Prática Exploratória e a Iniciação Científica: o “trabalho para entender” como forma de incluir os saberes de pesquisadores iniciantes. Alunos: Paula Costelha;

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Transcrição da apresentação:

Prática Exploratória e a Iniciação Científica: o “trabalho para entender” como forma de incluir os saberes de pesquisadores iniciantes. Alunos: Paula Costelha; Thatiana Felix Professor Orientador: Sabine Mendes Moura Curso: Letras – Português / InglêsCampus: Tijuca Resumo A presente pesquisa parte de um projeto em Prática Exploratória (Allwright & Hanks, 2009, doravante PE) em que propusemos que a prática da iniciação científica fosse feita a partir de um trabalho para entender questões/curiosidades (cf. puzzles) que nos surgissem a partir de nossas práticas cotidianas. O objetivo desse tipo de iniciativa é democratizar o acesso às agendas de pesquisa, rompendo a hegemonia acadêmica e questionando as hierarquias construídas no processo de iniciação à ciência. Portanto, cada pesquisador-praticante (cf. practitioner researcher), incluindo a professora-orientadora, propôs uma questão a ser compreendida envolvendo o maior número possível de pessoas. Apresentamos aqui as duas pesquisas realizadas pelas licenciandas. A primeira tenta entender quais fatores presentes em sala de aula fazem com que seja atraente ou não para os alunos, a partir da pergunta “Por que os alunos ficam mais interessados em umas aulas do que em outras?”, publicada em uma rede social, e ser respondida pelos “amigos” adicionados nessa rede. A segunda busca descobrir se um grupo convidado de alunos de Letras adota o discurso de que só existe um português padrão (PP) e vê a variação linguística como português não-padrão (PNP), respondendo à questão “Existe preconceito linguístico no curso de Letras?”, disponibilizada em um mural social on- line. Ambas as pesquisas foram feitas com base nos princípios da PE, nos conceitos de web 2.0 (PRIMO, 2007) e na Teoria Social do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001). A rede foi escolhida pois é um espaço democrático, que possibilita a interação e comunicação entre os participantes, ampliando o alcance de nossos puzzles. Introdução A partir de “puzzles” que nos surgiram dentro do ambiente acadêmico, foi considerada a possibilidade de dividi-los com nossos conhecidos e saber suas opiniões a respeito disso. Cada questão foi disponibilizada na ferramenta da internet que melhor se adaptava a seu público alvo. Após a coleta dos dados, analisamos os textos criticamente, não para obter soluções, mas para entender os recursos que essas pessoas usaram para expressar suas ideias e entender as pressuposições e sentidos presentes em seus relatos. 1.1 Prática Exploratória A PE é uma metodologia de pesquisa utilizada para, entre outras coisas, entender a vida dentro da sala de aula, a partir da perspectiva de todos os seus componentes. Ela acontece no cotidiano da escola e conta com a contribuição de todos os envolvidos nesse meio. Apesar de a metodologia ter sido proposta para a sala de aula, ela pode ser aplicada a outros ambientes, na qual haja o mesmo objetivo e o processo de “contemplação, entendimento, ação e mudança” (Allwright, 1999). 1.2 Teoria Social do Discurso Segundo Fairclough (2001), em concepção de análise, o discurso deve ser observado em três níveis: o do texto, o da prática discursiva e o da prática social. 1.3 WEB 2.0 A Web 2.0 “tem repercussões sociais importantes, que potencializam processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de informações [...]” (PRIMO, 2007, p.1), porque, ao contrário da primeira geração da Web, na qual os sites eram tratados como partículas independentes, ela funciona de maneira integrada e possibilita a interação entre os usuários. Metodologia Para a pesquisa 1, o “puzzle” foi publicado em forma de figura no perfil da pesquisadora em uma rede social e em duas páginas de uma universidade, pedindo em seguida para os seus “amigos” uma ajuda na resposta da questão. Teve-se respostas vindas de professores universitários ou não, alunos do curso de Letras, e alunos de outros cursos. Para a pesquisa 2, foi criada uma página na Internet onde é possível escrever mensagens como em um mural, com o objetivo de convidar alunos e ex-alunos do curso de Letras a refletirem sobre o “puzzle”. Melo (2011) diz que “a Análise Crítica do Discurso se propõe a desconstruir os significados não óbvios ou ‘agendas ocultas’ presentes nos textos [...]”. Assim, as informações foram analisadas na busca de referências ideológicas, hegemônicas ou não. Pesquisa 2 Através da análise dos diferentes discursos obtidos através do site, observamos que: o preconceito linguístico no curso de Letras é ideológico, uma vez que legitima o poder da classe dominante (falantes do PP) em detrimento da classe dominada (falantes do PNP); há a pressuposição que o uso das aspas tem caráter ideológico, pois é usado em nossa sociedade como forma de suavizar ou satirizar uma situação, ou quando o não se sabe o significado exato da palavra; há uma visão de mundo ideológica, uma vez que os alunos de Letras estão inseridos em um contexto social que enxerga a variação linguística como forma de preconceito. Também observamos que algumas reflexões são contra-hegemônicas, pois os discursos adotados divergem das orientações que regem a sociedade em geral, ou seja, todos os participantes da pesquisa reconhecem que o preconceito linguístico não é algo que deva ser alimentado; entretanto, não conseguem evitar o sentimento preconceituoso em uma situação que envolve um falante de alguma variação linguística. Conclusão Para as pesquisadoras iniciantes, trabalhar com a PE foi uma experiência surpreendente e gratificante, porque podemos ver na prática como ela atua e serve para entender como é a vida nos diferentes contextos, sejam esses sociais ou profissionais, e visa integrar todos os envolvidos no processo da pesquisa. O que mais estimula um pesquisador é esclarecer seus questionamentos; portanto, ao nosso ver, o interessante do método utilizado é a maneira natural a partir da qual a pesquisa se desenvolve, e que através dela pode-se enxergar o quanto é necessária a participação autônoma dos componentes durante o processo. Caso as condições nas quais as presentes pesquisas foram realizadas fossem outras, essas não teriam as mesmas particularidades que o uso da Web 2.0 e PE proporcionaram. Referências Bibliográficas ALLWRIGHT, D. Three major processes of teacher development and the appropriate design criteria for developing and using them. Research and Practice in Language Teacher Education: Voices from the Field. CARLA Working Paper 19, Minneapolis, Minnesota, May 2001, pp ALLWRIGHT, D. & HANKS, J. The developing language learner. London: Palgrave Macmillan, CHARLOT, Bernard. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 17, n. 30, p , jul./dez FAIRCLOUGH, N. Discurso e Mudança Social. Brasília: Editora Universidade de Brasília, MELO, I. F. Análise Crítica do Discurso: modelo de análise linguística e intervenção social. Estudos Linguísticos, São Paulo, v. 40, p , MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, (Temas básicos da educação e ensino) - Acessado em 26/09/2013 OLIVEIRA, G. M. Brasileiro fala português: Monolingüismo e Preconceito Lingüístico. Revista Linguagem, São Carlos, n. 11, nov. e dez PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. E-Compós (Brasília), v. 9, p.1-21, RESENDE, V. M.; RAMALHO, V. V. S. Análise de Discurso Crítica, do modelo tridimensional à articulação entre práticas: implicações teórico-metodológicas. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 5, n.2, p , Entendimentos em construção... Pesquisa 1 Tendo em vista que analisamos o texto em três níveis, no do texto, de maneira geral, houve a busca pela utilização da norma culta nas respostas, o que é incomum na linguagem da internet. Acredito que isso ocorreu pelo fato dessas pessoas estarem se direcionando a mim, uma estudante de Letras, além de o assunto ter teor acadêmico. No nível da prática discursiva, os “amigos” provavelmente levaram em consideração o destino das respostas pois não houve uma preocupação maior a respeito do consumo das respostas, pois o ambiente era virtual e privado; dificilmente alguém do círculo acadêmico ou profissional de quem respondeu terá acesso ao conteúdo. No âmbito da hegemonia, obtivemos o mesmo pensamento com relação à resposta do “puzzle” e pessoas citando fontes científicas para reforçar a opinião e ter credibilidade. Figura 4 – Visão geral da página na Internet Figura 5 – Opinião publicada na página da Internet Figura 2 – Proposta de pesquisa Figura 3 – Trechos de respostas