Juventude, Comunicação e Mudança Social Negociação, Navegação e Narração da Vida de Jovens em uma Realidade Glocal (Youth, Communication and Social Change.

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Transcrição da apresentação:

Juventude, Comunicação e Mudança Social Negociação, Navegação e Narração da Vida de Jovens em uma Realidade Glocal (Youth, Communication and Social Change. Negotiation, Navigation and Narration of Youth Lives in a Glocal Reality por Prof. Thomas Tufte Roskilde University, Dinamarca Intercom 2010, Caxias do Sul, Brasil, 4 de Setembro de 2010

Presentação hoje Introdução Comunicação e mudança social na America Latina Juventude e comunicação Dois exemplos da Tanzania: Bongo Flava y FEMINA HIP A juventude como novo agente social vivendo mudancas de epoca sem precedentes

Duas correntes de pesquisa Comunicação para o desenvolvimento e a mudança social: Como as mídias, práticas de comunicação e cultura popular servem como instrumentos estratégicos, processos sociais e recursos simbólicos na articulação das pessoas na mudança social? Pesquisa sobre mídias e comunicação específicas para os jovens: Como os jovens negociam significados, navegam social e culturalmente na vida cotidiana e como narram suas experiências?

Questão Chave Como os jovens de hoje utilizam a mídia – seja como consumidores, atores ou cidadãos críticos – para se referirem à sociedade circundante e para responder à injustiça, desigualdade e insegurança? Ou seja: Como a juventude de hoje se comunica para a mudança social?

Comunicação e Mudança Social (1) - o legado latino-americano 1. Um grande compromisso em buscar estratégias de base, ascendentes, baseadas na comunidade, de empoderamento (empowerment) e crítica, crítica e mudança social.

Comunicação e Mudança Social (2) - o legado latino-americano 2. Uma dimensão cultural mais articulada - múltiplas formas de mobilização social e cultural Escobar (1995): ‘Os movimentos de base que emergiram em oposição ao desenvolvimento, durante os anos oitenta, pertenciam às novas formas de ação coletiva e mobilização social que caracterizaram a década. (...) estes processos de construção da identidade eram mais flexíveis, modestos e variáveis, baseando-se em articulações táticas resultantes das condições e práticas da vida cotidiana. Nessa medida, estes combates foram fundamentalmente culturais’

Comunicação e Mudança Social (3) - o legado latino-americano 3. A voz forte da América Latina no debate internacional sobre uma Nova Ordem de Informação e Comunicação (o debate NWICO) Como o debate sobre juventude, comunicação de mudança social se relaciona com o legado de experiências de base, voltadas para a comunidade, ênfase na cultura popular e seu potencial transformador?

Mídia cidadã (1) se baseia nas tradições de mídias alternativas e radicais posicionar o cidadão no palco central das práticas midiáticas e de comunicação ver a mudança ocorrer exatamente onde os coletivos de cidadãos possibilitam transformações através da comunicação

Mídia cidadã (2) O termo “mídia cidadã” implica, em primeiro lugar, que uma coletividade está cumprindo a cidadania ao intervir e transformar ativamente a paisagem midiática estabelecida; em segundo lugar, que estas mídias estão contestando os códigos sociais, identidades legitimizadas e relações sociais institucionalizadas e, em terceiro lugar, que estas práticas de comunicação fortalecem a comunidade envolvida até o ponto em que estas transformações e mudanças são possíveis (Rodriguez 2001)

Juventude e Comunicação (1) - três correntes de pesquisa celebração acrítica: participação eletrônica, interatividade, sentido criativo e envolvimento ativo uma perspectiva crítica: concentrada nos processos de resistência da juventude através das mídias e nos discursos críticos dos jovens. uma perspectiva cotidiana, ou etnográfica: estudam subjetividades em elaboração e identidades sendo negociadas.

Juventude e Comunicação (2) - três ‘insights’ de pesquisa continua a haver uma carência de explorações empíricas mais profundas das realidades juvenis esta área carece de perspectivas transdisciplinares há uma ausência de ação-orientação

Juventude e Comunicação (3) - uma séria de questões 1. De que modo as práticas midiáticas e comunicacionais são parte das vidas cotidianas dos jovens hoje? 2. De que tratam alguns dos contextos societários chave que influenciam as vidas dos jovens hoje? 3. Como conceitualizamos a juventude?

Caso 1: Juventude, Comunicação e ’Empowerment’ em Bongolândia Bongo – significa ’cérebros’ (Bongolândia: saber se virar nas ruas) Tanzania: Desenvolvimento democrático desde o início da década de noventa Sociedade civil emergente 3% têm acesso ao internet 50% têm celulares

Bongo Flava Em Bongo, as coisas são incríveis, sem brincadeira. Mesmo se, às vezes, Bongo é amarga como a esponja (…) Bongo não é mais como antigamente: Mesmo as vovós se tornaram prostitutas Acabou o respeito e o jogo jogado na sociedade é viciado. Sem obediência às profecias E os ladrões são queimados feito animais Ou mandados para o tribunal mesmo sem ter roubado. Quem sabe se a lei está na mão do povo? Povo de Bongo, por que não há humanidade nos corações? (in Ekstrøm 2010: 135)

Bongo Flava: Dar es Salaam http://www.youtube.com/watch?v=PixpMGtMBBw

Bongo Flava e Hip-Hop Contradiscursos sobre juventude marginalizada Propostas de identidade para a juventude marginalizada Articulações de novas subjetividades em um mundo em rápida mudança.

Uma Resposta da Juventude. (Youth Speaking Back Uma Resposta da Juventude? (Youth Speaking Back?) Media, Empowerment and Democracy in East Africa (MEDIeA) A ausência de uma voz efetiva na vida pública Como as plataformas midiáticas orientadas para a sociedade civil contribuem – ou não – para dar voz a jovens mulheres, garantir a sua participação no debate público e envolver-se, de outras formas, nos processos de governança participativa? Caso: Femina HIP....

Caso 2: Femina HIP (1) ONG Tanzaniana 1999- Focus: saúde sexual e reprodutiva Estratégia comunicacional: Edu-entretenimento Uso de histórias reais

Caso 2: FEMINA HIP (2) Revista ‘FEMA’ (170.000 copias 4x por ano). Escola secundária Revista ‘SiMchezo’ – out of school youth Tv talk show Radio drama 500 clubes juvenis Website interativo, celularies, etc Atinge 25% dos Tanzanianos

Desafios emergentes Precisamos entender melhor a criatividade praticada pelos jovens com os ambientes cambiantes de mídia e comunicação. A atenção às realidades socioeconômicas e às possibilidades e limitações impostas pela vida cotidiana requer uma imersão etnográfica e uma sensibilidade cultural A perspectiva crítica e a orientação para a mudança social na participação da juventude devem ser muito mais exploradas do que o são hoje. ‘Táticas cidadãs’ como proposta conceitual (Tufte2009).

A Juventude como Novo Agente Social vivendo as Mudanças da Época (1) Questionar a noção ocidental de que a juventude é um mero ponto de partida, linear e automático no rumo da idade adulta ‘A relação entre a juventude e o lar é complexa e as transições entre juventude e idade adulta nem têm um sentido único nem são eventos que não se repetirão. Longe de serem estáticos, os sentidos da juventude movem-se de acordo com a situação, dependendo, sobretudo, do contexto’ (Tranberg Hansen 2008)

A Juventude como Novo Agente Social vivendo as Mudanças da Época (2) Os jovens experimentam mudanças na sociedade em um grau e profundidade sem precedentes. “os jovens não são uma juventude qualquer porque são os que experimentam a mudança da época em seu próprio corpo (…) os mais velhos, temos dúvidas e incertezas que não encontra correspondência na incerteza dos nossos filhos; são outros, de outro calibre, de outro tipo. (…) Recebemos todas as doutrinas que quisemos e eles não têm nada que se pareça com isso, nem do ponto de vista religioso nem do filosófico nem do político (Martin-Barbero 2010).

A Juventude como Novo Agente Social vivendo as Mudanças da Época Ao considerarmos a juventude em uma perspectiva histórica, estamos tratando de agentes sociais relativamente novos que hoje desempenham um papel crescente na sociedade como consumidores de produtos culturais, como atores midiáticos e também como protagonistas nos processos de mudança social.

Muito Obrigado! ttufte@ruc.dk