Ciência, Tecnologia e Sociedade: Aula 10

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Transcrição da apresentação:

Ciência, Tecnologia e Sociedade: Aula 10 A sociologia transversalista da C,T&I Professor Adalberto Azevedo Santo André/São Bernardo do Campo, 11/11/2014

Abordagens da sociologia da ciência Objetivo: definir o que é C&T Como a C&T se organiza institucionalmente Como está ligada à sociedade Tema controverso, conflitos entre opiniões Geram prescrições sobre como a C&T deve ser conduzida: financiamento, avaliação, critérios de mérito científico, seleção de projetos, formato de cursos de graduação e pós graduação, etc. Visões diferentes de como funciona a C&T são determinantes de como ela deve ser

Abordagens da sociologia da ciência Anos 70: ataque de pensadores pós-modernos à C&T Acusações: C&T, ao afirmar a superioridade epistemológica da C&T ocidentais: Contribui para a dominação de minorias sociais Sustenta complexos industriais-militares Contribui para agravar problemas sociais e ambientais Relativismo intelectual: a verdade não existe, é um produto de um determinado contexto Prescrição: controle da C&T

A Guerra das Ciências Conflito entre diferenciacionistas e antidiferenciacionistas Diferenciacionistas: C&T certificada é referência central na geração de conhecimento Antidiferenciacionistas: validade do conhecimento é relativa e deve ser analisada em um determinado contexto de referência cultural Cientistas diferenciacionistas: o relativismo questiona a legitimidade e validade de seu trabalho

A Guerra das Ciências Exemplo do conflito: o caso Sokal 1996: Alan Sokal, professor de física da New York University, publica na revista Social Text o artigo: “Transgredindo as fronteiras: em direção a uma hermenêutica transformativa da física quântica” Texto com vocabulário técnico bastante complexo e erros propositais Simultaneamente, publica na revista “Lingua Franca” o artigo: “Uma experiência de um físico com estudos culturais”, denunciando sua própria farsa Guerra das ciências 1997

A Guerra das Ciências Para Sokal, a anticiência e o relativismo defendidos pelos pós-modernos marginaliza a atividade racional e crítica e dificulta o avanço da ciência Reação: diversos artigos em resposta, publicados pelos construtivistas/pós-modernos Teorias diferenciacionistas/antidiferenciacionistas: esgotados em termos de energia criativa, repetitivos

Abordagens da sociologia da ciência Questão do conflito: autonomia da C&T Organização disciplinar rígida e controle pelos pares científicos ou organização interdisciplinar e controle por fóruns híbridos de cidadãos? Liberdade da C&T X “Domesticação” da C&T C&T são racionais e universais, e devem ter autonomia, distinguindo-se ciência fundamental de ciência aplicada vs C&T são relativas e servem a interesses, portanto devem ser direcionadas para atender o interesse público (ou de seus financiadores) Diferenciacionistas (Ética universal e superioridade epistemológica) versus Antidiferenciacionistas (ética localizada, nivelamento epistemológico)

A abordagem transversalista Terceira visão Explicação da autonomia relativa da C&T como resultado de forças transversais que o conectam a outros campos sociais Sociedade Sociedade Forças transversais C&T C&T

A abordagem transversalista Pressupostos da abordagem transversalista: Autonomia relativa da C&T: possui mecanismos próprios de regulação e relações de interdependência com outros campos sociais (economia, política, ideoplogia, etc.) Migração entre os espaços disciplinares: praticantes, conceitos e instrumentos se movimentam entre diferentes disciplinas, que possuem diferentes autonomias relativas (uso de teorias e provas empíricas como jogos de linguagem)- por exemplo, ciência climática, economia, geopolítica, etc., na explicação do aquecimento (ou não) global Movimentos de convergência entre disciplinas com diferentes graus de autonomia: criação de conhecimento vai além das fronteiras disciplinares, depende de mais de um campo de pesquisa, que possuem diferentes graus de autonomia com relação à sociedade