Pneumonias Adquiridas na Comunidade: onde e como tratar?

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
PNEUMONIAS.
Advertisements

BRONQUIECTASIA CONCEITO ETIOLOGIA FISIOPATOLOGIA
Jarbas de Brito Patologia II
SÍNDROMES PULMONARES II
Infecções da Corrente Sanguínea
INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR
Pneumonia adquirida na comunidade em pacientes tratados ambulatorialmente: aspectos epidemiológicos, clínicos e radiológicos das pneumonias atípicas e.
Infecções Agudas do Trato Respiratório
Escolha Antibiótica na UTI
Caso clínico 3  Identificação:
Caso clínico 2 Identificação:
PNEUMONIAS CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLOGIA MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
PNEUMONIAS PROF. MARCOS NASCIMENTO
Natália Silva Bastos Ribas R1 pediatria/HRAS
PNEUMONIAS PNEUMONIAS Internato em Pediatria
Manifestações Pulmonares nos pacientes com HIV/AIDS
Pneumonia em institucionalizados
Envolvidos em Meningites
PAC: O que o clínico precisa saber?
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA
MENINGITES NA INFÂNCIA
Casos Clínicos Antibióticos
Reunião Mensal Anátomo-Patológica
PNEUMONIA M. Alcide Marques.
PNEUMONIAS NA INFÂNCIA
NÃO TRATADO: TUBERCULOSE DOENTE VIH PNEUMONIA ASSOCIADA AO VENTILADOR ABCESSO PULMONAR DERRAME PLEURAL.
Pneumonia Adquirida na Comunidade
Prevenção de doenças – Caso clínico
Antimicrobianos: Como? Onde? E por quê? Utilizá-los.
INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
III Curso Nacional de Infecções Respiratórias
Influenza / Gripe → DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO (CID-10: J.09 a J.11)
Pneumonias Paulo José Zimermann Teixeira
CASO CLÍNICO Relatório de Admissão- UTI Adulto
Ricardo de Amorim Corrêa
Apresentação de Caso Anestésico:
RADIOGRAFIA DO TÓRAX: AINDA ATUAL? DANTE LUIZ ESCUISSATO.
Saulo da Costa Pereira Fontoura
NEUTROPENIA FEBRIL Jefferson Pinheiro
XXXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA
XI Curso de Atualização em Pneumologia-Rio de Janeiro ABRIL-2010
NEUTROPENIA FEBRIL Brasília, 14/6/2011
PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE - PAC
Pneumonia ADQUIRIDA NA ComuniDADE
Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)
INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR
J Pediatr (Rio J) 2010;86(6): Apresentação: Paula Balduíno Coordenação: Dr. Filipe Lacerda Hospital Regional da Asa Sul/Materno Infantil de Brasília/SES/DF.
Infecções Respiratórias
“GRIPE” A influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do sistema respiratório que tem distribuição global e elevada transmissibilidade. Classicamente,
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
DISCIPLINA DE PEDIATRIA II
Caso Clínico 1 Diagnóstico Diferencial dos Derrames pleurais
Pneumonia Adquirida na Comunidade
CASO CLÍNICO 4 – ASMA/DPOC
Caso Clínico GEMECS Ronaldo Rezende Jordão Neto Tatiane Benedita
Radiografia Simples do Tórax Prof a. Alessandra Carla de A. Ribeiro Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC Faculdade de Medicina e Ciências da.
Epidemiologia Analítica
PNEUMONIA NA INFÂCIA: VELHOS E NOVOS DESAFIOS MARIA REGINA ALVES CARDOSO.
Flávia Maria Borges Vigil
Leonardo Gebrim Costa Julho 2009 Internato em pediatria ESCS
Pneumonias Pneumonia adquirida na comunidade
CASOS CLÍNICOS LARINGE. Nome: L.F.A Sexo: F Idade: 3m Menor trazida pela mãe ao ambulatório de Pediatria com queixa de ruído respiratório, o qual foi.
Infectologia Caso clínico 01. Caso: ASF, 10 anos, masculino. HMA: Febre elevada(39,5C), cefaléia holocraniana e vômitos frequentes e espontâneos há 2.
TESTES DIAGNÓSTICOS 1 Epidemiologia Analítica. CASO CLÍNICO (1) Passo 1: Queixa principal e HPP Homem de 61 anos, comerciário, atendido na UPA QP: tosse.
Breno Braz de Faria Neto Orientador: Dra. Carmen Lívia Brasília, 11/05/ PNEUMONIA NA INFÂNCIA Faculdade de Medicina da Universidade.
Saúde e Trabalho CASO CLINICO.
PNEUMONIAS E BRONCOPNEUMONIAS
Transcrição da apresentação:

Pneumonias Adquiridas na Comunidade: onde e como tratar? Ricardo Luiz de Melo Martins HUB/UnB

Pneumonia: epidemiologia Incidência estimada: 5 a 11 casos/1000 indivíduos adultos da população. Cerca de 2.100.000 casos de pneumonias comunitárias ocorrem no Brasil anualmente. Trata-se da segunda causa de internação no Brasil Dos casos de pneumonias tratados em regime de ambulatório, menos do que 1% morrem.

Caso Clínico 1 Um paciente com 18 anos de idade procura o pronto-socorro do HUB/UnB informando apresentar há 3 dias quadro clínico constituído por febre vespertina de 38°C associada a dor torácica do tipo pleurítica à direita, dispneia e tosse com expectoração de coloração amarelada e rajas de sangue. Nega tabagismo e etilismo. O exame físico mostra que o paciente está em regular estado geral, lúcido e orientado no tempo e no espaço, com PA de 120 x 80 mm de Hg, pulso de 90 bpm, temperatura axilar de 38ºC e freqüência respiratória de 18 IRPM. AR: Redução da expansibilidade, diminuição do FTV, macicez e crepitação inspiratória em região supra-escapular direita; ACV: Ritmo cardíaco regular em 2T, bulhas normofonéticas sem sopros; Abdome: Plano, normotenso e sem visceromegalias; Extremidades: sem edemas

Imagem radiológica

Pneumonia: definição diagnóstica Presença de sintomas de doença aguda do trato respiratório inferior: tosse + expectoração, dispneia ou dor torácica; Pelo menos um achado sistêmico: confusão, cefaleia, mialgia, temperatura axilar > 37,8º.C; Alterações focais no exame físico do tórax; Infiltrado radiológico não presente previamente

Pneumonia: diagnóstico diferencial Tromboembolismo pulmonar Neoplasia Reação à droga Hemorragia Sarcoidose Outro patógeno: fungos ou micobactérias

Índice de gravidade dos quadros de pneumonia: Critérios de FINE e cols.

Índice de Gravidade de quadros de pneumonia: CURP-65 Confusão mental recente Uréia > 70 mg/dl Freqüência respiratória > 30 irpm PAS < 90 mm de Hg ou PAD < 60 mm de Hg Idade > 65 anos

CRB - 65 UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA CONSULTÓRIOS 1.2 % 8.15 % 31 % Confusão Mental Freqüência Respiratória  30/min Hipotensão arterial: PAS < 90 mmHg ou PAD  60 mmHg Idade  65 anos UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA CONSULTÓRIOS CRB - 65 ESCORE 1 ou 2 3 ou 4 GRUPO 1 Mortalidade BAIXA: 1.2 % (n = 167 / 2 óbitos) GRUPO 2 Mortalidade INTERMEDIÁRIA: 8.15 % (n = 455 / 37 óbitos) GRUPO 3 Mortalidade ALTA: 31 % (n = 96 / 30 óbitos) AVALIAÇÃO NO HOSPITAL HOSPITALIZAÇÃO URGENTE TRATAMENTO AMBULATORIAL Lim WS et al. Thorax 2003;58:377

Índice de gravidade para quadros de pneumonia: critérios da SBPT CURP-65 Co-morbidades, Sat O2 < 91% recente ou RX de tórax com envolvimento multilobar ou bilateral Fatores psicossociais e sócio-econômicos

Caso Clínico 1 Um paciente com 18 anos de idade procura o pronto-socorro do HUB/UnB informando apresentar há 3 dias quadro clínico constituído por febre vespertina de 38°C associada a dor torácica do tipo pleurítica à direita, dispneia e tosse com expectoração de coloração amarelada e rajas de sangue. Nega tabagismo e etilismo. O exame físico mostra que o paciente está em regular estado geral, lúcido e orientado no tempo e no espaço com PA de 120 x 80 mm de Hg, pulso de 90 bpm, temperatura axilar de 38ºC e freqüência respiratória de 18 IRPM. AR: Redução da expansibilidade, diminuição do FTV, macicez e crepitação inspiratória em região supra-escapular direita; ACV: Ritmo cardíaco regular em 2T, bulhas normofonéticas sem sopros; Abdome: Plano, normotenso e sem visceromegalias; Extremidades: sem edemas

Pneumonia Comunitária tratada em ambulatório: agentes etiológicos mais freqüentes Streptococcus pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Clamydophila pneumoniae Haemophilus influenzae Vírus

Pneumonia – Tratamento em Ambulatório Pacientes previamente sadios: Amoxicilina 500 mg 8/8h 7 dias ou Azitromicina 500 mg 3 dias ou 500 mg/dia e 250 mg por mais 4 dias ou Claritromicina 500 mg 12/12h 7 dias ou Claritromicina UD 500 mg 7 dias.

Pneumonia – Tratamento em Ambulatório Pacientes com comorbidades ou terapia antimicrobiana prévia: Levofloxacina 500 mg 7 dias ou Amoxicilina + Macrolídeo.

Caso Clínico 2 Um paciente com 70 anos de idade é trazido por familiares ao ambulatório de Clínica Médica, tendo sido apurada a informação de que se apresentava bem até que há 2 dias passou a manifestar quadro de sonolência diurna e letargia associada a redução do apetite. Verificou-se em seu prontuário o diagnóstico de hipertensão arterial controlada com o uso de Hidroclorotiazida 25 mg pela manhã. O exame físico mostrou que o paciente respondia mal a perguntas simples e que se apresentava sonolento durante toda a consulta. A PA apresentava níveis de 110 x 70 mm de Hg, freqüência respiratória de 20 IRPM e o pulso era de 90 bpm. Não foi identificada febre. AR: Murmúrio vesicular abolido em região infraescapular direita; ACV: Ritmo cardíaco regular em 2 tempos, bulhas taquicárdicas; Abdome: Sem visceromegalias; Extremidades: sem edemas.

Definição de pneumonia no idoso Confusão Delírios Quedas Alteração da capacidade funcional Piora de uma doença preexistente

Pneumonia Comunitária tratada em enfermaria: agentes etiológicos mais freqüentes Streptococcus pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Clamydophila pneumoniae Legionella sp. Haemophilus influenzae Vírus Outros: bacilos gram -, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa

Pneumonia: testes diagnósticos Bacterioscopia do escarro Hemocultura Bacterioscopia e cultura do líquido pleural Cultura de aspirado endotraqueal Broncofibroscopia Sorologia Pesquisa de antígenos Amplificação do DNA

Pneumonia – Tratamento em Pacientes Internados Enfermaria: Levofloxacina 500 mg 7 dias ou Ceftriaxona 2g + Macrolídeo via IV.

Caso Clínico 3 Uma paciente com 25 anos de idade procurou a emergência de um hospital informando apresentar há 3 dias quadro de tosse com expectoração amarelada associada a dispneia de progressiva intensidade tendo migrado em dois dias para significativa gravidade, a ponto de no momento do exame ser amparada por seus irmãos. O exame físico mostrou PA de 90 x 40 mm de Hg, freqüência respiratória de 30 IRPM, freqüência cardíaca de 90 bpm e temperatura axilar de 38ºC. AR: Crepitações inspiratórias difusas em ambos os hemitoraces; ACV: Ritmo cardíaco regular em 2 tempos com bulhas normofonéticas e sem sopros; Abdome: Plano, normotenso e sem visceromegalias; Extremidades: Abscesso em região deltoideana esquerda.

Vias de instalação de agentes etiológicos de pneumonia Inalatória Aspirativa Hematogênica Contiguidade

Pneumonia Comunitária tratada em UTI: agentes etiológicos mais freqüentes Streptococcus pneumoniae Bacilos gram - Legionella sp. Haemophilus influenzae Staphylococcus aureus Raramente: Pseudomonas aeruginosa, considerar em bronquiectasia difusa, DPOC avançada e em pacientes hopsitalizados recentemente

Pneumonia – Tratamento em Pacientes internados em UTI Sem risco de Pseudomonas: Ceftriaxona + Quinolona ou Macrolídeo IV Com risco de Pseudomonas: Quinolona(ciprofloxacina 400 mg 12/12h ou levofloxacina 750 mg) + Betalactâmico antipneumococo/antipseudomonas(ceftazidima 1-2g 8/8h ou cefpima 2g 12/12h ou Imipenem 500 mg 6/6h ou Meropenem 1g 6/6h) IV

Pneumonia hospitalar: agentes etiológicos mais freqüentes Pseudomonas aeruginosa Staphylococcus aureus Acinetobacter sp. Klebsiella sp. Enterobacter sp. Enterococcus sp. Serratia sp. Escherichia coli Proteus sp.

Pneumonia: marcadores de gravidade Proteína C Reativa Procalcitonina

Pneumonia: vacinação A vacina anti-pneumocócica previne pneumonia pneumocócica em jovens e é capaz de prevenir a mortalidade em idosos

Pneumonia: raciocínio diagnóstico Comunitária ou hospitalar? Modo de aquisição: inalatória, aspirativa ou hematogênica? Imunocompetente ou imunodeficiente? Gravidade: tratamento ambulatorial ou hospitalar? Se hospitalar, enfermaria ou UTI?

“Céu de Brasília,traço do arquiteto: Gosto tanto dela assim” Linha do Equador, autoria de Caetano Veloso.