Professor: Cezar Augusto Pereira dos Santos ECONOMIA BRASILEIRA II 1.

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Transcrição da apresentação:

Professor: Cezar Augusto Pereira dos Santos ECONOMIA BRASILEIRA II 1

PLANO DE AULA 2

CONTEXTO PRÉ SEGUNDO MANDATO 3 Crise dos países asiáticos (outubro de 1997); Especuladores apontavam que o Brasil seria o próximo; Ataque ao R$ FHC: Linha de Defesa Dura: aumento da taxa de juros 2 vezes superior a que vigorava antes; Esfriamento da economia & aumento da taxa de desemprego Pessimismo eleitorado Aumento da cesta básica Quebra das safras de arroz e feijão Ao mesmo tempo Junho de 1998 empate técnico com Lula

CONTEXTO PRÉ SEGUNDO MANDATO 4 Vimos que o déficit em transações correntes saltou de US$ 1,38 bilhões em 1995 para US$ 3,6 bilhões em 1998 – 261% (COUTO; ABRUCIO, 2003);

CONTEXTO PRÉ SEGUNDO MANDATO 5 “Esta perda de reservas (US$ bilhões) é um custo que, em geral, não é considerado. Mas, que se tomar pelo valor pelo qual o governo vendeu os US$ neste período (agosto/outubro/ 1998)e o valor que chegou a taxa de câmbio no início de 1999 é possível perceber o enorme custo de oportunidade da operação” (GREMAUD et al, 2014, p. 471).

CONTEXTO PRÉ SEGUNDO MANDATO 6 Neste período o governo alterou a composição da divida pública por tipo de indexador; De títulos públicos prefixados (participação era de 55% em maio de 1998 e se tornou de apenas 3% em dezembro) para títulos indexados ao over ou a taxa de câmbio – hedge cambial para o aplicador privado; “Este cenário nacional e internacional tormentoso obrigou o governo brasileiro a negociar um novo acordo com o FMI, com vistas a sanar suas dificuldades com o balanço de pagamentos” (COUTO; ABRUCIO, 2003);

CONTEXTO PRÉ SEGUNDO MANDATO 7 De acordo com Couto e Abrucio (2003) todas essas turbulências acabaram tendo um resultado politicamente paradoxal. Poder-se-ia supor que devido à crise econômica e ao colapso financeiro iminente, o eleitorado rechaçaria a reeleição de FHC. Por que não fez? Poucas semanas antes das eleições o governo iniciou uma negociação com o FMI que lhe permitisse enfrentar a fuga de US$ e o esgotamento da disposição do resto do mundo em continuar financiando sucessivos déficits em transações correntes (GIAMBIAGI ETAL, 2010);

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 8 Em campanha FHC afirmava que o ano de 1999 seria o ano da virada; Mas, o acordo com o FMI enfrentou 2 obstáculos intransponíveis: Ceticismo com que foi recebido pelo mercado – que apostava em uma desvalorização do R$ para um futuro muito próximo; Rejeição pelo Congresso de uma das mais importantes medidas do Programa Fiscal proposto pelo Governo: cobrança de contribuição previdenciária de servidores públicos inativos;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 9 Nas primeiras semanas de 1999 problemas políticos, com os governadores recém empossados sinalizando o desejo de rediscutir as respectivas dívidas e os pagamentos à União (Moratória Mineira); Crise Cambial; Crise Fiscal; Neste ambiente criou-se a cena política adequada para promover a mudança cambial em janeiro de 1999; O Governo atribuiu a decisão a fatores externos e não a erros de política econômica; A mudança se deu com a saída do então presidente do BC (Gustavo Franco) que defendia a manutenção do câmbio valorizado;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 10

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 11 Armínio Fraga assumiu então como presidente do BACEN e o governo adotou o sistema de câmbio flutuante; O impacto imediato foi uma desvalorização do câmbio nominal da ordem de 70% nos primeiros meses chegando a superar os R$ 2,00 em fevereiro de 1999 (GREMAUD ET AL, 2014); Qual era o grande receio do Governo em abandonar o sistema de câmbio fixo? A questão que se colocava, no caso brasileiro, era se a inflação após a desvalorização cambial iria seguir a trajetória mexicana ou asiática;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 12 Armínio Fraga anunciou 2 providências: elevação da taxa de juros básica e início de estudos para a adoção do sistema de metas de inflação – que seria uma espécie de nova âncora em substituição à âncora cambial – adotado em julho de 1999 (GIAMBIAGI ET AL, 2010); Para evitar que a pressão cambial se transformasse em processo inflacionário foi adotada uma política monetária bastante restritiva, com o COPOM (criado no início da gestão Armínio Fraga) estipulando uma meta para taxa SELIC da ordem de 45% ao ano em março de 1999;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 13 SITUAÇÃO INICIAL DO PLANO REAL: - A âncora Cambial provocou uma queda abrupta na inflação dos tradeables, enquanto que a demanda aquecida fez com que os preços dos non tredeables continuasse subindo; SITUAÇÃO AGORA: -Aumento dos tredeables, enquanto que a demanda desaquecida controlaria o preço dos non tredeables; A RECOMPOSIÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO REAL DEPENDERIA DE UM COMPORTAMENTO DOS PREÇOS INVERSO AO VERIFICADO NO INÍCIO DO PLANO REAL;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 14

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 15

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 16 Consequência econômica da manutenção das taxas de juros elevadas e do controle da inflação na gestão Armínio Fraga no primeiro ano do novo governo de FHC? Para Giambiagi et al (2010, p. 177), a desvalorização cambial não surtiu efeitos inflacionários também pelos seguintes fatores: A desvalorização do R$ ocorreu em um momento de “VALE” da produção industrial; Estabilidade e nova mentalidade dos agentes econômicos; Política Monetária Rígida: taxa de juros real de 15% ao mês em 1999;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 17 Com a adoção do sistema de câmbio flutuante e a perda da âncora cambial como referencial de preços, o BACEN, como vimos, adotou a partir de julho de 1999 o SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO como REGRA para a política MONETÁRIA (GREMAUD ET AL, 2010). A relação entre taxa de juros e inflação é conhecida como Regra de Taylor da política monetária; Nesta situação, a função básica do BACEN e da política monetária é o cumprimento da meta estipulada pelo CMN;

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 18 Conforme Gremaud et al (2010), a adoção do regime de metas de inflação contribuiu para manter a confiança dos indivíduos de que o governo estava comprometido com a estabilização; Um dos principais impactos da desvalorização cambial foi o grande aumento da dívida pública, pois uma parte significativa dos títulos públicos estava atrelada ao US$; Isto em conjunto com a manutenção de uma taxa de juros elevada (após a desvalorização do R$), aumentou em muito os gastos com juros no início de Mas, estes gastos começaram a se reduzir em meados do semestre quando a taxa de juros entrou em rápida trajetória de queda (GREMAUD ET AL, 2010);

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 19

INÍCIO SEGUNDO MANDATO 20 Além da pequena redução nos gastos com juros, em 1999, houve uma melhora significativa do resultado primário do Governo, principalmente, por causa do aumento da arrecadação; Aprovação pelo Congresso da CPMF (que substituiu o IPMF com alíquota maior 0,38%), aumento do Cofins de 2 para 3% e da cobrança da contribuição previdenciária dos inativos e pensionistas do setor público; O bom desempenho fiscal se deu em todas as instâncias do governo, com destaque para os estados e municípios, que aumentaram a arrecadação de ICMS por causa de que?