A Cultura da Qualidade nos anos 90: a flexibilização do trabalho na indústria petroquímica da Bahia. MOTA: A.E.: A Nova Fábrica de Consensos, cortez ed.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
O PROFISSIONAL DE GESTÃO DE PESSOAS
Advertisements

A classe-que-vive-do-trabalho (Ricardo Antunes)
Segurança no Transporte dos Trabalhadores do
Diálogo Social na Indústria Química
Programa de Qualidade: certificações, etapas e custos
A ORTODOXIA DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO
A Comunicação como Inteligência Empresarial Competitiva
O IMPACTO DA GLOBALIZAÇÃO E OS SINDICATOS
São Paulo, 08 de fevereiro de 2006.
Reforma do Estado e política
AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Governança Corporativa e Responsabilidade Social
Cap. 1 – Referenciais da gestão da qualidade consagrados pela prática - parte B TQM / TQC.
Consultoria Empresarial
“Funções Essenciais de Saúde Pública” nas Américas
Seminário Internacional de Políticas para Sistemas Produtivos Locais de MPME Cooperação e Conflito nas Cadeias Produtivas: Analise Institucional do Complexo.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E SEUS PARADIGMAS Toyotismo
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO PRO-5809: REDES DE COOPERAÇÃO PRODUTIVA Prof. Dr. João Amato Neto GESTÃO DA CADEIA DE FORNECEDORES E ACORDOS DE PARCERIA.
REESTRUTURAÇÃO INDUSTRIAL, TERCEIRIZAÇÃO E REDES DE SUBCONTRATAÇÃO
PLANO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, TECNOLÓGICO E DE COMÉRCIO EXTERIOR HORIZONTE 2008 Brasilia, 06 de julho de 2006 INICIATIVA NACIONAL DE INOVAÇÃO PROGRAMAS.
AULA 02: MESTRES DA QUALIDADE Profª. Elizabete Nunes.
AULA 3: EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE PRODUÇÃO
AULA 3: EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE PRODUÇÃO
Plano Brasil Maior 2011/2014 Inovar para competir
BRASIL MAIOR + BRASIL SEM MISÉRIA DESENVOLVIMENTO
Auditoria da Qualidade
Arranjos Produtivos Locais-APLs e Desenvolvimento Regional (Endógeno)
BENCHMARKING.
Controladoria Profª Karine R. de Souza ..
FUNDAMENTOS POLÍTICOS-ECONÔMICOS DA EDUCAÇÃO
As mudanças macro-econômicas e os temas emergentes em gestão
Talentos para Inovação
Meio Ambiente e Qualidade de Vida
Equipe de Gestão.
1 Inovação na Gestão e Desenvolvimento Regional 2. Congresso Internacional de Inovação Margarete Maria Gandini Coordenadora-Geral de APLs – DECOI/SDP Porto.
Responsabilidade Social Empresarial Profª DrªCláudia Saito
Sociologia e trabalho na atualidade
O PDCA COMO MÉTODO DE MELHORIAS NO ÂMBITO EMPRESARIAL
Sistema de Remuneração Cargos & Salários Benefícios
Gestão da Qualidade.
CONCEITOS BÁSICOS - Administração:
Escola de Formação Política Miguel Arraes
A Teoria da Administração Científica
Contexto As três últimas décadas do século XX marcadas por mais uma crise cíclica do capitalismo. Recoloca-se em cena o debate sobre globalização. A globalização.
A afirmação dissimulada: O papel do Estado no desenvolvimento brasileiro Aborda de foma a enteder que as cidades e o capitalismo contemporâneo não são.
Profª Claudia Pedro Corrêa
COMPETITIVIDADE ENTENDIMENTO GERAL DIMENSÃO DA EFICIÊNCIA OPERACIONAL Derivada da excelência empresarial no desempenho de atividades econômica ou financeiramente.
RH Contemporâneo e Perspectivas
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Modelo de produção Fordista
GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS E RELAÇÕES TRABALHISTAS
Leituras no Brasil: Lendo o Brasil Helena Bomeny (CPDOC/FGV/UERJ) PNL, Lisboa – Outubro 2007.
TRABALHO, MOBILIDADE E NOVOS CONTEXTOS DE VULNERABILIDADE IVO BRITO DEPARTMENTO DE DST E AIDS MINISTÉRIO DA SAÚDE.
AULA 1 VISÃO GERAL DE PROCESSOS PRODUTIVOS E QUALIDADE
Terceirização no Mercado de Trabalho
OFICINA SOBRE A ISO – DIRETRIZES PARA RESPONSABILIDADE SOCIAL 17 e 18 de maio – 2012 Brasília.
CONTEXTO PROBLEMAS Necessidade de uma urgente e profunda reestruturação sindical frente aos novos objetivos do Mov. Sindical da A.L. 1. Ampliar a representatividade.
Os pólos de competitividade franceses – Mazé Maria José Torquato Chotil – 26 de março de Os pólos de competitividade franceses - O contexto - A.
Modelo Japonês de Administração Prof. Dr. Luciano Thomé e Castro.
Industrialização Brasileira
1 A pesquisa: Procurou identificar as concepções, formatos, abrangência, e instrumentos das políticas, procurando avaliar o desenvolvimento e as possibilidades.
A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO URBANO –INDUSTRIAL MUNDIAL G5.
SUESC – Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro DISCIPLINA: GESTÃO DA QUALIDADE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA QUALIDADE IMPLANTAÇÃO DAS AÇÕES.
Sobre o taylorismo e o fordismo Equipe: Eduarda Dorea Edmilson Elycarlos.
Formação Sindical Para Negociação Coletiva Negociação Coletiva e Salários no Contexto da crise: o caso brasileiro.
FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PESSOAS
ADM046 Planejamento e Gestão da Qualidade I Professora Michelle Luz AULA 2.
FORDISMO, ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL E TOYOTISMO
Sobre o taylorismo e o fordismo Equipe: Eduarda Dorea Edmilson Cruz Elicarlos Coutinho.
DAS “LÓGICAS DO ESTADO” ÀS “LÓGICAS DA SOCIEDADE CIVIL”: ESTADO E “TERCEIRO SETOR EM QUESTÃO” CARLOS MONTAÑO.
Transcrição da apresentação:

A Cultura da Qualidade nos anos 90: a flexibilização do trabalho na indústria petroquímica da Bahia. MOTA: A.E.: A Nova Fábrica de Consensos, cortez ed. p. 45-69, cap. 2, 2008

O modelo japonês nos anos 90 no Brasil No Brasil, o modelo japonês tem em comum com os outros países: heterogeneidade de forma setorial e regional e difusão de forma gradual; Variáveis: condições mais gerais da política e da economia do país, posição de cada setor no mercado nacional e internacional, relações políticas entre técnicos e empresários, características do processo de produção; No Brasil ocorre inicialmente no processo automotivo; Primeira fase: décadas de 70-80 nos Círculos de Controle de Qualidade, resposta à recessão dos anos 80.

O modelo japonês nos anos 90 no Brasil Segunda fase nos anos 80: Resistência dos sindicatos e das empresas (cultura das gerências);Just-in-tim (JIT) e CEP controle estatístico de processos; Anos 90: terceiro período; década da qualidade; Governo Collor: modernização do Brasil: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQB): produtividade e competitividade da economia brasileira; aumentam o número de empresas de consultorias na área de qualidade;epidemia de competitividade;

O modelo japonês nos anos 90 no Brasil Condicionantes como determinantes da nova cultura de qualidade:Abertura da economia e Política recessiva; Programas de Qualidade e Terceirização do processo de trabalho (áreas periféricas e nucleares); Globalização dos mercados; novas práticas de gestão; enfrentamento da crise econômica e recessão

Debate sobre o modelo japonês Estudos sobre o modelo japonês Consensos: para responder à competitividade; sobreviver à crise e a instabilidade econômica; Determinação externa: reestruturação produtiva internacional; Determinação interna: esgotamento do Estado em relação ao financiamento (políticas de subsídio ao setor privado); Movimento operário resistente; Desestruturação do movimento coletivo, estímulo à concorrência,buscam cooperação dos empregados, forte conteúdo ideológico;

Debate sobre o modelo japonês Duas preocupações da adaptação do modelo japonês no Brasil:1) autoritarismo da cultura empresarial brasileira (referência Japão e democracia com destruição de sindicatos; autoritarismo; família); 2) Abuso em que as formas nacionais do modelo assumem 9aspectos negativos e positivos do modelo no Brasil e Japão); Empresas em que houve envolvimento dos trabalhadores: política de benefícios, prêmios e compensações; Democratização das relações industriais;câmaras setoriais – reconhecimento dos sindicatos; Incorporação individual do trabalhador para esvaziar as iniciativas coletivas;

Debate sobre o modelo japonês Contradição na aplicação dos modelos; Resistência dos sindicatos (Convenções Coletivas descumpridas pelas empresas); Discussão de novas práticas sindicais: referenciais políticos; Externalização de atividades pelas empresas: contrato domiciliar, contrato de terceiros;”cascatas de subcontratação” Treinamento com a lógica de envolvimento do trabalhador de forma cooperativa onde cada trabalhador é um parceiro. Trabalhador com receios de perder o emprego.

Debate sobre o modelo japonês Anos 90 o caráter mais ideológico dos programas em relação aos anos 80: desintegração da força de trabalho, enfraquecimento, dispersão da classe trabalhadora, precarização do trabalho e da vida,terceirização que estabelece novas relações entre patrões e empregados; Necessidade do trabalhador “mostrar serviço”;

Flexibilização do trabalho e a reestruturação produtiva na Bahia Surto da competitividade e da qualidade; Recuperar a competitividade internacional a qualquer preço; Redução de custos e de novas tecnologias; Protecionismo do Estado e compra de pacotes tecnológicos; A flexibilização então é no trabalho e não nos instrumentos/equipamentos: na gestão e organização do trabalho, escolhendo para tal o modelo japonês; Modelo japonês como escolha do empresariado; Reestruturação produtiva: movimento do capital e escolha do empresariado.

Flexibilização do trabalho e a reestruturação produtiva na Bahia Objetiva destruir a resistência operária e sindical através do desmantelamento, desintegração e individualização dos coletivos de trabalhadores; Limitação da socialização do trabalho implicando em precarização da força de trabalho, emprego e condições de vida; Objetiva redução do número de trabalhadores: demissões e terceirizações;

Qualidade Total nas Empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari 1. Círculo de Controle de Qualidade: - Aplicados em 49% das empresas (63% no período 1990/93); 2. Controle Estatístico de Produção - Existem em 545 das empresas (mesmo período); 3. Just-in-time - Aplicados em 15% das empresas; 4. Motivos para implantação da qualidade total: Produtividade, redução de custos, racionalização do trabalho (todos em 82%);ISO 9000 (74%); 5. Manual padrão seguido pelas empresas;

Qualidade Total nas Empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari “Sistemas de Qualidade da Empresa” 1. Política de qualidade; 2. Gestão de qualidade; 3. Controle de Processo; 4. Inspeção de estágios; 5. Controle de Produtos não conforme; 6. Auditorias internas; 7. Ação corretiva; 8. Treinamentos e Técnicas estatísticas; Produção pelas empresas de cartilhas, cartazes, folhetos.Campanhas de mobilização; Modernização empresarial com os trabalhadores como parceiros.

Qualidade Total nas Empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari Método Deming – ciclo PFCA (planejar, fazer, checar e agir). Sistema de controle e fiscalização do trabalho; Auditorias internas para adquirir o ISSO 9000 com apuração das responsabilidades no caso de erros, desvios; Busca de mudanças na cultura empresarial e nas cultura do trabalho; Ênfase no espírito de equipe; Empresa enxuta, competitiva e com relações de trabalho competitivas;

As implicações da Qualidade Total nas Fábricas:deteriorização das condições de trabalho Crítica da implantação da qualidade total: deteriorização das condições de trabalho, salário e vida dos trabalhadores; Denúncias nos meios de comunicação e comunicação interna das empresas pelos sindicatos; Crítica à polivalência; Proposta dos trabalhadores: melhores condições de salários, de vida e de cidadania;

Considerações finais Reafirmam o taylorismo e fordismo no que eles têm de pior: imposição autoritária da forma de trabalho e separação entre o trabalho prescrito e o trabalho real; Processo de descaracterização do taylorismo e fordismo. Quebra do seu aspecto fabril; Não distribuição dos lucros; Perdas salariais; Recuo na própria história do trabalho; Redução do espaço de sociabilidade.