Profª. Msc.Niamey Granhen Brandão da Costa

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Transcrição da apresentação:

Profª. Msc.Niamey Granhen Brandão da Costa Psicologia: Formação e Prática Unidade I: Formação em Psicologia no Brasil 1.1.Dinâmica Profissional e Formação do Psicólogo: uma perspectiva de integração Profª. Msc.Niamey Granhen Brandão da Costa (Psicóloga)

Mudanças econômicas, políticas, tecnológicas e socioculturais novos cenários para o mundo do trabalho necessidade de alterações nas definições, atitudes e competências dos trabalhadores/profissionais

Dinâmica Ocupacional Emergência de uma “sociedade de serviços” pelo crescente peso do setor terciário na economia ocupações voltadas para a prestação de serviços em saúde e educação + promissoras a curto prazo atuação do psicólogo = necessidade crescente de qualificações especiais(BAETHGE, 1989 apud BASTOS; ACHCAR, 2006): Capacidade analítica para interpretar informações; Competência para a comunicação social; e Flexibilidade intelectual para lidar com situações bastante variadas.

Para Kast e Rosenberg (1970 apud BASTOS; ACHCAR, 2006) o conceito de profissão envolve: A) A existência de um corpo sistemático de conhecimento que requer lento processo de formação e treinamento, envolvendo tanto aspectos intelectuais como atividades práticas; B) Um grau de autoridade conferida pelos clientes em função do conhecimento técnico especializado; C) Um amplo reconhecimento social como base para o exercício da autoridade; D) Um código de ética que regula as relações entre os pares e entre o profissional e os seus clientes; E) Uma cultura profissional que é mantida pelas organizações.

Para Wolff (1984 apud BASTOS; ACHCAR, 2006) O processo de profissionalização das profissões envolve 3 fases: 1-Diferenciação: quando a complexidade de um campo demanda a necessidade de indivíduos capacitados para lidar com determinados problemas; 2-Legitimação: quando surge o sentimento de comunidade e o reconhecimento da sua especificidade pelos clientes, governo e sociedade; 3-Institucionalização: quando os mecanismos de autoregulação e de recrutamento, treinamento e socialização dos novos membros estão consolidados.

I. Movimentos emergentes no exercício profissional do psicólogo

As pesquisas de âmbito nacional (CFP, 1988; BASTOS, 1990) constatam que: O exercício profissional do psicólogo no país caracteriza-se pela dominância de um modelo de atuação restrito, “limitado”, por não explorar suficiente e adequadamente todo o potencial de conhecimentos que a Psicologia já tornou disponível à sociedade.

Amplo predomínio de atividades clínicas: Atuação em consultórios particulares; Dedicação parcial de tempo; Psicoterapia atividade predominante; Dirigida a uma clientela adulta e de classe média.

O trabalho na área organizacional: Ocorre em empresas privadas; Com dedicação de tempo integral; Predomínio das atividades de recrutamento, seleção e treinamento de pessoal.

A área educacional envolve: O trabalho em escolas predominantemente particulares; Caracteriza-se pelo atendimento a crianças e a seus responsáveis; Sendo as atividades principais o psicodiagnóstico, orientação psicopedagógica e orientação a pais.

Na área social: Há maior diversidade de locais de trabalho e de atividades que, no entanto, em muitos casos, não se distinguem da atividade clínica (psicodiagnósticos, psicoterapia, aconselhamento psicológico).

A caminho de mudanças... Este exercício profissional não se revela imune às transformações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas que marcam o período atual em nível mundial e nacional configuram-se novos fazeres, antigas práticas ganham novos contornos, novos fundamentos ou concepções sobre a atuação ganham realce e novas clientelas e contextos são explorados ampliação do espaço ocupado pelo psicólogo, uma demanda por qualificação profissional e uma sofisticação da profissão. (WITTER et. al, 1992 apud BASTOS; ACHCAR, 2006).

Principais tendências encontradas pelas revisões bibliográficas nas áreas de atuação do psicólogo (BASTOS 1992): 1-Consolidação de um modelo que não se restringe à mensuração de características psicológicas e intervenção frente aos problemas de ajustamento de indivíduos, o que ocorre até mesmo na área clínica; 2-Maior expressão de trabalhos que demandam amadurecimento e qualificação profissional, a exemplo das assessorias e consultorias; 3-Busca de se trabalhar com fenômenos mais complexos e globais de forma articulada com a visão de outras disciplinas profissionais e em uma perspectiva não tecnicista.

Visto na sua interdependência com o contexto sociocultural Principais tendências de mudanças detectadas na prática profissional do psicólogo: 1-Concepção sobre o fenômeno psicológico: Busca de compreender o indivíduo e os fenômenos psicológicos de forma integrada a outros fenômenos, especialmente aqueles de cunho social, cultural e político. Centrado no plano individual (indivíduo a-histórico, isolado do seu contexto social) Visto na sua interdependência com o contexto sociocultural

Perspectiva unidisciplinar Perspectiva multidisciplinar 2-Fontes de conhecimento que embasam a prática: Decorre da mudança na concepção do fenômeno psicológico a busca de referenciais e conhecimentos de outras disciplinas ou campos do saber para embasar a análise e intervenção frente a problemas concretos. Perspectiva unidisciplinar Perspectiva multidisciplinar

Centrada na ação do psicólogo isoladamente 3-Natureza da intervenção: (1) A natureza complexa dos fenômenos que demandam a intervenção do psicólogo, nos diversos domínios do seu campo de atuação, aliada às concepções emergentes que procuram ver o fenômeno psicológico nas suas interações com outros fenômenos, conduz à necessidade de integração de múltiplas perspectivas profissionais. Centrada na ação do psicólogo isoladamente Atuação em equipes multiprofissionais

3-Natureza da intervenção: (2) Na realidade, as transformações em curso não implicam em eliminar o atendimento individual quando isto se faz, efetivamente necessário. Esta atividade passa a se redimensionada dentro de um conjunto mais inclusivo de atividades onde o psicólogo atua no nível do contexto e amplia a sua preocupação com a prevenção. Focada no indivíduo: “intrapsi” caráter “curativo, remediativo Centrada em contextos, em grupos, ação preventiva, prospectiva

4-Nível da intervenção: O psicólogo rompe o papel limitado que reduz a sua atuação ao plano de aplicação de técnicas e procedimentos caracteristicamente psicológicos e se envolve em ações cuja amplitude da influência pode ser consideravelmente maior: 1ª dimensão: Ascensão dentro de uma instituição ou sistema, a postos que permitam esse grau ampliado de interferência (instituições de saúde, postos de liderança); 2ª dimensão: Mudança na forma como o seu trabalho se insere na organização, escola ou qualquer outro grupo (crescente inserção do psicólogo como consultor ou assessor).

4-Nível da intervenção: Restritiva ao plano de aplicação das técnicas (reduzido poder de intervenção) Atuação no nível mais estratégico; maior poder decisório (assessoria, gerência, consultoria)

Restritos e originários basicamente no âmbito da própria Psicologia 5-Recursos técnicos: Diversificação no uso de estratégias e técnicas na atuação do psicólogo (recursos expressivos, artísticos, técnicas grupais, lúdicas, dramatizações, atividades de lazer, recreativas, esportivas, recursos da informática, etc.) = necessidade de passar a lidar com grupos e não mais com indivíduos isoladamente. Restritos e originários basicamente no âmbito da própria Psicologia Diversidade de recursos e instrumentos; pluralidade de técnicas que podem extrapolar o campo da Psicologia

6-Clientela: Inserção nos serviços = engajamento em atividades voltadas para atenção primária e secundária. (organizações sindicais, meninos de rua, indígenas, favelados, aposentados, idosos trabalhadores rurais, negros, etc). Predominantemente de classe média e com poder aquisitivo (crianças e adultos) Mais diversificada: acesso a segmentos socialmente excluídos: classes populares

Consumista: aplicar aquilo que foi gerado em outros contextos 7-Atitudes em relação aos conhecimentos, técnicas e práticas: Anterior = modelo de atuação dominante uso acrítico de conhecimentos e técnicas, desconsiderando a realidade em que estes eram aplicados. Atual = reivindica-se uma postura mais ativa do psicólogo no tocante a gerar conhecimento e a ajustar o seu conhecimento e a sua prática mutuamente. Consumista: aplicar aquilo que foi gerado em outros contextos Crítica: preocupação em gerar conhecimentos e tecnologias apropriados à realidade em que atuam

8-Natureza do compromisso enquanto profissional: Envolve um compromisso ideológico e político com a mudança social, que se apóia em uma perspectiva crítica das relações sociais no interior da estrutura social que atravessa tanto a prática quanto a produção do conhecimento. Preocupação humanista e voltada para o atendimento de necessidades individuais Fortalece-se uma preocupação com o engajamento pela transformação social

II. Implicações para a formação

3 direções principais de transformação da prática do psicólogo: 1.Alargamento/ampliação do leque de situações em que o psicólogo se torna presente; diversificando os problemas com que lida, as clientelas a que atende e, em decorrência, os recursos técnicos que utiliza; 2.Elevação do nível em que se dá a intervenção – problemas mais complexos e que demandam ações que extrapolam o nível puramente individual e remediativo; 3.Questionamento do corpo teórico disponível no interior da Psicologia na sua adequação aos novos contextos e problemas, conduzindo a busca de olhares complementares em outros campos do saber ao que se associa a formulação de um novo compromisso da Psicologia com a sociedade.

Conjunto de elementos que devem ser considerados pelo processo de formação do Psicólogo 1-Conhecimentos e técnicas necessários aos novos contextos e clientelas; 2-Postura diferenciado do sujeito enquanto indivíduo e profissional: principais eixos: a)Posição diante dos conhecimentos que embasam ou são gerados pela prática; b)Posição diante do trabalho ou das atividades propriamente ditas; c)Características pessoais tidas como requisitos para a atuação dentro de um modelo que é gerado pelos movimentos descritos.

Características pessoais Habilidades requeridas do psicólogo pelos movimentos inovadores do exercício profissional Posição diante do conhecimento Posição diante do trabalho Autonomia para buscar conhecimentos; Buscar manter-se atualizado; Ampliar e integrar conhecimento; Contextualizar os conhecimentos existentes, assim como os novos à realidade; Produzir conhecimentos a partir da sua experiência. Apreender demandas sociais e políticas; Atentar para a abertura e redefinição de espaços; Contextualizar o problema; Refletir criticamente sobre a atuação e seus resultados; Repensar abordagens e alternativas: visão pluralista. Características pessoais Habilidades interpessoais: comunicabilidade, flexibilidade, adaptabilidade, poder de argumentação; Capacidade para sensibilizar e engajar parceiros; Capacidade reflexiva e de sintetizar conhecimentos e experiências; Ser pró-ativo, empreendedor.

Assim, dois desafios são colocados por esses movimentos inovadores: 1- Necessidade de integrar, dentro do próprio campo da Psicologia, o vasto conjunto de enfoques e abordagens = formação integrada, fornecendo ao formando referenciais ou parâmetros que lhe permitam colocar tais enfoques em perspectiva e fundamentar sua posição pessoal; 2-Refere-se a como equacionar a integração do conhecimento psicológico propriamente dito com os conhecimentos gerados pelas ciências afins = perspectiva interdisciplinar ao campo.

Referência BASTOS, Antonio Virgílio Bittencourt; ACHCAR, Rosemary. Dinâmica profissional e formação do psicólogo: uma perspectiva de integração. In: ACHCAR, Rosemary (coordenação geral). Psicólogo brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. 4. ed.São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. p.299-329