Antes de mais nada, a instituição social trabalho deve ser entendida como relações sociais que proporcionam aos indivíduos a sua produção e reprodução,

Apresentação em tema: "Antes de mais nada, a instituição social trabalho deve ser entendida como relações sociais que proporcionam aos indivíduos a sua produção e reprodução,"— Transcrição da apresentação:

1 Antes de mais nada, a instituição social trabalho deve ser entendida como relações sociais que proporcionam aos indivíduos a sua produção e reprodução, mas que, além de gerar meios de subsistência, de suprir as carências humanas, o trabalho se insere num contexto sociocultural que potencializa trocas entre os indivíduos. Trocas não só de mercadorias, mas de significados. Considera-se que as transformações ocorridas no mundo do trabalho nas últimas décadas – os conflitos organizacionais na esfera do trabalho (SANTANA; RAMALHO, 2004) – impactam mais do que somente a estrutura econômica e organizacional, mas, sobretudo, afetam diretamente as relações entre os indivíduos e a dimensão simbólica da vida social. E foram essas transformações culturais que podemos observar no trabalho de campo até aqui realizado: a estabilidade no emprego, uma demanda comum do trabalhador durante a acumulação ortodoxa do capital (BAUMAN, 2008), se flexibiliza, o que, em suma se traduz por supressão de direitos. É comum ouvir professores verbalizarem seu desejo de abandonar a profissão estável por motivos variados. Ademais, a crise de representatividade dos sindicatos (SANTANA; RAMALHO, 2004) tem levado a categoria a verbalizar sentimentos de traição, como ficou evidente na última greve (2011) que levou ao achatamento do Plano de Cargos, Carreira e Salários dos profissionais, segundo a avaliação obtida em entrevistas informais. No plano simbólico, isso teve como resultado vaias generalizadas e alcunhas pejorativas da categoria aos seus “representantes” durante uma manifestação organizada pelo sindicato em Fortaleza (abril de 2013) – a primeira pós-greve de 2011. REFERÊNCIAS BAUMAN, Z. A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. 1ª ed. 13ª reimpr. – Rio de Janeiro: LTC, 2008 GOLDMAN, Márcio. Antropologia contemporânea, sociedades complexas e outras questões. In: Anuário Antropológico/93. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995. SANTANA, Marco A; RAMALHO, José R. Sociologia do trabalho no mundo contemporâneo. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Editor, 2004. ETNOGRAFIA NA ESCOLA BÁSICA: UMA ANÁLISE SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOCENTE EM UMA ESCOLA DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL Márcio Kleber Morais Pessoa Profa. Dra. Lea Carvalho Rodrigues (Orientadora) Universidade Federal do Ceará - UFC Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq INTRODUÇÃO Apresento dados iniciais da pesquisa que desenvolvo no Programa de Mestrado em Sociologia na Universidade Federal do Ceará. Mais especificamente, apresentarei aqui algumas discussões teórico-metodológicas e alguns indicativos trazidos do trabalho de campo realizado até o momento. O campo escolhido para o estudo foi a Escola de Ensino Médio Liceu Conjunto Ceará, localizada na periferia de Fortaleza, Ceará. O objeto é entender o cotidiano de trabalhadores docentes efetivos da rede estadual do Ceará, a fim de compreender suas condições atuais de trabalho. Para tanto, estipulei os seguintes objetivos: (i) produzir uma etnografia sobre a profissão docente; e (ii) compreender como as condições de trabalho docente influenciam nos significados que o docente confere à profissão e consequentemente ao desempenho de sua função. Tencionando alcançar os objetivos propostos, lancei mão da observação flutuante (GOLDMAN, 1995) com o intuito de realizar observações constantes, mas com intervalos em relação à presença no campo; não significando minha total ausência dele, pois como estou estudando minha própria sociedade a presença no campo não se limita à presença física, podendo ser relevante a notícia no telejornal local, o acesso ao sítio na internet da secretaria de educação, participação em manifestação etc. Essa estratégia me ajudará a realizar a proposta de uma descrição densa (GEERTZ, 2008) como método de pesquisa. Com isso, descreverei e interpretarei comportamentos e falas de docentes, meus colegas de profissão, mesmo sabendo que só serei bem-sucedido parcialmente, pois, apesar de a cultura ser um contexto onde as ações se tornam inteligíveis aos sujeitos, minha presença na escola como pesquisador gera interferências nesse contexto, além de estar ciente de que estou no campo como cientista, sendo orientado por teorias, o que torna minhas interpretações acerca dos sentidos que os professores dão à sua profissão de segunda ou terceira mão (Ibidem). RESULTADOS PARCIAIS Foram realizadas até o momento observações flutuantes, o que restringe meu campo interpretativo devido à ausência de entrevistas com os sujeitos escolares, mas, certamente, contribuem para a riqueza do trabalho que está por vir.