1 Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e Análise para um MODELO SUSTENTÁVEL Salomé Abreu Universidade do Porto.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
GERENCIAMENTO DE PROJETOS (GP) ①CONTEXTO DE PROJETOS DIFERENÇAS ROTINAS / PROJETOS Fonte: MOURA, BARBOSA, 2010 APLICAÇÕES EM PROJETOS Projeto arquitetônico.
Advertisements

1 empresas locais orientação global. 2 Sumário 1)Democratizar Formas Alternativas de Financiamento 2)Uma resposta sim! 3)Como dizer sim? 4)Exemplos.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DO CENÁRIO FISCAL DE MÉDIO PRAZO Maputo, Maio de 2015.
Central de Aquisições e Contratações Públicas: O uso dos padrões e-Ping na estruturação do planejamento das contratações Brasília, 18 de junho de 2013.
Contributos para uma Caracterização Os Estudantes Estrangeiros Nacionais de Países da CPLP no Ensino Superior em Portugal: Isabel Pedreira Cláudia Roriz.
PROJETO DE CAPACITAÇÃO E ESTÍMULO À REALIZAÇÃO DOS EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS NOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DO SIPEC.
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS - ASSOCIAÇÕES DE SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL (normalmente, Estados) - EXPRIMEM UM ATO COLETIVO DE VONTADE DE COOPERAÇÃO.
Faro, novembro de 2013 Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares Direção de Serviços da Região Algarve.
1 Formador: Maria Manuela Matos Avaliação externa da dimensão científica e pedagógica (An 2-a ) BF Avaliação externa da dimensão científica e.
Instituição do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica Profa. Dra. Catarina de Almeida Santos – Faculdade de Educação/UnB Campanha Nacional Pelo.
Informações a transmitir na divulgação do novo sistema Objectivos da implementação do SGAD; Consequências dos resultados da avaliação. Importância para.
Antes de decidir, pense no estudante. Audiência Pública nº 02/2014 Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior – SERES Diretoria de Regulação.
CONSELHO DELIBERATIVO ESCOLAR (OU CONSELHO ESCOLAR) ESPAÇO PARA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA FULANO DE TAL GERED DE
J. Rawls Teoria da Justiça (1971). Propõe uma teoria da justiça baseada no conceito duma sociedade ordenada racionalmente com base em princípios de justiça.
Quem somos O Grupo Lusófona assume-se como o maior grupo de ensino de Língua Portuguesa com estabelecimentos de ensino superior e/ou secundário e básico.
Método para Estudo e Intervenção nas Organizações Forma de intervenção nas organizações.
INDICADORES SECRETARIA MUNICIPAL DE GESTÃO DE PESSOAS E POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS Departamento de Desenvolvimento Pessoal e Capacitação Funcional 05/08/2010.
“O regime especial vem definido nas respectivas leis instituidoras, dizendo respeito, em regra, à maior autonomia em relação à Administração direta; à.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA Orientador: Daniele H. Oliveira Pinheiro Nogueira.
Administração: teoria e prática no contexto brasileiro — © 2008 Pearson Prentice Hall Capítulo 10 Administração de marketing.
A Cadeia de Valor da PGFN IV Encontro de Gestão da Advocacia-Geral da União 10 e
Promoção da Cultura de Paz Departamento de Políticas, Programas e Projetos.
Elaboração de Projetos Aula 02 Prof. : Raimundo Teodoro
As funções do IFDR no QREN As exigências do Compliance Assessment Conversas ao almoço de 9 de Julho Joana do Ó.
Para entender o que é política pública Produção cultural
LEGISLAÇÃO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA. Modelo Orçamentário Modelo Orçamentário é o conjunto de procedimentos padronizados que devem ser seguidos pelos entes.
Estrutura de Projetos de Pesquisa Disciplina: Técnicas de Pesquisa em Economia.
Levantamento de dados Podem ser utilizados três procedimentos para obterem-se os dados: Pesquisa documental Pesquisa bibliográfica Contatos diretos.
QUESTIONÁRIO.
TEMA 9 Aula 24. AULA 22, 23 E 24 Políticas do setor turístico nas esferas municipal e estadual  Políticas nas esferas (o município e o turismo)  Gestão.
Avaliação e Revisão do Mapa Estratégico do MPE Produtos Gerados Brasília, 13 de Abril de 2009.
Análise do tema a partir das informações da coletânea CAPÍTULO 2 – página 10 a 15.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO Curso de Especialização em Negociação Coletiva Modalidade a Distância PPGA/EA/UFRGS e.
Apresentação dos principais resultados Esquema da Apresentação: I. Objectivos, actividades e públicos-alvo inquiridos no Diagnóstico II. Visão Global do.
Técnicas para Vantagens Competitivas 1/18 Normas emitidas em 1996 (pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas): ABNT ISO SISTEMAS DE GESTÃO.
Apresentação II GUIAS DE TURISMO. Apresentação II Entrevista com Guias de Turismo.
Princípios Norteadores, Sistemática de Desenvolvimento e de Remuneração Variável ESTRUTURA DE CARREIRAS DO GOVERNO DA BAHIA BRASIL.
Perspectivas de conhecimento na área do mar Manuel Rui F. Azevedo Alves Escola Superior de Tecnologia e Gestão Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
AUDIÊNCIA PÚBLICA Constituição Federal / Estadual Lei Complementar de Finanças Públicas / L 4320/64 LRF PPALDOLOA PPA - Define as políticas.
LDB E A PSICOLOGIA Profª Cristina Pinho.
Módulo III – Fundamentos Gerais de Segurança do Trabalho
AUDITORES DA SEGURANÇA MÓDULO 3 Metodologias de Auditoria Tema 4 – Realização de auditorias Vitor Costa Recurso desenvolvido no âmbito da medida
Projeto de Pesquisa em Psicologia Social – PPPS MÉTODOS DE COLETA DE DADOS na Pesquisa Qualitativa 06/06/2011 2o Bimestre.
GESTÃO DE PROJETOS. 1. Introdução ao Gerenciamento de Projetos 1.1. Definições de Projeto, Programa e Portfólio. Relações entre Gerenciamento de Projetos,
Gestão das organizações. O que é uma organização? Organização: “Grupo social em que existe uma divisão funcional do trabalho e que visa atingir através.
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS – INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO: O Estado é uma superestrutura administrativa destinada a cumprir a decisão do titular do poder,
ALTERAÇÕES DE POSICIONAMENTO REMUNERATÓRIO Lei n.º 12-A/08, de 27/2.
 pessoas colectivas, pessoas morais, pessoas jurídicas  crítica da expressão pessoa colectiva: todas as pessoas são singulares; há pessoas ditas colectivas.
PESQUISA CIENTÍFICA -Aula 3- Prof. Alexandre Paiva da Silva Pombal – PB; Abril de 2013.
Adm. de Recursos Humanos ASPECTOS INTRODUTÓRIOS Vamos conhecer o terreno? Adm. MsC. FIBIA BRITO GUIMARÃES
Orçamento Empresarial Aula 04. Relação com outras áreas Periodicidade Plano de projetos Aquisição de uma máquina, construção de fábrica contrato de fornecimento.
ENAP/Brasília junho/2010. Antes de 1930 – Fase contábil - Preocupação com a saúde física 1930 a 1950 – Fase Legal - Instituição da CLT - Estudo das relações.
Área de Projecto ESCOLA SECUNDÁRIA FRANCISCO DE HOLANDA Ano Lectivo 2009/2010.
Fundamentos da Administração
Seminar on Transfer Pricing Application Availability of Information Portugal Presentation by Luís Pedro Ramos (Tax Inspection on Large Companies Department)
 Mapeamento de seus cenários internos e externos, identificando requisitos essenciais a serem atendidos;  Tradução de requisitos em informações a serem.
EMPRESAS, ESCRITÓRIOS E PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE DO VALE DO ARARANGUÁ: ESTUDO SOBRE O PERFIL E TECNOLOGIAS UTILIZADAS NOS MUNICÍPIOS DE SOMBRIO,
ADMINISTRAÇÃO  Profª. Kelly Magalhães. Conteúdo da Seção  Introdução à Administração e às Organizações  Organizações e a Administração  Processo de.
24/6/20161 Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Acordo para o Desenvolvimento Sustentável Compromisso do CDES e de 71 Organizações da Sociedade.
Componentes da cadeia de valor proposta por Michael Porter
Arquivos e Métodos de Acesso SEMTAS – IDECAM – 2015 Prof. Jefferson Ferreira Natal/2015.
AUDITORES DA SEGURANÇA MÓDULO 2 Critérios da Auditoria Tema 5 – Requisitos 4.5 e 4.6 Vitor Costa Recurso desenvolvido no âmbito da medida do POEFDS.
Avaliação de Políticas Públicas e Programas Governamentais: a Experiência do TCE-PR Alexandre Faila Coelho Diretoria de Auditorias - DAUD.
Elaboração de Projeto de Pesquisa
Noções Preliminares sobre o Direito Penitenciário
OFICINA DE MÉTODO CIENTÍFICO
DECLARAÇÃO TRIPARTIDA DE PRINCÍPIOS SOBRE EMPRESAS MULTINACIONAIS E POLÍTICA SOCIAL ACTRAV Bureau para as Atividades dos Trabalhadores.
7 Núcleos Geradores de Unidades de Competência: Áreas “gémeas” de Competências-Chave: Apresentação do Referencial de Competências-Chave de Nível Secundário.
“Roupa Usada dá Projeto Social”. O Projeto Amigo nasce em Itália, através de uma ideia do Dr. Michele Posca que, pela sua formação católica, quis aliar.
ORÇAMENTO BASE ZERO.
Transcrição da apresentação:

1 Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e Análise para um MODELO SUSTENTÁVEL Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras

2 O objecto deste trabalho de investigação incide nos diversos modelos de gestão aplicados nos museus portugueses e que integram a Rede Portuguesa de Museus (RPM). Museus Nacionais - Instituto de Museus e da Conservação, I.P.– Ministério da Cultura; Museus Locais - Autarquias Locais; Museus Privados - Fundações e Associações. Não se pretende neste trabalho apresentar um estudo exaustivo de gestão, mas tão só uma análise da forma como os museus trabalham com os diferentes modelos de gestão, suas vantagens e desvantagens, no sentido de apresentar um modelo sustentável. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras INTRODUÇÃO

3 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus O que é um museu? Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Desde a sua origem chamou-se museu a um espaço de diálogo, de fruição cultural e preservação de objectos de arte. Actualmente, museu é instituição de serviço público, espaço de cultura, de conhecimento, de diálogos, de preservação, de lazer e de memórias. 1.º Espaços fechados, câmaras de maravilhas, onde apenas os eruditos se encontravam para exercerem o diletantismo cultural. 2.º Espaços abertos, a começar pelo Museu Britânico, o Louvre, o Prado, entre outros, com obras de arte expostas a todos sem excepção.

4 Missão e organização de museus Peter Drucker refere que, “As organizações sem fins-lucrativos começam pelo desempenho da sua missão.” (DRUCKER, 1998:181) MISSÃO é a razão de ser de uma organização, e os OBJECTIVOS são as metas a atingir. A missão é então todo um conjunto de serviços, previamente traçados, cujo objectivo neste caso pressupõe preservar, estudar e garantir o acesso aos bens culturais a todos sem excepção. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável São objectivos “primários”: preservar, coleccionar, investigar, divulgar, promover o conhecimento, a educação, a cultura e o lazer. São objectivos “secundários”: gerir toda a organização para que a instituição, não perca a capacidade financeira de suportar o cumprimento da sua missão.

5 Um museu para quê e para quem? A nova função do museu, muito marcada pela democracia cultural e pela valorização do património e do conhecimento, proporciona ao homem um instrumento pedagógico, ao serviço do saber, da cultura e do lazer. Esta evolução histórica permite-nos verificar como a missão dos museus foi reflexo das mutações sociais e culturais, passando não só a evidenciar a natureza dos factos já passados e consequentemente históricos mas também a ter uma função orientadora da civilização. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

6 Um museu para, Preservar o património e divulgar terá a sua origem na Revolução Francesa como considera Carlos Alberto Ferreira de Almeida: “O actual sentido dominante começou a aparecer, furtivamente, aquando da Revolução Francesa. Ao notarem o iconoclasmo revolucionário, as pilhagens e as distribuições dos bens da Igreja e da Monarquia, alguns responsáveis políticos daquele tempo, culturalmente lúcidos, começaram a falar, metaforicamente, no “património artístico e monumental da nação” que era necessário salvaguardar, tentando, assim, sensibilizar as pessoas para o seu respeito.” (ALMEIDA, 1998:12-13) Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

7 Um museu para, Coleccionar Já no século XVI (Itália Renascentista) as colecções começam a ser classificadas e ordenadas, mas foi nos finais do século XIX e início do século XX, que os museus começaram a dar sinais de desenvolvimento e as colecções começam a ser exibidas com critérios estéticos e científicos, organizadas e expostas por temáticas e cronologias. O coleccionismo deixa de ter carácter privado e começa a invadir os organismos públicos que originou a formação de notáveis museus europeus. Deu-se o renascer do mercado da arte. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

8 Um museu para, Inventariar A inventariação refere-se aos procedimentos relativos à identificação do objecto, que deve ocorrer logo que este seja recepcionado nos serviços, promovendo-se o seu registo com a respectiva codificação e valoração. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Um museu para, Investigar Investigar é promover o conhecimento, é recolher informação e submetê-la a análise, é conhecer o desconhecido e compreender o passado para melhor avaliar o presente. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

9 Um museu para, Educação e serviço educativo O objecto da educação é o ser humano, mas andamos sempre a tentar saber o que é a educação e para que serve? Educar é produzir, construir, orientar, ordenar e descobrir o ser humano. A educação nos museus alargou-se aos vários níveis de público, aquilo a que hoje se chama serviço educativo, sendo um projecto museológico que tem por detrás o objectivo de sensibilizar públicos menos formados e que, através de serviços direccionados, responde a graus de exigência diferente. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

10 Um museu para, Cultura e acção cultural “O Estado deve promover a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural”. (art.73.º n.º3 da C.R.P. de 1976) A cultura faz parte da essência do homem, é um modo de vida, de ser e de estar perante a sociedade; uns produzem-na, outros consomem-na. Os gregos entendiam esta categoria como sinónimo de erudição, mas também de civilização, constituindo um conjunto de valores, sociais, intelectuais, éticos e estéticos. Cultura é simultaneamente informação e comunicação, aquisição de conhecimento e modo de vida. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

11 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Um museu para, Valorização social A valorização social é igual a investimento, mas só há investimento quando a valorização social é permitida a todos sem excepção. Razão pela qual, o Estado deve financiar este serviço, já que o museu tem como missão o seu desempenho, que se traduz de facto num serviço público. Um museu com, Informação e comunicação Dispondo correctamente da informação e da comunicação, o museu pode ser um espaço, de excelência, onde as relações humanas através de processos cognitivos, afectivos, sociais e culturais atinjam o mais elevado grau dos saberes e do conhecimento. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

12 Um museu com, Marketing e divulgação O marketing nos museus está fortemente direccionado para a captação de públicos, tendo por base a criação de novos produtos e serviços que posicionem o museu numa situação favorável, face à panóplia dos serviços que presta e ao cumprimento da sua missão. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus Um museu para, Públicos O público parece ser actualmente a razão de ser e existir dos museus. Mais do que preservar, conservar, restaurar e estudar a colecção, hoje os museus preocupam-se com o seu público e com os serviços que podem oferecer, expectantes de um alargamento qualitativo e sobretudo quantitativo. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

13 Museus – modelos de organização e gestão Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus O Museu é uma instituição e a Museologia é a ciência que estuda a sua missão e organização, abrangendo não só a museografia, mas todo o conjunto de regras, princípios, observações e conhecimentos indispensáveis à organização e ao funcionamento do museu. Uma organização pressupõe um conjunto de pessoas hierarquicamente organizadas, que cooperam de forma a atingir os objectivos da organização. A gestão pressupõe rentabilizar os serviços, obtendo deles um retorno patrimonial, cultural e social. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

14 Liderança e gestão de recursos humanos Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus É gestão de recursos humanos, a forma como o líder consegue que cada trabalhador desenvolva todo o seu potencial intuitivo, racional e criativo, e use as capacidades e conhecimentos na prossecução dos objectivos do serviço. Liderar é a forma como os dirigentes desenvolvem e prosseguem a missão e definem os valores necessários para sustentar e implementar, a longo prazo, uma cultura de excelência na organização. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

15 Orçamento e Planificação Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus O Orçamento do Estado é o principal financiamento e é com base nele que tudo se regula, principalmente os orçamentos dos institutos, das autarquias locais, bem como das associações do Estado e fundações. Planificar é programar a execução de actividades para um determinado período de tempo. A planificação implica uma estratégia que assegure o normal funcionamento de uma organização, sem perder de vista os interesses e objectivos a atingir. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

16 Modelos de gestão São cerca de 93 os museus a analisar neste trabalho e todos eles pertencem à Rede Portuguesa de Museus. Obedecem estes museus a um padrão de organização e gestão único? Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus 29 museus nacionais, tutelados pelo Instituto de Museus e da Conservação, I.P., instituto que depende do Ministério da Cultura – (tutela pública) 50 museus locais, tutelados pelas Autarquias Locais – (tutela pública) 9 museus tutelados por Fundações e 5 museus tutelados por Associações – (tutela semi- pública ou privada). Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

17 Museus Nacionais tutelados pelo Ministério da Cultura (IMC, I.P.) Estes museus executam actos administrativos, gerem serviços e orçamentos, mas não detêm uma verdadeira liberdade de decisão e de execução. A gestão de cada museu depende do IMC, I.P. que, por sua vez, também depende do Ministério da Cultura que é quem detém a “fatia” do orçamento proveniente do Orçamento do Estado. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

18 Museus Locais – tutelados pelas Autarquias Locais Estes museus dependem economicamente das Câmaras Municipais, possuindo receitas próprias e processos próprios para a elaboração e aprovação dos respectivos orçamentos. Como dependem de uma administração local com autonomia administrativa e financeira beneficiam de um modelo de gestão mais flexível. A autonomia financeira permite uma actuação mais célere e a promoção de actividades não previstas. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

19 Museus privados – tutelados por Fundações e Associações Estes museus são autónomos, acabam por ter uma gestão público-privada, ou seja, pública porque é na maioria financiada pelo Estado e privada porque a gestão depende exclusivamente da fundação ou associação sem intervenção directa do Estado. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO: aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

20 Estudo de caso e análise SWOT Neste trabalho, é verdade que a pesquisa efectuada não incidiu especificamente e apenas num único modelo de gestão, de instituição, fundação ou associação, a que se possa chamar genericamente de “um caso”. O Estudo de Caso deve ser conduzido sobre fontes de dados que podem constituir todo o processo de estudo, são indicadas quatro fontes: Documentação; Observação directa; Observação participante e Questionários. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO III – ESTUDO DE CASO Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

21 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO III – ESTUDO DE CASO Questionários O número total de questionários enviados foi de 93 e recebidos foi de 26, estes considerados válidos, que corresponde a 28%, sendo 9 dos Museus Nacionais, 9 Museus Locais, 5 das Fundações e 3 das Associações. A amostra obtida constituída pelos 26 questionários recebidos válidos será a amostra que servirá de referência para o estudo deste trabalho. Apresenta-se, de seguida, uma síntese destes resultados: - Universo do estudo Museus (29 MN - 50 ML - 09 F - 05 A) - Amostra teórica do estudo Museus - Envio dos questionários e 20 de Novembro de Recepção /Novembro de 2007 e 31/Janeiro de Questionários recebidos Questionários válidos Amostra obtida = Amostra do estudo Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

22 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO III – ESTUDO DE CASO Convém referir neste estudo de caso, dois museus da mesma tutela (IMC) que, por via telefónica e correio electrónico informaram que não iriam responder ao questionário indicando as razões seguintes, justificativas desta decisão: num dos casos, “não respondiam sem terem o aval da tutela para o fornecimento de dados” e, no outro, diz-se, “O serviço não possui ainda, nem departamento contabilístico nem Divisão deste âmbito que possa responder com facilidade e objectividade ao questionário”. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

23 Iniciaremos esta análise, que mostrará os pontos fortes e fracos pelos Museus Nacionais, seguindo-se os Museus Locais, Fundações e Associações. Posteriormente, confrontaremos os resultados de diferentes questões, mas idênticas nos diferentes tipos de museus estudados. As questões a analisar foram seleccionadas, considerando-se aquelas que melhor se identificam com os casos em estudo. Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CAPITULO III – ESTUDO DE CASO Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

24 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Como primeira conclusão e após a análise dos resultados globais dos questionários, no que refere à concordância ou não de uma gestão mais autónoma, conducente a um modelo sustentável, parece ser de relevar o facto de um grande número de Directores e/ou Conservadores a quem dirigi os questionários, (44%) não concordarem com a autonomia administrativa e financeira, apesar de referirem que gostariam de ter mais autonomia. PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Em tese, a não concordância prende-se quase exclusiva-mente com o facto de o museu ter que apresentar receitas na ordem dos 2/3 do valor total do seu orçamento. Esta tese é comprovada pela declaração do director do IMC, I.P ao Público: “têm que ser capazes de gerar mais receitas”. (Público ; p.5) Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Preferência pela Autonomia Administrativa e Financeira 44% Não 28% Sim 28% sem resposta

25 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Pontos Fortes Gozam de um notório reconhecimento público. Possuem maior dimensão Patrimonial e Cultural. Possuem um modelo único, apresentando por isso um modelo mais organizado, o que permite controlar a gestão nos museus. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Pontos Fracos 23% Orçamento reduzido; 19% Muita burocracia e Falta de equipamentos; 22% Recursos humanos insuficientes; 17% Recursos humanos pouco habilitados. Museus Nacionais

26 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Pontos Fracos 24% Orçamento Reduzido; 16% Muita burocracia e Falta de equipamentos; 23% Recursos humanos insuficientes; 21% Recursos humanos pouco habilitados. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Pontos Fortes Como dependem de uma administração local com autonomia administrativa e financeira, beneficiam de Um modelo de gestão mais flexível. Museus Locais

27 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Pontos Fracos 26% Orçamento Reduzido; 17% Muita burocracia; 19% Falta de equipamentos; 23% Recursos humanos insuficientes; 15% Recursos humanos pouco habilitados. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Pontos Fortes O facto de estarem sujeitos a fontes de rendimento, não dá lugar para serviços condenados ao fracasso, procuram estar sempre na vanguarda. Horários mais alargados. Através do marketing muito desenvolvido, conseguem promover uma imagem superior à de outros museus com valiosas colecções. Museus Privados – Fundações

28 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Pontos Fortes Horários mais alargados. Bom marketing. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Pontos Fracos 45% Orçamento Reduzido; 11% Muita burocracia; 11% Falta de equipamentos; 22% Recursos humanos insuficientes; 11% Recursos humanos pouco habilitados. Museus Privados – Associações

29 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Pontos Fortes e Fracos M. Nacionais M. Locais Fundações Associações Orçamento Reduzido 23% 24% 26% 45% Muita burocracia 19% 16% 17% 11% Falta de equipamentos 19% 16% 19% 11% Recursos humanos pouco habilitados 17% 21% 15% 11% Recursos humanos insuficientes 22% 23% 23% 22% Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

30 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras A maior parte dos inquiridos responderam que: O melhor modelo de gestão é sempre o de outras tutelas e não o da sua. Apenas 5% consideraram melhor modelo o da sua tutela, 8% das Associações e Museus Nacionais, 16% dos Museus Locais, 44% preferem o modelo das Fundações, justificada pelos inquiridos como sendo o modelo mais funcional. No entanto, verifica-se ainda 24% de ausência de respostas. PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

31 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Na sua maioria, constatou-se que as respostas relacionadas com gestão, isto é, referentes a receitas e despesas, serviços e recursos humanos, não tinham consistência. Existe alguma ou até muita contradição: Refere-se o desconhecimento dos valores de receitas e despesas, para logo a seguir se dizer que um dos problemas do museu é o orçamento reduzido. Assinala-se que o plano de actividades de Museus da mesma Tutela é feito sem conhecimento do orçamento, outros, referem que este é feito com base nele. Este serviço é considerado em inquéritos enviados aos quatro tipos de museu, como sendo marginal às funções de um Director e/ou Conservador, referindo-se ainda o seu não relacionamento com os serviços de gestão da tutela. PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

32 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras A partir desta análise foi possível traçar o perfil possível do panorama museológico português, no que se refere às práticas museológicas e de organização e gestão. Este tema, gestão, não é muito familiar aos inquiridos. Tal como defende Graça Nunes, “A competição global exerce uma pressão sobre as metodologias de trabalho, levando à consequente mudança da estruturação organizacional e dos modelos de gestão”. (NUNES, 2007:4) É nosso entendimento que, uma gestão adequada, proveniente de projectos promissores, pode num futuro próximo retirar os museus da asfixia financeira em que vivem. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

33 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras A comprovar a tese de que o panorama museológico português vive dias de grande preocupação financeira, no decorrer desta investigação, no telejornal das 20horas do canal da SIC, do dia 10 de Março de 2007, é noticiado que; “o Museu Nacional de Arte Antiga está aberto com metade das salas por questões de segurança, uma vez que não havia pessoal suficiente que garantisse a segurança do espólio”. No dia seguinte, 11 de Março de 2007, novamente no telejornal das 20horas do canal da SIC, é noticiado também que; “o Museu Nacional do Azulejo estava a fazer uma promoção de 50%, devido ao facto do museu também só ter metade das suas salas abertas”, pela mesma razão do anterior, falta de recursos humanos. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

34 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Que tipo de organização e gestão deve ser praticada nos museus? Quais os modelos e quais os mais adequados? Graça Nunes defende que: “Ao virar de século, os museus portugueses encontram-se cada vez mais credenciados e firmados no contexto nacional, regional e local, tendo que adoptar modelos de gestão, quer da organização a que pertencem, quer da sociedade que integram, buscando a sustentabilidade pretendida”. (NUNES, 2007:4) Ou ainda como sugere Filipe Serra: “Há muito que as tutelas e os responsáveis pelos principais museus mundiais compreenderam a utilidade, a conveniência e, acima de tudo, a necessidade de reconhecer a devida relevância destes instrumentos, constituindo, por sua vez, complemento fundamental do trabalho dos conservadores e demais técnicos à frente de uma gestão museológica integrada”. (SERRA, 2007:11) ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

35 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Em Portugal, esta gestão integrada é ainda muito incipiente. Os inquiridos consideraram que a formação em gestão é agora uma necessidade e até a consideram como 2.ª prioridade da lista: 1.Conservação Preventiva 18%, 2.Gestão 14%, 3.História de Arte 14%, 4.Património e Marketing 13%, 5.Design 11%, 6.Antropologia 9% 7.Arquitectura 8%. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

36 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Exigir uma boa organização, gestão e programação museológica, com rigor e responsabilidade, são certamente contributos de sustentabilidade. No nosso entender, a sustentabilidade dos museus, não passará só certamente pelo princípio da autonomia administrativa e financeira, mas equacionar um trabalho conjunto de Directores e Gestores. Propor um modelo que se ajuste a museus de tutelas diferentes é um desafio um pouco difícil mas não impossível. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Sendo certo que, para haver um modelo único, teria que haver uma instituição que fosse promotora, orientadora, fiscalizadora e avaliadora das regras desse mesmo modelo.

37 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Assim, parece-nos razoável que uma instituição como a Rede Portuguesa de Museus - IMC, IP que já avalia os museus e os certifica para integrarem a Rede Portuguesa de Museus, fosse uma instituição capaz de implementar tal modelo. Sendo um modelo, um conjunto de regras, estas deveriam contemplar no mínimo os seguintes requisitos: Autonomia administrativa e financeira; Programa museológico, com missão e objectivos; Orçamento para cada ano económico; Quadro de pessoal, contemplando categorias e formação adequadas, Museologia e Gestão; Planificação anual das actividades; Relatório anual de actividades e contas. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável Parte destes requisitos já são propostos mas ninguém os fiscaliza.

38 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras CONCLUSÃO O reduzido número de respostas obtido, para um trabalho de investigação científica – numa base de confirmação que partia do zero, obrigou a uma análise mais atenta e a questionar telefonicamente a não resposta ao questionário. Foram dadas algumas explicações como: “o assunto era polémico” Sobre este facto constatou-se que o momento era de Remodelação de Directores e estava precisamente a decorrer o processo de demissão da ex-directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Dalila (Fernandes) Rodrigues. Outros responderam que: “não possuíam nem dados nem autorização por parte da tutela para responder às questões” ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

39 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Já no final desta investigação, no programa televisivo Câmara Clara do Canal 2 da RTP, do dia 13/04/2008 o Presidente da Fundação de Serralves, António Gomes de Pinho, e o ex-ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho declararam sobre esta problemática.[1] O Presidente da Fundação de Serralves referiu: o modelo das Instituições Criativas que estão a surgir na Inglaterra, como modelo a analisar, pela importância dos eventos interessantes e sustentáveis que apresentam, salientando a combinação, cultura e turismo como promotores do desenvolvimento social mas também económico. Referiu ainda que é importante para estas instituições serem detentoras de autonomia, constituindo um ponto forte, necessária para desenvolver projectos inovadores e consistentes, sendo, por isso, o modelo de Serralves fazer cada vez melhor com o mesmo dinheiro. Acrescentou que Cultura e Economia devem estar cada vez mais próximas. O ex-ministro da cultura considerou também: a autonomia um ponto forte para os museus mas, receia que numa economia frágil esta seja prejudicial em algumas situações. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

40 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Como exemplo temos: “O chamado «Modelo Barcelona» considerado um marco nas transformações urbanas do século XX e uma referência em boa parte do mundo ocidental, notadamente na América Latina. (…) a cidade ‘precisava’ ter mais museus de padrão internacional, salas de concertos e de ópera, equipamentos culturais modernos e atrativos. (…) As atividades culturais devem procurar ser auto-sustentáveis e vistas como atração turística para a cidade. (…) Contrato, autonomia e avaliação são os três pilares onde se assentam as bases desta nova forma de gestão. (…) O chamado “Modelo Barcelona”, ao eleger a cultura como vitrine para atrair turistas, faz uso das manifestações culturais com finalidades primordialmente econômicas ”.[1][1] [1] arti/?searchterm=tem%C3%83%C2%A1ticohttp://forumpermanente.incubadora.fapesp.br/portal/.painel/palestras/aulasp-jordi- arti/?searchterm=tem%C3%83%C2%A1tico ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

41 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Sendo a amostra deste inquérito reduzida, não deixa de traduzir dados muito representativos, como se pode verificar num inquérito a 34 museus nacionais, efectuado pelo Jornal PÚBLICO, em 6 de Outubro de 2008, cujo título é, Falta de dinheiro e de funcionários está a asfixiar a rede de museus. Como consequência deste problema, falta de pessoal, estão museus fechados às terças-feiras e, por falta de dinheiro, os planos expositivos estão adiados, abdicaram obras de manutenção e restauro e, restringiram as actividades educativas. A notícia salienta ainda, maior autonomia, uma vez que este modelo “impede uma programação plurianual culturalmente ambiciosa e responsável”. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

42 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Sem mais considerações, e como já foi analisado ao longo deste trabalho existem já modelos de gestão cultural sustentáveis, que poderão servir de referência. A “imaginação e a polivalência” são atributos insuficientes. Com a falta de dinheiro nos museus e de um modelo de organização e gestão promissor, o panorama museológico português será certamente aflitivo. Assim, parece-nos que o regime jurídico da gestão das instituições públicas / museus necessita de se modernizar, para isso é necessário um adequado modelo de organização e gestão, de uma direcção responsável pelas várias áreas afins (Museologia e Gestão), de uma avaliação rigorosa, mas essencialmente, de autonomia administrativa e financeira associada a estes requisitos. ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M. Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável

43 Salomé Abreu Universidade do Porto – Faculdade de Letras Obrigada Dezembro de 2008 Dissertação de Mestrado em Museologia ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um modelo sustentável