A apresentação está carregando. Por favor, espere

A apresentação está carregando. Por favor, espere

Evidências em saúde: o que são, o que podem ser, e de que tipo de evidências precisamos Simone G. Diniz Simone Grilo Diniz é professora.

Apresentações semelhantes


Apresentação em tema: "Evidências em saúde: o que são, o que podem ser, e de que tipo de evidências precisamos Simone G. Diniz Simone Grilo Diniz é professora."— Transcrição da apresentação:

1 Evidências em saúde: o que são, o que podem ser, e de que tipo de evidências precisamos Simone G. Diniz Simone Grilo Diniz (sidiniz@usp.br) é professora doutora do Departamento de Saúde Materno-infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP. Este texto é uma versão preliminar de capítulo do livro “Prevenção do HIV/Aids no Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos”, organizado por Vara Paiva, Ivan França Jr. e José Ricardo Ayres.

2 ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO Introdução: “evidências” e “interpretação” O que queremos dizer por “evidências”? A polissemia Quais as origens do movimento por evidências em saúde? Qual o papel dos usuários organizados nas origens neste movimento? BOX: episiotomia em gestantes HIV + O que é um “viés” e a “minimização de vieses”? De onde surgiram os estudos randomizados? Por que tanta importância para os estudos randomizados controlados? BOX: Os casos da terapia de reposição de estrogênio e do câncer de mama O que é síntese de evidências, revisão sistemática e metanálise? BOX: Como ler um gráfico de floresta (metanálise) - O símbolo da Colaboração Cochrane e a mortalidade de bebês prematuros O que é hierarquia de evidências e em que circunstâncias ela se aplica?

3 Existe síntese de evidências de estudos qualitativos? BOX: metassíntese dos estudos sobre vulnerabilidade de mulheres ao HIV O que é a “leitura crítica” ou “avaliação crítica” (crítical appraisal) dos estudos em saúde? O que é a Colaboração Cochrane? BOX: grupos de interesse (Saúde Pública, HIV, Equidade) O que é a Biblioteca Cochrane e como usá-la? BOX: A Rede de Usuários da Colaboração Cochrane (CCNet) O que é a Colaboração Campbell? O que é a Colaboração Joanna Briggs? Porque os estudos de implementação (tradução do conhecimento) são tão essenciais? BOX: a Ciência da implementação (Implemmentation science) Uma abordagem baseada em evidências é incompatível com uma baseada em direitos? De que evidências precisamos? O cuidado, as palavras e o soldado agonizante

4 Introdução: “evidências” e “interpretação” Viés como “inclinação do pensamento” O movimento por práticas de saúde baseadas em evidências se inicia pelo reconhecimento de que todo conhecimento é enviesado, havendo portanto a necessidade de explicitar, minimizar e controlar os vieses na sua produção. Não há conhecimento que não seja localizado, parcial (diferentes perspectivas). O que chamamos de “evidência” será sempre uma interpretação. A reivindicação da autoridade do conhecimento “centrado no usuário” e comprometida com seus direitos está na origem do movimento por cuidados baseados em evidências, e constitui sua finalidade central. (Silagy, 1999)

5 O que queremos dizer por “evidências”? A polissemia O que chamamos de evidências pode tanto ser conhecimento hegemônico (autoritativo, assumido pela maioria como válido), Uso de antiretrovirais nos casos de AIDS, no Brasil Como contra-hegemônico, um desafio ao status quo, uma vez que as práticas de saúde hegemônicas podem ou não se basear em evidências Uso da episiotomia de rotina, no Brasil Porque algumas áreas aderem mais ou menos rapidamente e outras nada?

6 Quais as origens do movimento por evidências em saúde? Graham, 1995

7 História de iatrogenia e de grave danos às mulheres relacionados à assistência – instrumentos, RX, DES, etc Pressão do movimento de mulheres, na Europa e nos Estados Unidos Propostas de outros modelos de assistência ao parto, parto natural, reforma da assistência Perspectiva das usuárias, grupos organizados (Coletivo de Boston etc )

8  Archie Cochrane, que dá nome à iniciativa, foi um epidemiologista clínico britânico, militante pela saúde pública e pelos direitos dos pacientes.  Tendo sobrevivido a duas guerras e a várias doenças, era muito cético quanto à segurança e à efetividade dos recursos médicos.  Defendia que tão importante quanto ensinar a tecnologia apropriada aos alunos, era inspirar a compaixão e a gentileza.

9  Afirmava que a grande maioria das ações de saúde não se baseava em quaisquer estudos válidos nem sobre a efetividade nem sobre a segurança das intervenções, fossem elas terapêuticas, diagnósticas ou mesmo preventivas, e conclamava os profissionais a questionar seu conhecimento e sua prática.  Cochrane suspeitava que com intervenções médicas e boas intenções, ele mesmo havia abreviado a vida de pessoas queridas.

10  Mostrou “a inflação da dimensão da cura sobre a dimensão do cuidado” (cure over care)  Acreditava que, como a objetividade científica era limitada pelas inclinações do pensamento (vieses), os pesquisadores deveriam se empenhar na minimização de vieses no desenho das pesquisas – por isso estudos randomizados controlados.  Defendia a participação dos usuários na definição das pesquisas, pois eram seus principais beneficiários, e a pronta divulgação dos resultados, positivos ou negativos, de forma compreensível aos pacientes Archie L Cochrane, 1972, p5 ‘Effectiveness and Efficiency: Random Reflections on Health Services).

11 1979: A colher de pau  Em 1979, Archie Cochrane confere à Obstetrícia o prêmio “A colher de pau” como a especialidade médica que pior usava (ou não usava) as poucas evidências disponíveis. Iain Chalmers, um obstetra com formação em epidemiologia e admirador de Cochrane, tomou o desafio de mudar esta situação

12 Modelo hegemônico 70s Hospitalização Sedação completa Fórceps de rotina para primíparas Episiotomia Altas taxas de complicação materna e neonatal

13 Em 1979, a OMS constatava que na Europa havia: - o aumento de custos, sem a respectiva melhoria, nos resultados da assistência, - a falta de consenso sobre os melhores procedimentos - a extrema variabilidade geográfica de opiniões. -É criado um grupo para avaliar a segurança e efetividade dos procedimento na gravidez e parto - OMS, Genebra

14 O parto seria necessariamente uma experiência negativa: traduções técnicas Parto como patologia, para mãe e bebê: “O parto (...) equivale para a mãe a cair de pernas abertas sobre um forcado (...) e para a criança, a ter sua cabeça esmagada por uma porta. (...) O parto é portanto patogênico. E tudo que é patogênico é patológico” Joseph DeLee, 1917

15 Os modelos de assistência ao parto e vieses de gênero O parto e sua assistência são fenômenos complexos e seu estudo é também uma área de interesse das ciências sociais, dada a permeabilidade das práticas às culturas locais e sua grande variabilidade geográfica, mesmo nos países industrializados. Entre as dimensões envolvidas na formatação cultural das práticas de assistência ao parto, estão a cultura sexual daquela sociedade, suas hierarquias e valores de gênero, raça, classe social, geração, entre outras. [i][i] Davis-Floyd, R.; Sargent, C. Introduction. In: Childbirth and Authoritative Knowledge - Cross-Cultural Perspectives. Davis-Floyd, R; Sargent, C.(eds) Berkeley and Los Angeles, University of California Press, 1997.

16 O parto seria necessariamente uma experiência negativa: traduções técnicas. “A passagem do feto pelo anel vulvo-perineal será raramente possível sem lesar a integridade dos tecidos maternos, com lacerações e roturas as mais variadas, a condicionarem frouxidão irreversível do assoalho pélvico (...) É a episiotomia quase sempre indispensável nas primiparturientes, e nas multíparas nas quais tenha sido anteriormente praticada” (Rezende, 1998:337) Sexualidade – o parto como estupro invertido e aleijo sexual

17 O parto como “estupro invertido” e sua prevenção

18 Viés de gênero na saúde na pesquisa em saúde (perinatal) Pressuposto de que o corpo feminino é essencialmente imperfeito e que deve ser “corrigido” Superestimação dos efeitos benéficos Subestimação e invisibilidade dos efeitos adversos “Pessimização” da fisiologia e da experiência Ex. TRH, amamentação, parto etc

19 Qual o papel dos usuários organizados nas origens neste movimento?

20 Feminismo e parto O questionamento das relações de poder na assistência ao parto (Coletivo de Boston, Sheila Kitzinger, CIMS, NCT etc) As manifestações de rua pelo Parto Ativo Pesquisa The British Way of Birth e as evidências sobre episiotomia (70s, 80s) Ou mostram as evidências ou param de fazer os procedimentos (primeiros ensaios clínicos, início das revisões sistemáticas)

21 Reinterpretações – da experiência, da anatomia, da fisiologia O parto como parte da experiência sexual

22 Saúde materna Saúde da mulher Saúde reprodutiva Adaptado de: Leslie, J. & cols. Defining reproductive Health in Context (apud, Galvão, L. Saúde Reprodutiva, Saúde da Mulher e Saúde Materna. In: Galvão, L. e Diaz, J. Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil. Saúde integral da mulher (e do homem?) - ATUALIZAR! Saúde Sexual Saúde Materna

23 O processo do Maternity Defense Fund em 1982 (Birth Rights), baseada na pesquisa dos grupos de mulheres Episiotomia sem consentimento informado = processar por lesão corporal (assault / battery)

24 O ônus da prova “Está nas mãos das mulheres recusar o consentimento a qualquer intervenção a não ser que ela se mostre necessária e que sejam produzidas evidências que apóiem estas intervenções. Está nas mãos dos obstetras que produzem esta ferida cirúrgica provar que seus benefícios superam seus danos, ou parar com esta prática que é demonstradamente danosa a muitas mulheres e que causa enorme e desnecessário sofrimento” Kitzinger & Walters, 1981:10 (Some women´s experiences of episiotomy) Desencadeia 2 ensaios clínicos (Chalmers, 1983, Sleep, 1983) que confirmam as evidências do movimento de mulheres

25 Veio a Medicina Baseada em Evidências (80s/90s) Em 1989 a Colaboração do Grupo de Gravidez e Parto, já com centenas de integrantes, publicou uma exaustiva revisão dos procedimentos, e em 1993 publicou uma revisão sistemática de cerca de 40.000 estudos publicados sobre o tema desde 1950, sobre 275 práticas de assistência perinatal, que foram classificadas quanto à sua efetividade e segurança. As revisões são atualizadas periodicamente (Biblioteca Cochrane)

26 A mudança do paradigma: da intervenção de rotina à assistência baseada em evidências, intervenções seletivas No século XX, muitos avanços científicos contribuíram para a redução da morbidade e mortalidade materna e infantil – São recursos essenciais!! o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas anestesia segura, os antibióticos o uso seguro de sangue e derivados imunização antitetânica UTI materna e neonatal Porém seu ‘uso abusivo’, baseado em conveniências institucionais e profissionais, aumenta os riscos para mães e bebês

27 Modelos de assistência, morbidade e bem-estar materno Modelos são construtos sociais, muito permeáveis à cultura, gênero. A técnica reflete tais concepções Concepções do parto e sua assistência: o parto como castigo, pela vida sexual. O parto é descrito como experiência física e emocionalmente negativa A assistência parte do pressuposto do sofrimento (tido como benigno para a mãe – o sofrimento físico e emocional, o bem-estar da mulher não entram na equação) Gênero, raça e classe: Indulgência para as mulheres que possam pagar (classe e modelos)

28 "O objetivo da assistência é obter uma mãe e uma criança saudáveis com o mínimo possível de intervenção que seja compatível com a segurança. Essa abordagem implica que, no parto normal, deve haver uma razão válida para interferir sobre o processo natural" (WHO, 1996: 4). ‘Atenção’, ‘assistência’: diferente de ‘intervenção’ - nenhuma intervenção se justifica de rotina

29 Source: Virginia Health Information

30 Brasil taxas episiotomia

31 E-vidências (visibilidade, superação da cegueira de gênero) “As evidências demonstram que o uso rotineiro da episiotomia não reduz o risco de trauma perineal severo (lacerações de 3º e 4º graus), não previne lesões no pólo cefálico fetal e nem melhora os escores de Apgar. Além disto, promove maior perda sangüínea e não reduz o risco de incontinência urinária de esforço, dispareunia e dor perineal após o parto” Carroli G, Belizan J. Episiotomy for vaginal birth (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, 2006. Oxford: Update Software. É necessário ressaltar que a episiotomia é, no entanto, um dos únicos procedimentos realizados sem qualquer consentimento prévio da paciente, prática esta de fundamental importância. Embora já se tenha comprovado que a prática rotineira da episiotomia não constitui bom exercício da Obstetrícia, a maioria dos obstetras, mesmo os responsáveis pelo ensino médico, não consegue abandoná-la, pois ela lhes foi ensinada nos bancos universitários e eles se acostumaram a ela. Mattar, 2007 A prática da episiotomia no Brasil

32 Visível (apesar de problemas de sub-registro): Mortalidade Morbidade grave (near-miss, mais recente) Pouco visível (na associação com desfechos negativos) Integridade corporal e lesões iatrogênicas (cesárea, episiotomia, fórceps etc.) Uso de medicamentos, efeitos adversos (ocitocina, anestesia etc.) Acompanhantes (presença ou proibição) Promoção do bem-estar materno (“dimensões cosméticas”) Sofrimento / Bem-estar materno, depressão, saúde mental, conforto materno Invisíveis ou quase (sem registro) Manobras Descolamento de membranas, redução de colo Kristeller (pressão fúndica) Experiências traumáticas (violência, TEPT,) Efeitos dos procedimentos (médio prazo) sobre a relação mãe-bebê amamentação, sexualidade etc. Sofrimento / Bem-estar materno (“dimensões relacionais”, prevenção do efeito nocebo) Evidencias em Saúde perinatal – visível e invisível

33 Evidências e mudança radical de paradigma, orientada pelos direitos das mulheres Nenhuma intervenção se justifica de rotina – escolha Deslocamento do protagonismo do profissional (“fazer o parto”) Facilitação de fisiologia, “não atrapalhar” Reconhecimento e prevenção do dano iatrogênico – evidências - nosso assunto aqui O papel da discriminação e da violência na assistência (mais recente) – Geração de evidências Foto Paulo Batistuta

34 Exploring Evidence for Disrespect and Abuse in Facility-Based Childbirth Report of a Landscape Analysis Diana Bowser, Sc.D., M.P.H. Kathleen Hill, M.D. USAID-TRAction Project Harvard School of Public Health University Research Co., LLC September 20, 2010

35 Gênero, maternidade e desigualdades, hierarquias e discriminação (inspirado em Gayle Rubin, 1984)* Todas as combinações/ sinergias são possíveis Brancas, casadas, heterossexuais, >=classe média Presidiárias Soropositivas (HIV, sífilis etc) Adolescentes, “idosas” (>35)Solteiras Trabalhadoras do sexo Usuárias de drogas Doentes mentais Pobres Moradoras de rua Negras, nordestinas LésbicasDeficientes físicas Transgender *Thinking Sex: Notes for a Radical Theory of the Politics of Sexuality, in Carole Vance, ed., Pleasure and Danger, (Routledge & Kegan, Paul, 1984 Doentes em geral (diabetes, lupus, HA) Hierarquias de maternidades Maternidade e estigma

36

37 Medicina Baseada em Evidências (80/90s) Na área de saúde perinatal Deslocamente de autoridades: direitos dos usuários, perspectiva dos usuários Qualquer pessoa pode ler uma revisão sistemática (Caso Parto do Princípio, 2007) Tecnologia submetida às necessidades humanas, não o inverso

38 DE ONDE SURGIRAM OS ESTUDOS RANDOMIZADOS? Os ERC não se iniciaram na área de saúde nem na medicina. Já na década de 30, eram utilizados em estudos comparativos de intervenções nas áreas das ciências sociais aplicadas, como a educação e a justiça. Nas décadas de 60 e 70, os ERC eram muito utilizados para avaliar políticas nestas áreas, porém foram ficando impopulares por freqüentemente evidenciarem resultados nulos (Oakley, 1998). Também eram utilizados na agricultura e em outras áreas, antes de serem adotados em estudos clínicos, pela primeira vez por Bradford Hill na histórica pesquisa que comprovou a eficácia da estreptomicina no tratamento da tuberculose, em 1948.

39 POR QUE ATRIBUIR TANTA IMPORTÂNCIA PARA OS ESTUDOS RANDOMIZADOS CONTROLADOS? Potencial para a redução dos vieses de seleção A randomização, ou aleatorização, se executada de forma apropriada, pode manter os grupos de participantes o mais similar e comparável possível, Isolar e quantificar o efeito das intervenções que eles estão estudando (Jadad, 1998) Estudos não controlados mostravam grandes vantagens do uso da TRH, estudo randomizado foi interrompido (WHI, 2002)

40 O caso da Terapia de Reposição Hormonal

41 O que é um viés? (inclinação do pensamento) Na pesquisa em saúde: Qualquer fator ou processo que tende a desviar sistematicamente os resultados ou conclusões de um estudo para uma dada direção (Jadad, 1998) Este desvio pode resultar em uma superestimação ou uma subestimação dos efeitos de uma intervenção. Como, em geral, há mais interesse em demonstrar que novas intervenções funcionam do que mostrar que não funcionam ou que tem efeitos adversos, os vieses na pesquisa clínica geralmente levam a exagerar a magnitude ou a importância dos efeitos positivos destas intervenções (Jadad & Enkin, 2007).

42 Os vieses podem ocorrer: No decorrer de uma pesquisa:  na alocação dos participantes aos grupos estudados,  na realização das intervenções e nas medidas dos desfechos,  na interpretação e na comunicação dos resultados,  na publicação dos artigos resultantes. Antes mesmo do desenho da pesquisa:  na escolha do tipo de problema a ser estudado  na escolha do desenho da pesquisa, tipo de ensaio clínico usar Viés do leitor: existem mesmo estudos empíricos documentando as diferenças na leitura e avaliação dos estudos, dependendo se esta é feita em condições abertas (conhecendo seus autores, instituições) ou não (Jadad & Enkin, 2007). Os esforços de minimização de vieses devem considerar, idealmente, o conjunto dos vieses, o que exige o relato transparente do desenho da pesquisa

43 Recomendações (roteiros) para relato transparente - redução de vieses “ Recomenda-se ao autor que antes de submeter seu artigo utilize o "checklist" correspondente” CONSORTCONSORT checklist e fluxograma para ensaios controlados e randomizados STARDSTARD checklist e fluxograma para estudos de acurácia diagnóstica MOOSEMOOSE checklist e fluxograma para meta-análise QUOROMQUOROM checklist e fluxograma para revisões sistemáticas STROBESTROBE para estudos observacionais em epidemiologia TREND para intervenções não randomizadas (útil na saúde coletiva) ETC.

44 Nível I Nível II Nível III Nível IV O que é hierarquia de evidências e em que circunstâncias ela se aplica?

45 Níveis de Evidência Científica Nível IV - Opinião de especialistas, baseadas na experiência clínica, estudos descritivos, ou relatórios de Comitês de Peritos.

46 Níveis de Evidência Científica Nível III.2 - Evidência obtida de estudos adequadamente controlados (coorte ou de caso-controle) preferivelmente de mais de 1 centro ou grupo de pesquisa. Nível III.1 – Evidência obtida de estudos adequadamente controlados, mas sem randomização.

47 Níveis de Evidência Científica Nível II – Evidência obtida de ao menos 1 estudo adequadamente controlado e randomizado.

48 Níveis de Evidência Científica Nível I – Evidência obtida de revisão sistemática de todos os ensaios clínicos relevantes (controlado / randomizado) Adaptado de: Prof. Dra. Isabel Cruz - -Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra - Univ Federal Fluminense

49 OS ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS, SE BEM FEITOS, SÃO O MELHOR RECURSO PARA RESPONDER AS QUESTÕES DE SAÚDE? “Qual a taxa de transmissão vertical do HIV e da sífilis?” “Estamos conseguindo com as nossas intervenções reduzir a transmissão vertical do HIV e da sífilis?” “Como incentivar os rapazes a usar camisinha?”, ou “Como prevenir a transmissão do HIV entre as mulheres acima de 60 anos?”, ou, ainda, “Como motivar as pessoas vivendo com o HIV a praticar mais atividade física?”

50 Os ECR, quando bem realizados, são o melhor recurso para responder as perguntas relativas à eficácia de medicamentos, testes diagnósticos e de rastreamento. Os ECR respondem perguntas do tipo: “O medicamento X é eficaz na prevenção de infecções oportunistas em pacientes HIV positivos?” Os ERC de eficácia são chamados explanatórios. “A introdução do medicamento X reduziu a internação e a mortalidade por infecção oportunista dos pacientes HIV positivos na minha área de atuação?” os ensaios randomizados pragmáticos, que tem desenho mais flexível e apropriado à vida real das pessoas e dos serviços

51 Conflitos de interesse

52 Randomização e conflito de interesses Toda pesquisa em saúde envolve diversos interesses: dos usuários, profissionais, indústria farmacêutica, pesquisadores, cuidadores, financiadores, formuladores de políticas, etc. O monitoramento e a regulação dos estudos, por governos e instituições independentes, é fundamental para prevenir abusos

53 “Em seguida do 50º. aniversário dos ensaios clínicos modernos, vários artigos chamam a atenção para as formas nas quais esta poderosa ferramenta foi seqüestrada por grupos de interesse, e como isso reduz sua capacidade de prover respostas válidas, precisas e relevantes para as perguntas importantes. Desde então, estes alertas foram reforçados pelos exemplos escandalosos de má conduta entre financiadores, formuladores de políticas e pesquisadores, e por livros de ex-editores de revistas proeminentes sobre os atuais níveis de corrupção e comportamento anti-ético que existem dentro das engrenagens da pesquisa que alimenta o processo regulatório” (Jadad & Enkin, 2007)

54 Papel do conflito de interesses “Não há nenhuma dúvida de que, mesmo que desnecessária ou mesmo que contenha maior risco para a mãe ou para o neonato, uma cesariana eletiva tem muito menor risco para o obstetra.” (Editorial, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia” Martins-Costa, Sérgio e Ramos, José Geraldo Lopes. A Questão das Cesarianas. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. [online]. 2005, v. 27, n. 10 [cited 2008-11-26], pp. 571-574. O papel do excesso de cesáreas na mortalidade materna merece mais atenção

55 Hierarquia de Evidência Científica Relato de casos Levantamento transversal Estudos caso-controle Estudos tipo cohort Ensaio controlado rand. c/result. não def. Ensaio controlado rand. c/ result. defin- RCT Revisão sistemática e meta-análise

56 O que é síntese de evidências, revisão sistemática e metanálise? Milhares de estudos são publicados todos os anos, e tornou-se impossível para uma pessoa ler todas as pesquisas importantes na sua área. Os estudos podem também ter resultados discrepantes, alguns a favor, uns inconclusivos e outros contra as mesmas intervenções, deixando a tarefa ainda mais complicada. Por esta razão, o conhecimento deve ser sintetizado em revisões periódicas. As sinteses promovem a transparencia e reduzem a pesquisa desnecessaria (me too research)

57 Metanálise A metanálise é a análise da análise, ou seja, trata-se de um estudo de revisão da literatura em que os resultados de várias pesquisas independentes são combinadas e sintetizadas por meio de procedimentos estatísticos específicos, de modo a produzir uma única estimativa ou índice que caracterize o efeito de uma determinada intervenção (Jadad e Enkin, 2007). Na metanálise, ao se combinar amostras de vários estudos de uma revisão sistemática, aumenta-se a amostra total, melhorando seu poder analítico, assim como a precisão da estimativa do efeito do tratamento. Uma revisão sistemática pode ter ou não uma metanálise dos seus resultados. Algumas revisões sitemáticas não comportam uma metanálise, como aquelas com número muito pequeno de pesquisas ou de sujeitos, e os em que a metodologia e desfechos dos ERC não são comparáveis.

58 Sintese de estudos qualitativos Sim, nesses casos o método utilizado para a produção de sínteses de evidências é genericamente denominada "metassíntese" e permite realizar uma leitura crítica das interpretações presentes nos estudos qualitativos, norteando-se por parâmetros metodológicos rigorosos, sistemáticos e objetivos (Bondas, 2007). Dentre as diferentes abordagens para a construção de metassínteses, o metaestudo se destaca para análises de grande número de estudos e por estimular a cooperação e o trabalho conjunto entre pesquisadores.

59 Como ler um gráfico de floresta (metanálise) - O símbolo da Colaboração Cochrane e a mortalidade de bebês prematuros Como nenhuma revisão sistemática destes ensaios clínicos tinha sido publicada até 1989, a maioria dos obstetras não utilizava o tratamento que era eficaz. Em conseqüência, dezenas de milhares de bebês prematuros provavelmente sofreram e morreram desnecessariamente (vale ressaltar que o tratamento mais caro era o preferido).

60

61 O que é a “leitura crítica” ou “avaliação crítica” (crítical appraisal) dos estudos em saúde? A avaliação crítica ou leitura crítica é a capacidade de entender como o estudo foi motivado, desenhado, conduzido e interpretado, de forma a perceber eventuais vieses. É uma habilidade essencial para profissionais de saúde, mas também para usuários, formuladores de políticas, ativistas, jornalistas, juízes, entre outros. Infelizmente, estudos mostram que estas habilidades não são ensinadas regularmente, nem para os profissionais de saúde, e quando são introduzidas formalmente no ensino, não significa que o profissional de fato tenha a capacidade de ler criticamente os estudos

62 O que é a Colaboração Cochrane? A Colaboração Cochrane é uma organização internacional independente que tem por objetivo ajudar as pessoas a tomar decisões baseadas em informações de boa qualidade na área da saúde. É uma organização sem fins lucrativos e sem fontes de financiamento internacionais.

63 O Centro Cochrane do Brasil existe desde 1996 e oferece cursos regulares, incluindo um curso on-line de revisão sistemática. As revisões Cochrane destinam-se a ajudar os profissionais de saúde, pacientes e formuladores de políticas a tomar decisões informadas sobre os cuidados de saúde, e se define como o mais abrangente, confiável e relevante fonte de evidência para fundamentar essas decisões.

64 O que é a Biblioteca Cochrane e como usá-la? A Biblioteca Cochrane (The Cochrane Library) é uma coleção de seis bancos de dados que contêm diferentes tipos de evidências independentes e de alta qualidade para informar a tomada de decisões de saúde, e um sétimo banco de dados que fornece informações sobre grupos da Colaboração Cochrane. Eles são: o Banco de Dados Cochrane de Revisões Sistemáticas, Cochrane Database of Systematic Reviews), o Registro Central de Ensaios Clínicos (Register of Controlled Tria), o Registro de Metodologias (Cochrane Methodology Register), o DARE (Database of Abstracts of Reviews of Effects, Banco de dados de resumos de revisões sobre efeitos), o Banco de Dados de Avaliação Tecnológica em Saúde, e o Banco de Dados de Avalição Econômica. Em maio de 2010, a biblioteca tinha 6110 artigos, sendo 4186 revisões e 1924 protocolos. Em 2008 todos os países da América Latina e Caribe passaram a ter acesso livre à Biblioteca Cochrane por meio do Portal Cochrane BVS

65 O que é a Rede de Usuários da Colaboração Cochrane? A Organização Mundial da Saúde, na Declaração de Alma-Ata (1978) afirma: "As pessoas têm o direito e o dever de participar individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados de saúde.” Nesse sentido, a função principal da Rede de Usuários da Colaboração Cochrane é fornecer a perspectiva dos usuários no desenvolvimento das revisões sistemáticas Cochrane e para promover a utilização destas evidências.

66 O que é a Colaboração Joanna Briggs? Fundada em 1996, o Instituto Joanna Briggs (Joanna Briggs Institute - JBI) é uma colaboração internacional de enfermagem, medicina e demais profissões em saúde, incluindo pesquisadores, gestores, formuladores de políticas, clínicos, usuários e estudantes. Focada nas evidências sobre cuidados à saúde, utiliza diversos recursos metodológicos, além das sínteses quantitativas. Envolve pesquisas em mais de 40 países em todos os continentes. O seu site possui várias ferramentas de suporte de prática baseada em evidência, incluindo folhas de informação sobre as melhores práticas. Algumas áreas desse site necessitam de assinatura. Além disso, o JBI oferece recursos projetados para atender as necessidades de prestadores de serviços, profissionais de saúde e dos consumidores, oferecendo a melhor evidência internacional disponível. O Brasil tem um centro Colaborador desde 2009.

67 O que é a Colaboração Campbell? A Colaboração de Campbell é uma rede de investigação internacional que produz revisões sistemáticas dos efeitos das intervenções sociais. A Colaboração Campbell é baseada na cooperação voluntária entre os pesquisadores de diversas origens e formações variadas. Tem atualmente cinco Grupos de Trabalho: Segurança Social; Crime e Justiça; Educação; Métodos e o Grupo de Usuários. Esses Grupos de Trabalho são responsáveis pela produção, mérito científico e relevância das revisões sistemáticas.

68 Porque os estudos de implementação (tradução do conhecimento) são tão essenciais? Todos os sistemas de saúde enfrentam desafios para melhorar a qualidade do cuidado e para reduzir os riscos de efeitos adversos. Apesar disso, no mundo inteiro, os sistemas de saúde não utilizam devidamente as melhores evidências, resultando em ineficiência, riscos evitáveis e redução da duração e da qualidade de vida das pessoas. As dificuldades em usar as evidências para fundamentar decisões de saúde são compartilhadas por todos os tomadores de decisão, incluindo profissionais, usuários, cuidadores, gestores e formuladores de políticas, em países desenvolvidos e em desenvolvimento (Straus, 2000).

69 O QUE É A REDE EVIPNET? A EVIPNet (Rede de Políticas Informada por Evidências, Evidence-Informed Policy Network,) tem por objetivo apoiar o desenvolvimento de políticas baseadas em evidências científicas, permitindo, também, o acesso permanente a elas. Essa iniciativa busca promover o uso sistemático de evidências de pesquisa no processo de elaboração e definição de políticas de saúde, por meio de parcerias entre gestores, representantes do controle social (usuários) e pesquisadores. A EVIPNet visa, além disso, difundir o uso compartilhado de conhecimentos científicos e sua aplicação, em formato e linguagem adequados aos gestores de saúde, seja na prática clínica, gestão dos sistemas de saúde, formulação de políticas públicas e cooperação técnica entre os países participantes.

70 Uma abordagem baseada em evidências é incompatível com uma baseada em direitos? Não há a priori nenhuma incompatibilidade entre uma abordagem baseada em direitos e a baseada em evidências, pelo contrário, são perspectivas sinérgicas, que se apóiam mutuamente. Se é um direito humano usufruir do avanço da ciência e dos conhecimentos sobre o que é efetivo (se funciona) e seguro (se gera mais benefícios do que prejuízos), as intervenções em saúde devem ser baseadas nas melhores evidências de efetividade e segurança, para melhor promover o direito à vida e à saúde. Este conhecimento deve estar disponível para formuladores de políticas, profissionais, usuários, cuidadores e todos os tomadores de decisão em saúde.

71 Em termos dos direitos Direito à integridade corporal (genital, sexual) prevenir as lesões perineais, a episiotomia e a cesárea. Direito a viver o parto como experiência corporal e emocional positiva -Direito a acompanhantes -Direito à liberdade de movimentos e posições no parto -Direito a decisões sobre a assistência -Direito a recursos para prevenir a dor iatrogênica e a aliviar a dor (farmacológicos ou não) –bem estar -Respeito à diversidade sexual e das famílias ETC... A tecnologia submetidas às necessidades humanas e não contrário

72 Nada de politicamente útil acontece até que as pessoas comecem a dizer coisas nunca ditas antes, permitindo assim que visualizemos práticas novas, ao invés de apenas analisar as velhas (Rorty, 1993). Foto: Paulo Batistuta


Carregar ppt "Evidências em saúde: o que são, o que podem ser, e de que tipo de evidências precisamos Simone G. Diniz Simone Grilo Diniz é professora."

Apresentações semelhantes


Anúncios Google