Múltiplas Modernidades: Problemática e Enquadramento de Base

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Transcrição da apresentação:

Múltiplas Modernidades: Problemática e Enquadramento de Base S. N. Eisenstadt Múltiplas Modernidades: Problemática e Enquadramento de Base

“A modernidade enquadra-nos a todos num pantâno moral de permanente desintegração e renovação, de conflito e contradição, de ambiguidade e angústia, num universo em que ‘tudo o que é sólido se desvanece no ar’.” Marshall Berman

Duas perspectivas Fim da História Choque de civilizações Homogeneização a-histórica do mundo Regressão para movimentos anti-modernos FH permite, paradoxalmente, o despontar de visões pós-modernas CC, choque com civilizações tradicionais

Características essenciais das sociedades modernas Diferenciação Individualização Expansão Racionalidade Desagregação dos velhos modelos institucionais “fechados” Desenvolvimento de características estruturais, institucionais e culturais Potencial para a mobilização social (Karl Deutsch) 1 – formações institucionais (Estado Moderno, novas economias de mercado…) PROGRAMA CULTURAL PRÓPRIO!

Contradições intrínsecas da modernidade Duas avaliações díspares: Modernidade como força positiva, libertadora e progressista Modernidade do ponto de vista negativo, força moralmente destrutiva e efeitos nefastos de algumas características fundamentais Modernidade é habitada por forças contraditórias

Cristalização e desenvolvimento de um modo de interpretação do mundo. Modernidade deve ser vista como um tipo novo e distinto de civilização. Cristalização e desenvolvimento de um modo de interpretação do mundo. Civilização - Programa cultural moderno Desenvolve-se a partir de grandes civilizações axiais Programa reflectia antinomias e tensões Grandes Revoluções - Materializam potencialidades heterodoxas e sectárias que romperam nas civilizações axiais

Programa tinha como pano de fundo diversas metanarrativas : Cristã - afirmação do mundo em termos de uma visão mais elevada e não completamente realizável. Gnóstica - tenta imbuir o mundo de um sentido oculto. Ctónica – Privilegia a aceitação total da palavra dada e da vitalidade das suas forças.

Dimensões estruturais ≠ Dimensões culturais Arenas institucionais autónomas Desenvolvimento das economias de mercado, do capitalismo, primeiro mercantil e depois industrial, Estados modernos e a sua expansão, mobilização social (Deutsch)

Diferenciação estrutural Sociedades modernas ≠ sociedades em modernização A variedade de formas de autonomização das arenas institucionais nas sociedades Como as organizações se constituíram e definiram os conflitos decorrentes desses processos EUA, Europa Ocidental, Japão… (pag. 8).

Programa cultural da modernidade Núcleo do programa Duas teses Modernidades são resposta á mesma problemática existencial. As modernidades são precisamente as respostas que deixam intacta a problemática em questão, que formulam visões da vida e da prática.

Naturalização do cosmos e do homem Ponto de viragem central – Possibilidade de domar a natureza e de conformar a sociedade pela acção humana. Concepção da naturalidade do homem e do cosmos.

Tendência totalizante Feição tecnocrática Feição racional Reconhecimento da legitimidade Visões promissórias da modernidade Totalizante, identificável no Iluminismo, mas sobretudo nas Grandes Revoluções  transpor o fosso entre ordem mundana e transcendente Tecnocrática  aqueles que possuem conhecimento, e capacidade Racional  reconstrução total da sociedade Legitimidade  múltiplas acepções do bem comum VPM Björn Wittrock

Antinomias essenciais da modernidade radicam: Consciência de uma vasta gama de possibilidade de visão transcendental e de modos de concretização. Tensão entre razão e revelação da fé. Quão desejável são as tentativas de institucionalizar aquelas visões. Avaliação das dimensões mais importantes da experiência humana. Tensão entre reflexividade e construção activa da natureza e da sociedade.

As antinomias resultam em grandes tensões no seio do programa cultural da modernidade Importância relativa das diferentes dimensões da existência humana. Concepções díspares da autonomia humana e das suas relações com a constituição do homem, da sociedade e da natureza. Liberdade VS Controlo Visões pluralistas vs totalizantes

Críticas à modernidade Recusava basear a ordem social nas premissas básicas da modernidade Que as premissas pudessem ser radicadas numa visão transcendental Que pudesse ser visto como o auge da criatividade humana

Críticas à modernidade Do ponto de vista religioso ou tradicional Primazia da razão Demanda da revolução total

Críticas à modernidade Contradição entre as premissas e antinomias básicas do programa cultural e político da modernidade e o desenvolvimento institucional da sociedade moderna Tendências exclusivistas Orientações “construtivistas”

Confrontos Fortalecer a liberdade e autonomia vs tendência para o controlo Expansão social e económica vs deslocação de vários sectores sociais Tentativas de enquadramento destes sectores nos quadros de referência Visão englobante vs fragmentada da modernidade

Tendência para reestruturar as relações centro-periferia Abertura da contestação política Tendência para a politização das exigências de vários sectores Disputa entre definição do domínio do político e da distinção público/privado

Cristalização do programa cultural da modernidade sempre esteve ligado ás dimensões estruturais/institucionais especificas das sociedades modernas No entanto não existem correlação necessária entre qualquer forma institucional moderna e diferentes componentes do programa cultural moderno Existem grandes diferenças na latitude da diferenciação entre sociedades modernas ou em processo de modernização. Entre diversas sociedades, e no interior destas, existiu uma enorme variação da extensão em que aquelas arenas institucionais foram governadas por valores e regras intrínsecas. Entre sociedades modernas verifica-se uma grande variedade no que concerne á organização de estruturas ou instituições e á definição e regulação dos conflitos que acompanharam estes processos.

Expansão da modernidade e o desenvolvimento dos sistemas internacionais Era moderna possibilitada por avanços nas tecnologias e nas dinâmicas de forças políticas e económicas modernas A expansão da modernidade desencadeou uma tendência para o desenvolvimento de quadros e sistemas ideológicos, culturais e institucionais á escala global

Expansão da modernidade e o desenvolvimento de múltiplas modernidade A expansão da modernidade, e dos seus programas culturais e políticos, origina tensões com as estruturas tradicionais instituídas nos diferentes continentes 1º tema – Sectores tradicionais da sociedade VS Cultura da modernidade “Portadores de tendências hegemónicas modernas”: Inglaterra França pós-revolucionária Estados Unidos

2º tema - Lado totalizante das pretensões hegemónicas dos programas europeus de modernidade VS programas mais pluralistas 3º tema – Ambivalência em relação a premissas e centros de modernidades que surgiram como hegemónicos, em diferentes épocas e locais, manifesta no oscilar entre a atracção por estes temas e as premissas e símbolos, supostamente universalistas, mas também exclusivistas

Filtragem dos padrões hegemónicos de modernidade: Tensão entre os componentes utópico e civil na construção da política moderna Entre uma política “revolucionária” ou “normal” e a vontade geral , entre a sociedade civil e o Estado, entre o indivíduo e a colectividade Variedade de concepções da autoridade, responsabilização, protesto e actividade política, questionamento das premissas básicas e modos de formação institucional

Dinâmicas internas das várias arenas Lutas entre os diversos Estados e centros de poder político e económico Hegemonias variáveis dos sistemas internacionais Disputas entre as diversas interpretações do programa cultural e político de modernidade Confrontos activavam a consciência das contradições e antinomias inerentes no programa A expansão implicou confronto com outras realidades

Programas da modernidade devem-se á interacção de vários factores, sendo o mais geral de todos a constelação de poder. Estes programas forma modelados por : Premissas ontológicas de base cósmica e cosmologias básicas prevalecentes nestas sociedades Programas e formações tradicionais foram modelados pelas respectivas experiências históricas Dinâmicas e contradições internas a estas sociedades

As visões promissoras e o desenvolvimento das forças destrutivas da modernidade Modernidade como visão promissora Contém em si mesma o progresso do conhecimento e da sua aplicação racional Modernidade como visão negativista Acarreta possibilidades destrutivas

Programas da modernidade devem-se á interacção de vários factores, sendo o mais geral de todos a constelação de poder. Estes programas forma modelados por : Premissas ontológicas de base cósmica e cosmologias básicas prevalecentes nestas sociedades Programas e formações tradicionais foram modelados pelas respectivas experiências históricas Dinâmicas e contradições internas com estas sociedades

As visões promissoras e o desenvolvimento das forças destrutivas da modernidade Modernidade como visão promissora Contém em si mesma o progresso do conhecimento e da sua aplicação racional Modernidade como visão negativista Acarreta possibilidades destrutivas