EJA, o que sabemos? UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS

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Transcrição da apresentação:

EJA, o que sabemos? UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA - PEAD - EIXO VII EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL - EJA Professoras: Dóris Maris Luzzardi Fiss e Sita Mara Lopes Sant’Anna Tutora: Luciane de Oliveira Machado Mota CRISTINA LUIZA METZ HANAUER - EMÍLIA PETERS DA COSTA - MARIA MARGARETE CANABARRO Uma pesquisa é sempre, de alguma forma, um relato. Sendo esta uma proposta que se baseou na busca e coleta de dados, faremos, no decorrer deste trabalho, uma análise sobre os relatos de educadores da EJA, que nos revelaram algumas particularidades sobre seus alunos, bem como aspectos do seu cotidiano. E, através destes relatos, poderemos identificar as principais características desses sujeitos que hoje frenquentam as salas de aula da EJA. Este trabalho discute algumas das realidades comumente enfrentadas por alunos que frenquentam as salas de aula na Educação de Jovens e Adultos. Procurou-se apresentar, no decorrer da proposta, elementos que nos permitam entender quem é este sujeito, conhecendo suas características relacionadas à identidade, à linguagem e ao pensamento. As dificuldades dos alunos em sala de aula e no cotidiano de suas vidas, a compreensão do seu funcionamento cognitivo por pertencerem a diferentes grupos culturais e os elementos fundamentais para o trabalho bem-sucedido na EJA serão abordados, entre outros aspectos, visando contribuir com as discussões relativas à ação nessa área educacional. Para a realização desta proposta de trabalho foram utilizados os seguintes materiais: sete perguntas formuladas pela Interdisciplina da EJA. A metodologia de pesquisa foi entrevistar cinco professores que atuam na docência dessa modalidade de ensino. Resultado das entrevistas realizadas com docentes da EJA: Quem é o aluno jovem e adulto? São sujeitos que precisam conciliar estudo e trabalho. Características desse aluno: Trabalhadores, com necessidade de terminar os estudos por exigência do trabalho. Características da linguagem e do pensamento: Escrevem como falam e de acordo com o meio a que pertencem, sendo que os mais jovens apresentam pensamento e linguagem mais elaborados, e os mais velhos apresentam dificuldades por estarem muitos anos afastados dos estudos. Possuem bom raciocínio lógico, tendo dificuldades para formalizar suas idéias no papel (montar cálculos). O jovem e o adulto procuram utilizar os conhecimentos para alcançar um objetivo em específico, muitos pensam no seu futuro pessoal e profissional e, ao retornar às salas de aula, demonstram ansiedade, expressão de medo. Dificuldades dos alunos em sala de aula e no cotidiano: Chegar no horário e frequentar as aulas, o cansaço, a falta de objetivos, a falta de perspectivas de vida, junto com baixa auto estima. Compreensão do funcionamento cognitivo em função do pertencimento dos alunos da EJA a diferentes grupos culturais. Nestes dados, houve grande divergência: metade dos docentes acredita que o aluno que convive com livros, jornais, teatro, cinema, etc.apresenta mais facilidade na aprendizagem. Os demais acreditam que esse aspecto não é relevante, pois não notam diferença no desempenho escolar do aluno. Elementos para que o trabalho em EJA seja bem sucedido. Professores com habilitação e perfil para atender a esta etapa de ensino, desenvolvendo uma proposta pedagógica que contemple seus anseios, de acordo com a faixa etária dos alunos. Programas educativos, condições de alfabetismo de jovens e adultos. A maioria dos docentes relata que são positivos, mas deixam a desejar em vários aspectos, sendo que ainda há muito a fazer nesse contexto educacional. Para a prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é essencial percebermos a diferença entre o aluno jovem e o aluno adulto, ou seja, entendermos que estes alunos são membros de grupos culturais distintos e que tanto o currículo da EJA quanto o planejamento de nossas aulas deveriam ser pensados de acordo com estas especificidades. “Um primeiro ponto a ser mencionado aqui é a adequação da escola para um grupo que não é o “alvo original” da instituição. Currículos, programas, métodos de ensino foram originalmente concebidos para crianças e adolescentes que percorreriam o caminho da escolaridade de forma regular. (OLIVEIRA, 1999) É importante também compreendermos como a aprendizagem dos jovens e adultos é organizada, pois, diferentemente do desenvolvimento da criança, temos poucos referenciais que fundamentam a prática com a EJA. Muitas vezes, esse desconhecimento nos induz a um grande erro, quando simplesmente repetimos o planejamento para o ensino regular nas aulas da EJA. A EJA deve considerar, então, aspectos próprios da identidade do jovem e do adulto que retoma a escolarização, tanto para efeitos de currículo como para a prática pedagógica. Como nos revela Oliveira, não devemos estereotipar esses alunos, pois “... para além dessas características gerais, entretanto, tratar o adulto de forma abstrata, universal, remete a um certo estereótipo de adulto, muito provavelmente correspondente ao homem ocidental, urbano, branco, pertencente a camadas médias da população”. Esta questão deve ser analisada e pontuada, devendo haver, no currículo escolar desse sujeito, propostas articuladoras dos aspectos da sua vida familiar, social e profissional. Referências: OLIVEIRA, Marta Kohl. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Set. / Out. / Nove. / Dez. 1999, n.12 ,p.59-73.