Bronquiolite aguda Ana Paula Rosa Médica da UTI Pediátrica do Hospital Federal dos Servidores do Estado e do Hospital Público de Macaé Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução Infecção respiratória aguda de etiologia viral Compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo Provoca um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade
Fisiopatologia Inflamação, edema e debris Obstrução dos bronquíolos Hiperinsuflação, ↑ Resistência das vias aéreas, Atelectasia e Desequilíbrio na relação ventilação – perfusão
Fatores de risco Baixo peso ao nascer Idade gestacional Baixo nível sócio-econômico Confinamento em aglomerados Exposição ao fumo Doenças pulmonares crônicas (BDP, FC) Doença neurológica severa (congênita ou adquirida) Cardiopatias congênitas Imunodeficiências adquiridas ou congênitas Desnutrição Idade < 3 meses Anomalias das vias aéreas
Praticamente todas as crianças experienciam infecção por RSV nos primeiros 3 anos de vida, mas infecção prévia não confere imunidade completa. Reinfecção é comum; entretanto títulos significativos de anticorpos de uma infecção anterior podem amenizar a gravidade dos sintomas.
Epidemiologia Padrão sazonal – picos no inverno e início da primavera VSR – 50 – 90% dos casos (64%) Vírus parainfluenza – tipo 3 (10 – 30%) Adenovírus (5 – 10%) Rinovírus (16%), Influenza (10 – 20%), Mycoplasma pneumoniae (5 – 15%) Metapneumovírus humano (16%)
Manifestações clínicas
Manifestações clínicas Congestão e secreção nasal copiosa Tosse Irritabilidade Anorexia (vômitos, em alguns casos) Taquipnéia Sibilância Tiragem, BAN Taquicardia Crepitações finas Desidratação Cianose (dependendo do grau de hipoxemia) Outros: conjuntivite, faringite, otite média
Diagnóstico
Diagnóstico Idade Ocorrência sazonal Achados clínicos História clínica de exposição a um adulto ou a outra criança com clínica de comprometimento infeccioso das vias aéreas superiores Período de incubação – 4 a 6 dias
Hipóxia é o melhor preditor de gravidade A primeira infecção pelo RSV é geralmente a mais grave Manifestações não – respiratórias: miocardite, arritmias cardíacas (supraventriculares e ventriculares) e secreção inapropriada de hormônio anti – diurético
Diagnóstico diferencial – Causas pulmonares Asma Pneumonia Reações pulmonares alérgicas Processos aspirativos (corpo estranho, pneumonite química, RGE) Fibrose cística Enfisema lobar, cistos pulmonares e outras malformações
Diagnóstico diferencial – Causas extrapulmonares Anomalias vasculares Anomalias cardíacas Sepse Distúrbios metabólicos (envenenamento por salicilatos, acidose metabólica)
Exames complementares Pesquisa de vírus Hemograma Gasometria Radiologia
Tratamento
Tratamento OXIGÊNIO Corticóide NÃO promove qualquer benefício no quadro clínico da bronquiolite Beta – agonistas e brometo de ipratrópio também NÃO têm demonstrado nos trabalhos real eficácia clínica Cochrane (2010) – Broncodilatadores não promovem ↑ SatO2, não reduzem tempo de internação, não reduzem a necessidade de hospitalização, nem diminuem a duração da doença no domicílio.
Tratamento Nebulização com adrenalina Nebulização com salina hipertônica Fisioterapia respiratória Ribavirina não deve ser utilizada Antibióticos devem ser utilizados apenas na coexistência de infecção bacteriana Hidratação Lavagem das mãos previne a disseminação nosocomial
Indicações de internação SatO2 < 92% persistente em ar ambiente Incapacidade de manter hidratação oral em < 6 meses Incapacidade do cuidado no domicílio Elevada frequência respiratória História de doença cardio-respiratória crônica Dispnéia, retrações intercostais Dessaturação em O2 a 40% (3-4l/min), cianose Sintomas extrapulmonares Apnéia e acidose → UTI
Suporte ventilatório Volume corrente – 10 ml/kg PIP – 25 a 35 cm H2O Tempo inspiratório (0,7 – 1,0s) Tempo expiratório (1,8 – 2,5s) Frequências respiratórias mais baixas ( ~ 20) Peep em valores fisiológicos
Complicações SDRA Bronquiolite obliterante Infecção secundária Miocardite, ICC Arritmias Doença pulmonar crônica (função pulmonar ↓) Complicações terapêuticas: Barotrauma induzido pela ventilação, Infecção hospitalar, Arritmia induzida por beta agonista
Profilaxia – Palivizumab Na prematuridade: Lactentes e crianças com doença pulmonar crônica até 24m de idade, que tenham recebido intervenção médica (O2, broncodilatadores, corticóide, diuréticos) dentro de até 6 meses precedendo o início da estação de risco para RSV) Prematuros nascidos entre 28 – 32 sem de gestação, que não tenham doença pulmonar crônica e que tenham <6m de idade ao início da estação de risco para RSV
OBRIGADA! anna.c.rosa@gmail.com