Teorias de Curriculo: Tradicional, Critica e Pós crítica

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Transcrição da apresentação:

Teorias de Curriculo: Tradicional, Critica e Pós crítica Sociologia da Educação I Profª Sirlei Gaspareto

Visão tradicional de currículo De acordo com a visão tradicional de currículo, este devia ser neutro, tendo como principal foco garantir que a escola funcionasse como uma fábrica. Para a Visão tradicional de currículo, a escola deveria identificar de forma precisa e de acordo com as necessidades da vida adulta, os resultados/objetivos que desejava obter (currículo), os métodos para o conseguir (ensino) e as formas de mensuração precisas do trabalho realizado (avaliação).

Contexto de surgimento da visão tradicional de currículo Massificação da escolarização Movimentos migratórios Industrialização A concepção tradicional de currículo tem por referência a fábrica e os princípios do Taylorismo e do Fordismo. Frederick Winslow Taylor - Father Henry Ford

Princípios do Taylorismo 1º princípio do Taylorismo A interferência do conhecimento operário e sua disciplina sob o controle da gerência. “ À gerência é a função de reunir os conhecimentos tradicionais que no passado possuíram os trabalhadores e então classificá-los, tabulá-los, reduzí-los a normas e leis ou fórmulas, grandemente úteis ao operário para execução do seu trabalho diário.” Técnica utilizada : “ análise científica” do trabalho, através do estudo dos movimentos de cada operário, decifrando quais são úteis para eliminar os inúteis, e assim aumentar a intensificação do trabalho. Tal análise envolve o registro dos tempos com o intuito de identificar o “tempo ótimo” para realizar a tarefa. Consequências : separação entre os que trabalham e os que planejam. padronização: elimina-se a iniciativa operária na escolha do melhor método. Esta função seria da gerência que imporia o método com o respectivo “tempo-padrão” para executá-lo; projeta-se um trabalho “simplificado”, contrariamente ao trabalho concreto.

2º princípio do Taylorismo Seleção e treinamento : diante do trabalho simplificado e já planejado, o trabalhador adequado pode ser escolhido mais facilmente, pois o que se procura não é um homem que conheça o ofício ou que tenha várias habilidades para desenvolver qualquer trabalho: A par da escolha do trabalhador certo para o trabalho certo, está a necessidade de treinar o indivíduo, não em uma profissão, mas de modo que executasse uma tarefa conforme a gerência indicasse. “ Bem, se você é um operário classificado, deve fazer exatamente o que este homem lhe mandar, de manha à noite. Quando ele disser para levantar a barra e andar, você levanta e anda, e quando ele mandar sentar, você senta e descansa. Você procederá assim durante o dia todo. E, mais ainda, sem reclamações”

3º princípio do Taylorismo O elemento central da programação do trabalho passava a ser a “tarefa” ou a “ ordem de produção ”: “ A idéia de tarefa é, quiçá, o mais importante elemento na administração científica. O trabalho de cada operário é completamente planejado pela direção, pelo menos com um dia de antecedência, e cada homem recebe, na maioria dos casos, instruções escritas completas que especificam a tarefa de que é encarregado e também os meios usados para realizá-la... Na tarefa é especificado o que deve ser feito e também como fazê-lo, além do tempo exato concebido para a execução .”

Princípios do Fordismo O norte-americano Henry Ford foi o primeiro a pôr em prática, na sua empresa “Ford Motor Company”, o Taylorismo. FORDISMO - Princípios Princípio de Intensificação: Diminuir o tempo de duração com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado. Princípio de Economia: Consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação

Princípio de Produtividade: Aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção.

O currículo é caracterizado por uma divisão em disciplinas O currículo é caracterizado por uma divisão em disciplinas. (ZABALA, 1998) Visão tradicional de currículo O currículo é visto como a especificação precisa de objetivos, procedimentos e métodos, visando a obtenção de resultados que possam ser rigorosamente mensurados. [SILVA, 2005] Silva (2005) cita Bobbitt no livro The Curriculum: escolarização da massas ” (1918) Visão tradicional de currículo

Visão tradicional Centrada em conceitos de natureza eminentemente técnica, tais como: ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, organização, planejamento, eficiência, objetivos. Visão tradicional de currículo Taylorismo aplicado à escola, visando a padronização dos processos pedagógicos. Os alunos são encarados enquanto um produto fabril. O processo de parcialização dos conteúdos escolares em disciplinas, conduziu a saberes unitários, desconectados uns dos outros, dispersos. (ZABALA, 2002) 4. De acordo com a proposta educacional subjacente à visão tradicional de currículo o PAPEL DA ESCOLA é: - Transmitir conhecimentos acumulados pela humanidade - Realizar a preparação moral e intelectual dos indivíduos para assumirem seu lugar na sociedade

CONTEÚDOS Valorização de conhecimentos e valores sociais acumulados ao longo dos tempos (conteúdos enciclopédicos descontextualizados), repassados aos alunos como verdades absolutas; Informações ordenadas numa seqüência lógica e psicológica. Ocorre com o objetivo de constatar se os alunos atingiram os comportamentos desejados. O aluno deve reproduzir na íntegra o que foi ensinado.

PROFESSOR E ALUNO Professor é o centro do processo, quem administra as condições de transmissão dos conteúdos e responsável pela eficiência no ensino. Relação baseada em regras e disciplina rígida; O aluno é um ser passivo, submisso e receptivo O aluno é um ser fragmentado, espectador que está sendo preparado para o mercado de trabalho, para “aprender a fazer

Visão crítica de currículo As primeiras críticas à visão tradicional de currículo, surgem na década de 60, em meio aos movimentos sociais e culturais que a caracterizaram. Motivos da crítica A visão tradicional de currículo apresenta-se “neutra”, científica, como um saber desvinculado das relações de poder e coloca-se como o saber legítimo, universal, do interesse da humanidade como um todo indistinto. Não tem preocupações em questionar os arranjos sociais ou educacionais vinculados à estrutura social, fomentando a aceitação, ajuste e a adaptação.

A visão crítica de currículo, questiona as desigualdades provocadas pela visão tradicional no sistema de ensino, já que estas não questionam o conhecimento em si, apenas valorizam o mecanismo de eficácia da reprodução desse conhecimento. Desloca a ênfase dos conceitos pedagógicos do processo ensino-aprendizagem para conceitos ideológicos. De acordo com a visão crítica do currículo, a sociedade capitalista utiliza a educação para a reprodução de sua ideologia. É pelo currículo que veicula a sua ideologia, por meio, não propriamente do conteúdo explícito de suas disciplinas, mas ao privilegiar relações sociais nas quais, dominantes e subordinados, aprendem a praticar os seus papéis.

Assim, as escolas reproduzem os aspectos necessários para a sociedade capitalista: trabalhadores adequados a cada necessidade dos locais de trabalho; líderes para cargos de chefia e líderes obedientes e subordinados para os cargos de produção. O currículo da escola está baseado na cultura dominante. Ele se expressa na linguagem dominante, é transmitido através do código cultural dominante. As classes dominantes podem facilmente compreender esse código, pois durante toda sua vida elas estiveram nele imersas. Para as classes dominadas, esse código é simplesmente indecifrável.

Para a visão crítica do currículo a educação tem sido um lugar de condicionamento e reprodução da cultura da classe dominante, das elites, da burguesia. Para a visão crítica do currículo o currículo está baseado na cultura dominante, na linguagem dominante e é transmitido através do código cultural. O currículo não é, constituído de fatos, nem mesmo de conceitos teóricos e abstratos. O currículo é um local no qual docentes e alunos têm a oportunidade de examinar, de forma renovada, aqueles significados da vida cotidiana que se acostumaram a ver como dados naturais.

Para a visão crítica do currículo o importante é compreender o que o currículo faz. De acordo com a visão crítica do currículo é no interior da cultura , (a cultura é o conteúdo da educação, enquanto sua fonte e justificativa), que a escola faz uma seleção daquilo que da experiência humana considera adequado para transmitir às novas gerações. Na concepção crítica, não existe uma cultura da sociedade, unitária, homogênea e universalmente aceita e praticada e, por isso, digna de ser transmitida às futuras gerações através do currículo. A cultura é vista menos como uma coisa e mais como um campo e terreno de luta. A cultura é o terreno em que se enfrentam diferentes e conflitantes concepções de vida social, é aquilo pelo qual se luta e não aquilo que recebemos.

Visão crítica do currículo EUA: Apple e Giroux A visão crítica de currículo propõe-se assumir uma postura de desconfiança, questionamento e transformação radical. Visão crítica do currículo EUA: Apple e Giroux França: Althusser, Bourdieu e Passeron Brasil: Paulo Freire, Saviani, Libâneo

Luis Althusser analisa a escola como um Aparelho Ideológico do Estado , ou seja, como instrumento de reprodução da sociedade de classes e que atua no sentido de sustentar a manutenção do status quo sem criticar e sem ver a desigualdade inerente à estrutura do capitalismo.

Bourdieu e Passeron identificam no currículo escolar os elementos simbólicos da classe dominante: sua linguagem, valores, expressão de arte e cultura, sua identidade. As camadas sociais médias e altas mais facilmente entendem estes códigos e respondem a eles. As classes popularestêm sua cultura nativa desvalorizada, sua linguagem desqualificada, sua origem diminuída.

Um grupo tem sua origem, seu capital cultural fortalecido e reconhecido, outro sofre exatamente o contrário. Através destas reproduções estrutura social e econômica das sociedades capitalistas se mantêm, e as classes se reproduzem garantindo o processo de reprodução social.

Michael Apple explicita que “há uma clara conexão entre a forma como a economia está organizada e a forma como o currículo está organizado”.

A seleção que constitui o currículo é o resultado de um processo que reflete os interesses particulares das classes e grupos dominantes. Visão crítica de currículo Os grupos dominantes recorrem a um processo permanente de convencimento ideológico que os leva a uma construção e reconstrução permanente do consenso para manter sua dominação

A socialização necessária para uma boa adaptação às exigências do trabalho capitalista, não está expressa no currículo oficial, mas sim nas relações sociais na e da escola.

Argumentos principais da visão crítica de currículo É possível uma crítica à racionalidade técnica da escola, pela proposta de uma “pedagogia da possibilidade” e da resistência. O currículo deve funcionar enquanto um instrumento de emancipação e libertação. Argumentos principais da visão crítica de currículo A escola é condicionada pelos aspectos sociais, políticos e culturais, mas contraditoriamente existe nela um espaço que aponta a possibilidade de transformação social

Prática pedagógica propõe uma interação entre conteúdo e realidade concreta, visando a transformação da sociedade = ação – compreensão – ação. Professor é autoridade competente que direciona o processo pedagógico; interfere e cria condições de conhecimento necessários à apropriação do conhecimento Aluno é participante ativo da aprendizagem, professor é mediador entre o saber e o aluno

No limiar do século XXI surgem as teorias pós-críticas que direcionam suas bases para um currículo no qual se vincula conhecimento, identidade e poder com temas como gênero, raça, etnia, sexualidade, subjetividade, multiculturalismo, entre outros. O poder é ainda importante, mas encontra-se descentrado, “espalhando por toda a rede social”. Com as teorias pós-críticas o mapa do poder é ampliado para incluir os processos de dominação centrados na raça, na etnia, no gênero, na sexualidade.

Não toma a realidade tal como ela é e sim como o que os discursos sobre elas dizem como ela deveria ser. A realidade não pode ser concebida fora dos processos lnguisticos de significação. A visão pós-crítica distingue o currículo como uma linguagem dotada de significados, imagens, falas, posições discursivas e, nesse contexto, destaca que nas margens do discurso curricular se comunicam códigos distintos, histórias esquecidas, vozes silenciadas que, por vezes, se imiscuem com o estabelecido, regulamentado e autorizado.