A Escola e a Formação da Identidade

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Transcrição da apresentação:

A Escola e a Formação da Identidade Pós-Graduação em Tecnologia Educacional Canitar, SP 13/12/2008

Naturalmente, é muito pouco provável que você um dia tropece numa criatura de outro planeta. Não sabemos nem mesmo se há vida em outros planetas. Mas pode ser que você um dia tropece em si mesma. Pode ser que um belo dia você pare o que está fazendo e passe a se ver de uma forma completamente diferente. E pode ser que isto aconteça justamente durante um passeio na floresta. “Sou uma criatura estranha”, você irá pensar. “Sou um animal misterioso…” E então vai ser como acordar de um sono de anos. Como o da Bela Adormecida. “Quem sou eu?”, você irá se perguntar.

QUEM SOU EU??

Noção de Identidade Historicamente, o termo empregado para significar o que hoje se entende por identidade foi personalidade, privilegiando não só a perspectiva individualista, mas também uma visão em que os princípios da ciência médica sustentavam toda proposta de compreensão. Persona = per sonare: orifício por onde saía o som, existente nas máscaras utilizadas em teatros; / “persona”: “máscara” como um todo.

Noções de identidade A complexidade atual do conceito levou o mesmo a se tornar alvo de campos de estudos tão diversos quanto a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia e a Filosofia. Identidade “psicológica”: predicado universal e genérico definidor, por excelência, do humano. Busca contrapor-se à identidade “social”.

Gênero / Profissão / Opção sexual / Nacionalidade / “Raça” / Etnia... “Tipos” de Identidade Dicotomia entre Identidade “Pessoal” (atributos específicos do indivíduo) e/ou Identidade “Social” (atributos que assinalam a pertença a grupos ou categorias). “Tipos” de Identidade – definição: Gênero / Profissão / Opção sexual / Nacionalidade / “Raça” / Etnia...

Identidade... inata ou adquirida?? Natureza Caráter inato Geneticamente determinado Sociobiologia: os traços humanos evoluem como uma resposta à seleção natural!! “Criação” Caráter se desenvolve mediante a interação Sociologistas focam a perspectiva da educação!

Desenvolvimento e formação identitária Concepções teóricas e científicas de identidade Atualmente, concebe-se que a identidade não é uma “essência” ou característica INATA, mas deriva da interação de elementos biológicos e sócio-culturais. O termo “identidade” pode expressar uma singularidade construída na interação com outras singularidades / pessoas.

“Os acontecimentos da vida de cada pessoa geram sobre ela a formação de uma lenta imagem de si mesma, uma viva imagem que aos poucos se constrói ao longo de experiências de trocas com outros: a mãe, os pais, a família, a parentela, os amigos de infância e as sucessivas ampliações de outros círculos de outros: outros sujeitos investidos de seus sentimentos, outras pessoas investidas de seus nomes, posições e regras sociais de atuação.” (Brandão, 1990, p. 37)

Especialistas afirmam que são os seguintes os fatores que influenciariam no desenvolvimento da identidade de uma pessoa: Herança genética Experiências da primeira infância Figuras parentais (pais ou responsáveis) Coetâneos – colegas da idade – e adultos significativos Desenvolvimento físico / social geral Meios de Comunicação de Social (MCS) Aquilo que é ensinado em instituições significativas Papéis desempenhados/esperados pela sociedade

Delimitando uma concepção de identidade Mead e o “Interacionismo Simbólico” Identidade “natural” Identidade “de papel” Identidade “do Eu” Habermas e o paradigma do “agir comunicativo” O “Eu 'pré-convencional'” O “Eu 'convencional'” O “Eu 'pós-convencional'”

Identidade em Habermas Raízes psicológicas: teoria do desenvolvimento cognitivo e moral de Jean Piaget - Anomia, heteronomia, autonomia - Respeito unilateral e respeito mútuo Raízes psico-filosóficas: teoria do desenvolvimento moral de Lawrence Kohlberg - Estágios do desenvolvimento moral - Proposta de uma “comunidade justa” - escola, p. ex.

Estágios do desenvolvimento moral (Kohlberg) Nível pré-convencional Estágio 0: julgamento egocêntrico Estágio 1: orientação pela punição e obediência Estágio 2: orientação pelo relativismo instrumental Nível convencional Estágio 3: concordência interpessoal (bom garoto) Estágio 4: orientação pela “lei e ordem” Nível pós-convencional Estágio 5: orientação legalista pelo contrato social Estágio 6: orientação por princípios éticos universais

A proposta de Habermas Habermas argumenta que a formação do Eu não deve se limitar à procura pelo sucesso individual ou de grupos “isolados”, que formam identidades coletivas, como as identidades nacionais. De acordo com Habermas, isso exige uma “competência” lingüística/dialógica que engloba as seguintes “pretensões”: Veracidade Verdade Correção normativa Sentido

A superação de uma racionalidade estratégica é alcançada quando as competências solicitam do “sujeito de uma ação de fala” um agir performático: isto é, que este sujeito faça um intercâmbio entre os papéis desempenhados pelas 1ª, 2ª e 3ª pessoas (esta, um “olhar objetivante”). Tal postura leva a um “Eu 'pós-convencional'” e a uma nova noção de “Povo” – “pós-nacional” ou “pós-tradicional”.

A escola e a “formação” da identidade Papéis e funções da instituição escolar - Desenvolvimento de habilidades físicas e cognitivas - Proporcionar interação sócio-cultural - Capacitar para desempenho socialmente competente - “Qualificar” para inserção no mundo do trabalho - Preparar para o exercício da cidadania - ... - Auxiliar na construção de uma “identidade nacional” - Aparelho Ideológico do Estado!!

Dimensão social da escola Conforme já apontado, a pessoa se torna pessoa convivendo com outras pessoas. A socialização “imposta” pela escola proporciona o encontro com uma variedade de “repertórios” de ações, atitudes, valores, formas de ser/existir... A dimensão social da escola suscita desafios...

Escola e “formação” da identidade: desafios e contribuições Integração nacional Instrução geral comum Construção de uma “tradição” (língua, história...) Espaço de convívio “Padronização” de condutas, valores ... Desafios Dicotomia particular (nacional) e universal Conservadorismos Democratizar decisões, superar imposições “Padronização” de condutas, valores Incapacidade p/ lidar com o “diferente” -...

Multiculturalismo Postura que pretende superar uma visão “monoculturalista”, a qual tem por base um “padrão” de pessoa e de comportamento. Em não poucas sociedades, o padrão “normal” desejado é o designado “WASP” (White Anglo Saxon Protestant), ou o homem (do sexo masculino, mesmo, e adulto), rico e branco. O multiculturalismo propõe o reconhecimento da diversidade, ao menos cultural.

Multiculturalismo crítico Multiculturalismo “conservador”: busca a conciliação das diferenças com base no mito da harmonia. Esta construção ideológica nega que as relações entre as comunidades pós-modernas são marcadas por antagonismos e conflitos Multiculturalismo “crítico”: tendo por base a política cultural da diferença, questiona o monoculturalismo, evidencia as contradições socioculturais fazendo vir à tona as diferenças e as ausências de muitas vozes que foram caladas pelas metanarrativas da modernidade; baseia-se no respeito ao ponto de vista, às interpretações e atitudes do Outro, constituindo-se numa fonte de possibilidades de transformação e de criação cultural

Diversidade e inclusão (ões) A diversidade é reconhecer que existe um “Outro” que pode...: Não ser fisicamente perfeito; Não ser mentalmente desenvolvido; Não ter a mesma “cor” de pele, ou cabelo, ou olhos

Rumo a uma escola verdadeiramente democrática e inclusiva A proposta de escola como uma “comunidade justa” (just community approach) Projetos socialmente relevantes e pessoalmente significativos Abertura dialógica às experiências pessoais e comunitárias

Alguns projetos Construção e reconstrução do Projeto Pedagógico da escola: participação e diálogo Participação, construção de normas e cidadania em jovens de classes desprivilegiadas Normas sociais e regras do Esporte Laboratório técnico: leis da física e normas sociais – interação social, cooperação e responsabilidade Diálogo, argumentação e consciência moral