Leni Vieira Dornelles FACED/UFRGS

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Transcrição da apresentação:

Leni Vieira Dornelles FACED/UFRGS Lugares de Infâncias Leni Vieira Dornelles FACED/UFRGS

Por falar em infâncias... Busco mostrar o quanto a modernidade ocidental marcou uma só infância como: ingênua, burguesa, pura, inocente, protegida... Falo das infâncias por serem um misto de ingenuidade e esperteza, proteção e autonomia, quietude e movimento...

Século XVIII e a infância: Passa do fenômeno biológico ao cultural; a célula familiar apresenta-se em duas dimensões fundamentais - o eixo marido-mulher e o eixo pais-filhos; a família passa a se tornar um lugar de afeição necessária à manifestação de afetos, sentimentos, amor, sexualidade.

Lugares da infância/ instituições: a escola passa a substituir a aprendizagem como meio de educação, é o único lugar autorizado à educação da criança; criança é enquadradada em categorias de comportamento na busca de um ser educado, prestativo, servil, útil e disciplinado; A criança é chamada à razão - passa a ser considerada raciocinante, ou sujeito cognitivo.

Poder disciplinar Tal poder parte do princípio que é mais rentável vigiar do que castigar. Normalizar e fazer produtivo um indivíduo é mais rentável do que segregá-lo ou eliminá-lo. disciplinar as crianças, transformando-as em sujeitos úteis à sociedade desejada.

Estratégias de disciplinamento: São criadas “ínfimas materialidades” ou dispositivos panópticos para vigiá-la dentre eles: escolas, salas, quartos; fichas, exames, provas, livros, todos eles munidos de saberes e ciências humanas.

Governamentalidade Agir sobre as ações do outro e de si. Através do autodisciplinamento e do autogoverno que os sujeitos infantis exercem sobre si mesmos. Nestes são induzidos a julgar-se, com vistas a controlar-se, a transformar-se, a governar-se.

As infâncias Ninjas ou de rua A infância ninja é aquela que está à margem de tudo, ou seja, das novas tecnologias, dos games, da internet, da multimídia. São crianças e adolescentes que estão fora de suas casas e sem acesso aos produtos de consumo. Muitas sobrevivem nos bueiros da vida urbana. chamadas de crianças em situação de risco ou àquelas encontradas à margem.

Infância “desprotegida”? Uma infância diferente que brinca, trabalha e age muitas vezes sem um cuidador adulto. Difere pois envolve, ao mesmo tempo prejuízos e vantagens, exigências e atribuições, sofrimento e satisfação. “no sinal fechado vende chiclete, capricha na flanela, tem as pernas tortas e se chama Pelé” e que apavora porque consegue viver sem a guarda e o cuidado do adulto.

Cyberinfância: Infância on-line, conectada a esfera digital dos computadores, internet, games, mouse, self-service, controle-remoto, joysticks, zapping, orkut, MSN. Esta é a infância da multimídia e das novas tecnologias.

As infâncias das tecnologias ou cyber Crianças têm em seus quartos uma sala informatizada, seu lan house, nele o mundo penetra via internet, televisão à cabo, orkut ou MSN. Espaços que reconfiguram a infância contemporânea. Nesses se abrem as comportas do mundo antes secreto do adulto, que inventou uma infância moderna preconizada como pura, ingênua e protegida.

Lugares da tecnologia na infância Problematizar as questões acerca das infâncias e às mudanças sociais contemporâneas é convidar a um debate sobre a natureza e a direção das sociedades atuais em um contexto globalizado.

Infâncias paradoxais: Delas emerge um duplo sentimento que desliza entre a piedade, a rejeição, o abandono e a sedução. A infância caçadora e perseguidora e a infância caçada; infâncias dos shoppings e games e das peladas de rua; infância da AIDS, dos clones e inseminação; infâncias produzidas pelos voyers ou pedófilos da internet.

“É nesta trama discursiva e paradoxal que, vivem e co(vivem) as diferentes infâncias fabricadas pela sociedade globalizada, às quais temos ‘medo’ de lidar, talvez por ainda não se ter produzido saberes e poderes suficientes para controlá-las e governá-las” (DORNELLES, 2005).