O Psicólogo na saúde pública: formação e inserção profissional

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Transcrição da apresentação:

O Psicólogo na saúde pública: formação e inserção profissional Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos Psicologia da Saúde O Psicólogo na saúde pública: formação e inserção profissional

Apresenta uma reflexão sobre a inserção e formação do psicólogo O TEXTO Apresenta uma reflexão sobre a inserção e formação do psicólogo na saúde pública brasileira, a partir de referenciais da área da Psicologia da Saúde. De modo mais específico, aborda dados da história da inserção do psicólogo, definições e concepções da área da Psicologia da Saúde, descrições da atuação e da formação profissional. Visa contribuir para o entendimento da inserção do Psicólogo na Saúde Pública, e proporcionar uma reflexão sobre a atual constituição das práticas psicológicas, nos serviços de saúde, em especial no nível primário de atenção à saúde.

A inserção do psicólogo em instituições de saúde O trabalho do psicólogo em instituições de saúde remonta ao início do século XX Surgiu com a proposta de integrar a Psicologia na educação médica, com o objetivo principal de trazer mais humanização aos atendimentos. Exclusividade para a atuação do médico, que tinha nesse modelo a compreensão da saúde como algo a ser conservado ou curado, frente a agressões pontuais, como acidentes e infecções. Estilo de vida, com causas ambientais, ecológicas e padrões comportamentais, como doenças cardiovasculares, câncer, Aids, entre outras. Doenças infecciosas como pneumonia e tuberculose.

A inserção do psicólogo em instituições de saúde Fatores contribuintes Ocorre ao final da década de 1970, com a finalidade de construir modelos alternativos ao hospital psiquiátrico, com vistas à redução de custos e maior eficácia dos atendimentos, por meio da formação de grupos multiprofissionais (Carvalho e Yamamoto, 2002). Fatores contribuintes a redução do mercado de atendimento psicológico privado, em decorrência da crise econômica pela qual o país era afetado. a crítica à Psicologia Clínica tradicional, por não apresentar significado social, a qual motivava o surgimento de práticas alternativas socialmente mais relevantes.

A inserção do psicólogo em instituições de saúde O grande desenvolvimento aconteceu nos anos de 1980, com a realização de diversos concursos públicos em instituições municipais, estaduais e federais de saúde (Sebastiani, 2003). Em São Paulo, a inserção se deu em 1982, em virtude da desospitalização e extensão dos serviços de saúde mental na rede básica (Spink,1992). Principais fatores de atração A reforma no sistema de saúde; A valorização do trabalho em equipe. Base da inserção Demanda de origem psiquiátrica, com proposta de mudança da cultura de hospitalização do doente psiquiátrico (forte vínculo ao modelo médico e psiquiátrico).

Mudança de Paradigma na concepção de saúde A saúde deve ser desenvolvida e não apenas conservada. A ênfase na promoção da saúde e prevenção de doenças abre uma nova dimensão na compreensão dos fenômenos da saúde e da doença, desta forma as novas inserções criam tensões, devido às ferramentas da psicologia continuarem as mesmas (Pires e Braga, 2009).

As Conceituações e Aplicações da Psicologia da Saúde Evans e Willig (2000) – campo interdisciplinar preocupado com a aplicação dos conhecimentos e técnicas psicológicas à saúde-doença e os cuidados de saúde. Matarazzo (1980) - um conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais da disciplina da Psicologia para promoção e manutenção da saúde, a prevenção e tratamento de doenças, a identificação da etiologia e diagnóstico dos correlatos de saúde, doença e funções relacionadas, e a análise e aprimoramento do sistema e regulamentação da saúde.

As Conceituações e Aplicações da Psicologia da Saúde Taylor (1999) – A Psicologia da Saúde constitui um campo da Psicologia destinado a entender as influências psicológicas sobre como as pessoas permanecem saudáveis, por que ficam doentes e como agem quando adoecem. Focaliza ainda a promoção e manutenção da saúde, a prevenção e o tratamento da doença, as relações entre saúde-doença e o comportamento e as melhorias na sistemática de cuidado e formulação de políticas de saúde.

As Conceituações e Aplicações da Psicologia da Saúde As definições incluem a análise e a tendência do sistema de atenção à saúde para os âmbitos de recuperação, prevenção e promoção, bem como para a elaboração de políticas da saúde. Dessa maneira, é explícita a sua relevância para quaisquer atividades, seja no nível primário, secundário ou terciário, seja nos processos e/ou políticas, dado o seu potencial para o bem-estar individual ou da comunidade.

Fatores contribuintes para o crescimento da área à evidência do aumento de doenças e da mortalidade, causadas pelo estilo de vida; ao fortalecimento da filosofia dos países industrializados de que os indivíduos são responsáveis por sua própria saúde; ao aumento da discordância com o modelo médico e sua dominância, na atenção à saúde e; a valorização do contexto social como um dos determinantes da saúde, sendo a sua avaliação fundamental para qualquer ação a ser desenvolvida em prol da saúde.

Tendências da Psicologia da Saúde De acordo com Sebastiani (2000), a Psicologia da Saúde: nasce para dar resposta a uma demanda sociossanitária integração de modelos teóricos, modificação de crenças a atitudes com relação às enfermidades; a participação individual e comunitária nas questões de saúde

O sistema de saúde no Brasil Nas últimas décadas tem sido marcado pelo modelo curativo Baixo desenvolvimento quanto aos componentes de promoção (praticamente inexistente) e o de prevenção (restrito, na maioria das vezes, aos programas tradicionais da Saúde Pública, inclusive as ações de vigilância epidemiológica e sanitária).

A forma de implantação se daria por meio de convênios. Fatos marcantes que impulsionaram mudanças de conceitos e ações significativas a necessidade de ampliação de categorias profissionais no setor, quando o psicólogo foi destacado. VIII Conferência Nacional de Saúde promovida pelo Ministério da Saúde em 1986 (saúde como direito, reformulação do sistema nacional de saúde e financiamento do setor). a criação do SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde – (1987) Objetivos prioritários: universalização do atendimento, redefinição dos princípios de integração, integralidade, hierarquização, regionalização do sistema de saúde, e controle social, maior agilidade da máquina administrativa. Serviços primários sob o controle das prefeituras e os secundários e terciários controlados pelos Estados. A forma de implantação se daria por meio de convênios.

Foi criado com a função de organizar as ações Fatos marcantes que impulsionaram mudanças de conceitos e ações significativas Criação e implementação do Sistema Único de Saúde – (SUS) Estabelece a saúde como um direito social universal, a ser oferecido pelo Estado - Saúde passa a ser vista como direito ao cidadão. Foi criado com a função de organizar as ações e serviços de saúde de modo descentralizado e com direção única, em cada esfera de governo, além das diretrizes de atendimento integral e participação da comunidade.

Fatos marcantes que impulsionaram mudanças de conceitos e ações significativas Novo conceito de saúde O conceito de saúde atual é baseado na Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, a qual valoriza uma visão ampliada de saúde, com vistas à amplitude do bem-estar do ser humano, descaracterizando o conceito voltado somente para a cura de doenças e passando ao enfoque de promoção de saúde, configurando uma nova modalidade de assistência, baseada no modelo de vigilância à saúde.

Processo de construção do SUS: avanços, aperfeiçoamento e mudanças de atenção e de gestão. Política Nacional de Humanização da atenção a gestão no Sistema Único de Saúde – (PNH) Orientação Básica: valorização da dimensão subjetiva e coletiva em todas as práticas de atenção e gestão no SUS, fortalecendo o compromisso com os direitos de cidadania e controle social com o caráter participativo. Princípios: transversalidade, indissociabilidade entre atenção e gestão e protagonismo, co-responsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos.

Processo de construção do SUS: avanços, aperfeiçoamento e mudanças de atenção e de gestão. Política Nacional de Humanização da atenção a gestão no Sistema Único de Saúde – (PNH) Objetivos: criar um sistema de saúde em rede que supere o isolamento dos serviços em níveis de atenção; alterar o entendimento de saúde como ausência de doença; ampliar e fortalecer a concepção de saúde como produção social, econômica e cultural bem como a fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes profissionais e; implantar diretrizes do acolhimento e da clínica ampliada, buscando oferecer um eixo articulador das práticas em saúde destacando o aspecto subjetivo nelas presentes.

Processo de construção do SUS: avanços, aperfeiçoamento e mudanças de atenção e de gestão. Política Nacional de Humanização da atenção a gestão no Sistema Único de Saúde – (PNH) Principal diretriz: clínica ampliada, como estimulo para as diferentes práticas terapêuticas. A organização do trabalho: - em equipes multiprofissionais e atuação transdisciplinar, bem como a garantia de participação dos trabalhadores em atividades de Educação Permanente. - Preconiza um novo tipo de interação entre os sujeitos, focalizados de forma singular, porém no contexto coletivo, chamando a responsabilidade para um novo modo de ser trabalhador, munido de qualificação técnica, política, conhecimento interdisciplinar com práticas multiprofissionais embasadas nas necessidades da comunidade.

As atividades de psicólogos na rede Básica de Atenção à Saúde Não contemplam as necessidades desse setor (Pires, 2006). Principal razão: transposição do modelo clínico e individual, com discretas ações coletivas e que, embora tenham um enfoque educativo, não ocorrem com frequência e de forma sistematizada, de sorte que não constituem, assim, estratégias de atenção primária. Ações imprecindíveis para a realização do trabalho do Psicólogo na saúde: Planejamento e gestão do trabalho; O conhecimento das demandas do território, dos recursos públicos e comunitários; Ações intersetoriais e com a comunidade; O envolvimento no trabalho de geração de renda e redes sociais de apoio.

nesse atual processo de mudanças. Nesse sentido, faz-se necessário compreender como se dá a formação do psicólogo, nesse atual processo de mudanças.

Formação do psicólogo para a atuação em saúde formação centrada nos três modelos de atuações: clínico, escolar e organizacional. O psicólogo, desde a sua formação, não tem sido capacitado de modo sistemático a exercer o papel que lhe é solicitado pelo sistema de saúde. Apenas recentemente esse modelo tem-se expandido para a inclusão no âmbito da Psicologia comunitária.

À responsabilidade das instituições formadoras Não possibilitam ao acadêmico o conhecimento dos aspectos sociais, entre outros, os quais seriam fundamentais para a determinação de sua prática baseada na realidade de atuação. Os modelos de atuação se apresentam extremamente limitados e inadequados à realidade sanitária, valorizando demasiadamente o psicólogo enquanto profissional liberal. A maioria dos estudantes de Psicologia aspiram ao ideal liberal de atuar na classe média urbana, bem como de ter uma formação teórica voltada para a clínica, dentro do modelo tradicional do atendimento individual. Os cursos de graduação em Psicologia não desenvolvem no aluno um repertório profissional coerente com as necessidades da área, dificultando a avaliação das necessidades locais, bem como a elaboração de pesquisas que possibilitem o desenvolvimento do setor.

À responsabilidade das instituições formadoras Ao se analisar as matrizes curriculares de instituições de ensino do Estado de São Paulo, Constata-se uma tendência positiva das instituições formadoras, para que a formação contemple a Psicologia da Saúde, utilizando, com esse fim, disciplinas e estágios vinculados a essa área; As Diretrizes Curriculares Nacionais, preveem condições para que o acadêmico seja formado, tendo o conhecimento mínimo para essa área de atuação, contudo, como essa regulamentação também é recente, os profissionais inseridos no mercado não foram capacitados de forma adequada para exercer suas atividades nesse campo, necessitando de intervenções emergentes, para uma atuação que cause impacto na área da saúde pública.

Referência Bibliográfica: PIRES, Ana Cláudia Tolentino e BRAGA, Tânia Moron Saes. O psicólogo na saúde pública: formação e inserção profissional. Temas em Psicologia. V.17 nº1. Número especial: História da Psicologia. 2009