A produção de textos João Wanderley Geraldi Por: Caren Cristina Brichi

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Transcrição da apresentação:

A produção de textos João Wanderley Geraldi Por: Caren Cristina Brichi Formadora PNAIC 2013 e 2014

Em que implica o trabalho com gêneros textuais? Implica em trabalhar com as práticas sociais de uso da linguagem, conceber a linguagem como um processo de interação humana. Reconhecer que nos comunicamos através dos gêneros textuais orais e escritos

Da redação a Produção de textos Com essas reflexões iniciais, alerta sobre uma realidade escolar: há muita escrita e pouco texto.Em razão disso, faz uma pertinente distinção entre produção de textos e redação: nesta, produzem-se textos para escola; naquela produzem-se textos na escola (GERALDI, 1997b, p.137).

Redação Estuda-se a forma em detrimento do conteúdo (correção do texto visa apenas aos seus aspectos gramaticais). Aulas baseadas em manuais de técnicas de redação. Sem atividade prévia para a produção escrita. Não há trabalho de reescrita dos textos. O destinatário do texto é o professor. Os textos são fruto de uma atividade de reprodução. O aluno apenas cumpre instruções. Os textos valem nota. Há uma nota máxima a ser alcançada. Só se estudam os modelos narração/ descrição/ dissertação. A linguagem é um instrumento de comunicação. O aluno aprende a fazer redação para se dar bem nas provas.

Produção de textos Estuda-se a relação entre forma e conteúdo (correção do texto propõe um diálogo com o aluno). Aulas baseadas em livros de teoria textual. Exposição oral de conceitos e debate de ideias como atividade prévia de qualquer produção escrita. Encara-se a reescrita como fundamental no processo de autoavaliação do texto. Ao longo do ano, as melhores produções são fotografadas e publicadas em um blog; ou os alunos corrigem os textos dos colegas; ou são elaborados textos que terão destinatários reais – além dos muros da escola, entre outras ideias. O aluno assume um compromisso com o que diz. Os textos são encarados como um exercício da cidadania do aluno. Parte-se da premissa que sempre é possível melhorar (o foco vai além de alcançar a nota máxima). São estudados diferentes gêneros e tipologias textuais. A linguagem é uma forma de interação entre sujeitos. O aluno aprende a produzir textos para: - interpretar melhor os vários discursos com os quais tem contato em seu dia a dia; - refinar seu olhar crítico; - saber como interagir no mundo por meio de sua palavra.

Para sustentar as questões sobre a produção de textos na escola, partir-se-á do que sustenta Geraldi (1997, p. 137) que diz que: Por mais ingênuo que possa parecer, para produzir um texto (em qualquer modalidade) é preciso que: a) se tenha o que dizer; b) se tenha uma razão para dizer o que se tem a dizer; c) se tenha para quem dizer o que se tem a dizer; d) o locutor se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz […]; e) se escolham as estratégias para realizar (a), (b), (c) e (d). (GERALDI, 1997, p. 137)

Considero a produção de textos (orais e escritos) como ponto de partida (e ponto de chegada) de todo o processo de ensino/aprendizagem da língua. E isto não apenas por inspiração ideológica de devolução do direito à palavra às classes desprivilegiadas, para delas ouvirmos a história, contida e não contada, da grande maioria que hoje ocupa os bancos escolares. Sobretudo, é porque no texto que a língua –objeto de estudos –se revela em sua totalidade quer enquanto conjunto de formas e de seu reaparecimento, quer enquanto discurso que remete a uma relação intersubjetiva constituída no próprio processo de enunciação marcada pela temporalidade e suas dimensões. (GERALDI, 1997b, p. 135).

Embora não se refira explicitamente ao conceito de gênero discursivo, a proposta de Geraldi (1997b) sinaliza um ensino de produção textual com foco em gêneros, porque preconiza um ensino no qual a língua é interação e como tal pressupõe atividade verbal que conduza a isso. Tal fato pode ser comprovado quando o autor sugere algumas práticas possíveis para ensino de produção de textos na escola, tendo por base o esquema interlocutivo (GERALDI, 1997b, p. 162-165), descrito a seguir :

1) Definição dos interlocutores: a escola como instância pública de uso da linguagem pode definir um projeto de produção de textos com destinação a interlocutores reais ou possíveis.

2) Razões para dizer: a sustentação do projeto está condicionada ao envolvimento dos integrantes, os quais devem encontrar uma motivação interna ao próprio trabalho a executar, para que este não se torne uma mera tarefa a cumprir.

3) Ter o que dizer: o ato de produzir texto não como uma reprodução dos saberes escolares, mas como transformação do “vivido particular, somado a outros vividos particulares revelados por seus colegas que requerem a reflexão e a construção de categorias para compreender o particular no geral em que se inserem” (GERALDI, 1997b, p. 164).

4) A escolha de estratégias: a seleção ou a construção das estratégias tanto em função do que se tem a dizer quanto das razões para dizer a quem se diz. Momento em que se dará a maior contribuição do professor-interlocutor, que sugere, questiona, testa o texto do aluno como leitor e aponta os possíveis caminhos para o aluno dizer o que deseja dizer na forma que escolheu.

O leitor/produtor de textos é um ser consciente do que a escrita pode acarretar sobre o indivíduo e sobre a sociedade como um todo. Nesse sentido o ato de escrever traz consequências sociais, políticas, culturais, econômicas, cognitivas, linguísticas, seja para o grupo social em que seja introduzida a escrita, seja para o indivíduo que aprenda a usá-la (SOARES, 2006, p.17).