PNEM/2014 CADERNO 2 O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
Advertisements

Ensinar e aprender história nos primeiros ciclos de aprendizagem Programa Curricular História PBH
Sujeitos da EJA 1. Diante do quadro diagnóstico, muitos desafios devem ser enfrentados Formular políticas públicas de Estado.
EJA vem se expandindo no país, ocupada por professores sem uma formação específica
Maria Aparecida Felix do Amaral e Silva
“A avaliação escolar hoje só faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para melhorar a aprendizagem” Jussara Hoffmann.
Revisão Unidade 01 Tecnologias na sociedade, na vida e na escola
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL - UEMS
O PROJETO PEDAGÓGICO PRESSUPÕE UM MOVIMENTO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA, COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS ENVOLVIDOS NA AÇÃO EDUCATIVA, É A “CARTA DE INTENÇÕES”.
Currículo de Arte do 1° ao 5° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Programa aluno pesquisador
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
DIDÁTICA E METODOLOGIA NO ENSINO SUPERIOR
CURRÍCULO. AS DISCUSSÕES SOBRE CURRÍCULO Incorporam discussões sobre conhecimentos escolares, um dos elementos centrais do currículo. Conhecimentos que.
Marcos Alexandre Barros
TEMAS TRANSVERSAIS (PCN´S) UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO
Feiras e Mostras em Ciências, Cultura e Tecnologia
I Simpósio Internacional sobre Desenvolvimento Profissional Docente Painel IV “Docência Universitária e qualidade da educação” Qualidade da educação:
Educação no contexto do Trabalho
ESPORTE NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR Conteúdo do componente curricular
A ERA DA INFORMAÇÃO A JUVENTUDE ESTÁ CONECTADA NO MUNDO VIRTUAL FACEBOOK E EDUCAÇÃO MÍDIAS SOCIAIS E CONDIÇÕES ADEQUADAS PARA A EDUCAÇÃO A ESCOLA.
Desenvolver Por uma Nova Escola.
Perfil do Profissional
Juarez Dayrell Foz do Iguaçu, Setembro PROPOSTA: 1. A realidade do ensino médio médio no Brasil: alguns desafios 1. A condição juvenil contemporânea.
PERGUNTA-SE As escolas dão a devida atenção aos CONSELHOS DE CLASSE?
Metodologia: Piaget e Vygotsky
AD EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO
ARTE E EDUCAÇÃO CURSO: PEDAGOGIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
CONAE 2014 Eixos Estratégicos.
POSSIBILIDADES DE OLHAR PARA AS QUESTÕES EDUCATIVAS
Profª Drª Monica Ribeiro da Silva
Grupos na Adolescência Família e Grupo de Amigos
As relações entre tecnologias e educação ALGUNS COMPONENTES PARA MIRAR.
2 – O QUE ENTENDEMOS POR CONHECIMENTO ESCOLAR?
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
SEGUNDO EDUCADORES DA EJA Professora Dóris Maris Luzzardi Fiss - PEAD
MARCELE MARTINS PROVINCIATTI TEREZINHA H. SCHIGAKI TESSARIM
Apresentação inicial A Educopédia é uma plataforma de aulas digitais colaborativas que possui: • Um ambiente de fácil navegação; • Conteúdo de qualidade;
Currículo, Propostas Pedagógicas ou Propostas Curriculares na Educação Infantil? Profa. Antônia Ferreira Nonata Profa. Denise Silva Araújo.
Política Educacional Brasileira
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA Ana Valéria Dacielle Elvys Wagner Rinaldo
PENSANDO O LIVRO DIDÁTICO E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE HISTÓRIA
Perspectivas atuais do Trabalho Pedagógico OTP 7
O desenvolvimento de uma nação depende, muito, da educação.
Uma Escola do Tamanho do Brasil
Saúde do Adolescente Conceito segundo a OMS Adolescência
CLÁUDIA PICCININI ISABEL MARTINS
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Retrato da Escola Básica Adriano Mosimann
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL- SEDUC
PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA REDE DE PROTEÇÃO PARA OS JOVENS
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS UM DESAFIO PARA A DOCÊNCIA
Formação de professores para o trabalho com tecnologias digitais Grupo Pró-Ativo: Monaliza de Magalhães R Moreira Alexandra Fernandes Claudia Lima  Danielle.
Educação Integral: uma perspectiva ampliada
Atividade complementar 04
APLICAÇÃO DE JOGOS COMO RECURSO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENIDZAGEM NO ANOS INICIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL.
Grafite: Uma arte de protesto em espaços públicos
TEMAS TRANSVERSAIS.
Conceito de juventude Felipe Maciel e Maikieli Provenzi.
Quando vale a pena usar as Tecnologias nas escolas?
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO Ana Paula Palheta PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO.
Tendências atuais ou pós LDB: interacionistas/ cognitivistas
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO 3º SEGMENTO DA EJA
U NIDADE 1 Atividades 5 e 6. E NSINAR E APRENDER COM AS MÍDIAS DIGITAIS Ensinar é organizar situações de aprendizagem, criando condições que favoreçam.
DEFININDO E REDEFININDO A COMUNIDADE “Conhecer alguém, aqui e ali, com quem se sente que há compreensão, apesar da distância e dos pensamentos expressos,
XIII Seminário Internacional de Educação “ Escola: espaço de sociabilidade e cultura de paz ” 2012.
Transcrição da apresentação:

PNEM/2014 CADERNO 2 O JOVEM COMO SUJEITO DO ENSINO MÉDIO

INTRODUÇÃO O desafio de trabalhar com os “jovens de hoje”: tensão no ambiente escolar. Esta tensão se manifesta no “jogo de culpados”, onde professores e alunos acusam-se mutuamente. As novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2012) apontam para a centralidade dos jovens estudantes como sujeitos do processo educativo. Para tanto, adota-se aqui um preceito básico da antropologia: se queremos compreender, é necessário conhecer. Logo, para compreender os jovens atuais, faz-se necessário antes conhecê-los.

1. CONSTRUINDO UMA NOÇÃO DE JUVENTUDE Há na escola uma tendência de não considerar o jovem como interlocutor válido na hora da tomada de decisões importantes para a instituição (o jovem não é levado a sério). Percebe-se também uma série de representações lapidadas a partir de imagens equivocadas e preconceituosas sobre os jovens. Duas imagens comuns: o jovem como um ser inacabado e como um problema. Faz-se necessário construir imagens alternativas, como a do jovem como sujeito de direito.

A juventude ganha contornos próprios em contextos históricos, sociais e culturais distintos. Temos a expectativa de que esta nossa reflexão possa contribuir para que cada professor e cada professora construa, em conjunto com os próprios jovens, um perfil social, cultural e afetivo dos integrantes do grupo com o qual atuam. O esforço de conhecer e reconhecer os jovens estudantes pode levar à descoberta dos jovens reais e corpóreos que habitam a escola. Buscar perceber como os jovens estudantes constroem o seu modo próprio de ser é um passo para compreender suas experiências, necessidades e expectativas.

1.1 E o que seria então a juventude? Não deve-se considerar a noção de juventude a partir da idade. A juventude é uma categoria socialmente construída. A juventude é uma construção histórica. A entrada na juventude se faz pela fase da adolescência e é marcada por transformações biológicas, psicológicas e de inserção social. Assim, consideramos a categoria juventude parte de um processo de crescimento totalizante, que ganha contornos específicos a partir do conjunto das experiências vivenciadas pelos indivíduos no seu contexto social.

2. JOVENS, CULTURAS, IDENTIDADES E TECNOLOGIAS Hoje, os jovens possuem um campo maior de autonomia frente às instituições do denominado “mundo adulto” para construir seus próprios acervos e identidades culturais. Uma das mais importantes tarefas das instituições educativas hoje está em contribuir para que os jovens possam realizar escolhas conscientes sobre suas trajetórias pessoais e constituir os seus próprios acervos de valores e conhecimentos não mais impostos como heranças familiares ou institucionais. Neste sentido, os jovens sujeitos do Ensino Médio nos trazem cotidianamente desafios para o aprimoramento de nosso ofício de educar.

Um dos enganos mais comuns é tomarmos a nossa própria experiência para estabelecer quadros comparativos com os “jovens de hoje”. Como já discutimos anteriormente, jovens necessitam ser percebidos como sujeitos de direitos e de cultura e não apenas como “objetos” de nossas intenções educativas. 2.1. Jovens em suas tecnologias digitais Uma importante característica do jovem contemporâneo é sua íntima relação com as tecnologias digitais. Segundo pesquisa TIC2012, cidade. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o percentual de acesso à internet atinge os 83%. A mesma pesquisa aponta que 68% dos jovens entre 16 e 24 anos acessam a internet diariamente.

Em relação ao uso, 94% usam a internet para se comunicar, 85% como atividade de lazer, enquanto 65% entram na internet com fins educacionais. Outro desafio é colocado pelo celular. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 92% usaram celular nos últimos 3 meses. Tais dados revelam que os jovens, em sua maioria, estão imersos na internet e ligados em seus celulares. Mostram ainda que existência as tecnologias digitais são, pois, um importante elemento constitutivo da cultura juvenil. A intensa e extensiva presença das tecnologias nessa temporalidade e a existência cada vez mais frequente de jovens conectados com grande familiaridade tecnológica têm inquietado os professores.

Apesar de muitas acusações da parte dos educadores serem legítimas, a sensação mais recorrente é que a escola e os conhecimentos curriculares estão perdendo terreno na disputa com o ciberespaço e a cibercultura. De um modo geral, os jovens possuem maior familiaridade com as tecnologias do que seus professores, colocando em xeque a relação de poder e as hierarquias do saber na sala de aula. É como se a cibercultura ameaçasse o status de autoridade do professor enquanto exclusivo detentor do conhecimento. É neste ponto em especial que a escola entra em conflito com a cibercultura na qual os jovens estão imersos.

Um caminho interessante consiste em empregar as manifestações culturais juvenis, notadamente as que se fazem notar pelas mídias eletrônicas, como ferramentas que facilitem a interlocução e o diálogo entre os jovens, profissionais da educação e a escola, contribuindo assim para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras em comunidades de aprendizagens superadoras das tradicionais hierarquias de práticas e saberes ainda tão presentes nas instituições escolares. Em síntese, a cibercultura pode ser uma aliada do trabalho escolar.