Teorias de aquisição da linguagem

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Transcrição da apresentação:

Teorias de aquisição da linguagem Psicolinguística Prof.ª Gláucia Lobo

Apresentação: Psicolinguística Foco: Psicolinguística; Combinação entre Linguística e Psicologia; Linguística: ciência que estuda a linguagem verbal; Psicologia: ciência que estuda o comportamento humano e os processos psíquicos.

Psicolinguística: foco Objeto de estudo: aquisição da língua pelos seres humanos; Estudo do processo de aprendizagem da língua; Fala, escrita e leitura; Método e campo: análise da relação entre emissor e receptor em situações reais.

Teorias de aquisição da linguagem Desenvolvimento da linguagem em crianças sadias; Sem comprometimentos na aprendizagem; Como se dá esse aprendizado da língua materna; Até 3 ou 4 anos: membro amadurecido em sua comunidade linguística; Produz e compreende enunciados novos e significativos na língua que aprendeu.

Teorias de aquisição da linguagem Início: a criança não fala ou responde da maneira socialmente adequada; realiza isso à sua maneira; O conhecimento geral da gramática e semântica não é imediatamente evidente no enunciado; A criança ouve uma corrente de sons, que não é obviamente separável em palavras; Falamos rápido: comiontemumalasanhainteira.

Teorias de aquisição da linguagem Nesse início as crianças precisam ter capacidades mentais especiais e eficientes que as capacitem a entender a língua; Mesmo falando de forma “errada” (fala menos regular), seguem as regras que já conhecem; Exemplo: “Eu fazi um bolo” ao invés de “Eu fiz um bolo”; Regra dos verbos regulares: conjugados na primeira pessoa do singular no pretérito perfeito do indicativo geralmente apresentam a desinência “–i”.

Teorias de aquisição da linguagem Aprender a falar implica o domínio de padrões abstratos e gerais de uma língua (como irregularidades); Esses padrões correspondem aos universais lingüísticos (comuns a todas as línguas); Talvez os universais linguísticos existam porque as crianças têm de aprender uma língua; Há um ajustamento entre a natureza universal da língua e a natureza das estratégias de aquisição da língua; Se a criança tem a capacidade de adquirir os padrões teóricos e gerais da língua é porque ela está “pré-sintonizada”.

Teorias de aquisição da linguagem Retomando: teoria nativista – cognitivista – (ou inatismo) de Chomsky; Afirma que a criança já nasce com a capacidade linguística; Além da teoria nativista, o estudo da linguagem da criança gerou um debate envolvendo outra teoria; Cognitivismo versus empirismo; São as duas principais teorias da aquisição da linguagem.

Empirismo No aprendizado a ênfase é dada à experiência; O aprendizado se dá de fora para dentro; Através de estímulos, respostas e reforço; Ex.: behaviorismo ou comportamentalismo, por B. F. Skinner; A criança inicia como uma “tábula rasa”, isto é, totalmente “em branco”, desenvolvendo o conhecimento linguístico por: estímulo e resposta, imitação e reforço.

Empirismo Obra que marca a teoria behaviorista: aborda o “comportamento verbal” – “aquele comportamento reforçado pela mediação de outras pessoas” (Skinner (1957); Objetivo do livro: analisar o comportamento verbal, identificando as variáveis que controlam esse comportamento e definindo como elas interagem para determinar uma resposta verbal específica; Behaviorismo: dois conceitos-chave: o operante e o reforço;

Empirismo Operante: ação executada pelo organismo (um enunciado) que atinge um resultado específico, servindo para reforçar o operante; Se o resultado for favorável para o organismo – ação reforçada (é provável outras ocorrências); Se o resultado for desfavorável – ação punida (é menos provável outra ocorrência); Empiristas: a criança aprende por respostas a estímulos exteriores, a partir do reforçamento recebido; a estrutura existe no mundo exterior e o indivíduo vem a refletir tal estrutura.

Cognitivismo ou inatismo O aprendizado se dá de dentro para fora; A criança o constrói criativamente; A aprendizagem ocorre por cognição, por conhecimento, pelo intelecto, pelo pensamento; Exemplos de teorias cognitivas: o inatismo de Chomsky e também o que foi proposto por Piaget, Slobin, Vigotsky, entre outros.

Cognitivismo ou inatismo A linguagem humana é inata e biologicamente determinada, sendo parte da herança genética do homem; A criança nasce com uma capacidade especial para adquirir a linguagem; Nenhuma outra espécie possui essa capacidade; O processo de aquisição da linguagem é indiferente às variações de estimulação ambiental, sendo alcançado num movimento criativo e intelectual.

Slobin (1980): critica três princípios básicos das teorias empiristas: O princípio do REFORÇAMENTO A criança é reforçada (positiva ou negativamente; elogio ou punição); Com base nesse reforço ela generaliza seu padrão linguístico futuro, de forma mais adequada ao seu agente reforçador; Slobin: o reforço poderia somente dizer à criança que uma frase é globalmente certa ou errada, mas não o porquê desse erro.

Slobin (1980): critica três princípios básicos das teorias empiristas: O princípio da IMITAÇÃO Mesmo que a criança pudesse imitar com êxito todos os enunciados que ouve, não compreenderíamos como ela prossegue produzindo enunciados novos, nunca ouvidos; A criança realmente imita a fala do adulto, mas a imitação é a indicação externa da tentativa da criança de acomodar seu esquema lingüístico a um novo material; A criança não imita formas que já tenha dominado, nem formas que estejam muito longe de seu alcance cognitivo; imita estruturas cuja aquisição está em curso.

Slobin (1980): critica três princípios básicos das teorias empiristas: Exemplo: diálogo citado por Slobin (1980): Filho – “Ninguém não gosta de mim.” Mãe – “Não, diga ‘ninguém gosta de mim’.” (Seguem-se oito repetições desse diálogo) A criança, trabalhando com a negação, considera que toda frase negativa deve ter um “não” e se recusa a imitar a forma do adulto; A imitação, portanto, desempenha algum papel na aquisição da linguagem, mas não tem a importância que os empiristas lhe atribuem.

Slobin (1980): critica três princípios básicos das teorias empiristas: O princípio da ENTRADA Empiristas: consideram que o meio determina a aquisição, dando muita importância ao “papel da entrada” (imput que a criança recebe); Consideram que a natureza da fala dos pais – a entrada no tocante à criança – deve desempenhar papel significativo no processo de aquisição da linguagem; Cognitivistas: mesmo que a entrada fosse clara e absolutamente bem organizada para a criança, ela ainda deveria descobrir estruturas implícitas e intenções nos enunciados;

Slobin (1980): critica três princípios básicos das teorias empiristas: Uma entrada perfeitamente elaborada com um esquema de reforço perfeitamente trabalhado não explica a capacidade da criança de construir uma gramática baseada em tal entrada; Os próprios desvios da criança em relação à fala do adulto provam que ela usa a entrada dos adultos para aprender de maneira própria e original; E dificilmente a entrada é a mesma para a mesma intenção comunicativa (variedade); a criança deve lidar com essa variedade e descobrir o que é importante e o que é secundário na fala do adulto;

Slobin (1980): critica três princípios básicos das teorias empiristas: Slobin (1980) cita um exemplo de uma mãe tentando cachear os cabelos de sua filha de dois anos, querendo que ela fique quieta; A mesma intenção geral é expressa de muitas formas: Mãe – “Venha que vou arrumar seu cabelo”; “Não deseja seu cabelo arrumado esta noite?”; “Você não terá cacho nenhum”; “Por que não me deixa arrumar seu cabelo?”; etc.

Cognitivismo X Empirismo No aprendizado, a ênfase é dada na experiência; A aprendizagem ocorre por cognição, por conhecimento; O aprendizado se dá de fora para dentro, através de estímulos, respostas, imitação e reforço; O aprendizado se dá de dentro para fora, sendo construído criativamente pela criança. Exemplo de teoria empirista: behaviorismo ou comportamentalismo, de Skinner. Exemplos de teorias cognitivistas: inatismo, de Chomsky, e as desenvolvidas por Slobin, Piaget e Vigotsky.