AS DIFICULDADES NO PERCURSO DA VIDA ESTUDANTIL DE MULHERES

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Investigação Qualitativa: caminhos e possibilidades
Advertisements

NOSSAS QUESTÕES Como se dá a perspectiva transdisciplinar na educação infantil? A escrita é um produto escolar? Porque ainda existe sociedade iletrada?
Modelo de planejamento bimestral da EJA Tempo formativo: ________________________ Eixo: _________________ Período: ___/___/___ a ____/___/___ Professores.
EJA vem se expandindo no país, ocupada por professores sem uma formação específica
PRA INÍCIO DE CONVERSA... MÁRIO QUINTANA SE AS COISAS SÃO INATINGÍVEIS
I EREJASul Metas e estratégias equalizadoras ao PNE II
Resolução n°51 EJA e ECONOMIA SOLIDÁRIA. Formação de Educadores Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.
INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CURRÍCULO FUNCIONAL GRUPO 9 IRACEMA LAUDENIR LEOCÍ RUTHE
“Educação como um direito humano" Curso Educação e Direitos Humanos São Paulo, 19 março /2012 Sérgio Haddad
A EJA E O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS ALUNOS
AUTOR DO TCC: REGILAINE SALOMÃO[1] ORIENTADOR DO TCC: Alex Jordane [2]
A EJA trabalha com sujeitos marginais ao sistema de ensino e o PROEJA visa possibilitar-lhes acesso a educação e a formação profissional na perspectiva.
O Aluno a Distância.
Cidade Educadora, Cidade Saudável
CURRÍCULO. AS DISCUSSÕES SOBRE CURRÍCULO Incorporam discussões sobre conhecimentos escolares, um dos elementos centrais do currículo. Conhecimentos que.
Eu e Minha Escola Abertura. Eu e Minha Escola Abertura.
A Escola e as Mudanças Sociais
Pedagogo "Individuo que se ocupa dos métodos de educação e ensino" Fonte: Dicionário Michaelis.
A PERGUNTA INICIAL: Estamos promovendo a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva?
O PROCESSO DE AUTO-AVALIAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR E O PRÊMIO NACIONAL DE REFERÊNCIA EM GESTÃO ESCOLAR Heloísa Lück.
Marco Doutrinal e Marco Operativo
Fundamentos Socioantropológicos da Educação
Sensibilização das Famílias e Comunidades para o Desenvolvimento da Primeira Infância 1 1.
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Abordagens Pedagógicas Libertária e Libertadora
Grupos na Adolescência Família e Grupo de Amigos
“O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA PROEJA D O C U M E N TO B A S E PROGRAMA NACIONAL DE INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO.
Márcia do Valle Pereira Loch, Dra.
Maria Isabel de Almeida Fac. de Educação – USP GEPEFE/FEUSP
QUEM SÃO OS ALUNOS E AS ALUNAS DA EJA. Juçara Karla Becker
Orientações Curriculares para a Educação Básica
SEGUNDO EDUCADORES DA EJA Professora Dóris Maris Luzzardi Fiss - PEAD
PAULO FREIRE: uma presença, uma experiência
Prof. Ms. José Elias de Almeida
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA
ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL ( ETI)
METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
MARIA DO SOCORRO ANDRADE COSTA SANDRA REGINA CASTRO SOARES
SÓCIO POLÍTICO Preocupada com a função social da Educação Física que se pratica na escola. Procura compreender o ser humano em sua totalidade e ainda.
QUEM SÃO OS(AS) ALUNOS(AS) DO EJA?
Escola e Família Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, modificando as formas de funcionamento.
PENSANDO O LIVRO DIDÁTICO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE HISTÓRIA
Ministério da Educação
O desenvolvimento de uma nação depende, muito, da educação.
A INCLUSÃO/INTEGRAÇÃO DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL – UM ESTUDO DE CASO.
VALQUÍRIA MARIA JORGE SANCHES
CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Inês Barbosa de Oliveira
QUESTIONÁRIO PARA A SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES E DIRETORES
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Ana Parker, Grasiela Birck, Jandira Petry, Renata Silva e Salete Schmidt Professora orientadora Dóris Maria Luzzardi Fiss.
Construindo a cultura educacional inclusiva
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS UM DESAFIO PARA A DOCÊNCIA
Projeto de pesquisa apresentado
SAÚDE RENOVADA Essa abordagem vai ao encontro do movimento biológico higienista, entretanto o que difere é a participação de todos nas atividades, além.
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Ana Parker, Grasiela Birck, Jandira Petry, Renata Silva e Salete Schmidt Professora orientadora Dóris Maria Luzzardi Fiss.
Formação continuada PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO
O PERFIL DO EJA Alunas: Maria A. J. dos Santos, Marcia dos Santos e Neli Costa - PEAD/UFRGS Prof. Orientadora: Dóris Maria Luzzardi Fiss INTRODUÇAO No.
Esta pesquisa realizada no segundo semestre de 2009 busca investigar as práticas pedagógicas utilizadas em uma turma da etapa I de uma escola pública do.
O PERFIL DA EJA Alunas: Maria A. J. dos Santos, Márcia dos Santos e Neli Costa - PEAD/UFRGS Prof. Orientadora: Dóris Maria Luzzardi Fiss Tutora Orientadora:Luciane.
EJA, o que sabemos? UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS
PROJETO “LENDO E VIVENDO”
PROGRAMA UM COMPUTADOR POR ALUNO – UCA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO II Seminário de acompanhamento do Projeto UCA-UNICAMP Norte UCA-Rondônia Marcelo.
Bases Legais Resoluções CEB/CNE 03/2010 CEB/CEE 239/2011.
No segundo semestre de 2009 entrevistamos alunos da EJA, objetivando conhecê-los em suas características: sócio-demográfica, sócio-cultural e sócio-cognitiva.
QUEM SÃO OS ALUNOS E AS ALUNAS DA EJA? Juçara Karla Becker Magali Regina Borne Sandra Nara Dos Reis Oliveira Sheila Kist Silveira Silvana Maria Da Silva-
Rua Silva Ortiz, 62 – Floresta - BH/MG – Cep (31)
MATERIAIS E MÉTODOS: Nossa investigação tem como foco a situação da Filosofia no contexto da escola pública de ensino médio de Santa Maria. Buscamos saber.
 Introdução  Atividades realizadas no Colégio Tomaz Edson de Andrade Vieira  Atividades realizadas no Colégio Vital Brasil  Conclusão EXPERIÊNCIAS.
Transcrição da apresentação:

AS DIFICULDADES NO PERCURSO DA VIDA ESTUDANTIL DE MULHERES NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM LINHARES - ES AUTORA: CRISTIANE CUSSA DE ANDRADE [1] ORIENTADORA: DÉSIRÉE GOLÇALVES RAGGI [2] [1] Zootecnista, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ. E-mail: cristcussa@yahoo.com.br [2] Engenheira Agrônoma, Doutora em Educação, Instituto Federal do Espírito Santo, Campus Vitória, ES. E-mail: desireeraggi@yahoo.com.br TABELA 1. Principais dificuldades no percurso da vida estudantil das mulheres entrevistadas. 1. INTRODUÇÃO Dificuldades concomitantes no período regular de ensino % Mulheres Zona Rural % Mulheres Zona Urbana Apoio familiar insuficiente 91 5 Segurança instável 14 Transporte precário 71 Rendimento escolar insuficiente 80 Pouca oferta de escolas na comunidade A educação tem o poder de agregar, de transformar, de fazer ver além. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) propõe o exercício à cidadania a partir da inclusão de um público que antes não vislumbrava possibilidades de crescimento intelectual e/ou profissional, onde seus educandos se diferem dos demais por apresentarem um histórico de vida que se insere numa realidade em que a interrupção dos estudos tenda a ser um fator de desmotivação sócio-inclusivo. De acordo com Paiva, 2006, “a Educação de Jovens e Adultos se faz para recuperar o tempo perdido daqueles que não aprenderam a ler e a escrever; passando pelo resgate da dívida social, até chegar à concepção de direito à educação para todos e do aprender por toda vida”. Para se alcançar diferentes grupos de educandos, na EJA presume-se a necessidade em se criar um currículo que subjective dar condições de progresso sócio-educativo, bem como propiciar oportunidades de desenvolvimento para estes indivíduos. Lidar com a realidade do aluno pressupõe trabalhar a teoria com representatividade na prática social dos mesmos, e neste contexto, a realidade da Mulher como ser social é a de um indivíduo que desempenha um acúmulo de funções, sendo essencial o aproveitamento do tempo desprendido à educação, convergindo à sua real efectivação. A educação de uma maneira geral é um processo constituinte da experiência humana, por isso se faz presente em toda e qualquer sociedade. A escolarização, em específico, é um dos recortes do processo educativo mais amplo. Nesse processo, marcado pela interação contínua entre o ser humano e o meio, no contexto das relações sociais, é que construímos nosso conhecimento, valores, representações e identidades. (Ministério da Educação - Secretaria de Educação Básica. Indagações sobre currículo. Diversidade e Currículo. Brasília, 2007). FIGURA 2. Distribuição das dificuldades de mulheres da EJA em Linhares, ES. 3.2. Análise dos Resultados B 2. metodologia Por apresentarem motivações distintas na interrupção do processo educativo no período regular, as dificuldades analisadas denotam maior complexidade na permanência e conclusão dos estudos por parte das mulheres oriundas da Zona Rural, onde das 35 mulheres entrevistadas com faixa etária entre 29 a 70 anos: 32 declararam apoio familiar insuficiente; 5 segurança instável; 25 transporte precário; 2 rendimento escolar insuficiente; 2 pouca oferta de escolas na comunidade. Contrapondo com a realidade das jovens entrevistadas com faixa etária entre 17 e 20 anos, onde 12 educandas mostraram dificuldades relacionadas ao aproveitamento escolar e apenas 2 das 15 entrevistadas não tiveram apoio familiar devido ocorrência de gravidez na adolescência. O retorno aos estudos, segundo todas entrevistadas, tem tido resultados positivos, uma vez que as educandas relataram satisfação devido à melhora na qualidade de vida proporcionada pela EJA, ressaltando o apoio da família nesta nova etapa educativa, bem como criando expectativas de desenvolvimento e crescimento social. A metodologia se caracteriza por uma Pesquisa Qualitativa Exploratória baseada em entrevistas junto às educandas de três escolas de Educação de Jovens e Adultos no município de Linhares, ES. O estudo proposto se estabelece por meio de uma conversa informal (Grupo Focal) e um questionário avaliativo com as seguintes questões acerca do percurso de vida estudantil: 1)O que motivou à procura pelos estudos?; 2)Quais foram as dificuldades em permanecer e/ou concluir os estudos no período regular de ensino?; 3)A família e/ou a vida profissional são agentes incentivadores ou desmotivadores neste processo?; 4)A oferta de escolas que atendam o público de jovens e adultos é satisfatória?; 5)Quais as expectativas após a conclusão dos estudos?, propondo uma reflexão sobre o processo educativo destas mulheres da EJA, bem como compreender a transformação social que as envolve. 4. CONCLUSÃO A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino de grande importância no contexto sócio-inclusivo. De acordo com Freire “O saber se faz através de uma superação constante” sendo esta um fator que impulsiona as educandas frente aos desafios do cotidiano, de forma que o acúmulo de funções que elas exercem são transpassados com o decorrer do tempo, mesmo que haja dificuldade na permanência de mulheres no processo educativo, estas, independente de seus atributos sociais e familiares, almejam o desenvolvimento e a construção social. FIGURA 1. Vista aérea do município de Linhares, ES. 3. Resultados e discussão 3.1. Análise dos Resultados A aGRADECIMENTOS Foram entrevistadas no total 50 educandas em 03 escolas da EJA no município de Linhares, ES, dentre as quais 35 eram provenientes da Zona Rural e 15 da Zona Urbana. As educandas apresentaram histórico diferenciado em relação a acessibilidade às escolas, tendo em vista que fatores como local de habitação e realidade cotidiana foram decisivos para que pudessem concluir seus estudos no período regular. As educandas procedentes da Zona Rural discursaram a respeito do descaso da comunidade onde viviam em relação à inserção e permanência da mulher no mundo letrado, onde fatores culturais como discriminação, atribuições domésticas e desinteresse familiar, as impediram de dar prosseguimento aos estudos. Diferente das educandas da Zona Urbana, em que a maioria teve como maior entrave o pouco aproveitamento no ensino regular, resultando em recorrentes reprovações, percebendo a EJA como uma modalidade de ensino vantajosa pois acreditavam ser mais rápido e fácil recuperar o tempo perdido, pressupondo uma possível descaracterização do público da EJA, o qual a princípio busca novas chances de desenvolvimento sócio-educativo. Agradeço a Deus por me permitir crescer profissionalmente, à minha filha Bruna e meu filho Isaac pelo carinho, ao meu marido Karlos pelo apoio, à Sirlei pela amizade e comprometimento. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo., Educação e Mudança, Paz e Terra, 12ª Edição, 1979. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação Básica., Indagações sobre currículo, Diversidade e Currículo, Brasília, 2007. PAIVA, Jane., Tramando concepções e sentidos para redizer o direito à educação de jovens e adultos, Revista Brasileira de Educação, p. 522, v. 11, n. 33, set./dez. 2006.