A apresentação está carregando. Por favor, espere

A apresentação está carregando. Por favor, espere

Economia Regional e Urbana

Apresentações semelhantes


Apresentação em tema: "Economia Regional e Urbana"— Transcrição da apresentação:

1 Economia Regional e Urbana
1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento económico espacial 1.3.A teoria da Localização da Actividade Económica 1.4.Movimentos de localização das actividades económicas na transformação dos espaços urbanos 1.5.Centros urbanos, funções e hierarquização 1.6.A Evolução do fenómeno urbano 1.7.Usos do solo em meio urbano 1.8.Factores determinantes da renda urbana 1.9.O mercado do solo urbano 2.Desenvolvimento Económico e Urbanização 3.Externalidades e Economias de Aglomeração 4.A rede urbana, cidades pequenas e intermédias e áreas metropolitanas

2 1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial
Durante algum tempo os economistas ignoraram a variável espaço, poucos autores concederam um lugar importante ao espaço na história das ciências económicas. A primeira verdadeira teoria económica espacial nasce no início do século XIX com Von Thünen (1826), sendo este autor considerado pela maioria dos autores como o grande iniciador da análise económica espacial, frequentemente apelidado de “pai das teorias da localização“ (Benko, 1999, p.37). A sua investigação inovadora influenciou numerosos investigadores, tornando-se a base teórica da nova economia urbana sendo o primeiro a integrar a noção de distância na economia, a raciocinar em termos marginalistas e a utilizar cálculos econométricos (Benko, 1999, p.40). As teorias económicas espaciais evoluíram de forma dispersa ao longo dos séculos.

3 As grandes etapas da evolução da economia espacial 1800-1950

4 “A investigação contemporânea baseia-se essencialmente num conjunto de teorias e modelos propostos entre 1826 e 1950, na sua maior parte provenientes de autores de língua alemã, os quais fundadores da economia espacial, foram eles que estabeleceram os seus princípios gerais”. (Benko, 1999, p.62) Os domínios cobertos pela ciência regional que se consolida logo a seguir, são muito diversos, no entanto, é possível agrupar os temas em quatro famílias (Benko, 1999, p.66): Localização das actividades económicas Organização e estruturação do espaço Interacções espaciais - Desenvolvimento regional

5 A ciência regional 1950-1975 (principais temas e autores anglo-saxónicos e francófonos)

6 A ciência regional 1975-2000 (principais temas e autores anglo-saxónicos e francófonos)

7 Para Lopes as teorias do desenvolvimento regional preocupam-se fundamentalmente com o crescimento regional e podem dividir-se em dois grandes grupos consoante o tomam como: -Visto de fora da região («from outside») -Visto de dentro da região («from inside») Segundo Lopes apesar de ainda estar por formular uma teoria de aceitação geral em torno do desenvolvimento regional, não se devem ignorar as características e limitações dos principais modelos teóricos que têm sido propostos.

8 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento económico espacial
Desde cedo houve preocupação em perceber quais os factores que determinam a organização de determinado território. As teorias do desenvolvimento espacial centram-se na compreensão dos processos de organização espacial das actividades económicas. Uma teoria neste campo deve dar resposta a 5 questões fundamentais: 1ª-Porque crescem as regiões a ritmos diferentes? 2ª-Se o crescimento não é espacialmente uniforme quais os factores que explicam o seu surgimento em determinadas localizações e como se faz a sua difusão espacial? 3ª-Existem no sistema económico mecanismos auto-correctores que permitam inverter os desequilíbrios económicos regionais? 4ª-Quais os problemas que resultam dos desequilíbrios económicos regionais? 5ª-Quais as variáveis sobre as quais se pode actuar para corrigir o padrão regional de desenvolvimento económico?

9 O Papel da Oferta e da Procura
A tipificação dos modelos de desenvolvimento regional pode ser feita segundo a forma como é equacionada a determinação do rendimento, o que leva a distinguir os modelos que vêem o desenvolvimento regional determinado pelo aumento da capacidade produtiva (oferta), dos que põem ênfase nos determinantes da procura. Tipos de Desenvolvimento Regional: 1º - Inserem-se na tradição neoclássica e na impossibilidade de um excesso generalizado de produção. Tem subjacente a ideia de que “a oferta cria a sua procura”. 2º - Inseridos na lógica keynesiana, têm subjacente a ideia de que “a procura cria a necessária oferta”..

10 Teoria Neoclássica (abordagem neoclássica do desenvolvimento regional)
1.2.1.A Organização pela oferta Teoria Neoclássica (abordagem neoclássica do desenvolvimento regional)

11 O modelo neoclássico tem sido a teoria dominante com ênfase no lado da oferta, tendo sido alvo de muita critica pelos estudiosos da teoria regional. Algumas das hipóteses deste modelo ( por exemplo a concorrência perfeita) são incompatíveis com a realidade do espaço e as suas conclusões são incoerentes. Mas a integração de um modelo de mobilidade do trabalho e do capital e a possibilidade de contemplar a flexibilização de algumas das hipóteses mais restritivas continuam a fazer do modelo neoclássico um “esquema de raciocínio” que não pode ser ignorado. Até porque a melhoria da mobilidade dos factores favorece a redução das disparidades nacionais e isto aumenta o interesse político.

12 organização pela procura
e os modelos keynesianos Na teoria keynesiana o elemento central reside no facto de: qualquer decisão que provoque um fluxo adicional de procura, dando origem a decisões em cadeia, leva a um acréscimo do nível de rendimento. A propagação desses efeitos é traduzido na teoria do multiplicador. A questão que se coloca é a de saber de onde resulta esse acréscimo exógeno da procura.

13 A Teoria da Base Económica de Exportação Sendo uma região um sistema aberto, a resposta mais imediata é a de situar o aumento exógeno da procura a nível da procura externa. Sobretudo para as pequenas regiões de economia muito especializada, será a procura que os seus bens e serviços tenham nos mercados externos que determinará as condições de crescimento regional. Ou seja, o crescimento da região depende do que a região oferecer aos mercados extra-regionais. Na sua formulação mais simples, o modelo da base económica de exportação parte da distinção do produto das actividades regionais entre o produto das actividades básicas destinadas à exportação e o produto das actividades não-básicas destinadas a satisfazer o consumo interno.

14 Muitas regiões tiveram o seu desenvolvimento assente na procura extra-regional dirigida aos seus recursos naturais e às “amenidades”(utilidades irreprodutíveis como o clima, a paisagem, o património cultural, etc.) ou às actividades que sobre os mesmos se apoiam. Mas a competitividade das exportações regionais pode estar associada a outras vantagens comparativas como os recursos humanos (custo e/ou qualidade) ou a excelência do conhecimento e do saber fazer em determinados domínios .

15 1- O método dos requisitos mínimos:
A questão da determinação das actividades que constituem a base económica regional é central para avaliar as perspectivas de crescimento da região. Podemos recorrer a dois métodos: 1- O método dos requisitos mínimos: A ideia é de considerar exportadoras todas as actividades que tenham na região uma presença superior a um determinado valor padrão. Esse padrão pode ser o correspondente ao menor valor encontrado no conjunto das regiões, o valor médio nacional ou outro. A ideia é a de que esse padrão corresponda a uma situação de auto suficiência, significando uma presença superior da actividade em causa a existência de capacidade exportadora. Este método pressupõe estrutura de consumos invariantes e equilíbrio nas trocas externas para a unidade tomada como padrão.

16 2- O quadro input-output regional:
Teoricamente, um quadro input-output deveria permitir quantificar o valor das exportações e o valor das importações correspondentes aos diversos sectores em que fosse decomposta a economia regional. Infelizmente nem sempre esse nível de informação é atingido e, por vezes a determinação das exportações e importações regionais acaba por recorrer a qualquer variante do método anterior.

17 A teoria da causalidade cumulativa
Diversos autores têm vindo a argumentar, que as forças de mercado tendem a reforçar cumulativamente as vantagens ou desvantagens de algumas regiões. Uma forma de ilustrar essa ideia é através de um modelo auto-alimentado que combina a teoria da base económica de exportação com o efeito das economias de escala e das economias de aglomeração. Neste modelo haverá dois mecanismos centrais : o efeito de Verdoorn que liga a produtividade ao volume do produto; a procura para as exportações regionais; A teoria da causalidade cumulativa

18 Causalidade cumulativa
Uma variação exógena das exportações implica, um acréscimo de produto, o qual conduz a ganhos de produtividade, os quais se repercutem favoravelmente no nível de preços internos implicando um novo acréscimo das exportações, e aqui teríamos o inicio de um novo ciclo. Aumento da Procura Mundial Aumento das Exportações Aumento da Produção Regional Aumento da Produtividade Diminuição dos Preços Internos

19 As limitações dos modelos anteriores:
Tratam-se de modelos “a-territoriais”, onde não estão presentes variáveis fundamentais para a compreensão do espaço (distância, economias de aglomeração, invariantes locacionais, etc.) e que pouco contribuem para compreender como se processa a organização espacial do desenvolvimento (ordenamento do território) e as consequências espaço-temporais dessa organização.

20 Teoria dos Polos de Crescimento
organização espacial do desenvolvimento Teoria dos Polos de Crescimento A noção de polo de crescimento foi introduzida por Perroux e baseia-se na constatação de que “o crescimento não surge em toda a parte ao mesmo tempo, manifesta-se com intensidade variável em certos pontos ou polos de crescimento; propaga-se segundo vias diferentes e com efeitos variáveis no conjunto da economia”. Perroux considerava o crescimento económico como o resultado de forças centrífugas e forças centrípetas a partir de determinados clusters de firmas e indústrias: o polo.

21 Os polos de Perroux eram em primeiro lugar polos no espaço económico abstracto e pressupõem uma empresa motriz ou indústria motriz. Uma empresa motriz é uma empresa que “é relativamente grande , gera impulsos significativos para a sua envolvente, tem elevada capacidade para inovar, e, finalmente, pertence a um sector de rápido crescimento”. Estas características asseguram à indústria motriz um crescimento mais rápido do que o conjunto da economia e uma elevada capacidade de reboque de outros sectores produtivos. A produção de material de caminho de ferro, automóvel ou a informática são exemplos de actividades que, em diferentes momentos da história, se têm assumido como indústrias motrizes.

22 Projectando um polo de crescimento do espaço sectorial para o espaço geográfico chegaremos ao polo de desenvolvimento num contexto regional, cuja popularização se deve principalmente a Boudeville. A partir destes polos irradiam efeitos difusores ou de difusão, favoráveis ao desenvolvimento das áreas periféricas. Ao mesmo tempo, os polos exercem sobre os espaços envolventes efeitos centrípetos, de polarização ou de sucção. O impacte do polo no desenvolvimento regional dependerá da combinação concreta dos efeitos de difusão e dos efeitos de polarização. Admite-se a existência de “polos naturais” constituídos por grandes cidades. Naturalmente, uma grande cidade poderá conter diversos complexos dominados por actividades motrizes que lhe garantem um desenvolvimento auto-sustentado.

23 Teoria dos eixos de desenvolvimento
Pottier é aqui uma referência. O eixo de comunicação distingue-se então de uma simples via de comunicação e envolve três componentes: um itinerário espaço natural onde é fácil passar, região ou conjunto de regiões que estabelecem ligações inter-regionais. Espaço de aptidão natural a concentrar movimentos, é também uma cadeia de localizações e aglomerações humanas importantes. A localização de polos na extremidade reforçam a circulação ao longo do itinerário. Uma infra-estrutura complexa de comunicações, justapondo as diferentes técnicas de transporte ao longo da história e os diversos modos de transporte. Uma corrente de circulação, de homens e de coisas. A combinação destas três componentes que se reforçam mutuamente transformam um “eixo de comunicação” em “eixo de desenvolvimento”. E para isso, cada uma das componentes é essencial.

24 Os efeitos de impulsão surgem associados a quatro aspectos principais:
O eixo de comunicação por um lado, é um agente de impulsão e por outro, um vector de propagação. Os efeitos de impulsão surgem associados a quatro aspectos principais: 1.Impulsos resultantes da construção de uma nova infraestrutura: A construção sucessiva de diferentes e novas infra-estruturas representam uma concentração de investimentos públicos. A construção da infra-estrutura vai permitir a circulação de novos modos de transporte que vai induzir o surgimento de novas actividades de transporte e de novas actividades de suporte ou complementares. 2.Impulsos resultantes do abaixamento dos custos de transporte: em primeiro lugar, a redução dos custos de transporte alarga as áreas de mercado, o que vai permitir maiores economias de escala. O alargamento das áreas de mercado permite, também, a obtenção e limiares mínimos para outras actividades que antes não tinham condições de sobrevivência.

25 Em segundo lugar, a redução dos custos de transporte, facilitando as interdependências, facilita as especializações regionais e possibilita vantagens competitivas das empresas através de novas estratégias de organização empresarial. Em contrapartida pode levar ao desaparecimento das empresas mais frágeis que deixaram de estar protegidas pela distância. 3.Impulsos provocados pela expansão da procura nas regiões de passagem: este impulsos resultam de necessidade de resposta à procura dos viajantes e à possibilidade que estes fluxos geram para valorizar determinados recursos locais sobretudo, na perspectiva turística. 4.Impulsos ligados à difusão da informação: os modelos de difusão de informação ao relevarem o diálogo e os contactos interpessoais, evidenciam bem a importância dos fluxos de pessoas e bens nesse processo de difusão. Os efeitos de propagação, têm a ver com o impacte do eixo na forma como distribui o território, estando ligados à teoria da localização e à teria da renda fundiária:

26 1.o eixo de comunicação gera ao longo dele múltiplos pontos capazes de virem a ser seleccionados como localização de novas empresas ou relocalização de empresas já existentes. 2.atrair para as suas proximidades actividades marginais de empresas que tendo acesso directo a novas vias de comunicação, podem usufruir de custos mais baixos. 3.O acréscimo de acessibilidade ao longo do eixo permite diferentes escolhas residenciais pelas famílias e modifica a distribuição espacial dos centros prestadores de serviços. Os efeitos das impulsão (criação) e de propagação (distribuição) tornam os “eixos de comunicação” em “eixos de desenvolvimento”, os quais, traduzem a “linearização do desenvolvimento económico”. Um eixo de desenvolvimento pressupõe um itinerário (cadeia de localizações e aglomerações humanas) e fluxos potenciais. É por isso que a teoria dos eixos de desenvolvimento, apesar da sua capacidade explicativa, tem pouca eficácia em termos de política, na medida em que, apenas sabemos actuar sobre uma das componentes do conceito, a infra-estrutura.

27 Os Distritos Industriais
Trata-se de uma abordagem do desenvolvimento que se insere nos quadros conceptuais do desenvolvimento regional endógeno ou do “desenvolvimento territorial”. A ideia central é que o desenvolvimento resulta da exploração dos recursos e das estruturas socioculturais e organizativas locais. No desenvolvimento são determinantes as características do meio. Os determinantes do desenvolvimento local são as relações sociais e económicas e as relações entre as empresas. O conceito de “distrito industrial” de Marshall surge hoje, muito confundido com o de “sistema produtivo local”. Segundo Marshall “os segredos da indústria estão no ar que se respira.”

28 Características mais importantes de um “sistema produtivo local” (sistema de pequenas empresas):
a) Uma forte especialização produtiva a nível local sobre diferentes segmentos e sectores à volta de um produção típica e fundamental da economia local; b) Uma produção suficientemente importante para ter significado em termos nacionais ou internacionais; c) Uma divisão avançada do trabalho entre as empresas, dado lugar a uma densa rede de interdependências produtiva; d) Uma multiplicidade de empresas, sem existência de uma empresa líder ou dominante, preservando a igualdade entre as empresas envolvidas no processo de sub-contratacção; e) Impulso a favor da especialização produtiva a nível da empresa, estimulando a acumulação de competências especificas e a introdução de novas tecnologias; f) Formação progressiva de um sistema de informação eficaz, que apoiado informalmente nas relações de interdependência das empresas mas assegurando uma ampla e rápida circulação de informação;

29 g) Competência dos trabalhadores resultantes da sedimentação histórica de conhecimentos do produto e das técnicas; h) Difusão das relações “cara-a-cara” entre os operadores locais favorecendo as melhorias tecnológicas e organizativas e estabelecendo as relações empresariais numa base de confiança e de empenho pessoais; i) Uma forte coesão social e contínua social e contínua mobilidade social. Este conjunto de características favorece a inovação e a competitividade do sistema produtivo local e, sobretudo, estimula o surgimento de novo empresariado e a renovação das empresas. O sistema favorece o surgimento de economias externas à empresa, estimula a divisão de trabalho a inovação tecnológica e a cooperação entre as empresas, estimula a divisão e trabalho à inovação tecnológica e a cooperação entre as empresas.

30 Para que um meio seja inovador é necessário que exista:
O sistema produtivo local reúne, assim, um conjunto de factores de sustentabilidade de desenvolvimento para o que são estratégicos a inovação tecnológico organizativa, o sistema de informação, a capacidade de controlo de mercado e os mecanismos de regulação social, combinando de forma criativa concorrência e cooperação. Para que um meio seja inovador é necessário que exista: a) Troca de informação, estrutura em redes mais ou menos formais que favorecem novas oportunidades de negócio. O “meio” permite avaliar a informação quer na base de confiança, quer pela possibilidade de “contra-verificar” essa informação. b) Uma concertação relativamente sistemática entre diferentes empresas com competências diversas. O “meio” desenvolve, assim, um espaço de transacções a baixo custo, suportado por uma identidade colectiva que garante a coerência do território e uma solidariedade territorial, dando origem a relações de cooperação-concorrência. c) O desenvolvimento de uma cultura técnica, baseada na partilha do conhecimento e do saber, criando um processo de aprendizagem e inovação colectiva.

31 Estas abordagens enfatizam as características do meio como determinantes do desenvolvimento, pelo que estas não são facilmente reprodutíveis em que a política se orienta preferencialmente para a inovação, a formação e a promoção do espírito empresarial. Os factores imateriais de desenvolvimento ganham todo o relevo nas abordagens do desenvolvimento territorial. As abordagens territorialistas tendem a enfatizar o papel das pequenas e médias empresas independentes e as redes que elas constituem.

32 As localizações não acontecem por acaso, desde uma estrada, uma fábrica ou um supermercado.
Todas as localizações são um objecto de um processo de decisão que pode pretender maximizar um rendimento ou outro valor, ou minimizar esforços, custos ou optimizar o saldo dos benefícios e dos custos seja qual for a escala ou a metodologia utilizada. O processo de decisão seja implícito ou explícito, é complexo porque os intervenientes são variados, de diversa natureza e actuam de forma multi-variada (indivíduos, famílias, empresas, actividades, governo), as decisões são interactuantes, a interdependência das escalas de análise e porque os recursos, agentes e actividades são na sua maioria dotados de mobilidade. As actividades económicas, sejam industriais, agrícolas ou de serviços, disputam o espaço, pelo que, uma localização depende do que a actividade estará na disposição de pagar para a ter. 1.3.Teoria da Localização

33 Neste âmbito há um conjunto de questões que se colocam:
-Como é que o espaço se reparte pelas várias utilizações possíveis? -Porque é que certas funções se localizam no centro da cidade e outras nos arredores? -Através de que mecanismos se decidem as várias ocupações do solo urbano? -Porque é que muitas vezes o valor dos solos é mais elevado no centro? -Quais os factores que determinam o preço do solo? -Porque é que algumas famílias optam por viver em moradias nos arredores enquanto que outras preferem os grandes prédios dos bairros centrais?

34 Os primeiros escritos sobre este tema datam do século XIX, tendo-se desenvolvido, desde essa altura, uma abundante literatura sobre teorias da localização e modelos de localização. Estes temas são também objecto da chamada geografia económica a qual, segundo Krugman (1999), ocupa-se de estudar onde a actividade económica ocorre e porquê, uma vez que, todos os fenómenos económicos têm lugar num espaço geográfico determinado. Os avanços do processo de globalização e integração económica em curso na economia mundial na última década do século XX trouxeram um interesse acrescido entre a comunidade cientifica em matéria relacionadas com as questões económicas espaciais. Trabalhos como o de Krugman (1991), Porter (1990), Fujita (1990), Isard (1998), Hewings (1999) e Nijkamp & Paellink (1998) contribuíram decisivamente para a consolidação dos fundamentos desta disciplina. Importa referir que há uma longa tradição de investigação nesta área como os trabalhos de Von Thünen (1826); Weber (1909), Marshall (1920), Hotelling (1929), Palander (1935), Hoover (1948), Perroux (1950), Lösch (1954), Moses (1958), Chinitz (1961), Vernon (1960), Christaller (1966), entre muitos outros.

35 Modelos de localização das actividades económicas
A localização das actividades agrícolas: O modelo de Von Thünen ( ) É para muitos o fundador da análise económica espacial, autor da teoria sobre a formação e estruturação do espaço agrícola, inspiradora de inúmeros estudos sobre a localização das actividades no espaço urbano desenvolvidos a partir de 1960. Von Thünen reflecte sobre a formação da paisagem rural na sua obra “O Estado Isolado nas suas relações com a agricultura e a economia nacional” (1826).

36 Na sua reflexão sobre o espaço rural, começa por enunciar as hipóteses que suportam a análise desenvolvida na sua obra, considerando que: Existe uma grande cidade isolada no meio de uma planície e um só mercado; A planície é um espaço de produção agrícola homogéneo e igual em toda a sua extensão, possuindo exactamente a mesma fertilidade em todas as partes e facilidades de transporte; O campo à volta da cidade fornece a esta todos os produtos alimentares recebendo desta os produtos manufacturados de que necessita; Os custos de transporte são uniformes e proporcionais ao peso e à distância e os custos de produção não variam no espaço; Cada produto agrícola tem um só preço de venda na cidade; O mercado permite a livre entrada de agricultores; Cultiva-se o produto que utilize o solo do modo mais vantajoso, isto é, aquele que proporciona a renda fundiária mais elevada; O objectivo de quem produz é sempre a maximização do lucro; Verifica-se informação completa sobre preços, custos de transporte e métodos de produção.

37 A renda fundiária O principio básico sobre o qual assenta a análise de Thünen é o conceito de renda fundiária, que no seu entender corresponde ao rendimento da exploração diminuído dos juros do valor das construções, cercas e de todos os outros objectos que podem ser separados do solo. De entre os factores que explicam a existência da renda fundiária assim definida, o autor atribui importância especial ao factor distância. O modelo baseia-se no principio de que os custos de transporte são a base explicativa dos diferenciais da renda no espaço. Assim, o único factor que podia diferenciar as condições de produção de duas explorações é o custo de transporte até à cidade, que será tanto mais elevado quanto maior for a distância a que a exploração se encontrar. O autor preocupou-se com o surgimento de diferentes rendas em resultado de diferentes localizações.

38 Além da distância, o autor considera que a origem da renda fundiária está associada também à possibilidade de os agricultores poderem, optar por culturas mais ou menos intensivas do solo. Para ele, as variações na renda do solo são devidas aos diferenciais de custo de transporte , em que a cultura com maior produção liquida por unidade de superfície faz um uso do solo mais intenso e localiza-se por isso mais próximo do mercado. Thünen conclui que a origem da renda nasce não só da vantagem que uma exploração tem sobre a outra em termos de localização, mas também,em termos de produção.

39 O modelo: O que sucede quando temos vários produtos agrícolas, exigindo processos de produção distintos e que disputam simultaneamente o mesmo espaço rural? Thünen irá concluir que o ordenamento das culturas se fará em círculos concêntricos à voltada cidade, e em função da renda fundiária associada a cada parcela de terra que é cultivada.

40 Segundo Thünen, na zona adjacente à cidade, encontramos a produção dos produtos mais perecíveis, nomeadamente os legumes e o leite. Nesse 1º circulo, onde as rendas são muito elevadas, pratica-se uma cultura intensiva, comprando-se na cidade a maior parte dos adubos. O inicio da 2ª coroa corresponde aproximadamente à distância onde deixa de ser vantajoso comprar na cidade os fertilizantes para as terras, optando os agricultores por os adubar com estrume produzido no local. É nesta área que se produz a madeira que é utilizada na cidade como combustível e para a construção civil. A razão principal é que sendo o custo de transporte da madeira oneroso mas constituindo esta um bem importante do qual a cidade não pode prescindir , o preço de mercado situar-se-á a um nível tal que permita à produção de madeira ocupar uma área não muito distante da cidade.

41 As três zonas seguintes correspondem a áreas em que se produzem sobretudo cereais, assim, no 3º circulo não há terras em pousio alternando-se culturas como o trigo, centeio, cevada, batatas, entre outros. No 4º circulo o centeio é cultivado com periodicidade de sete anos, alternando com a cultura de outros produtos e um ano de pousio. No 5º circulo pratica-se o afolhamento trienal das terras, cultivando-se num ano de cereais, no ano seguinte pastagens e deixando-se a terra em pousio no 3º ano. O 6º e último circulo, é uma área de criação de gado sendo comercializados na cidade produtos como a carne, o queijo, ou a manteiga que além doutras características, suportam viagens relativamente longas sem se deteriorarem. Para além do 6º circulo poderá ainda encontrar-se população dispersa.

42 O alargamento das hipóteses do modelo
Enriquecendo o modelo, Von Thünen reintroduz elementos que no inicio, tinha afastado e abre caminho a uma teorização mais complexa e mais exacta das utilizações da terra. A presença de um curso de água navegável (um rio) , ou de uma estrada importante, prolonga as áreas concêntricas em fusos situados ao longo dessas vias. A existência de várias cidades, as diferenças de fertilidade dos solos, a variação da fiscalidade, podem por seu turno deformar o modelo inicial. Repare-se que em qualquer destes casos de modificação de hipóteses, o essencial mantém-se, isto é, Thünen consegue demonstrar que a estruturação do espaço rural depende do modo como ele se articula com o centro urbano que abastece.

43 Ilustração do alargamento das hipóteses do modelo de Thünen

44 A teoria de Thünen na actualidade
Passados quase dois séculos sobre a sua publicação, é natural que se questione a sua aplicabilidade. Nos dias de hoje, relativamente ao passado, verifica-se uma drástica diminuição da importância relativa dos custos de transporte nos custos totais das empresas, agrícolas ou não, deixando de ser clara a importância do factor transporte na escolha das terras e dos produtos. O desenvolvimento tecnológico veio alterar as premissas, pelo que os sistemas de conservação actuais permitem abastecer qualquer grande cidade com leite e legumes provenientes de muito longe. O modelo de Thünen não constitui actualmente uma análise satisfatória para descrever a utilização agrícola da terra.

45 Que resta então nos dias de hoje da obra de Thünen?
A sua teoria encontrou na actualidade um segundo fôlego na área da nova economia urbana em que se faz uma analogia entre a formação da paisagem rural e a utilização do espaço intra-urbano: o conjunto de produtores agrícolas dispersos no espaço e obrigados a vender os seus produtos num único mercado, a cidade, são substituídos pelo conjunto de trabalhadores e as suas famílias obrigados a deslocar-se diariamente para os seus empregos que se supõem estar todos concentrados no centro da cidade; Supõe-se que a cidade é servida por um sistema de transportes radial; O espaço é homogéneo e o solo está disponível para uso residencial; Cada individuo tem uma função utilidade e não existem externalidades; O modelo permite estabelecer as condições óptimas para a localização residencial de cada individuo e as condições de equilíbrio do conjunto de indivíduos; - É o modelo onde se inscreve a análise da utilização do espaço intra-urbano.

46 Generalização do modelo a outras actividades económicas
A relação apresentada para as produções agrícolas pode generalizar-se para o conjunto de sectores da economia. A empresa cujo rendimento por hectare for o mais elevado será a primeira a localizar-se no centro. Quanto maior for o rendimento do solo que um utilizador obtiver e quanto mais sensível ele for aos custos de transporte mais disposto estará a pagar para aí se instalar. A produção de consultas num escritório de consultores em gestão , não exige muito espaço. Alguns metros quadrados são suficientes para instalar os empregados, classificar os documentos e arrumar os computadores. No outro extremo, um criador de gado, necessita de vários quilómetros quadrados para produzir rendimentos equivalentes.

47 O espaço tende a ser utilizado mais intensivamente no centro decrescendo a intensidade de utilização em todas as direcções para a periferia. Os sectores económicos utilizadores de menores quantidades de solo (por ex. os que possam funcionar em construções em altura) tenderão a localizar-se mais perto do centro, enquanto os utilizadores extensivos de solo tenderão a localizar-se na periferia. É de esperar encontrar escritórios numa localização central, por exemplo a baixa, vindo as fábricas em seguida e bem mais longe as grandes explorações agrícolas.

48 Curvas de renda e utilização do solo urbano
Generalizando os conceitos de rendimento e de custo de transporte, é possível elaborar um modelo completo de utilização do solo para um espaço urbano. Numa cidade hipotética podemos observar que o centro está ocupado em primeiro lugar por escritórios e lojas especializadas, seguidos por actividades industriais ligeiras (confecções, artes gráficas) e por algumas funções de armazenamento e de distribuição, depois há as zonas residenciais, zonas industriais e, finalmente, terras consagradas à agricultura. Curvas de renda e utilização do solo urbano

49 A localização da indústria: O modelo de Weber
O nome de Alfred Weber ( ) marca o pensamento da história económica espacial, sendo frequentemente considerado como o fundador do modelo de localização industrial. Por definição as empresas são móveis, podem localizar-se em qualquer ponto do espaço, no entanto, do ponto de vista dos custos de produção, os locais não são equivalentes, existindo um local preciso onde a produção se realizará ao custo mínimo. A produção precisa de inputs (entradas), como as matérias-primas, a energia e a mão-de-obra, entre outros factores, e o produto acabado ou semi-acabado (output, ou saída) deve ser vendido no mercado. Deste modo, cada estabelecimento encontra-se no centro de uma rede de fluxos.

50 Localizar uma produção industrial é escolher o local óptimo para maximizar o lucro, que constitui o objectivo de todos os empreendimentos económicos. Weber estudou empiricamente a evolução da localização das industrias na Alemanha entre 1860 e 1895. Na sua obra “Sobre a localização das industrias 1909”, dá uma resposta global a esta questão. Este autor sugeria então que haveria três factores que determinariam a localização da empresa industrial: O custo de transporte; Os custos do trabalho; As vantagens associadas à aglomeração (economias de aglomeração).

51 Assumiu um quadro de hipóteses relativamente restrito mas apropriado à economia da época:
-um país isolado; -consumidores concentrados em centros urbanos pré-determinados; -mercados perfeitamente competitivos; -custos de transporte uniformes em termos de preço/distância; -certos recursos naturais, água e materiais de construção; -certos recursos localizados, energia e matérias-primas industriais; -factor trabalho disponível apenas em certos lugares.

52 Esquema de localização de Weber
Weber concluía que os custos de transporte ditariam, em larga medida, a localização da empresa. Em termos mais concretos, o autor sugeria que, na medida em que os custos de transporte constituíssem uma parte considerável dos custos totais, a localização das empresas resultaria da ponderação entre os custos de transporte por unidade de distância da matéria-prima e do produto transformado. Parte de um esquema triangular, em que cada ângulo representa um elemento da produção: energia, matéria-prima, mercado de consumo. Pressupõe os custos de transporte proporcionais à distância e ao peso, permitindo assim assimilar os pesos a transportar as forças, o que transforma o problema numa equação matemática (mecânica clássica ou geométrica) em que procura o ponto de equilíbrio correspondente à localização óptima. Neste modelo a empresa é racional, pelo que procurará localizar-se onde tiver melhores perspectivas de lucros máximos.

53 Esquema de triangulo de localização de Weber
Dados A, B e M, a empresa irá decidir a sua localização em função dos seus custos totais, os quais envolvem não apenas os custos com os inputs mas também os custos de transporte para o mercado e para as fontes de origem dos inputs ou matérias-primas. Graficamente, o ponto onde os custos totais se minimizam é o ponto K, pelo que será aí que a empresa se deverá localizar. Tal estratégia expressa-se na maximização dos lucros, pelo que a localização que assegura lucro máximo à empresa é aquela em que os seus custos totais são minimizados, isto é, em que a soma total dos inputs com o total dos custos de transporte são minimizados. Esquema de triangulo de localização de Weber k

54 Weber não tardou a modificar o seu esquema inicial a fim de ter em conta, por um lado, a atracção exercida pelos centros de mão de obra vantajosos (diferenças nos custos de trabalho), e, por outro, as forças aglomeradoras (agrupamento geográfico dos produtores, provocando economias de aglomeração). Se o empresário se afasta do ponto óptimo definido pelos custos de transporte, é para realizar economias suplementares nos custos com a mão de obra, ou para aproveitar as economias de aglomeração. A economia assim obtida deve ser superior ao aumento dos custos de transporte provocado pelo afastamento do produtor em relação ao seu ponto óptimo.

55 k

56 A localização dos serviços: A Teoria dos Lugares Centrais de Christäller (1933)
Christaller (1933) na sua obra, ‘Die Zentralen Orte in Suddeutschland’ - ‘Os Lugares Centrais no Sul da Alemanha’, desenvolveu de forma dedutiva uma teoria para explicar o número de centros, a sua dimensão e distribuição no espaço. Mais tarde foi Lösch que desenvolveu novos contributos para a teoria dos lugares centrais. As empresas prestadoras de serviços mantêm as mesmas preocupações de localização que as outras unidades produtivas (agrícolas ou industriais). Porém, a natureza especifica dos serviços sugere a sua localização em lugares centrais que garantam volumes mínimos de procura. Deste modo, um lugar só será apelativo para a empresa se estiver associado a um mínimo de mercado que viabilize os investimentos realizados e a uma população que a ele possa aceder.

57 A construção da teoria dos lugares centrais está alicerçada num conjunto de pressupostos ou hipóteses simplificadoras: -A população distribui-se no espaço de forma homogénea; -A oferta encontra-se espacialmente concentrada num sistema de lugares centrais; -A procura de bens e serviços oferecidos nesses lugares é assegurada pela população que neles vive e pela da sua região complementar; -Os bens e serviços são de ordens de importância variável, avaliáveis a partir da frequência com que são necessários; -A ordem dos bens e serviços oferecidos num centro está associada à própria ordem de importância do centro ou lugar central; -Um centro que desempenha funções de ordem superior também desempenha as de ordem inferior.

58 A partir destes pressupostos é possível admitir que a melhor localização seria encontrada no centro geométrico de uma determinada zona. No entanto, há um limite natural, determinado : pelo limiar da procura (mínimo de procura que justifica a iniciativa da oferta do bem e serviço) e, pelo alcance do bem (custo ou esforço máximo que o comprador está disposto a suportar para efectivar a aquisição). Desta forma, a cada centro corresponderia um circulo, cujo raio seria determinado pela ponderação entre a força de vontade do consumidor de frequentar esse centro e o seu esforço de deslocação, medido pela distância ou custo de transporte.

59 Quando o esforço associado à deslocação iguala a força de vontade do consumidor, está encontrado o limite do circulo. Com o aparecimento de novos centros inicia-se um processo de sobreposição parcial dos círculos que dará origem a zonas de configuração hexagonal, pois os consumidores escolherão certamente o centro que minimize o seu esforço de deslocação. Os pontos de sobreposição correspondem a zonas de indiferença para o consumidor aí localizado.

60

61 A hierarquia urbana segundo Christaller
Assim, se constituiria, a hierarquia urbana, das metrópoles dotadas de ópera, até às aldeias com uma mera mercearia. A cidade é um lugar central. Christäller distingue sete níveis nesta rede hierarquizada e organizada: Através de uma construção geométrica simples , Christäller definiu igualmente (a partir de observações feitas no sul da Alemanha) o número dos centros, as distâncias entre os diferentes centros, as áreas de influência, os volumes de população envolvidos. A hierarquia urbana segundo Christaller

62 A natureza diversa do serviço prestado determinará uma hierarquização, consoante as funções desempenhadas pelas empresas sejam de maior ou menor alcance das populações. Nas cidades pequenas, os serviços disponíveis são simples (alimentação, vestuário, etc.) e servem uma população restrita. Nas cidades grandes, encontramos os serviços e bens mais sofisticados (ensino superior, ópera, comércio de luxo, etc.), com uma vasta zona de influência.

63

64 Porquê uma hierarquia, um sistema ordenado?
Os lugares centrais, no entanto, podem ser de tamanhos diferentes. Quanto maior for a população a abastecer e de mais longe vierem os clientes, mais importante será um lugar central. o resultado deste processo é uma hierarquia de lugares centrais de tamanho diferente. Porquê uma hierarquia, um sistema ordenado? A resposta está nas condições de produção, na frequência do consumo dos diversos bens e serviços e na importância orçamental da despesa. É possível construir uma hierarquia de bens e serviços. O conceito de hierarquia aplica-se sobretudo ao sector terciário (lojas e escritórios). Fala-se, assim, de serviços superiores (ou sofisticados) e de serviços banais. O consumidor está disposto a ir mais longe para adquirir uns produtos do que outros: nem todos os bens e serviços têm a mesma importância, sendo possível, portanto, hierarquizá-los.

65 Se quiser comprar um bem durável, que não se adquira todos os meses (tal como um automóvel ou um frigorifico), o consumidor está geralmente disposto a deslocar-se para longe para obter um melhor preço. O mesmo raciocínio se aplica aos serviços escassos: médicos especialistas, advogados, dentistas, etc., cuja qualidade tem muitas vezes mais importância que o preço. Para arranjar pão (compra quotidiana) ou ir ao sapateiro, é pouco provável que o consumidor se disponha a andar muito. Dizer que o consumo é frequente acaba por ser o mesmo que dizer que os custos de transporte são elevados. Em qualquer território habitado, espera-se, portanto, ver mais padarias ou sapateiros do que consultórios de médicos especialistas ou retalhistas de frigoríficos. As hipóteses de encontrar por perto um hospital especializado são muito menores do que encontrar um quiosque de jornais ou uma mercearia.

66 Áreas de mercado complementares num sistema de lugares centrais

67 Redes urbanas e áreas de influencia
Construamos agora a paisagem económica. Aqui e ali, as actividades de ordem idêntica vão agrupar-se, começando pelos produtos do fundo da hierarquia (cujas áreas de mercado são mais pequenas), para dar lugar a uma rede de pequenos lugares centrais. Estes pequenos burgos, relativamente próximos uns dos outros, apenas oferecerão os bens e serviços mais banais: mercearia, padaria, posto de combustíveis, café… O escalão seguinte da hierarquia dos lugares centrais, composto por cidades maiores, oferecerá todos os serviços dos pequenos burgos, mais os serviços de ordem superior. Cada lugar central de uma dada ordem (de ordem A, por ex.) oferecerá todos os bens e serviços dos lugares centrais de nível inferior (A a D), mais os que são próprios da sua ordem.

68 A junção das diferentes áreas de mercado forma uma paisagem económica em forma de rede de hexágonos sobrepostos. Cada habitante do território está no interior de um sistema de zonas múltiplas. A área de influência dos centros de ordem inferior insere-se na dos centros de nível superior. A zona de influencia da cidade que ocupa o topo da hierarquia (ordem A) engloba a do conjunto dos outros lugares centrais do sistema. Esta cidade é também a única a oferecer os serviços mais especializados de ordem superior. Quanto mais os serviços oferecidos pelo lugar central forem de ordem elevada, maior será a distância que os separa dos outros lugares centrais de ordem semelhante. Vemos na figura que há maior distância entre as cidades de ordem B do que de ordem D .

69 Limites da teoria dos lugares centrais
Há uma hierarquia urbana em todos os países do mundo, embora ela nunca seja perfeitamente igual ao modelo. São várias as razões que fazem as hierarquias urbanas afastar-se do modelo ideal: A) a geografia do país (por causa de rios, montanhas, etc.) afasta-se significativamente da planície homogénea; B) os obstáculos institucionais (fronteiras administrativas ou culturais) entravam a integração do espaço económico do país; C) o poder de compra (rendimentos por família) e as preferências de consumo não são homogéneas em todo o território; D) a localização das actividades não comerciais (instalações militares, função pública, instituições religiosas, etc.) obedece a uma lógica diferente da dos lugares centrais; E) o impacto das infra-estruturas (sobretudo de transporte) sobre as decisões de localização; F) o impacto das economias ou deseconomias de aglomeração vão contra o modelo; G) a indústria transformadora não se integra necessariamente em modelos de localização do tipo dos lugares centrais, o que também é verdade para determinadas actividades do sector terciário moderno.

70 A localização das actividades de escritório e do terciário superior
Polèse refere que cada sector de actividade que nasce como hoje a informática e, amanhã outro qualquer, terá o seu próprio perfil geográfico. Defende igualmente que nesta hegemonia do sector terciário nas cidades, convém distinguir o sector terciário “tradicional”, o qual formado principalmente por lojas (comércio a retalho) e serviços pessoais (juridicos, médicos especialistas, dentistas, cabeleireiros, cafés) , do terciário mais moderno. A terciarização das economias ocidentais é devida a uma nova categoria de actividades a que podemos chamar terciário superior, ou sector da informação, portanto a passagem para actividades que têm por objecto a prestação de serviços e a produção de bens intangíveis. Este fenómeno está ligado ao progresso dos conhecimentos e às inovações tecnológicas, onde os processos modernos de produção exigem cada vez mais saber-fazer, capital intelectual sob a forma de actividades de consultoria, de concepção, de investigação e desenvolvimento (serviços à produção).

71 As designações de terciário superior, terciário motor ou actividades de escritório, incluem os serviços às empresas, serviços à produção, serviços de intermediação, ou seja, destinados a outras empresas, tratando-se de actividades com forte incorporação de informação e capital intelectual, podendo abranger uma gama diversificada de serviços à produção: consultoria de administração, agências de publicidade, bancos de investimento, companhias de seguros, sociedades de gestão de activos financeiros, gabinetes de contabilidade, outros gabinetes de aconselhamento técnico e científico, etc., cujos inputs e outputs são intangíveis. Parece que este tipo de actividades, localizadas nos centros das cidades, precisa de estar mais concentrado espacialmente que as tradicionais actividades de manufactura. Estas actividades são consumidoras de informação, compram, transformam e vendem informação, têm uma natureza que é baseada na utilização intensiva de informação e conhecimento. Estas trocas implicam custos de comunicação e de transacção, pelo que as empresas do terciário superior têm tendência a instalar-se em sítios que minimizem estes custos com a informação.

72 Orientação geográfica das actividades de escritório
As suas escolhas de localização serão feitas em função de dois recursos principais, a existência de mão-de-obra especializada e os custos com a informação. Isto explica porque este tipo de actividades se situe em grandes cidades, beneficiando da sua diversidade e, portanto, de economias de aglomeração. O triângulo de localização seguinte esquematiza as escolhas que se abrem às empresa, as quais sofrem a atracção dos três pólos. Orientação geográfica das actividades de escritório

73 Podemos ter diversas situações consoante a natureza dos serviços em causa:
- Para as actividades cujo serviço final é pouco sensível à distância e com custos de produção muito sensíveis à diversidade dos subcontratados estabelecidos na proximidade, será o pólo I o mais atractivo, com serviços exportáveis como: concepção de serviços de computador; produção de filmes e emissões de televisão; sociedades de investimento e de gestão de carteiras de títulos; cuja prestação do serviço não exige necessariamente que uma pessoa se desloque e a centralidade influência menos as escolhas de localização; - Para as empresas que têm mercados mais espacialmente mais diversificados com um sector de economia intensivo em informação e cujo produto seja exportado em grande escala terão tendência para se dirigirem mais para cima na hierarquia urbana (para as maiores cidades) à medida que o seu mercado se estende e que a sua função de produção assenta numa rede cada vez mais diversificada de serviços especializados (polo M);

74 L será o pólo determinante no caso da produção estar baseada em bacias especializadas de mão-de-obra onde as possibilidades de substituição são pequenas como o exemplo de actividades com importante conteúdo técnico - investigação e desenvolvimento, laboratórios; e actividades que se baseiam em recursos humanos moveis atraídos por uma qualidade de vida especifica – quadros, profissionais, artistas; Para um escritório cujos custos de comunicação do serviço final ao cliente sejam elevados (ex. gabinete de contabilidade) ou qualquer serviço que exija numerosos contactos e reuniões com o cliente, o custo de acesso ao mercado é determinante, pelo que, este tipo de actividade localiza-se em função da procura, portanto, uma distribuição espacial que se ajusta ao modelo dos lugares centrais, seguindo este critério uma parte importante das empresas do terciário superior. Polèse refere o exemplo de Paris como uma cidade que ocupa o primeiro lugar nos três cantos do triângulo, assim, para a sede social de um grande banco francês, é o ponto central do mercado, o ponto que oferece o máximo de serviços especializados e o lugar em que grande número de quadros prefere viver.

75 1.4.Movimentos de localização das actividades económicas na transformação dos espaços urbanos
A propensão relativa do sector terciário em crescimento para procurar localizações centrais faz com que a terciarização das estruturas de emprego progrida mais rapidamente nas grandes cidades onde, em corolário, o declínio (êxodo) do sector industrial é mais notório. À medida que se observa um novo estádio de desenvolvimento podemos observar uma reestruturação espacial das actividades nas cidades. A terciarização das economias urbanas é acompanhada por uma redistribuição geográfica das actividades económicas no interior das cidades. Podemos observar movimentos de concentração e outros de expansão física da cidade, consoante as pressões exercidas sobre os diferentes pontos do espaço urbano, onde é possível identificar ciclos urbanos com fases sucessivas de urbanização, de suburbanização e de reurbanização.

76 A terciarização das estruturas de emprego afecta todas as grandes cidades do mundo industrializado.
Pode observar-se nos países industrializados uma deslocação das actividades industriais das zonas centrais da região urbana para os arredores e subúrbios das zonas urbanizadas, o que se reflecte nas respectivas estruturas de emprego. À medida que isso acontece, avança a terciarização nas zonas centrais das regiões urbanas. O centro destas regiões continua a crescer apesar das deslocações para a periferia, o que se deve ao facto de uma parte mais do que proporcional do emprego dos sectores mais dinâmicos continuar a localizar-se no centro.

77 Estas deslocações dentro do território nacional podem ser analisadas em escalas diferentes onde se distinguem três níveis de deslocação segundo as dimensões do espaço em que têm lugar: -Suburbanização Representa os movimentos das actividades económicas da parte central da região urbana para as zonas periféricas, os quais à escala do país não modificam as relações de concentração ou de descentralização entre regiões ou diferentes aglomerações urbanas. -Desconcentração Representa as deslocações que vão para lá do perímetro de suburbanização mas que permanecem dentro de um raio limitado, que se estabelece a partir de um perímetro correspondente a uma hora de viagem a partir do pólo central, pode também falar-se neste caso de descongestionamento ou movimentos peri-urbanos. -Descentralização Designa as deslocações que ultrapassam o perímetro de desconcentração e que se dirigem portanto, para as regiões mais afastadas.

78 A distância é um factor com diferentes impactos para o sector terciário e para o secundário.
Verifica-se que as indústrias tradicionais estão a deixar as cidades, enquanto que as indústrias modernas ou de alta tecnologia devido à sensibilidade em relação aos custos de informação que incluem o acesso a uma mão de obra dotada de formação especifica não podem em geral localizar-se demasiado longe das grandes metrópoles, para estas a proximidade da grande cidade continua a ser um factor determinante. Assim, refere um processo de expulsão-sucessão pelo qual as actividades em expansão empurram as outras para as periferias ou ainda para mais longe, uma vez que procuram localizações centrais e são utilizadoras mais intensivas do espaço urbano. Refere que se verificam duas forças contraditórias: -Um movimento de centralização com especialização cada vez mais acentuada dos centros no terciário superior; -Um movimento de descentralização com a expansão dos subúrbios e o êxodo das indústrias para localizações peri-urbanas.

79 Desta forma, o espaço económico e social continua a transformar-se em função da reorganização espacial dos empregos e das populações à medida que evoluem as tecnologias e as estruturas económicas. As actividades económicas que exigem e utilizam intensivamente informação, conhecimento e capital intelectual parecem influenciar a reestruturação espacial das actividades nas regiões urbanas. A relação entre os indivíduos e o território influencia e é influenciada por mutações sociais, económicas e tecnológicas. Desde os primórdios da sedentarização que a questão territorial tem constituído factor de desenvolvimento humano, ao mesmo tempo que é, provavelmente, um dos mais significativos factores de instabilidade e conflitualidade local e global.

80 1.5.Centros urbanos, funções e hierarquização
Caracterização geral dos centros urbanos Cidade Genericamente uma cidade é um lugar onde a densidade populacional é elevada. É também um lugar onde a relação entre diversos factores, principalmente capital e o solo, são elevadas na produção de serviços residenciais, comparadas com áreas vizinhas. As pessoas trabalham normalmente perto das próprias residências e as cidades são por isso consideradas por densidades de emprego e de produção de bens e serviços elevados. Em termos genéricos, a cidade pode ser caracterizada como um lugar em que o solo é utilizado intensivamente, onde as relações de produção e dos factores de produção por unidade de superfície são mais elevadas do que nas áreas circundantes.

81 Os rendimentos monetários estão correlacionados positivamente com o tamanho das cidades e consequentemente também o custo de vida, quanto maior for a cidade maior vai ser o custo de vida. Isto não significa que as famílias estejam melhor nos grandes centros, em termos reais. Em relação aos níveis de inflação esta é geralmente mais alta nos grandes centros, ou seja, os preços aumentam mais rapidamente nas cidades, e estas apresentam também normalmente uma taxa de desemprego mais elevada. Mas, As grandes concentrações populacionais têm sido igualmente as que mais têm chamado a atenção para os mais graves problemas sociais: pobreza, desemprego, carências habitacionais, crime, vandalismo, problemas sociais e ambientais, desta forma, as desigualdades em geral são mais gritantes em meio urbano. Em relação às grandes concentrações, mais importante que o volume populacional é sim a densidade populacional (a densidade tem a ver com factores de muito variada natureza como a idade dos centros e a sua evolução ao longo dos tempos). A maior parte das deseconomias urbanas, como é o caso da poluição e do stress, são produto da densidade populacional, assim, a eficiência urbana depende mais da estrutura espacial do que propriamente da dimensão dos centros.

82 Funções e hierarquização
Em termos de dimensão podemos encontrar centros de dimensão pequena, média, grande e muito grande aglomerados de várias dimensões aldeias, vilas, cidades pequenas, médias e grandes, áreas metropolitanas; É sempre de admitir que o número de centros diminua á medida que aumenta a sua dimensão. Funções e hierarquização Podemos caracterizar um sistema de centros não só a partir da dimensão das unidades que o compõem mas, também a partir das funções que estes desempenham; Analisar a distribuição das cidades segundo a dimensão é limitado pois pode não considerar o papel que os vários centros devem desempenhar no espaço (funções); Por maior que seja o grau de especialização de um centro, nunca ele desempenhará apenas um tipo de função.

83 A análise funcional tem muito interesse e a partir dela se podem discutir matérias como os limiares de aparecimento das funções e instalações de equipamentos.

84 A importância dos centros urbanos pode ser avaliada sem ser pela população (densidade populacional) ou pela distância (estrada que une os centros), podendo ser avaliados de outra forma (utilizando-se o tempo, ou o preço dos transportes por exemplo). A importância do centro e as distâncias hão-de logicamente explicar os fluxos que se realizam no espaço. Concretamente, se o objectivo é analisar a cobertura em relação aos equipamentos de saúde, mais concretamente em relação aos hospitais com serviço de urgência, e se for considerado que ninguém deva estar, por exemplo a mais de duas horas desse equipamento, fácil será partir do tempo para a distância e com base nela avaliar a cobertura efectiva do espaço pelos equipamentos dos centros. Pode no entanto ir-se mais longe, para considerar não apenas o tempo (ou distância), mas também a disponibilidade de transporte. Mas para os equipamentos de comércio a retalho, ou cultura, por exemplo, fará mais sentido trabalhar com funções de acessibilidade, que consideram conjuntamente a disponibilidade de transporte e a distância, ou variáveis suas equivalentes.

85 Os centros desempenham cada vez mais, funções terciárias, que são as mais susceptíveis de hierarquização: Educação, Saúde, Administração e Comércio, qualquer destes tipos de funções, são plena e eficientemente executados, a sua natureza, interligação e complementaridade respeitam a organizações de tipo hierárquico. Se as funções são hierarquizáveis, os centros que as desempenham são igualmente susceptíveis de hierarquização, tal como as suas áreas de influencia. Verifica-se que os centros que desempenham funções de ordem superior, desempenham também, em principio, as de ordem inferior e mais algumas, de importância mais elevada (principio organizativo dos lugares centrais)(ex: Função “Educação”: praticamente todos os “centros” tem ensino básico, alguns, menos tem ensino secundário, sem deixar de ter o básico, ainda outros, mas também menos ainda tem ensino superior, que tem secundário e básico.) A organização hierárquica dos centros é o caminho mais eficiente para organizar a produção e a distribuição em termos espaciais. A rede urbana hierarquizada tem um número importante de funções a preencher no âmbito nacional, podendo alcançar uma distribuição espacial eficiente em relação ao aproveitamento e uso dos recursos, e estabilidade.

86 A hierarquia urbana pode ser um instrumento indispensável numa política de crescimento (inovação e sua difusão nomeadamente em termos de gestão, criação e lançamento de novas actividades, dispersão de efeitos para as periferias, organização da produção) permitindo tirar vantagens da especialização, da divisão do trabalho e da diferenciação da economia, permitirá que cada centro possa desempenhar adequadamente à dimensão da região que serve directamente, às características dessa mesma região e ao lugar que ocupa na hierarquia urbana, as funções que lhe são cometidas. A organização hierárquica dá operacionalidade aos aspectos funcionais e ainda dois conceitos operativos básicos que se prendem com o Limiar da procura e com o Alcance dos bens a serviços centrais. São estes dois últimos conceitos – a que na terminologia de Christaller corresponderiam as designações de limite inferior e limite superior, que importa de facto explorar na perspectiva da organização espacial pela via da rede de centros: -O primeiro, o do limiar mínimo da procura que justifica a oferta do bem ou serviço (a função) é de carácter marcadamente económico; -O segundo, o alcance, distância a custo máximo que o comprador está disposto a suportar para efectuar a aquisição , isto é, para recorrer á função, é, ou pode ser considerado de natureza eminentemente social, sobretudo quando as preocupações se situem ao nível das funções destinadas a satisfazer as necessidades básicas.

87 1.6.A Evolução do fenómeno urbano
A “Urbanização” , a “ Suburbanização” e a “Desurbanização” fazem parte do processo urbano podendo ser apresentadas como estádios a que se sucede um movimento recente de retorno ao centro que se pode designar de “Reurbanização”. A dinâmica espacial urbana não se manifestou por todo o lado da mesma forma ou ao mesmo ritmo e em função também da maneira como os agentes do processo urbano – famílias, actividades económicas, governo – nele tem intervido na procura do aumento do bem-estar social. No que diz respeito á evolução da estrutura da economia, esta engloba diferentes fases: A primeira corresponde á transição das formas de organização social predominantemente agrícolas para as industriais. A segunda menciona a transição destas para as terciárias e por último, a “Terciarização” e “Pós-terciário”.

88 Fases de evolução do fenómeno urbano

89 Urbanização A 1ª fase corresponde á tradicionalmente designada por urbanização, a qual em termos espaciais, se caracteriza pelo facto de se verificarem excedentes de mão-de-obra nas áreas rurais, os quais procurarão absorção na indústria, localizada nos aglomerados mais importantes. Nos tempos em que estes movimentos foram mais expressivos, quer os níveis das remunerações, quer o número de horas de trabalho diário, quer as características dos meios de transporte, não permitiam as pessoas viver muito afastadas do seu local de trabalho, donde a formação de grandes concentrações populacionais, em paralelo com o decréscimo da população rural. Um tal processo foi típico nos países da Europa após a revolução industrial, mas que na maioria deles aconteceu no Sec. XIX, nalguns veio a verificar-se mais tarde, após mesmo a segunda grande guerra, naturalmente com diferenças mais ou menos acentuadas. A existência da concentração populacional, com as vantagens que lhe resultavam da aglomeração, não só viria a facilitar a industrialização como dela viria a beneficiar em termos de crescimento. A evolução traduziu-se em grandes concentrações de equipamentos: os equipamentos produtivos e residenciais primeiro; os equipamentos de serviços depois, embora conduzisse a profundas desigualdades sociais, inerente ao processo de melhoria de condições de vida face ao meio rural saturado.

90 Suburbanização A elevada concentração de equipamentos e pessoas, as profundas desigualdades económicas, as condições residenciais precárias, a deficiente cobertura dos equipamentos terciários em geral justificou uma maior dispersão das populações e dos equipamentos produtivos. Em resposta à urbanização que veio de par com a revolução industrial, em que a prioridade era dirigida para o emprego, assiste-se nesta fase a um sublinhar prioritário das condições de habitação e do ambiente em geral, a exigirem mais espaço e dispersão dos equipamentos, e a que o transporte motorizado veio a dar viabilidade. Com o movimento para os subúrbios produziu-se um novo tipo de comunidade, apenas uma multidão informe de casas sempre iguais, inflexivelmente alinhadas, a distâncias uniformes, ao longo de ruas sempre iguais, habitadas por populações dos mesmos extractos sociais (…). Deste modo o efeito da fuga suburbana é, ironicamente, no nosso tempo, um ambiente monótono de má qualidade de onde a fuga se tem revelado impossível”. O subúrbio abre-se para a invasão da habitação de recursos, sem suporte em equipamentos terciários de apoio minimamente válido, transformando-se em “dormitório “. A distância é para ser vencida em transporte motorizado, que veio ilusoriamente criar acessibilidade e facilitar a dispersão.

91 o transporte público colectivo é apenas mais uma das infra-estruturas que não acompanha o ritmo da expansão, o transporte particular toma o seu lugar, com longos períodos de viagem, congestionamento psicologicamente doloroso, custos económicos que dificilmente serão compensados pelos diferenciais da renda da habitação; questões que resultam agravadas quando os horários em meio urbano se apresentam coincidentes para grande número de trabalhadores. Este é o subúrbio, forma quase-dualista de ocupação de cada vez maiores extensões de espaço determinada pela expansão urbana. Ainda que a suburbanização não trouxesse outros problemas, os resultantes do tráfego haveriam de determinar, só por si, novas orientações á dinâmica do urbanismo. Já que tanto os lugares de trabalho como os de fornecimento dos bens e serviços essenciais vêem a sua acessibilidade negativamente afectada pelo congestionamento. A melhoria das infra estruturas e o estimulo ao uso do transporte público são as medidas tradicionalmente procuradas para enfrentar a situação, embora ambas acabem por sacrificar o centro urbano, pelo menos indirectamente, levando a que, não podendo esperar-se melhor resposta da suburbanização, a população se desloque para distâncias maiores, nessa maior dispersão se encontrando a característica de base da terceira fase do processo urbano: A Desurbanização.

92 Desurbanização Com efeito, a melhoria das infra-estruturas impõe a necessidade de: ocupar áreas significativas com novas vias de acesso; de modificar o traçado urbano; de dispor do solo para parques de estacionamento. Muito do espaço necessário será retirado aos bairros tradicionais mais antigos da cidade o que, juntamente com a necessidade de modernizar e reconstruir os “centros” (urbanos) leva a população que aí vive a procurar os arredores engrossando as camadas suburbanas e deslocando-se para distâncias maiores. As medidas que se adoptem em relação ao estimulo á utilização dos transportes públicos não deixarão de resto de contribuir também para o abandono da cidade, porque se por um lado facilitam o movimento reduzindo o congestionamento, por outro criam condições mais favoráveis de acesso da população aos subúrbios e para além deles, e incentivam a mobilidade residencial. A tendência para a suburbanização progressiva e a necessidade permanente de adaptar e estender as infra-estruturas e o sistema de transportes públicos, mesmo a custos elevados, manter-se-á normalmente enquanto os serviços virem vantagem em se localizar no “centro” – atitude que tende a perdurar por razões associadas á sua maior acessibilidade.

93 A consequência é sempre o aumento da procura do solo em meio urbano e o lançamento para mais longe de um maior número dos seus residentes. Este processo ameaça a existência da cidade, porque a pode afectar na sua própria prosperidade. A retirada dos habitantes reduz a necessidade de lojas, escolas, outros serviços, e se o “centro” permanece congestionado também chegará o momento em que os serviços se dispersarão na cidade ou procurarão mesmo os arredores, ou distâncias mais longas, se o preço do solo o justificar e a sua organização, mercê dos desenvolvimentos tecnológicos, o permitir. Neste movimento não é só a cidade, mas também os subúrbios, que perdem população, e até porque o desenvolvimento do subúrbio levará à procura de áreas rurais, mais distantes, onde possa realizar-se os sonhos que as manchas suburbanas já negam. O fenómeno peri-urbano, que começa por impor-se, não chega para enquadrar toda a dinâmica adquirida. A desurbanização é a fase de processo urbano a que foi conduzido e em que da descentralização intra urbana, ultrapassada, se chega à descentralização interurbana.

94 Reurbanização Fará sentido admitir um regresso ao “centro”, algo que possa corresponder a uma fase de reurbanização alternativa à desurbanização mais ou menos acentuada, acabada de referir? Na Europa ocidental tantos os governos centrais como os governos locais parece terem despertado para a possibilidade de fazerem reviver e restaurarem a sua imagem, recuperando e viabilizando o parque residencial, introduzindo programas de renovação urbana, controlando a poluição, melhorando as condições de tráfego automóvel e introduzindo melhorias nas infra-estruturas sociais. A tendência para a desurbanização nas grandes cidades parece demasiado geral e adquire um carácter cumulativo de tal modo vincado que só as aplicações de medidas de política muito vigorosas, poderá inverter a tendência registada. Nestas circunstâncias, a reurbanização como fase do processo não se afigura fácil de se alcançar, embora nesta como noutras matérias não se possa fazer afirmações definitivas. O objectivo principal é chamar de novo a população à cidade, um retorno ao centro, popularizando o gosto pela vida neste e a qualidade de vida que outrora se perdeu.

95 1.7.Usos do solo em meio urbano
O solo urbano pode ser considerado como as áreas construídas com os espaços abertos associados a elas. O solo é um recurso escasso imprescindível à cidade, que o “consome” e “utiliza”. É importante referenciar que o uso urbano (uso no solo) difere do uso rural (uso do solo), visto que consiste na utilização do espaço para acomodar as actividades humanas variadas que resultam da aglomeração populacional em certas áreas, havendo sub-espaços melhor adequados para usos específicos, desde o trabalho às compras, desde o dormir ao recreio e ao lazer em geral. A observação empírica revela mudanças de usos por vezes significativas no tempo, revelando igualmente o jogo de interdependências que os usos estabelecem entre si. O centro é o ponto de acessibilidade máxima dentro da cidade, que só raramente será o centro geográfico mas que permite a concentração das pessoas em relação aos diferentes pontos do aglomerado. A acessibilidade é um factor que interessa a todos, pessoas e actividades ao pôr-se o problema de decidir sobre a localização a adoptar. Os diferentes usos do solo revelam alguma organização e estrutura ao distribuírem-se no solo, estando normalmente associadas ao factor transportes, determinante da mobilidade que permite especialização dos usos em termos espaciais.

96

97 Todos os usos deverão preferir o “centro” donde se espera uma organização espacial de acordo com a capacidade de cada uso para pagar a localização de maior acessibilidade que será muito provavelmente, a de preço por unidade de superfície mais elevado. Os vários usos vão concorrer para a obtenção de solo dotado de certo nível de acessibilidade, ou seja, os vários usos definidos vão disputar o solo urbano, pelo que devemos dar atenção ao comportamento dos preços ou rendas de licitação que cada uso poderá proporcionar, dependendo da menor ou maior elasticidade da procura associada a cada um dos usos. Podemos observar a seguinte distribuição dos usos a partir do centro para a periferia: -comércio a retalho; -outras actividades comerciais e serviços; -habitação em prédio; -indústria; -habitação em moradia; -agricultura. Não será difícil admitir que seja por esta ordem, ou por ordem aproximada desta, que as actividades vão competir em processo de licitação para se localizarem no “centro” ou próximo dele, onde o solo será certamente do mais caro já que a acessibilidade é factor fundamental do sucesso do comércio a retalho e é-o ainda para outras actividades comerciais e de serviços; até pela qualidade do solo necessário, a concorrência por áreas próximas CBD, mais acessíveis mas por isso também mais caras por unidade de superfície, fica vedada à agricultura e de certo modo também à habitação individual.

98 1.8.Factores determinantes da renda urbana
A decisão de localização tanto das residências das populações como das actividades económicas, depende dos próprios agentes económicos (famílias e empresas) e dos factores que mais os influenciam na tomada dessa decisão. Os preços de licitação da empresa urbana Quando está em causa o agente económico empresas os factores mais determinantes na sua localização são: - A distância ao centro; - A acessibilidade, ao local dos clientes potenciais; A decisão de localização das empresas vai ser tomada a partir da estrutura: -Dos preços do solo em função da distância; -Da quantidade de solo necessária, por forma a retirar os lucros mais elevados da actividade a desenvolver (Os Lucros – podem ser definidos como o excedente do volume de negócios, depois de retirados os custos do solo e os custos operativos).

99 No entanto os factores mais determinantes serão:
A distância ao centro; A acessibilidade dos clientes potenciais; O número de concorrentes; As localizações dos concorrentes e o grau de intensidade com que disputam as vendas; A proximidade de solo destinado a usos complementares, no sentido de atraírem clientes potenciais e de reduzirem custos, sejam de produção, de distribuição ou outros; Os preços que podem ser praticados e o tipo de negócios que melhor pode ser efectuado na localização em causa. Verificando-se que a decisão de localização das empresas tem em conta certas dependências: O volume de negócios depende da localização da empresa e da quantidade de solo. Os custos operativos dependem ainda da localização (distância dos terminais de transportes e dos armazéns, por exemplo) e da quantidade de solo, além de serem também função do volume de negócios. A renda do solo dependerá da quantidade e dos preços em função da distância. Resumindo A decisão da empresa com vista à maximização dos lucros vai então depender basicamente da localização e da quantidade de solo.

100 Os preços de licitação dos usos residenciais
Quando está em causa o agente económico famílias, os factores mais determinantes na sua localização serão outros pois a motivação para a localização é diferente. A habitação representa o uso mais significativo do solo urbano e as populações tendem a viver em residências permanentes, em que gastam proporção elevada dos seus rendimentos disponíveis. Para além disso a área em que se mora também tem que ver: com as oportunidades de que se dispõe. com os problemas sociais envolventes. Não é de estranhar que a economia urbana tenha evoluído a partir da localização residencial, que nos anos 50 começou a merecer abordagem teórica sistematizada a partir do principio que o comportamento humano das famílias em termos de habitação teria de ser sempre no sentido de fazer a opção entre preços das rendas e custo dos transportes, jogando com a distância ao centro. Este comportamento “substitutivo” veio revelar-se determinante na sua tentativa de explicação dos padrões espaciais, tanto da localização das residências como no valor do solo.

101 A Teoria da Substituibilidade
Teoria da substituibilidade (trade off theory) – Wingo (1961) e Alonso (1964) terão sido os seus precursores; Muth (1969) e Evans (1973) a prolongaram. As hipóteses básicas desta teoria são quase todas familiares: -Uma cidade com um único centro onde se localiza o emprego; -Homogeneidade especial física com iguais facilidades de transporte para todo lado; -Inexistência de externalidades e adaptação sem custos ou com custos negligenciáveis do parque habitacional. Nestas condições, a decisão de localização da família passa a depender apenas dos custos de deslocação casa-emprego. Toda a tentativa de minimização destes custos se vai traduzir em acréscimo de procura de localizações perto do centro, que vai por sua vez resultar em custos do solo e rendas de habitação mais elevadas aí do que noutro qualquer ponto da cidade.

102 São os custos agregados e a sua minimização que vão determinar a decisão de localização; neles funciona o principio da substituibilidade: Poupar nuns significa gastar mais nos outros, embora não necessariamente nas mesmas proporções. Ou seja, as famílias podem optar ou por se localizarem no centro ou mais perto deste, suportando preços do solo ou rendas mais elevadas com custos de transporte e de deslocação ao centro mais baixos ou inexistentes; ou então preferirem localizações mais longe do centro, mais na periferia onde os preços do solo e as rendas são mais baixas e onde se tem acesso a maior quantidade ou disponibilidade de solo mas suportando depois custos (de transporte e outros) mais elevados inerentes às deslocações para o centro. O funcionamento da teoria é liminarmente simples. A família deve considerar como factores determinantes da sua decisão: -A quantidade de espaço de que necessita; -Os custos dos transportes que paga ou/e os custos associados à utilização de meio de transporte particular, a que deve juntar, -Os custos de oportunidade do tempo gasto nas viagens.

103 Da consideração do primeiro factor pode dizer-se que as necessidades de maior espaço devem levar a família para distâncias mais afastadas do centro, porque a poupança relativa por unidade de superfície aumenta com a distância e pode mais do que compensar o acréscimo de custos de transporte, de onde o verificar-se que as famílias maiores e as casas maiores aparecem com maior frequência com o aumento da distância. O terceiro factor é de consideração obviamente mais difícil do que os restantes, embora haja estudos empíricos que o têm situado, em termos unitários em torno de 25% do salário horário de quem se desloca. A partir dele e do segundo factor pode concluir-se que, no quadro da teoria, que se a procura do espaço for invariante às famílias com vários membros com idade activa, trabalhando, terão tendência a localizar-se próximo do centro donde o verificar-se que na periferia têm maior peso relativo as famílias em que só um dos seus membros trabalha. Parece no entanto incontroverso que a teoria varia em capacidade explicativa com a dimensão das cidades; e isto porque os factores económicos que determinam a escolha da localização por parte das famílias são apenas as diferenças nos custos da habitação e nos custos de transporte; se essas diferenças são pequenas como tende a acontecer nas cidades pequenas outros factores cuja importância pode não depender da dimensão serão eventualmente relevantes.

104 1.9.O mercado do solo urbano
Há já algumas décadas que em economia urbana se vem admitindo que o funcionamento do mercado se processa suave e eficientemente, assegurando que toda e qualquer parcela do solo é utilizada por quem esteja disposto a pagar a renda mais elevada, embora nos últimos anos se venha registando um movimento de reconsideração da teoria. Efectivamente já se começou a ponderar sobre as acções especulativas e como o preço do solo e a renda deixam de andar associados na presença da especulação. Na Alemanha, avalia-se entre 10% e 15% o solo retido nas maiores cidades com fins especulativos; Nos Estados Unidos, chega aos 24%, só nas cidades com ou mais habitantes, o que não pode deixar de ser considerado como causa importante das rendas. O solo é utilizado por quem licita mais alto, no entanto, há alguns aspectos a considerar que justificam o não funcionamento do mercado do solo urbano de forma eficiente: -Em 1º lugar – há a maior ou menor intervenção governamental pela via do planeamento – como processo regulador e controlador, restringem a oferta para determinados usos, colocando-a abaixo dos níveis em que se situaria se o mercado funcionasse livremente ( valor do solo tenderá a aumentar);

105 -Em 2º lugar – há as expectativas dos proprietários do solo, que podem levá-los a retê-lo apesar das ofertas se conformarem com o funcionamento do mercado; -Em 3º lugar – as mudanças nos usos do solo dependem em muitos casos de mudanças nos usos das instalações já existentes, e nas próprias instalações, o que pode justificar o afastamento dos preços relativamente aos preços correntes mais elevados; -Em 4º - os ocupantes do solo podem não estar dispostos a deslocarem-se ou serem deslocados, sem alguma compensação; -Em 5º - a propriedade afecta quase sempre o processo de desenvolvimento, no sentido da posse do solo; -Em 6º - a utilização é em particular a reutilização, do solo pode exigir a aquisição de parcelas de solo contíguas. A especulação pode ser definida em termos de expectativas diferentes para explicar e prever as relações entre a quantidade de propriedade existente no mercado em determinado momento e a taxa de crescimento dos preços dessa mesma propriedade.

106 2.Desenvolvimento Económico e Urbanização
Para que haja urbanização tem de se verificar: Aumento sustentado prolongado dos rendimentos per capita; Uma elasticidade-rendimento de procura inferior a um para os produtos agrícolas; A existência de economias de aglomeração na produção de produtos agrícolas. Urbanização Designa a passagem de uma sociedade rural para uma sociedade cada vez mais urbanizada O crescimento mais rápido das populações urbanas relativamente às populações rurais Taxa de Urbanização = _população urbana_ população total Crescimento Urbano aumento de população nas cidades

107 Evolução da população mundial do ano 1000 até ano 2000
-O aumento da população - Aumento da taxa de urbanização - Crescimento Urbano impressionante -Evolução das Cidades

108

109 Desenvolvimento Económico Urbanização
Desenvolvimento económico pode ser definido como um aumento sustentado e irreversível do rendimento real por habitante. O desenvolvimento económico implica uma evolução a longo prazo que não se reduz às variações conjunturais, baseia-se nas mudanças profundas da sociedade que, uma vez realizadas, são definitivas e, implica a passagem de uma sociedade de um nível inferior a um nível superior de bem-estar económico. A urbanização é uma consequência incontornável do desenvolvimento económico. Desenvolvimento Económico Urbanização Os aumentos sustentados do PNB (ou rendimento) por habitante fazem subir o nível de urbanização sobretudo nas fases iniciais do desenvolvimento; O PNB cresce rapidamente à medida que passamos de países muito pobres para países onde o PNB por habitante é bem mais elevado.

110 Grafio 1.3 pagina 33

111 Consumo alimentar e nível de PNB
Os aumentos do rendimento real por habitante implicam inevitavelmente mudanças, que começam por se manifestar nas estruturas do consumo e da procura nacional. Engel, diz que : ” a quota-parte do orçamento consagrada à alimentação diminui com o rendimento” Exemplo: Um canadiano consagra em média 11% do seu rendimento à alimentação, o que contrasta fortemente com 40% de um marroquino, ou os 57% de um cidadão do Mali.

112 Aumento da produtividad eagricola pag 39 1.4

113 O aumento da produtividade agrícola
O desenvolvimento económico e produtividade agrícola evoluem em conjunto; Nos países ricos obtêm elevado valor de produção – a quantidade de adubos usados são extremamente elevadas, rondam os 400 kg/hectare nos países ricos e 5kg/hectare nos países pobres; Estes números nos países pobres vão “impor” a inevitável deslocação de mão-de-obra para outros sectores da economia; Para uma família a atracção da cidade mede-se pelo ganho que cada membro, ficando ou partindo, lhe trará, tendo em conta os custos; Se a partida de um membro da família para: Campo render x euros por dia Cidade render x+2 euros por dia Enquanto estas diferenças subsistirem, o êxodo rural e a urbanização continuarão

114 As mudanças demograficas e tecnologicas
Grafico 1.7 pagim 46

115 Dimensões do crescimento urbanos nos PED
Os PED tem tido um maior crescimento urbano e mais rápido do que os países desenvolvidos. O crescimento das populações urbanas resulta do efeito combinado das taxas de urbanização e do crescimento demográfico. As actuais taxas de urbanização dos PED são comparáveis às taxas de outrora dos países industrializados.

116 Cidade e Desenvolvimento: conclusões
A urbanização é a tradução no espaço da afectação mais eficaz dos recursos entre a cidade e o campo; o resultado dessa eficiência acrescida é visível nos ganhos de produtividade que daí decorrem e, portanto, também num PNB por habitante mais elevado Pelo que, o desenvolvimento económico é inconcebível sem a cidade A cidade é condição essencial e necessária de desenvolvimento

117 A urbanização e a existência de cidades com uma certa dimensão são condições necessárias mas não suficientes do desenvolvimento económico As dimensões das cidades variam consoante as tecnologias disponíveis, as estruturas económicas do país, o lugar que ela ocupa na hierarquia nacional (…) O congestionamento e a poluição devem ser incluídos nas consequências indesejáveis da urbanização; A urbanização pode contribuir para a aceleração das inovações ambientais e para a internalização das externalidades negativas.

118 3.Externalidades e Economias de Aglomeração
Para designar as vantagens que as empresas, tanto públicas como privadas, extraem do se agrupamento espacial, os economistas falam de economias de aglomeração. Esta economias são formas de externalidades positivas e decorrem portanto, da localização de várias empresas no mesmo espaço. Trata-se pois, de ganhos de produtividade atribuíveis à aglomeração geográfica das populações ou das actividades económicas e consubstanciam-se também em níveis de rendimento por habitante mais elevados. Como a fonte de ganhos de produtividade se situa no exterior das empresas, no meio que as rodeia, fala-se de economias externas ou externalidades.

119 O conceito de externalidade está directamente ligado à noção de espaço geográfico, sendo o espaço tudo aquilo que nos envolve: o ambiente, a nossa vizinhança e o que se passa à nossa volta tem efeitos nos custos e nos benefícios das nossas acções. Apesar das economias de aglomeração serem difíceis de medir com exactidão, elas manifestam-se de mil e uma maneiras, tanto em relação a empresas como em relação a particulares como acesso a: - Melhores cuidados de saúde - Um melhor sistema de educação - As infra-estruturas menos caras - As redes de trocas - Os serviços públicos, que podem não existirem num meio não urbano.

120 Qualquer local tem externalidades positivas ou negativas
Qualquer local tem externalidades positivas ou negativas. Fala-se de economias externas quando forem positivas e de deseconomias externas quando estas são negativas. O conceito de externalidade também é um elemento central da economia do ambiente, que é directamente influenciado pelas deseconomias externas, como sendo a poluição e o congestionamento, entre outros. Se considerarmos a construção de uma rede viária local, a construção de uma rede de esgotos, a melhoria da qualidade da água (…), todos estes aspectos trarão externalidades positivas para os agente privados e públicos, uma vez que os ganhos obtidos não se reflectem directamente nos preços pagos por quem deles beneficia, admitindo que o custo das melhorias é suportado pelo governo central e não apenas pelos habitantes.

121 Num sistema que funcione perfeitamente, os preços, incluindo taxas e impostos, reflectem o impacto das externalidades, contudo, as relações entre custos e benefícios são por vezes muito indirectas, tornando-se difícil verificar a correspondência. Raramente é possível medir directamente as economias de aglomeração. Quando existem elas manifestam-se, em parte, através de uma produtividade mais elevada pois a aglomeração urbana tem um efeito positivo na capacidade de produção de muitos sectores da actividade económica, esse ganho de produtividade repercute-se nos salários, que em média são mais elevados nas grandes cidades. A melhoria dos processos de avaliação das externalidades (positivas ou negativas) e a inclusão dos seus efeitos no sistema de preços são dois dos desafios mais importantes da análise económica moderna.

122 Economias externas e internas
As economias externas resultam de factores externos à empresa, em relação aos quais esta não assume todos os custos, mas que apesar disso lhe trazem vantagens, mas que nem sempre se conseguem detectar as suas causas concretas. A origem destes ganhos situa-se no exterior do estabelecimento. No caso da economia interna, a origem do ganho de produtividade é habitualmente fácil de descobrir e de medir, pois os factores que a influenciam são interiores à empresa. A economia é devida a uma tecnologia interna à empresa, cujo impacto se reflecte directamente nos custos de produção (tecnologia – abrange tanto o equipamento e as máquinas como os conhecimentos e os métodos de gestão que estão na base da actividade produtiva).

123 Tipologia das economias de aglomeração
Economias de aglomeração na produção 1-Economias de localização As economias de localização ou de justaposição são ganhos de produtividade específicos de uma indústria ou de um conjunto de empresas relacionadas que são inerentes à sua localização. O termo indústria significa aqui um conjunto de estabelecimentos ou empresas do mesmo sector de actividade. As economias de localização ou de justaposição são internalizadas ao nível da indústria, embora sejam externalidades para as empresas que delas beneficiam. Os ganhos de produtividade são imputáveis à dimensão da indústria numa dada localização. A produção das demais empresas afecta a função de custos da empresa, temos num efeito exterior em que a acções conjuntas das outras empresas afectam ou criam uma externalidade que se reflecte na função de custos.

124 Quando estamos a estudar a teoria das empresas, tendemos a pensar que as empresas não terão vantagens em localizar-se porta a porta o que leva a pensar que cada uma trabalhará o seu mercado local, no entanto, a concorrência verifica-se-á pelo preço. Quanto maior for o output da indústria menor tenderá a ser a quota de mercado, logo pensaríamos que a externalidade tem um efeito negativo. A partilha de um espaço por várias empresas tem um efeito maléfico sobre o lucro derivado da concorrência pelo preço, mas tem um efeito benéfico sobre os custos de produção da empresa. Yij/∑Ynj=quota de mercado Quanto menor este rácio, maior é a concorrência pelo preço, tendo um efeito negativo sobre a rentabilidade e mais competitivo é o mercado. Como todas as empresas estão num mesmo espaço, ou seja, fisicamente próximas, em que este factor de proximidade geográfica, prova a existência de um efeito negativo do output das demais empresas sobre a empresa em questão.

125 Possíveis razões para a localização das empresas num espaço:
A – Existência de economias de escala na produção de factores intermédios Verificam-se casos em que se concentram empresas de produtos semelhantes à volta de um fornecedor de um produto intermédio. Condições para a concentração à volta de um fornecedor Os custos médios tendem a diminuir quando há concentração geográfica das empresas; A procura para cada empresa tem de ser demasiado pequena face à capacidade de produção do fornecedor intermédio; Os custos de transporte do factor intermédio sejam muito elevados; Há situação em que a produção do factor intermédio requer contactos face com o fornecedor, então convêm estar perto deste.

126 B – Economias no mercado de trabalho
A concentração num cluster pode aumentar a qualidade do mercado de trabalho, se contribuir para a sua flexibilização, em que o cluster da empresa reduz o custo com o rendimento dos trabalhadores; Uma empresa nesse cluster, que quiser recrutar trabalhadores especializados, não tem de dar formação profissional ao trabalhador se este vier da empresa do lado; Para os trabalhadores também é vantajoso trabalhar no cluster porque o custo de busca de emprego também é menor do que fora dele, dispondo de maior número de canais de informação, em que a informação sobre oportunidades de emprego circula com facilidade; Por outro lado, o custo de mudança de emprego no cluster é mais baixo porque não implica mudar de residência. C – Economias de Comunicação O cluster promove a troca de informações, inovações tecnológicas, formas de organização empresarial, ideias, novas técnicas de produção entre as pessoas dessa indústria: Quanto maior o nº de trabalhadores no cluster maior é a oportunidade de comunicação, ex: seminários, conferências, café, golf.

127 2-Economias de urbanização
Também são externalidades e justificam-se pela formação de cidades ou concentrações urbanas com uma grande diversidade industrial. São economias no âmbito das trocas de informação, das possibilidades de recrutamento e formação da mão-de-obra. As empresas de diferentes indústrias podem ter vantagens em partilhar serviços entre si; para as empresas que os fornecem, os custos marginais na sua produção são mais baixos com muitas empresas ou entidades do que a servir menos, como por exemplo: Bancos, segurança pública, água canalizada, imobiliárias, consultadoria, etc. Nestes exemplos a clientela é muito variável e cobre a gama completa de indústrias e dos sectores da actividade económica, em que na grande cidade, as empresas deste tipo conseguem maximizar as suas possibilidades de encontrar uma clientela suficiente e minimizar os seus custos de recrutamento e de formação da mão-de-obra, para não falar da dimensão do mercado que têm à disposição na cidade.

128 As sedes das grandes empresas tendem a localizar-se nas cidades porque é aí que há uma maior cobertura destes serviços com economias de escala. Os principais serviços administrativos também estão nos grandes centros porque as actividades de gestão necessitam comprar serviços a bancos, seguros, hotéis, etc. As economias no mercado de trabalho são maiores numa cidade com multi -sectores do que numa com especialização num só sector. A diversificação diminui o risco, e a diversidade industrial pode diminuir o risco de desemprego. Quanto mais indústriais concentradas num espaço, maior é a base de emprego total e, numa cidade pluri-industrial é ainda mais rentável, porque é mais fácil encontrar pessoas com mais experiência e conhecimentos que vai permitir novas ideias e invocações nos processos produtivos, como é exemplo a participação em seminários, workshops, conferências, etc.

129 Economias de aglomeração na comercialização
São externalidades comerciais e acontecem quando as vendas de uma loja são afectadas positivamente pela proximidade de outras lojas, ou seja, a rentabilidade de uma loja é afectada pela partilha do espaço com outras lojas. As economias de aglomeração incentivam as empresas a constituir clusters comerciais que podem ter a dimensão de pequenas vilas comerciais ou centros comerciais. Por exemplo: Centro comercial Colombo. As causas dependem das relações entre os bens: a)Bens substitutos ou sucedâneos Exemplo: Automóveis, móveis, jóias, vestuário (…) são bens com elevada substituibilidade. Quais as vantagens da aglomeração de lojas destes sucedâneos? - Comprar os produtos em concentração de lojas reduz drasticamente os custos de comparar produtos e preços; - É claro que quando o valor unitário do bem substituto é muito baixo, a comparação deixa de fazer sentido e também a concentração de lojas.

130 b) Bens complementares
Quando temos que comprar bens complementares, o ideal é comprar os dois bens ao mesmo tempo, ou seja, conseguir os dois bens numa mesma ida às compras, o que permite menores custos de transporte e ao mesmo tempo economia de tempo. A concentração de retalhistas geograficamente de bens complementares possibilita a poupança nos custos de transporte e deslocação, e faz ao mesmo tempo aumentar a venda de tudo, ou seja, aumenta a procura total. As empresas de retalho tem vantagens em localizar-se de uma forma aglomerada quer produzam bens substitutos (redução nas custos de comparação), quer produzam bens complementares (redução nos custos de transporte). O aproveitamento destas economias justifica as artérias comerciais e os grandes centros comerciais.

131 4.A rede urbana, cidades pequenas e intermédias e áreas metropolitanas
Qual o papel dos sistemas urbanos como instrumento de desenvolvimento? -São peça essencial para uma visão geo-estratégica; -Constituem elementos insubstituíveis de equidade territorial e de coesão nacional; -Constituem interfaces estratégicas entre a base territorial dos diferentes sistemas tecno-económicos e socioculturais; -Constituem um veículo privilegiado de criação de efeitos de sinergia e de rede, ampliando as oportunidades que individualmente se colocam a cada um dos centros urbanos; -Constituem um veículo privilegiado de coordenação de políticas e de cooperação entre territórios.

132 A transformação de sistemas urbanos em instrumentos de desenvolvimento não depende tanto de virtudes intrínsecas tomadas em abstracto mas antes da capacidade política e institucional de as mobilizar de forma adequada e em tempo oportuno face às realidades existentes e aos cenários desejados.

133 O sistema urbano português
Do trabalho preparado pelo CEDRU, foram realçadas a litoralização do povoamento português e a bipolarização da rede urbana em torno das AM de Lisboa e Porto, e identificaram-se 4 tendências de evolução recente: Abrandamento do ritmo de crescimento ou mesmo estabilização da população nas AM (taxa variação de + 3.1% na última década na AM do Porto e uma taxa variação de % na AM de Lisboa); Crescimento de alguns centros urbanos de média dimensão e reforço da sua importância relativa, quer no conjunto da rede urbana nacional, quer nos respectivos contextos regionais, vendo assim aumentar o seu efeito polarizador; Desenvolvimento de formas de urbanização difusa, nomeadamente no litoral, envolvendo situações mistas de tipo urbano/rural; Crescente desajustamento entre os ritmos de crescimento das manchas urbanas e dos quantitativos populacionais.

134

135 Não sendo estas tendências suficientemente fortes para causar inflexões, permanecem também fragilidades no sistema urbano nacional: Ausência de centros intermédios entre as duas grandes aglomerações urbanas (Lisboa e Porto) e os centros do segundo escalão de dimensão (cerca de habitantes: Funchal, Coimbra e Braga); Excessiva litoralização da costa ocidental (cerca de 85% da população urbana do país) e Algarve; Natureza fortemente difusa da urbanização, associada a fracas acessibilidades locais e regionais; Fraca competitividade entre as duas AM (sub-dimensão funcional face à dimensão demográfica, imagem externa negativa); Custos de conexão inter-urbana demasiado elevados (insuficiente articulação entre rede urbana e sistema de acessibilidades).

136 Síntese do sistema urbano

137 Este conjunto de fragilidades leva a que se realce, ainda, 2 problemas:
Ausência de cidades de média dimensão; Falta de condições de competitividade internacional das AM. Olhando em pormenor os segmentos não metropolitanos do sistema urbano nacional, salientam-se 4 preocupações: Necessidade de integrar o sistema urbano nacional nos sistema urbanos ibérico e europeu; Vantagem em construir-se cenários prospectivos de evolução do sistema urbano nacional com base em princípios e referências explícitas; Necessidade de levar em conta que as dinâmicas de evolução dos diversos sub-sistemas regionais condicionam fortemente a evolução do sistema global; Necessidade de desenhar uma política urbana que inclua quatro dimensões de intervenção: Dimensão intra-urbana, dimensão inter-urbana, dimensão urbano-regional e dimensão de internacionalização.

138 Sistema urbano, acessibilidades e povoamento

139 Da cidade média à cidade intermédia/intermediária
Um sistema urbano equilibrado e integrado em redes de cooperação e concertação à escala europeia e mundial é um factor decisivo de competitividade, e a imagem dos centros urbanos constitui um elemento-chave para a atracção de funções associadas aos grandes grupos económicos que operam a uma escala supra-nacional. Actualmente, a União Europeia considera como sendo de média dimensão os aglomerados urbanos com uma população que varia entre os e o meio milhão de habitantes. Com a crise dos anos 70, que acarretou a desaceleração do crescimento económico e concomitantemente alterações no comportamento demográfico, em que alguns autores falam do fim das cidades. A partir dos anos 80, vem-se assistindo ao renascimento do interesse pela cidade. Hoje acredita-se que nenhuma região, nenhum país, pode ignorar o potencial de transformação de inovação e de difusão do conhecimento que se concentra nas cidades.

140 Os critérios demográficos e económicos não são suficientes para caracterizar uma cidade.
As cidades não são apenas locais de concentração de habitantes e actividades; elas são, antes do mais um factor cultural, um lugar de civilização onde se produzem intercâmbios de ideias e de culturas. Assiste-se a alterações de conceitos e em vez de cidade média passa-se a discorrer sobre o conteúdo do conceito de cidade intermédia e/ou intermediária. A posição que cada centro ocupa ou ocupará no contexto da rede urbana nacional e internacional não é determinista. Ela depende de múltiplos factores, de centros de decisão, uns de ordem interna, outros de ordem externa. Um centro urbano não depende tanto da sua dimensão demográfica mas do modo com o se articula com as restantes componentes do sistema urbano. Caberá a cada cidade encontrar a via mais adequada para, interactivamente, se afirmar no plano nacional e internacional.

141 Caracterização e dinâmica das cidades portuguesas não-metropolitanas
Em Portugal cerca de 39% da população do continente reside nas AM de Lisboa e Porto, as quais representam menos de 4% da área total. Cerca de 19% vive nas restantes áreas urbanas definidas pelos principais centros urbanos e freguesias envolventes. Nas freguesias das sedes dos restantes concelhos reside 9% da população do continente. Cerca de 36 % da população vive em lugares com menos de 2000 habitantes.

142

143 Excluindo as AM, Portugal conta com 81 cidades, definidas como tal do ponto de vista administrativo (Mapa I). Destas, 40 foram classificadas como médias (Mapa II), ou seja, constituem o universo susceptível de obter financiamento ao abrigo do programa de consolidação do sistema urbano nacional e apoio à execução dos PDM. Esta classificação baseou-se nos seguintes critérios: Uma população superior a habitantes; Um nível de equipamentos, no mínimo, supra concelhios; Centros que desempenham um papel estratégico na organização do território nacional, ou seja, sejam susceptíveis de actuar como catalizadores de áreas envolventes, de estruturar espaços sub-regionais e desempenhem (ou possam vir a desempenhar) um papel significativo no âmbito das redes internacionais.

144 Só nos anos 90 se acentuou o interesse pelo fenómeno urbano.
Uma atenção particular é dada aos centros urbanos que se articulem em redes ou sistemas, potenciando assim iniciativas e sinergias de forma concertada e articulada. O objectivo é o de configurar um território polarizado pelos centros urbanos mais dinâmicos. De acordo com dados oficiais, a evolução demográfica dos centros urbanos de média dimensão, é a que consta do Mapa III. Por seu turno, do ponto de vista funcional, o nível de equipamentos, é explicitado no Mapa IV. Nos anos 70, e até quase final da década de 80, não houve, quer pelo contexto internacional, quer por razões de ordem interna, uma política que tivesse por objectivo explícito a promoção do desenvolvimento (económico e social) das cidades. Houve sim, reflexos de uma multiplicidade de factores e de políticas, uns de ordem externa e outros de ordem interna, que se repercutiram na dimensão, função, imagem e nível de qualidade de vida do conjunto das cidades portuguesas não-metropolitanas. Só nos anos 90 se acentuou o interesse pelo fenómeno urbano.

145

146 Corredores estruturantes do território Português

147 Que política para as cidades médias/intermédias?
Neste contexto, Portugal encontra-se em desvantagem, na medida em que o sistema está fortemente polarizado em duas Áreas Metropolitanas (AM) – a de Lisboa e a do Porto – que por seu turno apresentam um deficiente nível de apetrechamento quando comparadas com a restante rede urbana europeia, e muito especialmente com as cidades capitais dos Estados-membros da União Europeia. Se as cidades não metropolitanas adoptarem uma postura passiva perante dinâmicas de recomposição e reestruturação que a crescente globalização da economia acarreta, certamente que, tenderão a colocar-se numa situação de crescente marginalidade. Por outro lado, se adoptarem uma postura activa, integrando-se em redes de cooperação e concertação, mobilizando recursos locais e estabelecendo fluxos de comunicação e parceria com diversos tipos de agentes, públicos e não públicos, estarão melhor posicionados para os desafios que actualmente se colocam à sociedade portuguesa.

148 É preciso transformar o sistema de cidades portuguesas num instrumento eficiente de equidade territorial, coesão nacional e desenvolvimento sustentado. Neste contexto, a problemática das cidades médias portuguesas, tem de ser (re) pensada dentro do conceito atrás definido, de cidade intermédia, ou seja, de cidades em rede, noção que faz referência sobretudo à organização de actividades económicas e se baseia essencialmente em acordos nos domínios associados às actividades produtivas, cooperação cultural e intercâmbio turístico, o que terá necessariamente de passar por uma política de rede de cidades na qual, em maior ou menor grau, terá de ser objecto da incidência da Administração Pública apoiando iniciativas e opções que são tomadas de forma coordenada. O anterior esquema das cidades pequenas e médias que, no interior de cada país, estava ligado ao mundo por intermédio de um grande centro de trocas único correspondia a uma época em que os governos nacionais regulavam eles próprios as relações entre a economia nacional e o resto do mundo.

149 Hoje, dois factores concorrem para o facto de cidades de todas as dimensões participarem na economia mundial e contribuir para o seu desenvolvimento: a redução dos obstáculos às trocas – eliminação das fronteiras económicas da U.E. – e o facto do comércio internacional crescer mais rapidamente que a actividade económica interna. O desafio que se coloca às nossas cidades não metropolitanas é de envergadura. Por um lado, no ambiente da economia global marcada pela reestruturação económica e desregulação dos mercados, a concorrência entre cidades aos mais diversos níveis é de certa forma uma ameaça. Esta exige uma intensificação de uma intervenção pública solidária e coerente que reforce a coesão intra-territorial e crie condições de sustentabilidade económica, social e ambiental. Por outro lado, o papel das pequenas aglomerações no desenvolvimento local visa sobretudo consolidar relações de vizinhança, estimulando mecanismos de capilaridade de proximidade. O que se espera delas é que reforcem os laços de cooperação com centros de maior dimensão, reforçando a integração regional.

150 Áreas Metropolitanas As áreas metropolitanas são unidades económicas espaciais cujas actividades devem formar um sistema económico e social dotado de elevado grau de integração. Caracterizam-se como mercado de trabalho integrado (não-agricola), o qual consiste na mais pequena área que seja no entanto suficientemente grande para conter os lugares de trabalho da população residente e as residências da maior parte da população que nela trabalha. Os critérios acerca do carácter metropolitano respeitam aos atributos possuídos como lugar de trabalho ou de residência para trabalhadores não agrícolas. Mas há outras condições que as unidades administrativas devem respeitar: Os critérios de interpenetração social e económica entre a unidade administrativa e a unidade central e “uma unidade administrativa é considerada integrada se 15% dos trabalhadores que nela vivem trabalham na unidade administrativa central, ou se 25% dos que nela trabalham residem na unidade administrativa central” .

151 ÁREAS METROPOLITANAS: FUNÇÕES E ORGANIZAÇÃO
A população mundial e mais particularmente a que vive em cidades tem vindo a sofrer grandes aumentos, os 47 milhões no início do século XVIII, passaram a 75 milhões um século depois e a 335 milhões em 1910; para termos uma ideia a população urbana cresceu dez vazes mais rapidamente que a população mundial no século XX. O número de cidades e a sua dimensão aumentam sem parar, em 1900 havia 17 aglomerações com de habitantes, em 1950 existiam 10 com população superior a 5 milhões e em 1990 já existiam 33 aglomerações, das quais 15 ultrapassavam os e 6 os Previa-se que no ano 2000 cerca de 3500 milhões de habitantes vivessem em aglomerações urbanas um décimo das quais com mais de 10 milhões de habitantes. As metrópoles têm sempre uma ligação inevitável com a economia mundial, mesmo até as mais pequenas num contexto de globalização crescente.

152 As áreas urbanas vão-se alargando tornando-se gigantescas em termos físicos; o potencial de influência e a responsabilidade podem ser até de nível planetário, reflexo da capacidade de domínio, principalmente económico. Estas áreas são chamadas pelos americanos por standard metropolitan area.

153

154 Esses requisitos passam por:
Uma área urbanizada para ser considerada metropolitana, terá de se desenvolver em torno de uma cidade-metrópole e deve obedecer a vários requisitos que a distingam de uma grande cidade dita normal. Esses requisitos passam por: Desempenhar funções de alto significado mundial, nacional ou regional (nomeadamente nos domínios político, económicos, de comunicações, finanças, educação, investigação, cultura, entretenimento,...); Organizar uma área vasta de fluxos diários, humanos e económicos; Apresentar um elevado grau de coesão interna entre os grupos sociais que a compõem, coesão essa profundamente dependente, entre outros, do percurso geo-histórico. As grandes metrópoles têm um papel primordial na organização económica mundial dos fluxos de aprovisionamento e distribuição, são mundialmente conhecidas como grandes mercados mundiais de: produtos financeiros – Nova York, Tóquio e Londres; peixe – Tóquio e Hong-Kong; flores – Aalsmeer (Holanda) e Côte d’Azur; moda – Paris, Londres, Roma e Milão, graças à disponibilidade de equipamentos próprios, nomeadamente de comunicações e de transporte.

155

156 As maiores metrópoles mundiais resultam, normalmente, da aglutinação de diversos núcleos, ao longo do tempo, como acontece na área central da União Europeia; mas na África Negra e na América do Sul, são originadas pela rápida e constante aglomeração de gente que, em elevadíssima percentagem, troca os campos pela cidade, em procura de melhor nível de vida. A posição hierárquica das grandes metrópoles muda no tempo, acompanhando também as mudanças dos valores políticos, económicos e culturais como podemos ver no quadro seguinte. Londres era a maior metrópole dos finais do século XIX; depois foi Nova York, cuja 1ª posição se manteve até meados dos anos 70, quando Tóquio começa a disputar-lhe o lugar, o que depressa alcançou; por sua vez poderá, a vir a ser ultrapassada por alguma das gigantes metrópoles de um dos novos “tigres asiáticos”, como, por exemplo, Seul, apesar de, na população prevista para o ano 2000 só alcançar o 11º lugar, com 14,2 milhões de habitantes; entretanto o primeiro lugar caberá á cidade do México com 31 milhões, a qual, em 1975 ainda ocupava o 4º lugar.

157

158 Estas metrópoles mundiais estão cada vez mais próximas, quer fisicamente, quer por motivos de competição pela qual tentam alcançar um lugar cimeiro. São estas metrópoles que comandam a economia mundial, detendo as funções nobres e mantendo-as no mais elevado grau, como forma de competição. Nas metrópoles nacionais existe uma disputa pelos lugares de topo, dentro do nível em que elas estão enquadradas, na tentativa de entrar na rede de metrópoles mundiais secundárias ou macro-regionais. As metrópoles regionais desempenham um papel importante dentro de cada país, envolvendo, na medida do seu poder económico, população que, num primeiro tempo, contribui para a desestruturação das áreas circundantes, mas numa segunda fase é motor da construção de uma nova estrutura. Estes três níveis de metrópoles, cada um à sua escala, desempenham, hierarquicamente, funções complexas, numerosas e diversificadas. Portugal apenas possui metrópoles de nível nacional e regional e são das mais pequenas da União Europeia.

159

160

161

162

163 As grandes aglomerações se, no geral são sinónimo de poder, também geram grandes problemas, nomeadamente de carácter social e ambiental. Infelizmente grande parte dos milhões de habitantes de uma grande metrópole estão longe de beneficiar das vantagens que ela lhes deve (ou deveria) oferecer. Nem é preciso procurar imagens de Bombaim onde multidões de rurais, desenraízadas e empurradas para a cidade, vivem abaixo de todo o nível de sobrevivência, arrastando-se penosamente mesmo ao longo das ruas principais; ou recordar os encarniçados distúrbios raciais em Los Angeles, em 1965, e ainda mais violentamente repetidos em 1992, praticados por jovens desempregados e desorientados que, em fúria sem precendentes, provocaram mais de 5 mil incêndios, 2 mil feridos e meia centena de mortos; infelizmente, em quase todas as metrópoles europeias se assiste diariamente a cenas de violência, pobreza e degradação moral sem que, ainda, tenha sido possível suprimi-las ou fazê-las suprimir.

164 Outros inconvenientes das grandes concentrações a nível urbano são a forte impermeabilização dos solos, a cortina de prédios cada vez mais altos, que impede uma livre circulação do ar e altera o comportamento térmico; mas, possivelmente, os mais nocivos são os relacionados com a poluição atmosférica, sonora, ou eléctrica e electrónica, sempre em crescendo devido ao aumento de população e das suas actividades (nas quais não se pode esquecer as de simples entretenimento) ou os externos (áreas envolventes deficitárias em água, em espaço para abastecimento alimentar, depósito de resíduos, uso de actividades de lazer, reserva de expansão). Apesar destes aspectos negativos, as metrópoles mantêm-se num processo galopante para o gigantismo: em áreas metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes vivem já 3 décimos da população mundial. A metropolização vem conquistando o mundo, embora a sua distribuição seja muito desigual, não só entre os continentes mas também nos próprios países; reflecte não apenas o desenvolvimento dos grandes centros mundiais mas também a macrocefalia de países com uma rede urbana pouco hierarquizada, como em Portugal.

165

166

167 Metrópoles Europeias A civilização e a cultura europeias são essencialmente urbanas. A Europa é o segundo continente de maior taxa de urbanização mundial (74%) (o 1º é o sub-continente australiano, com 85%); na Europa, só Londres e Paris se podem comparar a muitas das outras grandes metrópoles actuais (mais pela sua influência política, económico-financeira e cultural que pela sua população: 8 milhões para Londres e 9 milhões para Paris). Em contrapartida, na Europa florescem as cidades médias, quando comparadas às enormes aglomerações asiáticas, americanas e africanas.

168 Mais de meio milhar de cidades europeias têm uma população da ordem das centenas de milhar de habitantes (mas, em 1995, apenas 8 tinham população compreendida entre os 2 e os 5 milhões e 5 superior a 5 milhões), relativamente próximas umas das outras, tanto pela distribuição espacial (a uma meia centena de km) como pela importância socioeconómica de cada uma, gravitando todas em torno de Londres, Amsterdam-Roterdam, Bruxelas, Frankfort, Paris, Milão; formam-se, assim, espaços urbanos fortemente policêntricos, ligados uns aos outros – e aos grandes – por densa rede de transportes e intensa rede de telecomunicações. O principal destes espaços é o que abrange o centro da União Europeia, de Londres a Milão, pelo eixo renano; forma o núcleo económico científico, cultural e político da Velha Europa, cuja importância se foi acentuando com o aumento da implantação de empresas multinacionais financeiras e aeroportuárias.

169 Mas outros se vão formando, como no litoral mediterrânico (aqui, sustentado por um conjunto de cidades de menor potencial económico mas que, recentemente, se estão afirmando pelo turismo e pela disponibilidade de tecnologias de ponta) e no arco atlântico, de modo menos impressivo que, da Irlanda se estende através da costa francesa e espanhola até Lisboa, englobando áreas economicamente menos favorecidas e mais desarticuladas quando comparadas com o caso precedente. Estes novos corredores metropolitanos podem vir a representar uma nova dinâmica do potencial urbano europeu, pelo elevado nível intelectual, técnico e económico da sua população, em especial o mediterrânico. Mas o que determina o nível das funções das metrópoles não é só a sua posição central face ao território (mesmo da Europa Ocidental): é o seu grau de participação e inserção nas redes internacionais de alto nível político-financeiro. Assim, o núcleo Londres-Paris-Bruxelas aparece, cada vez mais, como espaço urbano cimeiro, a nível europeu e internacional, pela centralidade que ocupa e pela decisão política de reforçar a intervenção de Bruxelas no seio da União Europeia.

170

171

172 A maioria das grandes cidades europeias tem uma longa história e, quase todas, devem o seu crescimento moderno ao desenvolvimento da indústria, nomeadamente têxtil e siderúrgica; por isso, quando este modelo económico se tornou obsoleto, verificou-se uma perda generalizada de emprego e as cidades entraram em crise prolongada. Durante a Segunda Guerra Mundial a maioria das grandes cidades foram parcialmente destruídas. Houve que proceder à sua reconstrução, o que foi feito segundo vários modelos: reconstrução relativamente rigorosa, segundo o padrão original, reestruturação totalmente nova, arrasamento completo das áreas afectadas e sua transformação em áreas verdes. Independentemente da estratégia adoptada, foram anos de profunda transformação e em que, por todo o lado, o ruído simultâneo de escavadoras, maquinaria pesada, perfuradoras... dominava qualquer outro som.

173

174 Dos finais dos anos 40 até à primeira crise petrolífera, viveu-se uma época de desenvolvimento económico, com enorme difusão urbana e grande expansão das metrópoles, obrigando a uma reestruturação, nomeadamente, no sector dos transportes, bem como de zonagem do uso do solo. Numerosos são os exemplos, mas talvez um dos mais frisantes seja o de Paris, com o lançamento de linhas de metro regional, RER, Leste- Oeste e Norte-Sul, com estações comuns às do velho metro e boas ligações ao caminho-de–ferro e, pouco tempo depois ao maior aeroporto internacional de França – e o segundo da Europa – o de Charles de Gaule, em torno do qual se continua a desenvolver uma importante área industrial e de negócios que, naturalmente é acompanhada por importante instalação hoteleira.

175

176 A partir da década de 80, verifica-se uma certa paragem nesse enorme constante crescimento e começa-se a dar mais atenção à criação de espaços verdes e recuperação de áreas degradadas. Exemplos: Em Londres, velhas áreas portuárias, antiquadas, foram reconvertidas em amplos e agradáveis espaços de cultura e entretenimento ou em locais de alta tecnologia. Em Paris, reabilitam-se áreas históricas, reedificam-se algumas delas, como os cais de Austerlitz onde, recentemente, foi construída a monumental Biblioteca de França e já se erguem numerosos prédios para habitação e escritório. Ao mesmo tempo, o peso das actividades económicas varia, sendo o progresso das telecomunicações uma das causas do enorme crescimento recente do terciário, no qual se observam outras características, tais como a importância do emprego feminino e do uso do tempo parcial. Estudos feitos por Vandermotten mostram que não só nas grandes metrópoles europeias como nas de média importância e mesmo nas pequenas, entre 1980 e 1990, se deu um aumento na actividade bancária, de seguros e de serviços comerciais, ao mesmo tempo que diminuíam as actividades industriais (salvo a construção).

177 Uma área metropolitana sendo, por definição, uma área importante em população, com uma economia diversificada, orientada, preferencialmente, para actividades terciárias superiores e, como se apontou, sujeita a variações hierárquicas devidas a uma grande competitividade, deve estar preparada para um constante reforço não só da sua posição económico-finaceira mas também da capacidade intelectual das suas gentes, da qualidade dos serviços, do bem estar da sua população, em geral. Não é tarefa fácil. Para o tentar, antes de mais, há que fazer um inventário dos aspectos negativos, como o envelhecimento da população, a suburbanização, o desemprego, o aumento de fluxos de população entre o centro e a periferia (devidos em grande parte o elevado preço do solo, no centro), provocando a carência progressiva de meios de transporte públicos ou o custo cada vez mais elevado da modernização de infra-estruturas ou actualização de equipamentos.

178 Depois, há que aplicar as melhores soluções, dentro de um contexto realista, para o que se torna indispensável uma planificação e gestão coordenadas entre a metrópole, os municípios, as administrações regionais e/ou nacional; entre as opções possíveis tem sido dada prioridade às estruturas de transporte, à melhoria do ambiente físico, à reutilização das áreas degradadas, de modo que, em conjunto, conduzam a uma melhoria de nível das populações, diminuindo os múltiplos factores negativos que as metrópoles congregam, ainda em maior número do que as cidades. Nenhuma atenção será demasiada para tentar impedir que elas se tornem em imensos ghettos, como advertiu Vandermotten , em vez de desempenharem o papel tradicional de lugares privilegiados de desenvolvimento, cultura, riqueza e organização espacial.

179

180

181

182 Lisboa – Metrópole Periférica
A taxa de urbanização de Portugal é baixa, comparando com outros países europeus. Os centros urbanos em Portugal são de pequenas dimensões, apesar dos importantes aumentos nas últimas décadas devidos, principalmente, ao afluxo de numerosa população rural do interior.

183 A Área Metropolitana de Lisboa (AML) foi constituída através da junção de 18 concelhos, 9 da margem norte e outros 9 da margem sul do Tejo, com o intuito de coordenar iniciativas e dar prosseguimento aos interesses da população. A AML é a mais destacada do país, não só pela sua população como pela importância das actividades do sector terciário no seu conjunto e, em especial, pela expressão das funções mais relevantes numa metrópole: as de enriquecimento, responsabilidade e criação e transmissão.

184 Área Metropolitana Lisboa 24,3% Área Metropolitana Porto 11,4%
As metrópoles que se podem considerar de “nível europeu”, tanto pelo volume de população como pela importância funcional e organizacional são Lisboa e Porto e foi em torno delas que se organizaram as duas áreas metropolitanas portuguesas (AML e AMP). Em Portugal existem duas Áreas Metropolitanas, que por si só representavam 35,7% da população residente no Continente em 1991. Área Metropolitana Lisboa 24,3% Área Metropolitana Porto ,4%

185

186

187 AML

188 GRANDE ÁREA METROPOLITANA DO PORTO

189

190

191

192 De entre várias fórmulas organizativas todas com vantagens e inconvenientes, foi escolhido um modelo institucional inovador, intermédio entre a associação de municípios tradicional e a autarquia local autónoma. As áreas metropolitanas desempenharão, assim, um papel fundamental nas políticas e estratégias de planeamento.

193 O maior complexo industrial da AML desenvolveu-se na margem esquerda do Tejo, e o Barreiro foi a maior cidade industrial portuguesa.

194

195

196

197 Muitas unidades industriais foram abandonando as instalações de origem na capital, devido à poluição, à falta de espaço e também ao elevado custo dos terrenos; mas em contrapartida outras foram nascendo, dando um novo “ar” morfológico e funcional à AML. Lisboa embora com um atraso de décadas seguiu a evolução de outras grandes cidades. Na própria cidade ocorreram modificações locacionais importantes nas últimas décadas, sendo as mais marcantes a expansão do centro antigo, a sua especialização como área financeira e de comércio de luxo, o aparecimento de novas actividades terciárias. Devido à expansão, as Avenidas passam a ser o novo centro de serviços da cidade. Estas transformações “empurraram” as pessoas para áreas mais afastadas do centro, quase todas de urbanização recente (Benfica e Lumiar).

198

199

200

201

202 Áreas Metropolitanas: Que Organização, Que Política, Que Futuro?
Estas questões têm vindo a preocupar muitos investigadores de vários ramos. O certo é que não há uma “receita” comum, dado que cada metrópole, pela sua composição geográfica, história da sua evolução e composição sociológica, é uma entidade única; o que existe são algumas linhas de orientação para os problemas mais comuns: Congestionamento de vias e de transportes públicos; Degradação do parque habitacional construído nas áreas centrais aquando da renovação dos custos fundiários; O agravamento das poluições; O agravamento da exclusão; O agravamento da delinquência.

203 A passagem de uma economia industrial para uma economia de serviços de informação, juntamente com a tão falada globalização progressiva da economia e da divisão do trabalho, mudarão, quer a fisionomia interna das cidades quer a sua articulação no sistema urbano e no sistema regional. Estas revoluções são pontos de partida de excepcionais potencialidades para a reconstrução de uma cidade sustentável sob o imperativo da melhoria da qualidade de vida e ambiental. Mas o que por enquanto se vê, à medida que desaparecem massivamente os empregos pouco qualificados, é que o desemprego deixou de estar enquistado em áreas deprimidas e se desenvolve nas áreas metropolitanas em expansão, conduzindo a fenómenos de marginalização e de exclusão, mesmo nos grandes centros urbanos, promotores de desenvolvimento. A maioria dos planos existentes não propõem verdadeiras políticas e acções para fazer face às dificuldades actuais das sociedades urbanas. O que tem acontecido na AML é a não união dos presidentes das autarquias numa política concertada e integrada que os conduza a uma melhor qualidade de vida dos seus autarcas.

204 Síntese: 6 pontos que se referem a consequências para a politica urbana e a politica de cidades do nosso país 1º- O papel das áreas metropolitanas Funções: Divisão social do trabalho Organização e fluidez do mercado de trabalho Assegurar a comutação de conhecimento e informação Esta visão do papel das aglomerações metropolitanas tem consequências a vários níveis. O que determina o bom exercício destas funções tem a ver com a diversidade e complexidade das aglomerações e com a sua inserção nas redes e dinâmicas internacionais; as grandes aglomerações são um instrumento decisivo para a competitividade global dos países e regiões.

205 2º- A relação das áreas metropolitanas com os seus territórios
Em Portugal, entre 1981/1990 pensava-se que as dinâmicas económicas e sociais favoreciam a desconcentração económica e um maior equilíbrio territorial. Mas com a criação do Mercado Único e os consequentes movimentos de reorganização territorial dos grupos económicos, foram recolocar as tendências para a concentração. No nosso país apenas as regiões da AML e da AMP são locais onde a estrutura produtiva se apoia maioritariamente em sectores com perspectivas razoáveis de crescimento. Assim vai ser necessário voltar a dar importância às políticas regionais e realçar as relações das AM com o resto do sistema urbano. Nesta relação existem 2 aspectos importantes: O desenvolvimento das cidades médias qualifica as áreas metropolitanas, visto que vai originar maior selectividade e mecanismos que criem alternativas de relocalização a qualquer tipo de actividades, pois só assim é que as AM poderão competir a nível internacional; As novas condições de mobilidade apontam para um restruturamento de redes de complementaridade e sinergias entre centros históricos, pois só assim podem crescer (faixa litoral).

206 3º- A inserção das metrópoles nacionais numa perspectiva europeia
As AM portuguesas são “débeis” quando comparadas com a rede urbana europeia. Um modo de elevar a nível europeu estes espaços é, através da faixa Atlântica, do Sado ao Cávado, pois é aí que estas duas áreas metropolitanas terão um papel determinante de pólos organizadores, isto é importante quando estão a ser pensadas infra-estruturas pesadas de internacionalização (p.e. o novo aeroporto). 4º- A coesão social O mercado de trabalho nas grandes metrópoles pode ser visto de duas maneiras bem diferentes: Quadros bem remunerados Trabalho não qualificado em funções banais e mal pagas Assim verificamos que apesar de existir um crescimento económico nas grandes metrópoles vai continuar a existir exclusão social.

207 5º- A organização intra-urbana
A Área Metropolitana de Lisboa evolui, de uma forma caótica, para uma estruturação multipolar. 6º- A estrutura organizativa das Áreas Metropolitanas Estas estruturas não foram dotadas de instrumentos de coordenação e nem foram assegurados os recursos financeiros que lhes desse capacidade de acção a cada uma delas

208 Existem 4 domínios estratégicos que servem para assegurar a competitividade e sustentabilidade da Área Metropolitana de Lisboa, e que merecem particular atenção no quadro da política de cidades. São eles: A mobilidade de forma a reduzir os tempos de percurso evitando as demoras dos congestionamentos nos centros urbanos; A qualificação urbana e a coesão social de forma a evitar o declínio económico; O saber e a inovação para nos permitir ultrapassar a nossa posição periférica, através do conhecimento e da informação; A modernização das estruturas de internacionalização nomeadamente as infra-estruturas de transportes que viabilizem a concretização do potencial de centralidade na relação entre continentes.

209 Os problemas de habitação que se vivem nos dias de hoje não se resolvem com soluções massificadoras, aplicadas por apenas um interveniente – o Estado. “Fazer cidade” (mobilização) exige inúmeros agentes e uma actuação mais participada, mais integra. Exige também que se enfrentem 3 grandes problemáticas, que são também 3 grandes desafios, que envolvem, cada vez mais, toda a sociedade civil: 1º- Capacidade de mobilização de solo urbano; 2º- Recuperação dos bairros sociais degradados; 3º- Recuperação das zonas antigas degradadas que não apenas as zonas históricas.

210 AS CIDADES E AS ACTIVIDADES PRODUTIVAS
A economia das cidades portuguesas é heterogénea. A erosão da importância dos sectores económicos que sustentaram o crescimento e o emprego no passado, a perda de influência de funções administrativas e comerciais que estruturaram movimentos de deslocação e dependência décadas a fio, a par da reorientação dos fluxos de investimento produtivo para outros espaços-território, estão na origem de situações de declínio económico geradoras de desemprego e de recomposições socio-demográficas que têm colocado na ordem do dia a necessidade de encontrar estratégias alternativas de revitalização da base económica das cidades.

211 Municípios de acordo com a densidade populacional (Hab./Km2)

212 População residente exercendo actividade no sector primário, por concelhos
O nosso país possui uma grande extensão rural, situada um pouco por todo o país, sendo mais notada nas seguintes zonas: Trás-dos-Montes; Beira Alta e Baixa; Alentejo.

213 População residente exercendo actividade no sector secundário, por concelhos
Situa-se principalmente: Na região Litoral Norte; Na zona envolvente de Leiria.

214 População residente exercendo actividade no sector terciário, por concelhos
Situa-se principalmente: Nas Áreas Metropolitanas; No Algarve; Nas cidades capitais de distrito.

215 A heterogeneidade económico-produtiva das cidades portuguesas
A estrutura das actividades económicas e do emprego da generalidade das cidades portuguesas é fortemente marcada pela dominante terciária das funções urbanas tradicionais, com cambiantes que resultam de percursos históricos específicos, nomeadamente da parte dos centros urbanos que desenvolveram uma relação mais intensa com as actividades produtivas, designadamente com sectores da indústria transformadora. Os dinamismos desta componente produtiva estão, aliás, na origem de composições diversas das actividades terciárias na medida em que em cidades onde se consolidaram pólos industriais com expressão competitiva (ex. Covilhã, no passado e Aveiro, no presente), o terciário de natureza económica tem uma expressão mais significativa que o terciário de natureza social, mais associado às funções de regulação do Estado.

216 Numa caracterização a traço grosso podemos identificar nas principais cidades portuguesas a coexistência de 4 grandes grupos de actividades em termos de ocupação de activos e de geração de riqueza: Actividades de serviços ligados, quer aos domínios sociais tradicionais (educação e saúde), quer à função reguladora e fiscalizadora do Estado. Este grupo beneficiou da expansão da função educativa (ensino superior universitário e politécnico), e da desconcentração de funções centrais do Estado que instalou pólos de Administração Regional de diversos sectores (educação, saúde, segurança social, agricultura e indústria); Actividades do terciário comercializável. Este grupo de actividades e empregos tem uma área de influência significativa e que para além das funções de abastecimento (alimentar e não alimentar) dos residentes, serve as populações das áreas circundantes numa paleta diversificada de produtos e serviços pessoais;

217 Actividades das empresas industriais
Unidades empresariais pertencentes a grupos económicos (p.e., fileira têxtil na Covilhã e em Portalegre); Unidades empresariais com forte penetração em mercados supra-nacionais com produtos de grande consumo (p.e., actividades da fileira metálica de Aveiro ou da fileira metálica da Guarda); Unidades empresariais com actividades no seio de uma determinada fileira produtiva com tradição local (p.e., fileira do frio em Castelo Branco); Unidades empresariais de pequena ou muito pequena dimensão sobre-orientadas para a satisfação da procura local (p.e., actividades presentes na generalidade as cidades portuguesas); Unidades empresariais de pequena e média dimensão das indústrias urbanas de tipo ‘atelier’ (artes gráficas, moda, multimédia, mobiliário e artigos de decoração) Actividades centradas na construção e obras públicas

218 Neste quadro importa reter, pelas implicações para a óptica de desenvolvimento que se pretende imprimir, duas dinâmicas relevantes: Cidades médias que estruturaram fluxos de actividades que associam funções terciárias a componentes industriais com relevância significativa, ainda que neste grupo ocorra uma separação muito nítida entre uma tradição produtiva industrial enraízada (como sucede em Aveiro) e uma ausência de tradição produtiva industrial de relevo, que é superada por uma intervenção voluntarista visando o desenvolvimento industrial (caso de Castelo branco); Cidades médias que estruturaram fluxos de actividades em que, às funções terciárias ligadas ao comércio e serviços de raiz administrativa – ambas com área de influência regional –, foram acrescentadas actividades, também terciárias, derivadas de uma dinâmica poderosa induzida pela procura universitária (com presença histórica em Coimbra, muito recente em Faro e, também, em Aveiro).

219


Carregar ppt "Economia Regional e Urbana"

Apresentações semelhantes


Anúncios Google