RELATO DE CASO: Dor na cabeça e pescoço 15/09/09

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Paulo Rogério Mudrovitsch de Bittencourt Dimpna
Advertisements

Exame Neurológico Sequenciado
AS CEFALÉIAS: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO.
Diagnóstico e tratamento de fraturas nasais
Electromiografia II Aula V: Mononeuropatias membro superior
Esofagites Infecciosas
Fraturas do Pé Fraturas de calcaneo= são mais graves quando atingem as superficies articulares sub-astragalinas e as que produzem alterações no ângulo.
Cefaléias Marília Polo Minguete e Silva
CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALÉIAS
Sistema Nervoso Periférico
Traumatismo Raquimedular. Descrever as bases anatômicas e fisiológicas da medula espinhal Descrever as bases anatômicas e fisiológicas da medula espinhal.
Mandíbula Ramo Face Lateral Texto Ramo.
Cefaleia Crônica Diária – Avaliação e Terapêutica
Mariana Bruinje Cosentino
The International Classification of Headache Disorders,
Dor Neuropática.
Rafael Coutinho Membro e Diretor de Ensino da LAAC
SÍNDROMES VESTIBULARES
DISTÚRBIO DE CANAL ASSOCIADO A ENDOCRINOPATIA
Cefaleia Crônica Diária – Avaliação e Terapêutica
S.u.n.c.t & S.u.n.a Elda A. Botelho.
Nervos Cranianos Prof. Dr. André Gustavo Fernandes de Oliveira
Grupo de Estudos do dia 04/08/12 Compreendo a Autorregulação (1ª
Prática clínica: Avaliação odontológica em pacientes com dor José TT Siqueira São Paulo.
DOR NEUROPÁTICA FACIAL
IMAGINOLOGIA CERVICAL NO TRAUMA
Aluna: Monique A. de Souza C. Barreto
Anatomia do Tronco Encefálico
Trabalho de Metodologia e Tradução e Redacção Multilíngue sobre:
NERVO FACIAL - VII nervo facial o.a.e. nervo intermédio
Os 12 Pares de Nervos Cranianos
CASO CLÍNICO 13 Luisa P. de Figueiredo.
Manifestações Clínicas
ESTRUTURA DO TRONCO ENCEFÁLICO
CEFALÉIA CERVICOGÊNICA
C ASO 03 Caroline nº18 Felipe nº Germano nº. Radiologia EFHS, 32 ANOS, SOLTEIRO, NATURAL E PROCEDENTE DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, CAMINHONEIRO, CATÓLICO,
Cefaléias Dra Norma Fleming.
Nervos Crânianos Pós Graduação Lato Sensu Universidade Metodista
Paralisia Facial Central
Ataque Isquêmico Transitório
Osteoartrose Disciplina Fisioterapia em Reumatologia
Nervos cranianos.
TENOSSINOVITE D´QUERVAIN
SIC 2004 Cefaléia Primárias Cefaléia Secundárias Neuralgias Cranianas.
Classificação SIC Primárias Secundárias Sinais de Alerta Programa Padrões Evolução Migrânea Cefaléia Tensional Cefaléia em Salvas Neuralgia Cranianas Cefaléias.
LESÕES DEGENERATIVAS DA COLUNA
Deformidades Escoliose Pectus Carinatum (protusão)
Síndrome do desfiladeiro Torácico e Disfunção Temporomandibular
Cefaléias para o Clínico
Distúrbios do Equilíbrio
Prof: Klenio Lucena de Sena Campina Grande 2015
Diagnóstico de Diferencial das Cefaléias e Algias Cranianas
cervicalgia e cervicobraquialgia Nayara Pereira
Anatomia do pescoço boca, nariz laringe, faringe, orelha
Norma Fleming Coordenadora do Ambulatório de Cefaléia
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS CEFALÉIAS
SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR: RELATO DE CASO
CASOS CLÍNICOS FOSSAS NASAIS E CAVIDADADES PARANASAIS
CIRCULAÇÃO VÉRTEBRO-BASILAR
Músculos da órbita Ana Cristina Antunes.
Epilepsias Gustavo Ganne.
NOÇÕES DE ANATOMIA DO GLOBO OCULAR, ÓRBITA E ANEXOS OCULARES
Empiema das bolsas guturais
Anatomia do sistema nervoso dos animais domésticos
Alunos:Eduardo F. Sovrani, Luvas Ev, Mario Schepainski Junior.
PATOLOGIA NASOSINUSAL
Transcrição da apresentação:

RELATO DE CASO: Dor na cabeça e pescoço 15/09/09 Elda A Botelho

Relato de Caso CA, homem, 45 anos, branco QP: dor do pescoço a cabeça HDA: Dor aguda que inicia no pescoço à esquerda e irradia na direção do ouvido, face e têmpora do mesmo lado. Teve o primeiro episódio há 15 dias com recorrência em dias seguintes, o que o motivou a procurar um serviço ambulatorial e posteriormente a emergência HCML. A dor é refratária ao uso de medicamentos analgésicos comuns e incapacitante. Nega história de dor semelhante anteriormente, sinais premonitórios ou deflagradores da dor. Nega disfagia ou odinofagia. Refere que por vezes observou sensação de pressão em ambos os ouvidos quando a dor tivera início pela manhã ao levantar. Observada hiperemia em hemiface (E), sem lacrimejamento, hiperemia ocular ou alteração visual. HPP: História de sinusopatia com indicação cirúrgica no ultimo ano, porém não realizada (SIC). Sem outras informações relevantes.

Relato de Caso Ao exame físico: dor deflagrada com a palpação submandibular profunda à esquerda, com a mesma irradiação informada anteriormente, porém em intensidade menor (em vigência de analgesia contínua). Isocoria, com reflexos fotomotores preservados bilateralmente. Pares cranianos testados, sem alteração. Exames laboratoriais: glicemia alterada em pelo menos 2 exames (superior a 150mg/dl) TCC: processo estilóide “aumentado”? HD: Síndrome de Reader X Síndrome de Eagle (neuralgia glossofaríngea)

Síndrome de Reader Síndrome paratrigeminal oculossimpática Rara, menos frequente que a Sd Horner Queimação hemifacial, no território de V1, ao redor do olho, hipestesia ou disestesia local, ptose, miose, enoftalmia, hiperemia conjuntival, lacrimejamento . Sudorese facial preservada Acomete fibras oculossimpáticas do trigêmio Causa: trauma, massa em fossa craniana medial ou parasselar, compressão medial ao gânglio trigeminal, sífilis, sinusite, vasculite, migrânea, dissecção cartídea... Homens na meia idade e idade avançada. Tempo limitado, remitindo em 2-3 meses, podendo ser intermitente. DD: Sd. Horner (anidrose)

Cervical sympathetic pathway including oculosympathetic fibers Cervical sympathetic pathway including oculosympathetic fibers. A lesion at A would produce a complete Horner syndrome with ipsilateral loss of facial sweating; a lesion at B would produce oculosympathetic paresis, but with preserved facial sweating.

Neuralgia Glossofaríngea Dor paroxística na região inervada pelo IX e X nervos cranianos. Pode acometer ramo auricular e faríngeo do nervo vago. Pode coexistir com a trigeminalgia, mas é menos comum. Dor aguda envolvendo ouvido, base da língua, fossa tonsilar e ângulo da mandíbula associada a dor de base de menor intensidade. Outros sintomas: vertigem, cefaléia, tosse e rouquidão. Bradicardia, assistolia e síncope podem ocorrer devido ao estímulo do IX no trato solitário e efeito através do núcleo dorsal motor do X. Bilateral em 12% dos casos Fatores precipitantes: tossir, mastigar, engolir, bocejar, falar, palpação do pescoço e canal auditivo externo, determinados sabores... Duração: segundos a minutos, podendo acordar o paciente e ficar vários meses a anos sem recorrer.

Neuralgia Glossofaríngea Idiopática X secundária (lesões desmielinizantes, TU no ângulo ponto cerebelar, abscesso periamigdaliano, aneurisma carotídeo e síndrome de Eagle) Compressão vascular do X e XI pela artéria vertebral ou PICA. TU no ângulo pontocerebelar

Síndrome de Eagle Compressão lateral do IX contra o processo estilóide aumentado ou ligamento estilo-hióideo ossificado. Anamnese (evolução), RM crânio (massas) e TC crânio (calcificação)

Síndrome de Eagle O processo estilóide do osso temporal corresponde a uma delgada projeção óssea de aproximadamente 25 mm de comprimento. Tem sua localização entre as artérias carótidas interna e externa, posteriormente à faringe, onde se inserem os músculo estilo-hióideo, estiloglosso e estilofaríngeo os quais são inervados, respectivamente, pelos nervos facial, hipoglosso e glossofaríngeo. O diagnóstico diferencial da síndrome de Eagle inclui nevralgias glossofaríngea e trigeminal, arterite temporal, enxaqueca, cefaléia histamínica, síndrome da disfunção- dor miofacial, dor secundária a terceiros molares não irrompidos ou impactados, artrite cervical, tumores e próteses dentais ausentes. Normal (até 2,5cm) e alongado (>4 cm) A maioria dos pacientes com processo estilóide alongado é assintomática.

Síndrome de Eagle Inversamente, muitos pacientes com sinais e sintomas sugestivos da síndrome de Eagle não apresentam evidências radiográficas de um processo alongado, fato verificado por Steimann, que relatou 30 pacientes com quadro clínico positivo, dos quais 26 não apresentavam alongamento do processo estilóide ou calcificação do ligamento estilo-hióideo. RX face em perfil, AP e oblíqua TC é o método mais sensível RX panorâmica.

Síndrome de Eagle Possíveis motivos da dor: Secundário à irritação mecânica da mucosa faríngea Estiraento das terminações nervosas do V, VII, IX e X produzido pela fibrose pós-tonsilectomia Fratura mo ligamento estilo-hióideo ossificado após trauma ou movimentação brusca do pescoço, com consequente formação de tecido de granulação que pressionará estruturas adjacentes do complexo estilo-hióideo. Pressão sobre a artéria carótida com estimulação da cadeia simpática que envolve a bainha carotídea Alterações degenerativas do tendão de inserção o músculo estilohióideo ou tendinite de inserção.

TU no ângulo ponto cerebelar

Síndrome de Eagle Tratamento: Carbamazepina (200-1600mg/dia em 2x) melhora >50-100% Oxcarbazepina (600-1800mg/dia em 2x) melhora >50-100% Baclofen ( 15-60mg/dia em 3x) Lamotrigina (25-400mg/dia em 2x) – isolada ou associada Pimozide (arritmia cardíaca, efeitos anticolinérgicos, parkinsonismo) Outras: Tizanidina, Tocainida, Fenitoína, Fosfenitoína, Ác. Valpróico, Gabapentina, Pregabalina, Clonazepan, Topiramato, Misoprostol. Morfina, Isomorfina, Oxicodona, Lidocaína (IV)

Síndrome de Eagle Tratamento cirúrgico: (refratária) Ressecção cirúrgica da apófise estilóide (via externa ou intra-oral) Descompressão microvascular Risotomia Radiocirurgia com gama knife Neurectomia periférica

Referências Up To Date - Overview of craniofacial pain Sá ACD, Zarto M, Paes AJN et al. Alongamento do processo estilóide (Síndrome de Eagle): Relato de dois casos. Radiol Bras 2004; 37(5):385-387 Tiago RSL, Marques MF, Maia CAS et al. Síndrome de Eagle: avaliação do tratamento cirúrgico. Ver Bras Otorrinonaringol. V.68, n.2, 196-201, mar/abr, 2002.