1 A SAÚDE DA MULHER TRABALHADORA E O CICLO DE TRABALHO: DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO Fátima Pianta fatimapianta@solicomm.net.

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Transcrição da apresentação:

1 A SAÚDE DA MULHER TRABALHADORA E O CICLO DE TRABALHO: DIFERENÇA ENTRE TRABALHO E EMPREGO Fátima Pianta fatimapianta@solicomm.net

2 Grécia Antiga: Divisão sexual do trabalho, pois tanto as mulheres consideradas livres como as escravas eram responsáveis pela manutenção das atividades referentes ao espaço doméstico como a comida dos homens, o cuidado das crianças, a busca de água e a lavagem das roupas; Idade Média: as atividades eram divididas de acordo com o status civil das mulheres: solteiras lavavam e teciam; as mães cuidavam das crianças as de meia idade cuidavam dos adolescentes e da cozinha

3 Se estabelecia uma clara divisão de classes sociais entre as mulheres: as mulheres dos servos e dos camponeses é quem mais trabalhavam, tanto na agricultura como nas tarefas domésticas.

4 Final do Século XVIII: acentua-se o processo de migração do campo para a cidades, consolida-se a burguesia e surge o proletariado feminino pelo trabalho a domicílio em função da recusa dos homens quando elas tentam ingressar nas fábricas; As operárias eram duplamente recusadas, como mulheres, porque ser operária é antítese de feminino; Não havia discussão das reivindicações das mulheres nas pautas de negociação;

5 Revolução Industrial: Surge a medicina do trabalho em defesa dos interesses do capital, se estabelece uma radical separação entre o trabalho remunerado e o trabalho doméstico; As mulheres não eram consideradas produtivas e suas atividades não eram consideradas de risco, porém os médicos exerciam controle de sua reprodução e sexualidade;

Quais eram as condições de trabalho? 6 Quais eram as condições de trabalho? Baixos salários Emprego de crianças Duração da jornada – 12 a 16 horas por dia Redução de moradia Falta de higiene Numerosos acidentes de trabalho Sub-alimentação Altas taxas de morbimortalidade Doenças adquiridas no trabalho e que não eram reconhecidas

7 As mulheres, tal como os homens, estavam expostas aos riscos do trabalho. No entanto elas não eram consideradas produtivas e tão pouco suas atividades eram consideradas de risco para a saúde; É no período de auge do taylorismo que a máxima da proteção do corpo toma corpo: um corpo duplamente lesado, normatizado, medicalizado e assexualizado.

8 O conceito de saúde ocupacional surge depois da II Guerra Mundial, porém os problemas de saúde das mulheres não eram e continuam não sendo vistos hoje relacionados ao trabalho, mas centrados na prevenção de riscos para a gravidez, reforçando a dimensão biologicista e funcionalista do papel da mulher.

9 Década de 70: Tem início profundas transformações econômicas e sociais ao nível mundial com o surgimento e intensificação de novas formas de organização do trabalho, proporcionando uma maior flexibilidade nos processos de trabalho, nos mercados de trabalho, nos produtos e nos padrões de consumo. O movimento operário lança seus primeiros gritos contra a exclusão do(a) trabalhador(a) das decisões sobre planejamento e gestão da produção;

10 O movimento feminista tem importância muito grande ao introduzir a dimensão da divisão sexual no mundo do trabalho e da casa como elementos estruturantes da vida cotidiana;

11 Anos 90: A reestruturação produtiva concretiza, no âmbito do trabalho, as necessidades da globalização, procurando oferecer condições objetivas para a atuação sem fronteiras do capital, tendo com principal objetivo a flexibilização do trabalho para aumentar a produtividade e a competitividade num mercado globalizado

12 No contexto da globalização neoliberal e da reestruturação produtiva, os governos subservientes a essa ordem econômica têm investido insistentemente na flexibilização das relações de trabalho, do emprego e dos direitos sociais e trabalhistas

Aumento da exploração da força de trabalho feminina, 13 Características: Aumento da exploração da força de trabalho feminina, retorno de sistemas de trabalho mais antigos gerando resultados contraditórios e perversos, através da precarização das condições de trabalho via terceirização, intensificação do trabalho, redução nos níveis salariais, polivalência; aumento da necessidade de concentração, monotonia, repetitividade, pressão das chefias, ausência de pausas, polivalência;

1414 Consequências: podem ser traduzidas no aumento significativo das Lesões por Esforços Repetitivos, principalmente para a mulher trabalhadora em função de sua dupla ou até tripla jornada de trabalho; sofrimento mental traduzidos no stress, fadiga física e mental, burnout, karoshi, assédio sexual e moral convivendo lado a lado de antigas formas de adoecer pelo trabalho (acidentes típicos, intoxicações, etc)

15 “o tipo de trabalho que as mulheres realizam originam problemas de saúde, que a curto prazo não são nem agudos nem dramáticos, mas torna penosa a vida de todos os dias” .

1616 Estratégias de Intervenção: Incorporar a discussão sobre gênero às políticas de saúde do trabalhador junto aos sindicatos; Organizar e fortalecer as OLTs ampliando a participação da mulher trabalhadora; Desenvolver programas de investigação e análise de condições de trabalho e seus impactos sobre a saúde da e qualidade de vida mulher trabalhadora;

1717 Estratégias de Intervenção: Desenvolver programas de capacitação na área de saúde, trabalho e meio ambiente para trabalhadores e trabalhadoras, com enfoque específico sobre os impactos das condições de trabalho sobre a saúde da mulher; Exigir que o Estado e as empresas cumpram sua responsabilidade na garantia de condições adequadas de trabalho para as pessoas, não permitindo retrocessos nos direitos conquistados;

1818 Estratégias de Intervenção: Dar visibilidade aos acidentes e agravos à saúde das mulheres, eliminado os múltiplos fatores nocivos existentes no processo de trabalho; Estimular a notificação das doenças e combater firmemente as omissões e subnotificações; Todo e qualquer dispositivo legal na área de saúde e segurança no trabalho deve incorporar a dimensão gênero;

19 Estratégias de Intervenção: Atuar em parceria com órgãos comprometidos com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras exigindo a divulgação das doenças/acidentes segundo sexo, idade, raça/etnia, função, empresa; Punição das empresas responsáveis por gerar, propagar e omitir as doenças e manter práticas discriminatórias.