O QUE SERVIÇO SOCIAL QUER DIZER

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Transcrição da apresentação:

O QUE SERVIÇO SOCIAL QUER DIZER Vicente de Paula Faleiros

OBJETIVO DO ARTIGO Considerar os pressupostos que historicamente foram construídos para o estabelecimento de uma definição de Serviço Social. A elucidação desses pressupostos permite analisar não as definições isoladas, mas seu contexto e sua articulação com as determinações sociais, econômicas, culturais e políticas.

A pretensão é fazer um percurso histórico da construção do discurso sobre o Serviço Social quanto a uma definição em vários contextos, a partir de sua formulação no início do século XX à primeira década do século XXI. A construção do discurso sobre a definição do Serviço Social busca não só traduzir uma síntese enunciativa de elementos componentes do que se considera constituinte da profissão, mas de articulá-lo com as determinações históricas e estruturais de sua construção e desconstrução.

A construção de uma definição sobre Serviço Social passa por disputas não só linguísticas, mas ideológicas e políticas, processadas no enfrentamento de projetos políticos e de produção de sentidos no cotidiano e de construção de estratégias e operações que sinalizam formas de ação dos profissionais (p.749).

O discurso considerado fundador sinaliza como objeto da profissão o ajustamento social, sendo os problemas sociais denominados de “deficiências sociais”. Nessa perspectiva, o Serviço Social se legitimava na construção de uma profissão cristã, cuja ajuda, qualificada pela ciência ou pela técnica, volta-se para promover o ajuste do indivíduo ao meio, a justiça social, o bem-estar, implicando a aceitação da sociedade dominante.

Trata-se de uma concepção normativa acerca da profissão que, ancorada no funcionalismo, perpassou, de forma persistente na formação e na prática, quase todo o século XX. (“Nas várias... Século XX” p.750) (“Ainda em 1995...Estados Unidos” p.751) (“Assim, pressupostos... Normais” p.751)

A ruptura com essa visão normativa e com esse discurso pode ser apontada em 1942 quando o Serviço Social é colocado como profissão que deve ser vista na estrutura social, dinamicamente unido com a sociedade contemporânea. Além de sair de uma prática autoritária, busca uma orientação de diagnóstico mais complexa (que articule o econômico, o social e o psicológico) e uma

orientação que investigue as forças e potencialidades da própria população. Critica a relação entre o que ajuda e o que é ajudado como relação de superioridade, levantando a questão de que a ajuda está estruturada pela sociedade, inclusive como indústria do socorro e a ausência do Estado. (“O pressuposto...forma qualificada” p.752).

Nos anos 1970 constrói-se também a perspectiva de análise do Serviço Social por influência das teorias de Foucault, passando a ser visto como uma forma de controle social. Esse controle social se coloca inicialmente como contenção das “classes perigosas”, e no processo de industrialização, como forma de obtenção da pacificação de classes, com todo um “equipamento ideológico” para esse enfrentamento (p.752). (“Esse mesmo...ideologicamente” p.752-753)

A questão da articulação do Serviço Social com a estrutura produtiva do capitalismo foi sendo cada vez mais aprofundada. Nessa perspectiva o Radical Social Work trouxe uma crítica não só ao capitalismo, mas também ao liberalismo, ao assinalar que a relação presente no Serviço Social implica uma desigualdade de poder e se articula à provisão de serviços sociais próprios das políticas dominantes (p.753).

Essa perspectiva, também se fez presente no movimento de reconceituação na América Latina, sendo a questão-chave deste o compromisso com a classe trabalhadora. Fundamentando-se na crítica ao positivismo, ao indivíduo-problema, rompe-se com a ideologia da adaptação, com o funcionalismo. (“Buscava-se...positivistas” p.753).

No texto do Celats (1986) há ênfase para a participação No texto do Celats (1986) há ênfase para a participação. O Serviço Social é situado como uma profissão que, integrada no setor público ou privado, contribui para o fortalecimento dos usuários e das organizações populares, com uma “privilegiada dimensão política”, definindo- se o profissional como “um ator político por excelência” (p.754).

No início dos anos 1980 busca-se aprofundar a inserção do Serviço Social nas relações de trabalho institucionalizadas, como intensamente influenciada pela dinâmica institucional. Essa vertente considera não só as relações de poder, como os processos de trabalho, a condição de contratos na lógica capitalista, mas diversificando-se sua análise conforme o tipo de organização onde se inscreve (p.754)

É nessa diversidade e no confronto teórico e histórico de sua formação e formulação que se coloca hoje o desafio de encontrar uma definição que possa agregar propostas de ação, valores e métodos. - A definição da Associação de Assistentes Sociais Norte-Americanos (p.754-755); - A definição da Federação Internacional de Trabalhadores Sociais (p.755); - A definição dos assistentes sociais portugueses (p.755); - A definição do CFESS (p.756).