HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Odontologia Disciplina de Epidemiologia Geral.

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História Natural da Doença
Transcrição da apresentação:

HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdade de Odontologia Disciplina de Epidemiologia Geral

HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Afinal, de que estamos falando???

as características gerais do curso de uma doença podem ser descritas, com relativa facilidade, de maneira a se obter um referencial sobre a evolução do processo, referencial que se convencionou denominar “história natural”. as características gerais do curso de uma doença podem ser descritas, com relativa facilidade, de maneira a se obter um referencial sobre a evolução do processo, referencial que se convencionou denominar “história natural”. “história”: noção de tempo, apropriação de acontecimentos passados e acompanhamento ao longo do tempo, de modo a entendê-los na atualidade; “história”: noção de tempo, apropriação de acontecimentos passados e acompanhamento ao longo do tempo, de modo a entendê-los na atualidade; “natural”: conotação de progresso sem a intervenção do homem; “natural”: conotação de progresso sem a intervenção do homem;

deste modo, a história natural da doença representa “o curso da doença sem a intervenção do homem” (Pereira, 1999). deste modo, a história natural da doença representa “o curso da doença sem a intervenção do homem” (Pereira, 1999). HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA

a denominação “história natural” é muito empregada para designar “investigações clínicas”, freqüentemente longitudinais (desenvolvidas ao longo do tempo); a denominação “história natural” é muito empregada para designar “investigações clínicas”, freqüentemente longitudinais (desenvolvidas ao longo do tempo); Qual a sua finalidade? Qual a sua finalidade? tem como objetivo produzir informações sobre a evolução de um evento; tem como objetivo produzir informações sobre a evolução de um evento; Qual o seu método? Qual o seu método? através da observação de um número suficiente de pacientes reunidos e acompanhados criteriosamente, de modo a se produzir detalhes sobre a evolução da doença. através da observação de um número suficiente de pacientes reunidos e acompanhados criteriosamente, de modo a se produzir detalhes sobre a evolução da doença.

Como o homem pode interferir no curso de uma doença? através de medidas preventivas; através de medidas preventivas; através de medidas curativas. através de medidas curativas.

Concepções da História Natural da Doença A história natural da doença costuma ser visualizada através de duas ópticas principais: visão da doença através dos serviços de saúde: as observações se referem à demanda espontânea de pacientes que procuram um serviço de saúde; visão da doença através dos serviços de saúde: as observações se referem à demanda espontânea de pacientes que procuram um serviço de saúde; visão da doença a partir da comunidade: os dados para descrever a história natural da doença provêm da busca ativa de pacientes na comunidade, através dos inquéritos populacionais. visão da doença a partir da comunidade: os dados para descrever a história natural da doença provêm da busca ativa de pacientes na comunidade, através dos inquéritos populacionais.

Visão da doença a partir da comunidade: existe uma base populacional, delimitando um território, em cujos limites está a população na qual a doença é investigada; existe uma base populacional, delimitando um território, em cujos limites está a população na qual a doença é investigada; inclui tanto os pacientes que procuram os serviços de saúde quanto aqueles que jamais demandaram; inclui tanto os pacientes que procuram os serviços de saúde quanto aqueles que jamais demandaram; permite observar os diversos graus de risco e a ocorrência de vários estados (portadores, casos atípicos, casos de evolução subclínica) concomitante aos casos típicos, sua evolução (com ou sem complicações). permite observar os diversos graus de risco e a ocorrência de vários estados (portadores, casos atípicos, casos de evolução subclínica) concomitante aos casos típicos, sua evolução (com ou sem complicações).

Fases da História Natural da Doença compreende “cortes” no processo de saúde- doença para além da etapa patológica propriamente dita; compreende “cortes” no processo de saúde- doença para além da etapa patológica propriamente dita; deste modo, a doença, quando se manifesta clinicamente, não deve ser interpretada como um fato isolado e repentino, mas como a exteriorização de um processo iniciado há algum tempo. deste modo, a doença, quando se manifesta clinicamente, não deve ser interpretada como um fato isolado e repentino, mas como a exteriorização de um processo iniciado há algum tempo.

Fase Inicial ou Fase de Suscetibilidade; Fase Inicial ou Fase de Suscetibilidade; Fase Patológica Pré-Clínica; Fase Patológica Pré-Clínica; Fase Clínica; Fase Clínica; Fase de Incapacidade Residual. Fase de Incapacidade Residual. A História Natural da Doença é subdividida em 4 fases:

1. Fase Inicial ou Fase de Suscetibilidade ainda não há doença propriamente dita; ainda não há doença propriamente dita; existem condições que favorecem o seu aparecimento; existem condições que favorecem o seu aparecimento; pessoas não apresentam o mesmo risco de adoecer (ou seja, as pessoas não nascem iguais nem vivem iguais). pessoas não apresentam o mesmo risco de adoecer (ou seja, as pessoas não nascem iguais nem vivem iguais).

Fatores de Risco/ Fatores de Proteção: Condições de vida ou características, atributos ou hábitos das pessoas que facilitam (fatores de risco) ou dificultam (fatores de proteção) a ocorrência de danos à saúde.

2. Fase Patológica Pré-Clínica o organismo já apresenta alterações patológicas; o organismo já apresenta alterações patológicas; a doença ainda está no estágio de ausência de sintomatologia; a doença ainda está no estágio de ausência de sintomatologia; vai desde o início do processo patológico até o aparecimento de sintomas ou sinais da doença; vai desde o início do processo patológico até o aparecimento de sintomas ou sinais da doença; o curso da doença pode ser subclínico e evoluir para a cura ou progredir para a fase clínica; o curso da doença pode ser subclínico e evoluir para a cura ou progredir para a fase clínica; exemplo: detecção da hipertensão arterial assintomática. exemplo: detecção da hipertensão arterial assintomática.

“Rastreamento”, “triagem” ou “screening” é a procura por indivíduos suspeitos de estarem enfermos ou em risco de adoecer na população aparentemente sadia; é a procura por indivíduos suspeitos de estarem enfermos ou em risco de adoecer na população aparentemente sadia; nos indivíduos identificados como tendo resposta positiva ao teste inicial são realizados outros exames diagnósticos, que não podem ser utilizados em toda a população por dificuldades econômicas ou operacionais. nos indivíduos identificados como tendo resposta positiva ao teste inicial são realizados outros exames diagnósticos, que não podem ser utilizados em toda a população por dificuldades econômicas ou operacionais.

3. Fase Clínica a doença manifesta-se clinicamente (isto quer dizer que ela já se encontra em estágio avançado); a doença manifesta-se clinicamente (isto quer dizer que ela já se encontra em estágio avançado); há diferentes graus de acometimento do organismo: manifestação leve, mediana, grave, de evolução aguda, de evolução crônica, etc. há diferentes graus de acometimento do organismo: manifestação leve, mediana, grave, de evolução aguda, de evolução crônica, etc.

Limiar clínico Corresponde ao nível acima do qual a doença é exteriorizada. O limiar clinico depende dos seguintes fatores: natureza da doença; natureza da doença; características do paciente; características do paciente; condições de observação; condições de observação; capacidade do observador; capacidade do observador; tecnologia empregada, etc. tecnologia empregada, etc.

Metáfora da “ponta do iceberg”: nem todos os indivíduos afetados por uma condição nosológica apresenta quadro clínico (evolução subclínica); nem todos os indivíduos afetados por uma condição nosológica apresenta quadro clínico (evolução subclínica); apenas uma parte dos que apresentam quadro típico procura o sistema formal de atendimento; apenas uma parte dos que apresentam quadro típico procura o sistema formal de atendimento; a assistência prestada a muitas doenças traduz a “ponta do iceberg”: ou seja, corresponde à demanda espontânea por serviços de saúde; a assistência prestada a muitas doenças traduz a “ponta do iceberg”: ou seja, corresponde à demanda espontânea por serviços de saúde;

4. Fase de Incapacidade Residual se a doença não progrediu até a morte ou não houve cura completa, freqüentemente deixa seqüelas (resquícios de sua progressão); se a doença não progrediu até a morte ou não houve cura completa, freqüentemente deixa seqüelas (resquícios de sua progressão); as alterações anatômicas e funcionais se estabilizam, através do efeito de medidas terapêuticas ou do próprio curso natural da doença; as alterações anatômicas e funcionais se estabilizam, através do efeito de medidas terapêuticas ou do próprio curso natural da doença;

Períodos Pré-Patológico e Patológico da História Natural da Doença (Pereira, 1999 apud Leavell & Clark, 1976) Período Pré-PatológicoPeríodo Patológico Antes do indivíduo adoecer Curso da doença no organismo humano Interação de agentes mórbidos, o hospedeiro humano e os fatores ambientais Alterações precoces Fase de suscetibilidade Fase patológica pré-clinica Fase clínica Fase residual Doença precoce discer- nível Doença avan- çada Convalescença Morte Invalidez Cronicidade Limiar clínico Recuperação

Considerações para a interpretação do quadro: quanto mais a pessoa estiver à esquerda do quadro, mais fácil será diagnosticá-la como sadia; quanto mais a pessoa estiver à esquerda do quadro, mais fácil será diagnosticá-la como sadia; quanto mais a pessoa estiver à direita do quadro, mais fácil será diagnosticá-la como doente ou como portadora de seqüelas; quanto mais a pessoa estiver à direita do quadro, mais fácil será diagnosticá-la como doente ou como portadora de seqüelas; na porção intermediária (circundando a fase pré- clínica): reconhecimento do estado do indivíduo é mais difícil e é maior a probabilidade de erros. na porção intermediária (circundando a fase pré- clínica): reconhecimento do estado do indivíduo é mais difícil e é maior a probabilidade de erros.