Epidemiologia Analítica

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Transcrição da apresentação:

Epidemiologia Analítica Estudos transversais Site: www.epi.uff.br

Tipo de estudos epidemiológicos observacionais A) “causa” (exposição) e “efeito” (desfecho) são mensurados em um único momento no tempo. B) Parte-se da exposição (presente/ausente) e, em pelo menos em um momento posterior no tempo, mensura-se a ocorrência do desfecho nos dois grupos. C) Parte-se do desfecho (presente/ausente) e, através de uma fonte confiável, verifica-se a exposição (passado) nos dois grupos.

Tipo de estudos epidemiológicos observacionais A) “causa” (exposição) e “efeito” (desfecho) são mensurados em um único momento no tempo. B) Parte-se da exposição (presente/ausente) e, em pelo menos em um momento posterior no tempo, mensura-se a ocorrência do desfecho nos dois grupos. C) Parte do desfecho (presente/ausente) e, através de uma fonte confiável, verifica-se a exposição (passado) nos dois grupos. Estudo transversal Estudo de coorte Estudo caso controle

Silva de Paula e colegas Silva de Paula e colegas. Anemia e deficiência de vitamina A em crianças menores de cinco anos assistidas pela Estratégia Saúde da Família no Estado de Pernambuco, Brasil Ciência & Saúde Coletiva, 19(4):1209-1222, 2014 Objetivo: descrever a prevalência e os fatores associados à anemia e deficiência de vitamina A em crianças menores de cinco anos assistidas pela ESF no Estado de Pernambuco.

Batista filho et al. Ciência & Saúde Coletiva, 19(4):1209-1222, 2014. Métodos Trata-se de estudo transversal, com componentes analíticos. A amostragem foi do tipo probabilística, escolhida em múltiplos estágios pelo sorteio sequencial de municípios, setores censitários e domicílios, sendo dimensionada para assegurar representatividade estatística de dois estratos geoeconômicos: Urbano e Rural.  Os domicílios foram visitados por uma equipe treinada, houve aplicação de questionário ao responsável, antropometria e coleta de sangue.  Para o presente estudo foram selecionadas crianças entre 6 e 59 meses de idade, de ambos os sexos, que tiveram realizadas as dosagens de hemoglobina e retinol sérico.

Estudo Transversal População investigadaem um só momento

Até 2 anos Com anemia Sem anemia Observa-se entre os dois grupos de idade (exposição) aonde a anemia (desfecho) foi mais frequente (prevalência). Maiores de 2 anos Com anemia Sem anemia

Estudos transversais A medida de frequência é a prevalência Compara-se a prevalência do desfecho nos dois grupos: expostos e não expostos Razão de prevalências= Prevalência de anemia em quem teve diarreia Prevalência de anemia em quem não teve diarreia

Tabela de contingência DOENTES NÃO DOENTES TOTAL EXPOSTOS doentes expostos a não doentes expostos b a + b NÃO EXPOSTOS doentes não expostos c não doentes não expostos d c + d TOTAL a + c b + d a + b + c + d

Medida de frequência: prevalência doentes expostos (a) prevalência em expostos = total de expostos (a + b) doentes não expostos (c) prevalência em não expostos = total de não expostos (c + d)

Medida de frequência no estudo de Batista Filho et al. Anemia Sem anemia Total Prevalência de anemia Idade <2 anos 195 131 326 59,8% Idade >2 anos 135 484 619 21,8%

Como medir associação entre exposição e desfecho? Posso quantificar o quanto possuir idade <2 anos aumenta ou diminui a frequência de anemia? Anemia Razão de prevalências Idade <2 anos 59,8 59,8 / 21,8= Idade >2 anos 21,8 2,74

Medida de associação – Razão de prevalências – RP No caso => RP= 59,8/21,8= 2,74 E se a RP fosse = 1? E se fosse = 0,5? Prevalência da doença em expostos Prevalência da doença em não-expostos

Estudos transversais: Análise Medida de associação: razão de prevalências ou OR expostos doentes (a) Chance de exposição em doentes não expostos doentes (c) Razão de cahnces de prevalências = expostos não doentes (b) Chance de exposição em não doentes não expostos não doentes (d)

Ameaças à validade interna Estudo transversais Ameaças à validade interna Os resultados obtidos são confiáveis? Ou seja, o efeito sobre a variável dependente (prevalência de anemia) se deve à variação da(s) variável(veis) independentes (idade da criança <2 anos)?

Critérios de Hill Quanto mais critérios forem preenchidos, maior a chance de esta associação ser de "causa e efeito“ : Força da associação: quanto mais forte uma associação, mais provável que seja causal. Consistência: a relação deve ser condizente com os achados de outros estudos Especificidade: exposição específica causa a doença Temporalidade: causa deve ser anterior à doença Gradiente biológico (efeito dose-resposta): deve ser em gradiente, proporcional Plausibilidade biológica: A associação deve ter uma explicação plausível, concordante com o nível atual de conhecimento do processo patológico Coerência: os achados devem seguir o paradigma da ciência atual Evidências experimentais: Mudanças na exposição mudam o padrão da doença Analogia: com outra doença ou com outra exposição Bradford-Hill, Austin. (1965). "The Environment and Disease: Association or Causation?". 'Proceedings of the Royal Society of Medicine' 58: 295–300. PMID 14283879.

Estudos transversais Pode ser medida a associação entre exposição e desfecho, mas há limitação para causalidade. Não há temporalidade, um critério importante para estabelecer causalidade.

Principal viés do estudo transversal Causalidade reversa Observa-se que o percentual de crianças anêmicas com pouca ou nenhuma fome (chegando à anorexia) é superior ao encontrado em crianças sem anemia Posso concluir que a “pouca ou nenhuma fome (chegando à anorexia)” é um fator de risco para anemia?

Confundimento ocorre quando os resultados de uma associação entre dois fatores podem ser imputados, total ou parcialmente, a um terceiro fator não levado em consideração; este terceiro fator, que está presente na base populacional, é a variável de confundimento. a variável de confundimento é um fator de risco (ou proteção) para o desfecho, independente da exposição. a variável de confundimento está sempre associada à exposição e ao desfecho, podendo mascarar um efeito existente ou ser responsável por um efeito inexistente.

Ocorrência de diarreia Confundimento exposição desfecho Idade < 2 anos Anemia fator Ocorrência de diarreia É um outro fator que, de forma independente, é risco ou proteção para o desfecho. Este fator está relacionado com a exposição (maior ou menor frequência entre os expostos) Este fator não faz parte da cadeia causal entre a exposição e o desfecho

Confundimento? A RP bruta para o desfecho anemia considerando a variável “ocorrência de diarreia” foi 1,2 e, após ajuste para fatores de confundimento, passou para 1,00. Significa que a variável “ocorrência de diarreia” estava confundida (levando à superestimação da RP), por estes fatores.

“Controle” do confundimento A) Análise estratificada Estima-se a razão de prevalências de anemia em quem apresentou/não apresentou diarreia para cada grupo de idade B) Regressão múltipla Y=a+bx1+bx2+e O efeito de cada x (idade, diarreia) sobre Y (anemia) é estimado independentemente!!!!