencies and metacontingencies: Toward a synthesis of behavior analysis and cultural materialism. The Behavior Analyst, 11 (2), 161-179. ______. (2003). Operant contingencies and the origins of cultures. Em K. A. Lattal & P. N. Chase (eds.), Behavior theory and philosophy (pp. 223-242). New York: Klewer Academic/Plenum.

Referências Glenn, S. S. (2004). Individual behavior, culture, and social change. The Behavior Analyst, 27 (2), 133-151. Harris, M. (1979). Cultural materialism: The struggle for a science of culture. New York: Vintage Books. ______. (1980). Culture, people, nature: An introduction to general anthropology (3rd ed.). New York: Harper & Row. ______. (1987). Why nothing works: The anthropology of daily life. New York: Touchstone Neves, W. (2002). Antropologia Ecológica: Um olhar materialista sobre as sociedades humanas. São Paulo: Cortez. Skinner, B. F. (1948/1972). Walden II: uma sociedade do futuro. São Paulo: Herder. ______. (1953). Science and human behavior. New York: Free Press. ______. (1971). Beyond freedom and dignity. New York: Alfred A. Knopf. ______. (1981). Selection by consequences. Science, 213 (4507), 501-504.