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A ORAÇÃO E A INICIAÇÃO CRISTÃ

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Apresentação em tema: "A ORAÇÃO E A INICIAÇÃO CRISTÃ"— Transcrição da apresentação:

1 A ORAÇÃO E A INICIAÇÃO CRISTÃ

2 A ORAÇÃO NA INICIÇÃO Estrutura Ministérios e as funções
O tempo e o lugar da iniciação Adaptações que podem ser feitas

3 I. A ESTRUTURA

4 A ESTRUTURA A IC se faz à maneira de uma caminhada progressiva (não improvisação apressada), dentro da comunidade dos fiéis. A comunidade, com os catecúmenos: Medita (oração/IV) no valor do mistério pascal e renova (confissão/I e celebração/II) a sua própria conversão; deste modo, com o seu exemplo, leva-os a obedecer (vida/IV) o Espírito Santo.

5 O MISTÉRIO CRISTÃO 2558. «Mistério admirável da nossa fé!».
A Igreja o confessa no Símbolo dos Apóstolos (Parte I) e o celebra na liturgia sacramental (Parte II), para que a vida dos fiéis seja configurada com Cristo no Espírito Santo para glória de Deus Pai (Parte III). Este mistério exige, portanto, que os fiéis nele creiam (I), o celebrem (II) e dele vivam (III), numa relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Esta relação é a oração (IV).

6 A ESTRUTURA Nessa caminhada, há:
3 «etapas» ou «passos», pelos quais o catecúmeno, ao caminhar, como que passa uma porta ou sobe um degrau; 4 tempos de informação e de amadurecimento.

7 ESTRUTURA 1º. Tempo 1ª. Etapa Porta Passo degrau 2º. Tempo 2ª. Etapa
Informação Amadureci-mento 1ª. Etapa Porta Passo degrau 2º. Tempo 2ª. Etapa 3º. Tempo 3ª. Etapa 4º. Tempo Pré-catecume-nato Evangeliza-ção Instituição dos catecúme-nos Catecume-nato Eleição Purificação e iluminação Sacramen-tos da IC Mistagogia

8 AS 3 ETAPAS As 3 etapas devem ser consideradas como momentos fortes ou mais densos da IC. Esses 3 degraus são marcados por três ritos litúrgicos (oração): rito da instituição dos catecúmenos; a eleição; a celebração dos sacramentos.

9 OS 4 TEMPOS As etapas conduzem aos «tempos» de informação e de amadurecimento ou são por elas preparados: tempo é destinado à evangelização por parte da Igreja e ao «pré-catecumenado», e conclui-se pela entrada na «ordem dos catecúmenos»; tempo, que começa com a entrada na ordem dos catecúmenos, e pode durar vários anos, é consagrado à catequese e aos ritos anexos, e termina no dia da eleição;

10 OS 4 TEMPOS tempo, mais breve, que habitualmente coincide com a preparação para as solenidades pascais e para os sacramentos, é destinado à purificação e à iluminação; tempo, que se prolonga por todo o tempo pascal, é destinado à «mistagogia», isto é, por um lado ao aprofundamento da experiência e dos frutos da vida cristã e, por outro, à entrada no convívio da comunidade dos fiéis, estabelecendo com ela relações profundas.

11 PRÉ-CATECUMENATO - EVANGELIZAÇÃO
O PRIMEIRO TEMPO PRÉ-CATECUMENATO - EVANGELIZAÇÃO

12 1º. TEMPO: O PRÉ-CATECUMENATO
O pré-catecumenato começa com uma celebração de “recepção dos simpatizantes”, isto é, os que, embora ainda não creiam plenamente, demonstram inclinação pela fé cristã.

13 Acolhida dos simpatizantes
A acolhida manifesta a reta intenção dos candidatos, não porém ainda a sua fé. terá em conta as condições do lugar e o que for mais conveniente. será feita dentro das reuniões e assembleias da comunidade. Apresentado por um amigo, o «simpatizante» é saudado com palavras informais e recebido pelo sacerdote ou por um membro respeitável da comunidade.

14 O PRÉ-CATECUMENATO Nele se faz a primeira evangelização em que é anunciado com firmeza o Deus vivo e Aquele que Ele enviou para a salvação de todos, Jesus Cristo, de modo que os não cristãos, movidos pelo Espírito Santo que lhes abre o coração, abracem a fé e se convertam ao Senhor, em adesão sincera Àquele que, sendo o Caminho, a Verdade e a Vida, é capaz de satisfazer todos os seus anseios espirituais e até de infinitamente os superar.

15 A INSTITUIÇÃO DOS CATECÚMENOS CATEQUESE CATECUMENAL
TEMPO DO CATECUMENATO A INSTITUIÇÃO DOS CATECÚMENOS CATEQUESE CATECUMENAL

16 ADMISSÃO DOS CATECÚMENOS
É de suma importância o rito da «admissão dos catecúmenos», porque: os candidatos, reunidos pela primeira vez em público, manifestam à Igreja a sua vontade, e a Igreja, desempenhando o seu múnus apostólico, admite aqueles que querem tornar-se seus membros. Onde se alastram cultos pagãos, as conferências episcopais podem inserir no rito da admissão dos catecúmenos (nn ), um primeiro exorcismo e uma primeira renúncia.

17 A ADMISSÃO DOS CATECÚMENOS
Para que os candidatos deem este passo, requer-se que os candidatos já possuam os rudimentos da vida espiritual e da doutrina cristã: um princípio de fé (I) concebida durante o tempo do «pré- catecumenado», um começo de conversão (III) e uma primeira vontade de mudar de vida e de estabelecer relações pessoais com Deus em Cristo e, consequentemente, um primeiro sentido de penitência, a prática incipiente de invocar a Deus e de oração (IV) uma primeira experiência de vida da comunidade e do espírito cristão (II).

18 A ADMISSÃO DOS CATECÚMENOS
Depois da celebração do rito, registem-se, em devido tempo, no livro próprio, os nomes dos catecúmenos, com a indicação do ministro e dos introdutores, do dia e do lugar em que foi feita a sua admissão.

19 A celebração da admissão dos catecúmenos

20 CELEBRAÇÃO DA ENTRADA NO CATECUMENATO
Fora da igreja: rito de acolhida Reunião fora da igreja Saudação e exortação Diálogo sobre o nome e a intenção do candidato 75 Primeira adesão do candidato (76, 370) e pedido de ajuda dos introdutores e dos presentes Oração de agradecimento pelo chamado 82 Assinalação da fronte (83 ou 84) e dos sentidos (85) Aclamação da assembleia Oração conclusiva 87 Entrada na igreja 90

21 CELEBRAÇÃO DA ENTRADA NO CATECUMENATO
Liturgia da Palavra Exortação sobre a dignidade da Palavra de Deus Entrada e incensação do livro da Palavra Leituras e homilia Entrega do livro da Palavra de Deus 93 Preces pelos catecúmenos 94 e oração conclusiva 95 Celebração eucarística ou canto e despedida dos fiéis e dos catecúmenos

22 O TEMPO DO CATECUMENATO

23 O TEMPO DO CATECUMENATO
A partir deste momento, os catecúmenos, que a Mãe Igreja agora trata como seus com todo o amor e carinho e que a ela ficam ligados, passam a fazer parte da casa de Cristo. Da Igreja eles recebem o alimento da Palavra de Deus e os auxílios da liturgia. Devem, por isso, ter a peito participar na liturgia da Palavra e receber as bênçãos e os sacramentais.

24 TEMPO DO CATECUMENATO O catecumenado é um tempo prolongado, durante o qual os candidatos recebem formação cristã e se submetem a uma adequada disciplina. Chega-se a esse resultado por quatro meios.

25 1. MEIO: CATEQUESE A catequese adequada,
adaptada ao ano litúrgico e baseada em celebrações da Palavra, dada por sacerdotes, diáconos ou catequistas e outros leigos, leva os candidatos a uma conveniente instrução sobre os dogmas e preceitos (I), e a um conhecimento íntimo dos mistérios da salvação (II) que desejam aplicar à sua vida (III).

26 2. MEIO: PRÁTICA CRISTÃ No exercício diário da vida cristã, os candidatos, amparados com o exemplo e ajuda dos introdutores e padrinhos, e ainda dos fiéis de toda a comunidade, habituam-se a orar (IV) a Deus com mais facilidade, a dar testemunho da fé (I), a procurar Cristo em tudo, a seguir em seus atos a inspiração do alto, a entregar-se ao amor do próximo até à renúncia (III) de si mesmos. Munidos destes recursos, «os neoconvertidos iniciam o caminho espiritual, através do qual, comungando já pela fé no mistério da morte e ressurreição, passam do homem velho ao homem novo (III) que em Cristo atinge a sua perfeição. Esta passagem, que implica progressiva mudança de mentalidade e de costumes, deve manifestar-se com suas consequências sociais e desenvolver- se pouco a pouco ao longo do catecumenado e, dado que o Senhor, em quem acredita, é sinal de contradição, não raro o homem convertido experimentará rupturas e separações, a par de alegrias sem conta que Deus também lhe concede».

27 3. MEIO: CELEBRAÇÕES Por meio de ritos litúrgicos apropriados (II), a Mãe Igreja ajuda-os na sua caminhada e assim eles vão sendo desde já progressivamente purificados e ao mesmo tempo sustentados pela bênção divina. Para eles se organizam oportunamente celebrações da Palavra e até podem ter acesso à liturgia da Palavra juntamente com os fiéis, a fim de melhor se prepararem para a futura participação na eucaristia. Quando tomam parte na assembleia dos fiéis, devem habitualmente ser despedidos de maneira afável antes de começar a celebração eucarística. Os catecúmenos devem aguardar o Batismo, pelo qual serão agregados ao povo sacerdotal para tomarem parte no novo culto de cristão.

28 4. MEIO: EVANGELIZAÇÃO Como a vida da Igreja é apostólica, devem também os catecúmenos aprender a cooperar ativamente na evangelização e na edificação da Igreja pelo testemunho da vida (III) e pela profissão da fé (I).

29 OS RITOS DO TEMPO DO CATECUMENATO

30 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
Durante o Catecumenato são realizadas Celebrações da Palavra apropriadas ao tempo litúrgico e que sirvam à instrução dos catecúmenos. Os primeiros exorcismos (menores): manifestam aos catecúmenos as condições da vida espiritual (luta, renúncia para alcançar as bem-aventuranças e necessidade do auxílio de Deus) Bênçãos: expressam o amor de Deus e a solicitude a Igreja. A passagem dos catecúmenos para outras etapas da catequese pode ser expressa por ritos (entrega do Símbolo, da Oração do Senhor, Éfeta, Unção com óleo dos catecúmenos).

31 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
Nesse tempo, os catecúmenos façam a escolha dos padrinhos. Algumas vezes ao ano providencie-se que as celebrações catecumenais e ritos de transição reúnam a comunidade que colabora na Iniciação.

32 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
1. Celebracões da Palavra - finalidade Gravar no coração o ensinamento recebido dos mistérios cristãos e a forma de viver o que daí decorre (o perdão das injustiças, o sentido do pecado, a conversão, os deveres a serem exercidos no mundo e na Igreja) Saborear as formas e os itinerários da oração; Introduzir pouco a pouco na liturgia da comunidade.

33 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
As celebrações da Palavra São realizadas sobretudo no domingo Podem ser feitas depois da catequese e incluir os exorcismos menores (109,113 / 373) Podem terminar com bênçãos (119,120,121 / 374). Ou podem terminar pelo rito da unção (130, 131, 132).

34 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
Exorcismos menores: 109; 113 / 373[ ] Bênçãos: / 374[ ] ou Unção dos catecúmenos (a seguir) Rito do éfeta Entrega do símbolo (a seguir) Entrega da oração do Senhor (a seguir)

35 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
UNÇÃO DOS CATECÚMENOS Ministrada por um sacerdote ou diácono Usa-se o óleo dos catecúmenos bento pelo bispo na Missa do Crisma.

36 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
UNÇÃO DOS CATECÚMENOS Celebração da Palavra e homilia Ação de graças 130 Oração do presidente 131 Unção dos catecúmenos 132 (peito ou ambas as mãos)

37 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
ENTREGAS: SÍMBOLO E ORAÇÃO DO SENHOR As entregas podem ser antecipadas em benefício do tempo do catecumenato ou em razão da brevidade do tempo de purificação e luminação. O símbolo será guardado na memória para ser recitado em público no dia do batismo.

38 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
ENTREGA DO SÍMBOLO Rito do Éfeta: Proclamação da Palavra e homilia 185 Entrega do Símbolo: 186 Oração sobre os catecúmenos 187 Despedida dos catecúmenos Liturgia eucarística

39 O CATECUMENATO E OS SEUS RITOS
ENTREGA DA ORAÇÃO DO SENHOR Proclamação da Palavra e homilia 86 Entrega da Oração do Senhor 191 Oração sobre os catecúmenos 192 Despedida dos catecúmenos Liturgia eucarística

40 TEMPO DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO

41 PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO
O tempo da purificação e da iluminação dos catecúmenos coincide habitualmente com a Quaresma. Com o segundo degrau da IC, começa o tempo da purificação e da iluminação destinado a preparar mais intensivamente o espírito e o coração dos candidatos.

42 ELEIÇÃO Neste degrau é feita pela Igreja a «eleição» ou escolha e a admissão daqueles catecúmenos que, pelas suas disposições são idôneos para, na próxima celebração, tomarem parte nos sacramentos da iniciação. Chama-se «eleição», porque a admissão feita pela Igreja se funda na eleição de Deus, em nome de quem ela atua; chama-se «inscrição do nome», porque os candidatos escrevem o seu nome no livro dos «eleitos», como penhor de fidelidade. A «eleição», que se reveste de tão grande solenidade, é o momento decisivo de todo o catecumenado.

43 ELEITOS A partir da sua «eleição», os catecúmenos passam a ser designados pelo nome de «eleitos». Também se dizem «competentes», porque caminham em conjunto para receberem os sacramentos de Cristo e o dom do Espírito Santo. Chamam-se também «iluminandos», porque o próprio Batismo se chama «iluminação» e porque por ele os neófitos são iluminados pela luz da fé.

44 CELEBRAÇÃO DA ELEIÇÃO OU INSCRIÇÃO DO NOME

45 RITO DA ELEIÇAO OU INSCRIÇÃO DO NOME
O rito da «eleição» ou da «inscrição do nome» celebra-se, habitualmente, no primeiro domingo da Quaresma.

46 ELEIÇÃO OU INSCRIÇÃO DO NOME
Para ser inscrito entre os “eleitos” a pessoa deve possuir fé esclarecida e firme desejo de receber os sacramentos Para a Igreja, a eleição é como o centro de sua solicitude em relação aos catecúmenos (parecer e oração)

47 ELEIÇÃO OU INSCRIÇÃO DO NOME
Os padrinhos exercem publicamente o seu ministério pela primeira vez: são nomeados e acompanham os catecúmenos, testemunham em favor deles diante da comunidade, inscrevem com eles o nomes deles. Para garantir a autenticidade do rito, é necessário que antes da celebração, as partes interessadas deliberem acerca da idoneidade dos catecúmenos.

48 ELEIÇÃO OU INSCRIÇÃO DO NOME
Proclamação da Palavra e homilia (Ano A) Apresentação dos candidatos Exame e petição dos candidatos (inscrição dos nomes): 146 Admissão ou eleição 147 Oração pelos eleitos Despedida dos eleitos 150 Liturgia eucarística

49 OS RITOS DO TEMPO DE PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO

50 OS RITOS DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO
Durante este tempo, os catecúmenos são objeto de uma preparação interior mais intensa. Esta tem mais em vista o recolhimento espiritual do que a catequese, e destina-se à purificação do coração e da mente, através do exame de consciência e da penitência, e à sua iluminação por meio do conhecimento mais aprofundado de Cristo salvador.

51 OS RITOS DA PURIFICAÇÃO E ILUMINAÇÃO
Tudo isto se faz por meio de vários ritos, sobretudo pelos «escrutínios» e pelas «entregas».

52 OS ESCRUTÍNIOS Os «escrutínios», que devem ser celebrados solenemente ao domingo, têm em vista duplo fim: pôr a descoberto o que no coração dos eleitos possa haver de fraqueza, enfermidade ou malícia, para que seja curado, e o que há de bom, válido e santo, a fim de o fortalecer.

53 OS ESCRUTÍNIOS Os «escrutínios» fazem-se no III, IV e V Domingo da Quaresma e, em caso de necessidade, podem fazer-se noutros domingos da mesma Quaresma ou até nos dias feriais da semana que se julguem mais indicados. Celebrem-se três escrutínios.

54 OS 3 ESCRUTÍNIOS Visam a instruir gradativamente os eleitos sobre o mistério do pecado para se libertarem de suas consequencias presentes e futuras impregnando suas almas do senso da Redenção de Cristo que é: Água viva (Samaritana) Luz (Cego de nascença) Ressurreíção e vida (Lázaro)

55 CELEBRAÇÃO: OS 3 ESCRUTÍNIOS
Proclamação da Palavra e homilia Oração em silêncio Preces pelos eleitos 163;170; 177 Exorcismo 164[379] ; 171[383]; 178[387] Despedida dos eleitos Liturgia eucarística

56 AS ENTREGAS As «entregas», pelas quais a Igreja entrega aos eleitos os antiquíssimos documentos da fé e da oração – o símbolo e a oração dominical –, têm como finalidade a sua iluminação.

57 AS ENTREGAS São celebradas ao longo da semana.
A entrega do símbolo faz-se depois do primeiro escrutínio; a entrega da oração dominical, depois do terceiro. As entregas podem transferir-se para o tempo do catecumenado e serem celebradas à maneira de «rito de transição».

58 SÁBADO SANTO No Sábado Santo, quando os eleitos, que se abstêm do trabalho e se entregam à meditação, podem realizar-se os vários ritos imediatamente preparatórios (cf. nn ): a «redição» do símbolo 198 o rito do «effathá» (antecipado) a escolha do nome cristão e mesmo a unção com o Óleo dos catecúmenos (antecipado).

59 OS SACRAMENTOS DA INICIAÇÃO CRISTÃ
VIGÍLIA DA PÁSCOA

60 VIGÍLIA PASCAL Proclamação da Palavra e homilia BATISMO
Apresentação dos eleitos e exortação do presidente 213 Ladainha 214 Oração sobre a água 215 Renúncia 217 (Unção com óleo dos catecúmenos) Profissão de fé 219 Banho batismal (unção depois do batismo) Veste batismal 225 Entrega da luz 226

61 VIGÍLIA PASCAL CONFIRMAÇÃO
Exortação aos neófitos e convite a oração 229 Imposição da mãos e oração do presidente 230 Unção com o óleo do crisma 231 ** ** ** ** ** ** Renovação das promessas do batismo da assembleia Aspersão com água benta LITURGIA EUCARÍSTICA Oração dos fiéis (omite-se o símbolo) Apresentação das ofertas (participação dos neófitos) Menção dos neófitos na OE Comunhão sob as duas espécies

62 TEMPO DA MISTAGOGIA

63 ÚLTIMO TEMPO Dado este último passo, a comunidade, juntamente com os neófitos, aprofunda mais o mistério pascal e procura traduzi-lo cada vez mais na vida pela meditação do evangelho, pela participação na eucaristia e pelo exercício da caridade.

64 EXPERIÊNCIA PESSOAL O sentido e o valor deste tempo vêm da experiência, pessoal e nova, tanto dos sacramentos como da comunidade. Por isso, o lugar principal da «mistagogia» são as «Missas dos neófitos», ou seja, as Missas dos domingos da Páscoa, porque nelas os neófitos, além da assembleia da comunidade e da participação nos mistérios, encontram leituras especialmente apropriadas à sua condição, sobretudo no lecionário do ano «A». Toda a comunidade local deve, por isso, ser convidada para estas Missas, juntamente com os neófitos e seus padrinhos.

65 MISTAGOGIA Os neófitos ocupam um lugar especial entre os fiéis.
Eles devem participar da missa com seus padrinhos. Sejam lembrados na homilia e na oração dos fiéis. Para encerrar o tempo da mistagogia, realize-se uma celebração nas proximidades de pentecostes, até mesmo com festividades externas. No aniversário do batismo é desejável que os neófitos se reúnam para agradecer a Deus, partilhar experiências e renovar suas forças.

66 A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ - CATECISMO

67 O QUE É ORAR? 1. ORAR É RESPIRAR
Essa ligação entre rezar e respirar revela como é insensata a pergunta: por que rezar? É o mesmo que perguntar: por que eu devo respirar? Pela simples razão: porque se não respirar, eu morro. Assim é a oração: “com a oração recebemos o oxigênio para respirar. Com os sacramentos, nós nos nutrimos. Mas, antes de nos nutrir, é preciso respirar, e a respiração é a oração” (Yves Congar).

68 O QUE É ORAR? A alma que reduz a oração ao mínimo, se asfixia. Se ela exclui a invocação e a súplica, lentamente se estrangula. Se vive em um ambiente onde o ar é viciado e poluído, a existência inteira definha. Um sábio bispo diz que “quem não reza vira bicho”. Sem rezar nós nos embrutecemos. A oração tem necessidade de uma atmosfera pura, livre das distrações externas, revestida de silêncio. A IVC nos ajuda a reencontrar a espontaneidade e a constância do respiro da oração explícita e implícita. Quem tem fé e ama de verdade não reserva somente o mínimo de tempo para a oração, mas faz da oração a respiração constante da sua vida e da sua existência.

69 O QUE É ORAR? 2. ORAR É PENSAR
A oração não é pura emoção. Ela deve envolver a razão e a vontade, a reflexão e a paixão, a verdade e a ação. Santo Tomás considerava “a oração como um ato da razão que aplica o desejo da vontade nAquele que não está sob o nosso poder, mas é superior a nós, ou seja, Deus”. A figura de Maria, descrita pelo Evangelho segundo Lucas (2,19), é um exemplo de alguém que reza-pensa. Ela guardava as palavras e os eventos vividos, e no seu coração (na sua mente e consciência), os meditava. Esse é o verdadeiro pensar segundo Deus que é também oração. A IVC tem o objetivo de fazer do nosso pensar oração e da nossa oração o pensar segundo Deus.

70 O QUE É ORAR? 3. ORAR É LUTAR A cena da luta de Jacó no Vau do Jaboc (Gn 32,23-33) é paradigma da oração como luta. Gn 32, 22 Naquela mesma noite ele se levantou com suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e passou o vau do Jaboc. 23 Tomou-os, e os fez passar a torrente com tudo o que lhe pertencia. 24 Jacó ficou só; e alguém lutava com ele até o romper da aurora. 25 Vendo que não podia vencê-lo, tocou-lhe aquele homem na articulação da coxa e esta deslocou-se, enquanto Jacó lutava com ele. 26 E disse-lhe: “Deixa-me partir, porque a aurora se levanta.” “Não te deixarei partir respondeu Jacó, antes que me tenhas abençoado.” 27Ele perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” “Jacó.” 28 “Teu nome não será mais Jacó, tornou ele, mas Israel, porque lutaste com Deus e com os homens, e venceste.” Jacó perguntou-lhe: 29“Peço-te que me digas qual é o teu nome.” “Por que me perguntas o meu nome?”, respondeu ele. E abençoou-o no mesmo lugar. 30 Jacó chamou àquele lugar Fanuel: “porque, disse ele, eu vi a Deus face a face, e conservei a vida”. 31 O sol levantava-se no horizonte, quando ele passou Fanuel. E coxeava de uma perna. 32 É por isso que os israelitas, ainda hoje, não comem o nervo da articulação da coxa, porque aquele homem tinha tocado nesse nervo da articulação da coxa de Jacó.

71 O QUE É ORAR? Jacó luta com o Ser misterioso que, no fim, permanece misterioso, mas que é forte para mudar o nome de Jacó para Israel, mudando-lhe a vida e a missão. É também o Ser misterioso que golpeia no corpo de Jacó, deslocando a articulação do fêmur de Jacó e ferindo-o na existência. Por fim, é esse Ser misterioso que abençoa Jacó.

72 O QUE É ORAR? É importante prestar atenção ao tom misterioso do texto de Gn 32,23-33; deixar-se impressionar pelos silêncios. O personagem contra quem se luta tem forma humana, tem voz humana e tem a solidez de alguém. Mas ele não se identifica. Dois lutam. Um dos lutadores sai vencedor, mas sai marcado. Os dois perguntam “Qual é o teu nome?” (27 e 29). Um diz o seu nome e tem o seu nome mudado; o outro não diz o seu nome, mas abençoa.

73 O QUE É ORAR? A luta começa na escuridão da noite, avança pela aurora e termina quando já é dia. Muita coisa do relato não é clara. De fato, o relato é misterioso, porque o próprio encontro é misterioso: é o encontro com Deus. A oração é luta porque o encontro com Deus é encontro com o Mistério que se revela velando. A mudança de nome para “Israel” indica que o destino de todo homem é lutar com Deus (é orar).

74 O QUE É ORAR? No relato, Deus mesmo provoca o orante para a luta, para a busca insatisfeita, para o esforço tenaz, para, no final, abençoá-lo. Na oração nós lutamos pelo nome: o nome de Deus, o autêntico nome, que não é gasto nem esvaziado pelo uso e abuso do homem. A oração é uma luta pelo nome que, de alguma forma, é revelado e ao mesmo tempo não nos é dado. Mas o fato de ter ouvido a sua voz, de ter sentido o seu contato (que nos marca para o resto da vida) já é descoberta maravilhosa de Sua presença em nossa vida. Saímos da luta mancando. Somos pobres peregrinos que vamos mancando rumo à Salvação.

75 O QUE É ORAR? 4. Orar é amar Amar é a meta suprema da oração e da fé. Na fé cristã, a intimidade com Deus tem forma de amor filial. A invocação que o Espírito suscita em nós “Abbá” é marca distintiva da oração cristã. Deus não é o Deus distante do qual falamos, mas ao qual falamos em um diálogo no qual os olhares se cruzam. A meta da oração é a de que a oração se torne olhar e silêncio. É a mesma experiência dos enamorados que, depois de tudo falar, se olham nos olhos. Orar alcança nesse momento a linguagem mais intensa e doce, mais verdadeira e íntima do silêncio e do olhar.

76 A oração como dom de Deus (2559-2561)
O QUE É ORAÇÃO A oração como dom de Deus ( ) Oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria. Oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido dos bens convenientes. A humildade é o fundamento da oração; é a disposição de receber gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus. Jo 4,10: “Se conhecesses o dom de Deus”. A maravilha da oração se revela à beira do poço aonde vamos buscar nossa água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar e é ele que pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja. A oração é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede dele. “Tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva”. Nossa oração de pedido é, paradoxalmente, uma resposta. Resposta ao amor fiel de Deus.

77 A oração como Aliança (2562-2564)
O QUE É ORAÇÃO? A oração como Aliança ( ) A oração vem do coração. Se ele está longe de Deus, a expressão da oração é vã. O coração é a casa onde estou, onde moro. Ele é nosso centro escondido, inatingível pela razão e por outra pessoa; só o Espírito de Deus pode sondá-lo e conhecê-lo. Ele é o lugar da decisão, no mais profundo das nossas tendências psíquicas. É o lugar da verdade, onde nós escolhemos a vida ou a morte. É o lugar de encontro, pois é o lugar da Aliança. A oração cristã é uma relação de Aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; brota do Espírito em nós, dirigida para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem.

78 A oração como comunhão (2665)
O QUE É ORAÇÃO? A oração como comunhão (2665) A oração é a relação viva dos filhos com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. A vida de oração desta forma consiste em estar habitualmente na presença de Deus e em comunhão com Ele. Esta comunhão de vida é sempre possível, porque, pelo Batismo, nos tornamos um mesmo ser com Cristo. A oração enquanto comunhão com Cristo se estende à Igreja que é seu Corpo.

79 A ORAÇÃO NO NT

80 JESUS ORA Jesus aprendeu a rezar segundo seu coração de homem. Aprendeu de sua Mãe, que conservava todas as coisas meditando-as no coração. Aprendeu na Sinagoga e no Templo. Com doze anos de idade começa-se a revelar a novidade da oração cristã: a oração filial, que o Pai esperava de seus filhos: “eu devo estar na casa de meu Pai”. Jesus ora nos momentos decisivos de sua missão: no Batismo e na Transfiguração, antes de escolher os doze, antes da confissão de Pedro. Jesus muitas vezes se retira, na solidão, na montanha para orar. Toda a oração de Jesus exprime o fundo do seu coração, sua adesão à vontade do Pai, como um eco do Fiat de sua mãe. Jesus pede de modo constante. Assim a oração de Jesus nos revela como pedir. Antes que o dom seja feito, Jesus adere Àquele que dá seus dons. O Doador é mais precioso do que o dom recebido, ele é o Tesouro. O grito de Jesus na cruz. Todas as misérias da humanidade de todos os tempos, todos os pedidos e intercessões da história da salvação estão recolhidos neste Grito de Jesus Cristo. Eis que o Pai os acolhe e, indo além de todas as esperanças, ouve-os ressuscitando seu Filho.

81 JESUS ENSINA A ORAR Contemplando o mestre a orar os discípulos pedem: "Senhor, ensina-nos a orar". Jesus insiste sobre a conversão do coração no sermão da montanha: a reconciliação com o irmão antes de apresentar uma oferenda no altar, o amor aos inimigos e a oração pelos perseguidores, orar ao Pai em segredo, não multiplicar as palavras (magia), perdoar do fundo do coração, a pureza do coração e busca do Reino. O coração assim convertido ao Pai aprende a orar na fé. A fé é adesão filial a Deus, acima daquilo que sentimos e compreendemos. Jesus nos ensina a audácia filial: "tudo quanto suplicardes e pedirdes, crede que já recebestes" (Mc 11,24). A oração da fé não consiste apenas em dizer "Senhor, Senhor", mas em cooperar com o plano de Deus. Uma vez que o Reino de Deus está próximo, a oração se torna vigilância. A oração é um combate, e é vigiando na oração que não se cai na tentação. Três parábolas nos são transmitidas por S. Lucas. Do amigo importuno (Lc 11,5-13): convida a uma oração perseverante. Da viúva importuna (Lc 18,1-8): é preciso rezar sem esmorecimento, com paciência da fé. Do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14): refere-se à humildade do coração que reza.

82 JESUS OUVE A ORAÇÃO 2616 Jesus ouve a oração de fé que é:
Expressa em palavras: o leproso, Jairo, a cananéia, o bom ladrão; expressa em silêncio: os carregadores do paralítico, a hemorroíssa, as lágrimas e o perfume da pecadora; expressa em pedido insistente do cego.

83 A ORAÇÃO DE MARIA Maria ora na anunciação. O Fiat indica a essência da oração cristã: ser todo Dele porque Ele é todo nosso. Maria ora e intercede na fé em Caná.

84 FORMAS E FORMULAÇÕES

85 AS FORMAS DE ORAÇÃO 2624. Na primeira comunidade de Jerusalém, os fiéis «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações» (At 2, 42). Esta sequência é típica da oração da Igreja: fundada sobre a fé apostólica e autenticada pela caridade, alimenta-se na Eucaristia.

86 AS FORMAS DE ORAÇAO 2625. Estas orações são, em primeiro lugar, as que os fiéis ouvem e lêem nas Escrituras; mas eles as atualizam, em particular as dos salmos, a partir da sua realização em Cristo. O Espírito Santo, que recorda Cristo à sua Igreja orante, também a conduz para a verdade integral e suscita formulações novas que exprimirão o insondável mistério de Cristo operante na vida, nos sacramentos e na missão da Igreja. Estas formulações se desenvolverão nas grandes tradições litúrgicas e espirituais. As formas da oração, tais como as revelam as Escrituras apostólicas canônicas, continuam a ser normativas da oração cristã.

87 1. A FORMA DA BENÇÃO E DA ADORAÇÃO

88 1. A ORAÇÃO DE BENÇÃO 2626. A bênção exprime o movimento de fundo da oração cristã: ela é o encontro de Deus com o homem; nela se encontram e se unem o dom de Deus e o acolhimento do homem. A oração de bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: uma vez que Deus abençoa, o coração do homem pode responder bendizendo Aquele que é a fonte de toda a bênção.

89 1. A ORAÇÃO DE BÊNÇÃO 2627. Exprimem este movimento duas formas fundamentais: umas vezes, a bênção sobe, levada por Cristo no Espírito Santo, para o Pai (nós O bendizemos por Ele nos ter abençoado); outras vezes, implora a graça do Espírito Santo que, por Cristo, desce de junto do Pai (é Ele que nos abençoa).

90 1. A ADORAÇÃO 2628. A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos criou e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É a prostração do espírito perante o «Rei da glória» e o silêncio respeitoso face ao Deus «sempre maior». A adoração do Deus três vezes santo e soberanamente amável enche-nos de humildade e dá segurança às nossas súplicas.

91 2. A ORAÇÃO DE PETIÇÃO FORMAS DE ORAÇÃO

92 2. ORAÇÃO DE SÚPLICA 2629. O vocabulário da oração de súplica é rico de matizes no Novo Testamento: pedir, reclamar, chamar com insistência, invocar, bradar, gritar e, até, «lutar na oração». Mas a sua forma mais habitual e mais espontânea é a petição. É pela oração de petição que traduzimos a consciência da nossa relação com Deus: enquanto criaturas, não somos a nossa origem, nem donos das adversidades, nem somos o nosso fim último; mas também, sendo pecadores, sabemos, como cristãos, que nos afastamos do nosso Pai. A petição é já um regresso a Ele.

93 2. ORAÇÃO DE PETIÇÃO 2630. O Novo Testamento quase não contém orações de lamentação, frequentes no Antigo. Doravante, em Cristo Ressuscitado, a petição da Igreja é sustentada pela esperança, embora ainda estejamos à espera e tenhamos de nos converter em cada dia. É de outra profundidade que brota a petição cristã, aquela a que São Paulo chama gemido: o da criação em «dores de parto» (Rm 8, 22) e também o nosso, «aguardando a libertação do nosso corpo», porque «foi na esperança que fomos salvos» (Rm 8, 23-24); e, por fim, os «gemidos inefáveis» do próprio Espírito Santo, que «vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir, para rezarmos como deve ser» (Rm 8, 26).

94 2. ORAÇÃO DE PETIÇÃO 2631. O pedido de perdão é o primeiro movimento da oração de petição (cf. o publicano: «Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador» (Lc 18, 13). É o preliminar de uma oração justa e pura. A humildade confiante repõe-nos na luz da comunhão com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo, bem como dos homens uns com os outros. Nestas condições, «seja o que for que Lhe peçamos, recebê-lo-emos» (1Jo 3,22). O pedido de perdão é o preâmbulo da liturgia Eucarística, bem como da oração pessoal.

95 2. ORAÇÃO DE PETIÇÃO 2632. A petição cristã está centrada no desejo e na busca do Reino que há de vir, em conformidade com o ensinamento de Jesus. Há uma hierarquia nas petições: primeiro, o Reino; depois, tudo quanto é necessário para o acolher e para cooperar com a sua vinda. Esta cooperação com a missão de Cristo e do Espírito Santo, que agora é a da Igreja, é o objeto da oração da comunidade apostólica. É a oração de Paulo, o apóstolo por excelência, que nos revela como a solicitude divina por todas as Igrejas deve animar a oração cristã. Pela oração, todo o cristão trabalha pela vinda do Reino.

96 2. ORAÇÃO DE PETIÇÃO 2633. Quando se participa assim no amor salvífico de Deus, compreende-se que qualquer necessidade pode se tornar-se objeto de pedido. Cristo, que tudo assumiu a fim de tudo resgatar, é glorificado pelos pedidos que dirigimos ao Pai em seu nome. É com esta certeza que Tiago e Paulo nos exortam a orar em todas as ocasiões.

97 3. A ORAÇÃO DE INTERCESSÃO

98 3. A ORAÇÃO DE INTERÇESSÃO
2634. A intercessão é uma oração de petição que nos conforma de perto com a oração de Jesus. Ele é o único intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, em particular dos pecadores. Ele «pode salvar de maneira definitiva aqueles que, por seu intermédio, se aproximam de Deus, uma vez que está sempre vivo, para interceder por eles» (Hb 7,25). O próprio Espírito Santo «intercede por nós [...] intercede pelos santos, em conformidade com Deus» (Rm 8,26-27).

99 3. A ORAÇÃO DE INTERÇESSÃO
2635. Interceder, pedir a favor de outrem, é próprio, desde Abraão, de um coração conforme com a misericórdia de Deus. No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa na intercessão de Cristo: é a expressão da comunhão dos santos. Na intercessão, aquele que ora não «olha aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros» (Fl 2,4), e chega até a rezar pelos que lhe fazem mal.

100 3. A ORAÇÃO DE INTERÇESSÃO
2636. As primeiras comunidades cristãs viveram intensamente esta forma de partilha. O apóstolo Paulo as faz participar deste modo no seu ministério do Evangelho, mas ele próprio também intercede por elas. A intercessão dos cristãos não conhece fronteiras: «... por todos os homens, ... por todos os que exercem a autoridade» (1Tm 2,1), pelos perseguidores, pela salvação dos que rejeitam o Evangelho.

101 4. ORAÇÃO DE AÇÃO DE GRAÇAS

102 4. AÇÃO DE GRAÇAS 2637. A ação de graças caracteriza a oração da Igreja que, ao celebrar a Eucaristia, manifesta e cada vez mais se torna naquilo que é. De fato, pela obra da salvação, Cristo liberta a criação do pecado e da morte, para de novo a consagrar e fazer voltar ao Pai, para sua glória. A ação de graças dos membros do corpo participa na ação de graças da sua Cabeça.

103 4. AÇÃO DE GRAÇAS 2638. Como na oração de petição, qualquer acontecimento e qualquer necessidade podem transformar-se em oferenda de ação de graças. As cartas de São Paulo muitas vezes começam e acabam por uma ação de graças, e nelas o Senhor Jesus está sempre presente: «Dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus, em Cristo Jesus, a vosso respeito» (1Ts 5,18); «perseverai na oração; sede, por meio dela, vigilantes em ações de graças» (Cl 4,2).

104 5. ORAÇÃO DE LOUVOR

105 5. LOUVOR 2639. O louvor é a forma de oração que mais imediatamente reconhece que Deus é Deus! Canta-O por Si próprio, glorifica-O, não tanto pelo que Ele faz, mas sobretudo porque ELE É. Participa da bem-aventurança dos corações puros que O amam na fé, antes de O verem na glória. Por ela, o Espírito se junta ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus e dá testemunho do Filho Único no qual fomos adotados e pelo qual glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e leva-as Aquele que delas é a fonte e o termo: «o único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos» (1 Cor 8,6).

106 5. LOUVOR 2640. São Lucas registra muitas vezes no seu Evangelho a admiração e o louvor perante as maravilhas operadas por Cristo. Sublinha também os mesmos sentimentos perante as ações do Espírito Santo que são os Atos dos Apóstolos: a comunidade de Jerusalém, o entrevado curado por Pedro e João, a multidão que por tal fato dá glória a Deus, os pagãos da Pisídia, que, «cheios de alegria, glorificam a Palavra do Senhor» (At 13,48).

107 5. LOUVOR 2641. «Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos inspirados; cantai e louvai ao Senhor no vosso coração» (Ef 5,19). Tal como os escritores inspirados do Novo Testamento, as primeiras comunidades cristãs relêem o livro dos Salmos, cantando neles o mistério de Cristo. Na novidade do Espírito, compõem também hinos e cânticos a partir do acontecimento inaudito que Deus realizou em seu Filho: a sua encarnação, a sua morte vitoriosa sobre a morte, a sua ressurreição e a sua ascensão à direita do Pai. É desta «maravilha» de toda a economia da salvação que sobe a doxologia, o louvor de Deus.

108 5. LOUVOR 2642. A revelação «do que deve acontecer em breve», que é o Apocalipse, se apoia nos cânticos da liturgia celeste, mas também na intercessão das «testemunhas» (isto é, dos mártires). Os profetas e os santos, todos os que na terra foram mortos por causa do testemunho dado por Jesus, a multidão imensa daqueles que, vindos da grande tribulação, nos precederam no Reino, cantam o louvor da glória d'Aquele que está sentado no trono e do Cordeiro. Em comunhão com eles, a Igreja da terra canta também os mesmos cânticos, na fé e na provação. A fé, na súplica e na intercessão, espera contra toda a esperança e dá graças ao Pai das luzes de Quem procede todo o dom perfeito. Assim, a fé é um puro louvor.

109 5. LOUVOR 2643. A Eucaristia contém e exprime todas as formas de oração: é «a oblação pura» de todo o corpo de Cristo «para glória do seu nome»; é, segundo as tradições do Oriente e do Ocidente, «o sacrifício de louvor».

110 ALGUMAS ORAÇÕES

111 Ó ESPÍRITO SANTO Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa silenciosa e forte palavra inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da santa Igreja! Um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao Coração do Senhor Jesus! Um coração grande e forte para amar todos, para servir a todos, para sofrer por todos! Um coração grande e forte para superar todas as provações, todo tédio, todo cansaço, toda desilusão, toda ofensa! Um coração grande e forte, constante até o sacrifício, quando for necessário! Um coração cuja felicidade é palpitar com o Coração de Cristo e cumprir humilde, fiel e virilmente a vontade do Pai. Amém.

112 Ó TESOURO MEU Se te amo, ó Segulah (Tesouro meu), não é pelo Céu que me prometeste. Se temo ofender-te, não é pelo inferno com o qual sou ameaçado. O que me atrai a ti, ó Segulah, és tu, somente tu: é ver-te pregado à cruz, com o corpo maltratado, na agonia da morte. E teu amor se apoderou de tal forma do meu coração que, mesmo que o Paraíso não existisse, assim mesmo eu te amaria; se não existisse o inferno, temer-te-ia do mesmo modo. Tu nada precisas me prometer, nada precisas me dar para provocar meu amor: ainda que não esperasse aquilo que espero, amar-te-ia como te amo. AMÉM

113 AS FONTES DA ORAÇÃO

114 TRADIÇÃO VIVA 2661. É por meio duma transmissão viva, pela Tradição, que, na Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar.

115 FONTES DA ORAÇÃO 2662. A Palavra de Deus, a liturgia da Igreja, as virtudes da fé, da esperança e da caridade são fontes da oração. Eu Vos amo, ó meu Deus, e o meu único desejo é Vos amar até ao último suspiro da minha vida. Amo- Vos, ó meu Deus infinitamente amável. Prefiro morrer Vos amando do que viver sem Vos amar. Amo-Vos, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de Vos amar eternamente [...] Meu Deus: Se a minha língua não pode dizer a todo o momento que Vos amo, quero que o meu coração o repita tantas vezes quantas eu respiro (São João Maria Vianney).

116 O CAMINHO DA ORAÇÃO

117 O CAMINHO DA ORAÇÃO 2680. A oração é principalmente dirigida ao Pai. Igualmente se dirige a Jesus, nomeadamente pela invocação do seu santo Nome: «Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!». 2681. «Ninguém pode dizer: "Jesus é o Senhor", a não ser pela ação do Espírito Santo» (1Cor 12,3). A Igreja convida-nos a invocar o Espírito Santo como mestre interior da oração cristã. 2682. Em virtude da sua singular cooperação com a ação do Espírito Santo, a Igreja gosta de orar em comunhão com a Virgem Maria, para enaltecer com Ela as grandes coisas que Deus n'Ela realizou e para Lhe confiar súplicas e louvores.

118 A AVE-MARIA

119 ORAÇÃO A MARIA 2675. Nos inúmeros hinos e antífonas em que esta oração se exprime, alternam habitualmente dois movimentos: um «magnifica» o Senhor pelas «maravilhas» que fez pela sua humilde serva e, através d'Ela, por todos os seres humanos; o outro confia à Mãe de Jesus as súplicas e louvores dos filhos de Deus, pois Ela agora conhece a humanidade que n'Ela foi desposada pelo Filho de Deus.

120 AVE, MARIA! 2676. Este duplo movimento de oração a Maria encontrou uma expressão privilegiada na oração da «Ave-Maria»: «Ave, Maria (alegrai-vos, Maria)». A saudação do anjo Gabriel abre esta oração. É o próprio Deus que, por intermédio do seu anjo, saúda Maria. A nossa oração ousa retomar a saudação a Maria com o olhar que Deus pôs na sua humilde serva, alegrando- nos com a alegria que Ele n'Ela encontra.

121 CHEIA DE GRAÇA, O SENHOR É CONVOSCO
As duas palavras da saudação do anjo esclarecem-se mutuamente. Maria é cheia de graça, porque o Senhor está com Ela. A graça de que Ela é cumulada é a presença d'Aquele que é a fonte de toda a graça. «Solta brados de alegria, filha de Jerusalém; o Senhor teu Deus está no meio de ti» (Sf 3,14.17a). Maria, em quem o próprio Senhor vem habitar, é em pessoa a filha de Sião, a arca da aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: é «a morada de Deus com os homens» (Ap 21,3). «Cheia de graça», Ela se dá toda Aquele que n'Ela vem habitar e que Ela vai dar ao mundo.

122 Bendita sois vós, ... E bendito é o fruto
Depois da saudação do anjo, fazemos nossa a de Isabel. «Cheia do Espírito Santo» (Lc 1, 41), Isabel é a primeira, na longa sequência das gerações, a declarar Maria bem-aventurada: «Feliz d'Aquela que acreditou» (Lc 1,45); Maria é «bendita entre as mulheres», porque acreditou no cumprimento da Palavra do Senhor. Abraão, pela sua fé, tornou-se uma bênção «para todas as nações da terra» (Gn 12,3). Pela sua fé, Maria tornou-se a mãe dos crentes, graças a quem todas as nações da terra recebem Aquele que é a própria bênção de Deus: Jesus, «fruto bendito do vosso ventre».

123 Santa Maria, Mãe de Deus, Rogai ...
Com Isabel, também nós ficamos maravilhados: «E de onde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43). Porque nos dá Jesus, seu Filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos confiar-lhe todas as nossas preocupações e pedidos. Ela ora por nós como orou por si própria: «Faça-se em Mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com Ela à vontade de Deus: «Seja feita a vossa vontade».

124 ROGAI POR NÓS, PECADORES, AGORA E
Pedindo a Maria que rogue por nós, reconhecemo- nos pobres pecadores e recorremos à «Mãe de misericórdia», à «Santíssima». Confiamo-nos a Ela «agora», no hoje das nossas vidas. E a nossa confiança alarga-se para lhe confiar, desde agora, «a hora da nossa morte». Que Ela esteja então presente como na morte do seu Filho na cruz e que, na hora do nosso passamento, Ela nos acolha como nossa Mãe, para nos levar ao seu Filho Jesus, no Paraíso.

125 A ORANTE PERFEITA 2679. Maria é a orante perfeita, figura da Igreja. Quando oramos a ela, aderimos com Ela ao desígnio do Pai, que envia o seu Filho para salvar todos os homens. Como o discípulo amado, nós acolhemos em nossa casa a Mãe de Jesus que se tornou Mãe de todos os viventes. Podemos orar com Ela e orar a Ela. A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria. Está-lhe unida na esperança.

126 CATEQUESE E ORAÇÃO

127 CATEQUESE E ORAÇÃO 2688. A catequese das crianças, dos jovens e dos adultos visa a que a Palavra de Deus seja meditada na oração pessoal, atualizada na oração litúrgica e interiorizada em todo o tempo, para que dê fruto numa vida nova. A catequese é também o momento em que se pode purificar e educar a piedade popular. A memorização das orações fundamentais oferece um suporte indispensável à vida de oração, mas é importante que se faça saborear o seu sentido .

128 LUGARES FAVORÁVEIS 2691. A igreja, casa de Deus, é o lugar próprio da oração litúrgica para a comunidade paroquial. É também o lugar privilegiado para a adoração da presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento. A escolha dum lugar favorável não é indiferente para a verdade da oração. para a oração pessoal, pode servir um «recanto de oração», com a Sagrada Escritura e ícones (imagens) para aí se estar «no segredo» diante do Pai. Numa família cristã, este pequeno oratório favorece a oração em comum. Outros lugares: mosteiros, peregrinações, santuários.

129 A VIDA DE ORAÇÃO

130 ORAR SEM CESSAR 2697. A oração é a vida do coração novo. Deve animar-nos a todo o momento. Mas acontece que nos esquecemos d'Aquele que é a nossa vida e o nosso tudo. «Devemos lembrar-nos de Deus com mais frequência do que respiramos». Mas não se pode orar «em todo o tempo», se não se orar em certos momentos, voluntariamente: são os tempos fortes da oração cristã, em intensidade e duração.

131 TRÊS EXPRESSÕES 2699. A tradição cristã conservou três expressões principais da vida de oração: a oração vocal, a meditação e a contemplação. Elas têm um traço fundamental comum: o recolhimento do coração (= atenção em guardar a Palavra e permanecer na presença de Deus).

132 1. ORAÇÃO VOCAL 2700. Pela sua Palavra, Deus fala ao homem.
É nas palavras, mentais ou vocais, que a nossa oração toma corpo. Mas o mais importante é a presença do coração Àquele a Quem falamos na oração. «Que a nossa oração seja atendida não depende da quantidade de palavras, mas do fervor das nossas almas».

133 1. ORAÇÃO VOCAL 2702. Nós somos corpo e espírito e experimentamos a necessidade de traduzir exteriormente os nossos sentimentos. Devemos rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica a maior força possível.

134 1. ORAÇÃO VOCAL 2703. Esta necessidade corresponde também a uma exigência divina. Deus procura quem O adore em espírito e verdade e, por conseguinte, uma oração que suba viva das profundezas da alma. Mas também quer a expressão exterior que associe o corpo à oração interior, porque ela Lhe presta a homenagem perfeita de tudo a quanto Ele tem direito.

135 1. ORAÇÃO VOCAL 2704. Porque exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é, por excelência, a oração das multidões. Até a oração mais interior não pode prescindir da oração vocal. A oração torna-se interior na medida em que tomamos consciência d'Aquele «a Quem falamos». Então, a oração vocal torna-se uma primeira forma da contemplação.

136 2. CONTEMPLAÇÃO 2705. A meditação é sobretudo uma busca. O espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã, para aderir e corresponder ao que o Senhor lhe pede. Exige uma atenção difícil de disciplinar. Habitualmente, recorre-se à ajuda de um livro: a Sagrada Escritura, em especial o Evangelho, os santos ícones (as imagens), os textos litúrgicos do dia ou do tempo, os escritos dos Padres espirituais, as obras de espiritualidade, o grande livro da criação e o da história, a página do «hoje» de Deus.

137 2. MEDITAÇÃO 2706. Meditar no que se lê leva a assimilá-lo, confrontando-o consigo mesmo. Abre-se aqui um outro livro: o da vida. Passa-se dos pensamentos à realidade. Segundo a medida da humildade e da fé, descobrem- se nela os movimentos que agitam o coração e é possível discerni-los. Trata-se de praticar a verdade para chegar à luz: «Senhor, que quereis que eu faça?».

138 2. MEDITAÇÃO 2708. A meditação põe em ação o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Esta mobilização é necessária para aprofundar as convicções da fé, suscitar a conversão do coração e fortalecer a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã dedica-se, de preferência, a meditar nos «mistérios de Cristo», como na « lectio divina» ou no rosário. Esta forma de reflexão orante é de grande valor, mas a oração cristã deve ir mais longe: até ao conhecimento amoroso do Senhor Jesus, até à união com Ele.

139 3. CONTEMPLAÇÃO 2709. O que é a contemplação? Responde Santa Teresa: «A meu ver a contemplação é um relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a sós com esse Deus por quem nos sabemos amados». A contemplação procura «Aquele que o meu coração ama» (Ct 1,7), que é Jesus, e n'Ele o Pai. Ele é procurado, porque desejá-Lo é sempre o princípio do amor, e é procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer d'Ele e viver n'Ele. Nesta modalidade de oração pode, ainda, meditar-se; todavia, o olhar se fixa totalmente no Senhor.

140 3. CONTEMPLAÇÃO 2710. Não se faz oração de contemplação quando se tem tempo; ao invés, arranja-se tempo para estar com o Senhor, com a firme determinação de não voltar atrás, sejam quais forem as provações e a aridez do encontro. Não se pode meditar sempre; mas pode-se entrar sempre em contemplação, independentemente das condições de saúde, trabalho ou afetividade. O coração é o lugar da busca e do encontro, na pobreza e na fé.

141 3. CONTEMPLAÇÃO 2715. A contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. «Eu olho para Ele e Ele olha para mim». Esta atenção a Ele é renúncia ao «eu». O Seu olhar purifica o coração. A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens. A contemplação dirige também o seu olhar para os mistérios da vida de Cristo. E assim aprende «o conhecimento íntimo do Senhor» para mais O amar e seguir.

142 3. CONTEMPLAÇÃO 2716. A contemplação é escuta da Palavra de Deus.
Longe de ser passiva, esta escuta é obediência da fé, acolhimento incondicional do servo e adesão amorosa do filho. Participa do «sim» do Filho que se fez Servo e do «faça-se» da sua humilde serva.

143 3. CONTEMPLAÇÃO 2717. A contemplação é silêncio, este «símbolo do mundo que há-de vir» ou «linguagem do amor silencioso». Na contemplação, as palavras não são discursos, mas gravetos que alimentam o fogo do amor.

144 O COMBATE DA ORAÇÃO

145 ORAR É LUTAR 2725. A oração é um dom da graça e uma resposta decidida da nossa parte. Pressupõe sempre um esforço. A oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra as astúcias do Tentador que tudo faz para desviar o homem da oração e da união com o seu Deus. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza. O «combate espiritual» da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração.

146 1. AS OBJEÇÕES 2726. No combate da oração, temos de enfrentar, em nós e à nossa volta, concepções errôneas da oração. Alguns vêem nela uma simples exercitação psicológica; outros, um esforço de concentração para chegar ao vazio mental; outros ainda, reduzem-na a atitudes e palavras rituais. No inconsciente de muitos cristãos, rezar é uma ocupação incompatível com tudo o que têm de fazer: não têm tempo. Os que procuram a Deus na oração desanimam depressa, porque não sabem que a oração vem do Espírito Santo e não somente de si próprios.

147 1. OBJEÇÕES 2727. Temos de enfrentar também certas mentalidades «deste mundo» que nos invadem. Por exemplo: só é verdadeiro o que se pode verificar pela razão e pela ciência (mas orar é um mistério que ultrapassa a nossa consciência e o nosso inconsciente); os valores são a produção e o rendimento (mas a oração é improdutiva, logo inútil); o sensualismo e o conforto são os critérios do verdadeiro, do bem e do belo (mas a oração, «amor da beleza», deixa-se encantar pela glória do Deus vivo e verdadeiro); em reação ao ativismo, temos a oração apresentada como fuga do mundo (mas a oração cristã não é uma saída da história nem um divórcio da vida).

148 1. AS OBJEÇÕES 2728. Finalmente, o nosso combate tem de enfrentar aquilo que sentimos como sendo os nossos fracassos na oração: desânimo na aridez, tristeza por não ter dado tudo ao Senhor, porque temos «muitos bens» decepção por não sermos atendidos segundo a nossa própria vontade, o nosso orgulho ferido que se endurece perante a nossa indignidade de pecadores, alergia à gratuitidade da oração, etc... A conclusão é sempre a mesma: de que serve orar? Para vencer tais obstáculos, é preciso combater com humildade, confiança e perseverança.

149 2. A HUMILDE VIGILÂNCIA 2729. A dificuldade habitual da nossa oração é a distração. Perseguir obsessivamente as distrações seria cair nas suas ciladas Uma distração nos revela aquilo a que estamos apegados e esta humilde tomada de consciência diante do Senhor deve despertar o nosso amor preferencial por Ele, oferecendo-Lhe resolutamente o nosso coração para que Ele o purifique. É aí que se situa o combate: na escolha do Senhor a quem servir.

150 2. HUMILDE VIGILÂNCIA 2730. Positivamente, o combate contra o nosso eu, possessivo e dominador, consiste na vigilância, a sobriedade do coração. Quando Jesus insiste na vigilância, esta refere-se sempre a Ele, à sua vinda, no último dia e em cada dia: «hoje». O Esposo chega a meio da noite. A luz que não se deve extinguir é a da fé: «Diz-me o coração: "Procura a sua face"» (Sl 27, 8).

151 2. HUMILDE VIGILÂNCIA 2731. Outra dificuldade, especialmente para os que querem rezar com sinceridade, é a aridez. Faz parte da oração em que o coração está seco, sem gosto pelos pensamentos, lembranças e sentimentos, mesmo espirituais. É o momento da fé pura, que se mantém fielmente ao lado de Jesus na agonia e no sepulcro. Se a aridez for devida à falta de raiz, por a Palavra ter caído em terreno pedregoso, o combate entra no campo da conversão.

152 3. AS TENTAÇÕES NA ORAÇÃO 2732. A tentação mais comum e a mais oculta é a nossa falta de fé, que se exprime não tanto por uma incredulidade declarada quanto por uma preferência de fato. Quando começamos a orar, mil trabalhos e preocupações, julgados urgentes, se apresentam como prioritários. É mais uma vez o momento da verdade do coração e do seu amor preferencial. A nossa falta de fé revela que ainda não temos as disposições de um coração humilde: «Sem Mim, nada podereis fazer» (Jo 15, 5).

153 3. AS TENTAÇÕES NA ORAÇÃO 2733. Outra tentação, à qual a presunção abre a porta, é a acédia. É uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, à diminuição da vigilância, à negligência do coração. «O espírito está decidido, mas a carne é fraca» (Mt 26, 41). O desânimo doloroso é o reverso da presunção. Quem é humilde não se admira da sua miséria; ela leva-o a ter mais confiança e a manter-se firme na constância.

154 4. NÃO SOU ATENDIDO 2734. Alguns deixam mesmo de orar porque, segundo pensam, o seu pedido não é atendido. Aqui, duas questões se põem: Por que é que pensamos que o nosso pedido não é atendido? E como é que a nossa oração é atendida, e «eficaz»?

155 4. NÃO SOU ATENDIDO 2735. Antes de mais, uma constatação deveria surpreender-nos. Quando louvamos a Deus ou Lhe damos graças pelos seus benefícios em geral, não nos importamos nada com saber se a nossa oração Lhe é agradável, ao passo que exigimos ver o resultado da nossa petição. Qual é, então, a imagem de Deus que motiva a nossa oração: um meio a utilizar ou o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo?

156 4. NÃO SOU ATENDIDO 2736. Será que estamos convencidos de que «não sabemos o que pedir, para rezar como devemos» (Rm 8, 26)? Será que pedimos a Deus «os bens convenientes»? O nosso Pai sabe muito bem do que precisamos, antes que Lho peçamos, mas espera o nosso pedido, porque a dignidade dos seus filhos está na sua liberdade. Devemos, pois, orar com o seu Espírito de liberdade para podermos conhecer de verdade qual é o seu desejo.

157 4. NÃO SOU ATENDIDO 2737. «Não tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões» (Tg 4, 2-3). Se pedirmos com um coração dividido, «adúltero», Deus não pode atender-nos, pois quer o nosso bem, a nossa vida. Entremos no desejo do seu Espírito e seremos atendidos: «Não te aflijas, se não recebes logo de Deus o que Lhe pedes: é que Ele quer beneficiar-te ainda mais pela tua perseverança em permanecer com Ele na oração» . Ele quer «que o nosso desejo se exercite na oração dilatando- nos, de modo a termos capacidade para receber o que Ele prepara para nos dar».

158 4. EFICÁCIA DA ORAÇÃO 2740. A oração de Jesus faz da oração cristã uma petição eficaz. Jesus é o modelo da oração cristã; Ele ora em nós e conosco. Uma vez que o coração do Filho não procura senão o que agrada ao Pai, como poderia o dos filhos adotivos apegar-se mais aos dons que ao Doador?

159 4. JESUS REZA POR NÓS 2741. Jesus também ora por nós, em nosso lugar e em nosso favor. Todos os nossos pedidos foram reunidos, de uma vez por todas, no seu brado sobre a cruz e atendidos pelo Pai na sua ressurreição; e é por isso que Ele não cessa de interceder por nós junto do Pai.

160 5. PERSEVERAR NO AMOR 2742. «Orai sem cessar» (1 Ts 5, 17).
«Não nos foi mandado que trabalhemos, velemos e jejuemos constantemente, mas temos a lei de orar sem cessar». Este fervor incansável só pode vir do amor. Contra a nossa lentidão e preguiça, o combate da oração é o do amor humilde, confiante e perseverante. Este amor abre os nossos corações a três evidências de fé, luminosas e vivificantes.

161 1. EVIDÊNCIA: É POSSÍVEL 2743. Orar é sempre possível: O tempo do cristão é o de Cristo Ressuscitado, que está «conosco todos os dias» (Mt 28, 20) O nosso tempo está na mão de Deus. «É possível, mesmo no mercado ou durante um passeio solitário, fazer oração frequente e fervorosa; sentados na vossa loja, a tratar de compras e vendas, até mesmo a cozinhar».

162 2. ORAR É NECESSIDADE VITAL
2744. Orar é uma necessidade vital. Como pode o Espírito Santo ser a «nossa vida» se o nosso coração estiver longe d'Ele? «Nada iguala o valor da oração; ela torna possível o impossível, fácil, o difícil. «Quem reza salva-se, com certeza; quem não reza condena-se, com certeza»».

163 3. ORAÇÃO E VIDA SÃO INSEPARÁVEIS
2745. Oração e vida cristã são inseparáveis, porque se trata do mesmo amor e da mesma renúncia que procede do amor; da mesma conformidade filial e amorosa com o desígnio de amor do Pai; da mesma união transformante no Espírito Santo que nos conforma sempre mais com Cristo Jesus; do mesmo amor para com todos os homens, desse amor com que Jesus nos amou. «Ora sem cessar, aquele que une a oração às obras e as obras à oração. Só assim é que podemos considerar como realizável o preceito de orar incessantemente».

164 A ORAÇÃO DO SENHOR PAI NOSSO

165 INVOCAÇÃO E PEDIDOS A estrutura do Pai nosso, segundo a versão de Mateus, consiste em uma invocação inicial e sete pedidos. Os três primeiros pedidos se referem a Deus e as outras quatro se referem às nossas esperanças, necessidades e dificuldades. Assim, o Pai nosso começa com Deus e, a partir dEle, nos conduz à realidade humana.

166 ORAÇÃO DE JESUS “Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Em resposta a esse pedido o Senhor confia aos discípulos e à Igreja a oração cristã fundamental. A oração do cristão não é seu primeiro ato; nasce de um choque existencial. A oração do Pai-Nosso só se entende no interior da profunda experiência vivida por Jesus.

167 ORAÇÃO DO FILHO Ensinando os discípulos o Pai-nosso, Jesus não transmite somente uma fórmula (um ensinamento em forma de prece), mas nos introduz no diálogo interior do Amor trinitário. Assim ele nos eleva ao coração de Deus. O significado do Pai-nosso vai além da comunicação de palavras. Quer formar em nós os sentimentos de Jesus (Fl 2,5).

168 MISTÉRIO O Pai-nosso provém da oração personalíssima de Jesus, do diálogo do Filho com o Pai. Essa é a profundidade para a qual as palavras nos remetem.

169 PERFEIÇÃO “A oração dominical é a mais perfeita das orações.
Nela não só pedimos tudo quanto podemos desejar corretamente, mas ainda segundo a ordem em que convém desejá-lo. De modo que esta oração não só nos ensina a pedir, mas ordena também todos os nossos afetos” (Sto. Tomás de Aquino, s. th. II-II, 83,9).

170 AFETOS E DESEJOS Na doutrina e na oração do Senhor, o Espírito dá forma nova aos nossos desejos (= moções interiores que animam nossa vida). Jesus nos ensina a vida nova por suas palavra (doutrina) e nos ensina a pedi-la pela oração. Da retidão de nossa oração dependerá a retidão de nossa vida em Cristo. A oração interpreta nossos desejos diante de Deus, mais exatamente expressa os desejos do Filho que se tornam nossos.

171 PURIFICAÇÃO O dom de Deus é Deus mesmo. A “coisa boa” que o Pai dá consiste no dom de Si mesmo: “quanto mais o Pai vosso celeste dará o Espírito Santo aos que lhe pedem” (Lc 11,13). A oração é um caminho de purificação de nossos desejos: os corrige e nos conduz pouco a pouco a desejar o que realmente precisamos: Deus e o seu Espírito.

172 ESPÍRITO E PALAVRA Mens nostra concordet voci nostra (o nosso espírito concorde com a nossa voz (Reg 19,7). Normalmente o pensamento precede a palavra, busca e forma a palavra. Mas na oração (dos salmos, da liturgia, do Pai-nosso) acontece o contrário: a palavra, a voz nos precede, e o nosso espírito deve se adequar a essa voz. De fato, nós não sabemos o que convém pedir (Rm 8,26). Na oração do Pai-nosso, o Senhor vem em nosso auxílio e nos ensina a rezar e o que convém pedir. Dá-nos, nas palavras do Pai-nosso, a oportunidade de ir ao seu encontro e de conhecê-lo pouco a pouco através da oração pessoal e comunitária.

173 ORAÇÃO E ESPÍRITO Jesus não nos deixa uma fórmula a ser repetida maquinalmente. Ele não nos dá só as palavras de nossa oração filial, mas nos dá ao mesmo tempo o Espírito pelo qual elas se tornam em nós “espírito e vida” (Jo 6,63). No Pai nosso fica evidente um elemento próprio da mística cristã. A oração não é um mergulho em si mesmo, mas encontro com o Espírito de Deus na palavra que nos precede, encontro com o Filho e com o Espírito Santo e, dessa forma, um entrar em comunhão com o Deus vivo.

174 PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS

175 “PAI” Antes de fazer nossa primeira invocação convém purificar humildemente nosso coração. Reconhecemos que “ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Orar ao Pai é entrar em seu mistério, tal qual ele é, e tal como o Filho no-lo revelou. Podemos invocar a Deus como “Pai” porque ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e seu Espírito no-lo dá a conhecer. Aquilo que o homem não pode conceber nem podem as forças angélicas entrever, a relação pessoal do Filho com o Pai, eis que o Espírito do Filho no-lo dá a participar. Quando rezamos ao Pai, estamos em comunhão com Ele, com seu Filho e com seu Espírito.

176 “PAI” O Pai nosso inicia com uma grande consolação; nós podemos dizer Pai. Nessa única palavra se encerra a história da salvação inteira. Podemos dizer Pai, porque o Filho é nosso irmão e nos revelou o Pai; porque pela obra do Filho nos tornamos filhos de Deus.

177 “PAI” Deus em todo momento sabe ser somente amor, somente Pai. O que ama não tem inveja, e o que é Pai é Pai por completo. O Pai é Pai em tudo quanto nele existe, possui-se inteiramente naquele para o qual não é Pai somente em parte. De maneira incompreensível, inenarrável, antes de todo tempo e toda idade, procriou o Unigênito da substância ingênita que nele há, e deu a esse Filho nascido dele, por meio de seu amor e de sua potência, tudo o que Deus é ( Hilário, De Trin. IX,61; III,3).

178 “PAI” A primeira palavra da Oração do Senhor é uma bênção de adoração, antes de ser súplica, pois a Glória de Deus é que nós o reconheçamos como “Pai”, Deus verdadeiro. A Ele rendemos graças: por nos ter revelado seu Nome, por nos ter concedido crer nEle e por sermos habitados por sua presença.

179 “PAI” Rezar a nosso Pai deve desenvolver em nós duas disposições fundamentais. O desejo e a vontade de assemelhar-se a ele: Quando chamamos a Deus de nosso Pai, precisamos lembrar- nos de que devemos comportar-nos como filhos de Deus. Não podeis chamar de vosso Pai ao Deus de toda bondade, se conservais um coração cruel e desumano; pois nesse caso já não tendes mais em vós a marca da bondade do Pai celeste. É preciso contemplar sem cessar a beleza do Pai e com ela impregnar nossa alma.

180 “PAI” O desejo e a vontade de “tornar-nos crianças” porque aos pequenos o Pai se revela (Mt 11,25): É um olhar sobre Deus tão-somente, um grande fogo de amor. A alma nele se dissolve e se abisma na santa dileção, e se entretém com Deus como com seu próprio Pai, bem familiarmente, com ternura de piedade toda particular. Nosso Pai: este nome suscita em nós, ao mesmo tempo, o amor, a afeição na oração, ... e também a esperança de alcançar o que vamos pedir... Com efeito, o que poderia ele recusar ao pedido de seus filhos, quanto já antes lhes permitiu ser seus filhos?

181 “PAI” A invocação “Pai” nos convida a viver conscientes de que a filiação é dom e responsabilidade. O dom da filiação exige uma aceitação de nossa parte. Nós somos realmente filhos, mas ainda não de maneira plena. Devemos ainda nos tornar filhos e sê- lo sempre mais através através de um sempre mais profunda comunhão com Jesus Ser filho significa seguir Jesus e se identificar com ele. Assim como ele é totalmente Filho, assim também devemos nos tornar totalmente filhos.

182 “NOSSO” “Nosso” não exprime uma posse, mas uma relação inteiramente nova com Deus. Quando dizemos “Nosso”, reconhecemos que todas as promessas divinas anunciadas pelos profetas se cumprem na nova e eterna Aliança em Cristo: nós nos tornamos “seu” povo e Ele é doravante “nosso” Deus. A nova Aliança é mútua pertença dada gratuitamente pelo amor e por fidelidade.

183 “NOSSO” “Nosso” exprime também a certeza de nossa esperança na última promessa de Deus: eu serei seu Deus e ele será meu filho” (Ap 21,7). Rezando ao “nosso Pai” saímos do individualismo, pois o Amor que acolhemos liberta-nos dele. O “nosso” do início da Oração do Senhor, como o “nós” dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém.

184 “NOSSO” Os batizados não podem rezar ao “Pai nosso” sem levar para junto dele todos aqueles por quem ele entregou seu Filho. O amor de Deus é sem fronteiras; também nossa oração deve ser sem fronteiras. O “Pai nosso” abre-nos para as dimensões de Seu amor manifestado no Cristo.

185 “NOSSO” Em Mateus a oração do Senhor é precedida por uma breve catequese sobre a oração (Mt 5, 5-8) que nos advertem contra formas erradas de oração. A oração não deve ser uma exibição diante das pessoas; precisa ser discreta e expressão de uma amor personalíssimo. De fato, o amor de Deus e totalmente pessoal e a oração vive dessa relação de intimidade (“Nosso”) que não pode ser divulgada como um reality show (BBB).

186 “NOSSO” A oração tem seu ambiente próprio na relação de intimidade, mas essa intimidade não exclui a sua dimensão comunitária: o próprio Pai-nosso é uma oração recitada na primeira pessoa do plural “nós”. Somente no “nós” dos filhos de Deus podemos chegar até Deus. Esse “nós” desperta também a parte mais íntima da minha pessoa: o ato de rezar é pessoal e comunitário. O nós da comunidade orante (a Igreja) e a dimensão pessoal se complementam.

187 “NOSSO” Somente Jesus disse e pode dizer “meu Pai” porque somente ele é o Filho unigênito de Deus, Deus como o Pai. Nós devemos dizer “Pai nosso” porque somente mediante a comunhão com Jesus os tornamos realmente filhos de Deus. Por isso a invocação “Pai nosso” é exigente: requer que saiamos de nosso “eu”. Pede-nos que entremos na comunidade dos outros filhos de Deus. Solicita-nos que abandonemos o que nos separa e acolhamos os outros, que abramos nossos ouvidos e nosso coração.

188 “NOSSO” Com a invocação Pai nosso dizemos “sim” à Igreja.
Assim a oração do Senhor é uma oração muito pessoal e ao mesmo tempo plenamente eclesial. Recitar o Pai nosso é orar “no segredo do quarto” e ao mesmo tempo rezar com toda a família de Deus, com os vivos e os defuntos, com todos os homens independente de cultura ou classe social.

189 “QUE ESTAIS NOS CÉUS”

190 “QUE ESTAIS NOS CÉUS” Essa expressão bíblica não significa um lugar [o espaço], mas uma maneira de ser; não o afastamento de Deus, mas a sua majestade. O Pai não está “em outro lugar”, ele está “para além de tudo” quanto possamos conceber a respeito de sua santidade.

191 “QUE ESTAIS NOS CÉUS” Porque é Santo, está bem próximo do coração humilde e contrito: Com razão estas palavras “Pai nosso que estais nos céus” provêm do coração dos justos, onde Deus habita como que em seu templo. Por elas também o que reza desejará ver morar em si aquele que ele invoca (Sto. Agostinho). Os “céus” poderiam muito bem ser também aqueles que trazem a imagem do mundo celeste, e nos quais Deus habita e passeia (S. Cirilo de Jerusalém).

192 “QUE ESTAIS NOS CÉUS” O Pai está nos céus, que são sua Morada; Casa do Pai é, portanto, a nossa “pátria”. O pecado nos exilou da terra da Aliança. Para o Pai, para os céus a conversão do coração nos faz voltar. Ora, em Cristo o céu e a terra são reconciliados.

193 “QUE ESTAIS NOS CÉUS” Quando a Igreja reza “Pai nosso que estais nos céus”, professa que nós somos de Deus já “assentados nos céus, em Cristo Jesus” (Ef 2,6), “escondidos com Cristo em Deus” (Cl 3,3), e, ao mesmo tempo, “gememos pelo desejo ardente de revestir por cima da nossa morada terrestre a nossa habitação celeste” (2Cor 5,2).

194 SETE PEDIDOS

195 SETE PEDIDOS Os três primeiros são mais teologais. Eles nos atraem para a glória do Pai. Os quatro últimos, como caminho para Ele, colocam nossa miséria diante de sua Graça. “Um abismo grita a outro abismo” (Sl 42,8).

196 SETE PEDIDOS A primeira série de pedidos nos leva a Ele, para Ele: vosso Nome, vosso Reino, vossa Vontade! É próprio do amor pensar primeiro naquele que amamos. Em cada um destes três pedidos nos esquecemos de nós mesmos. Apodera-se de nós o desejo ardente, a angústia do Filho bem-amado pela glória do Pai (cf. Lc 22,14; 12,50).

197 SETE PEDIDOS A segunda série de pedidos é a apresentação de nossas expectativas e atrai o olhar do Pai das misericórdias para nós: dai-nos... perdoai-nos... não nos deixeis... livrai-nos. O quarto e o quinto pedidos referem-se à nossa vida para alimentá-la e curá-la do pecado; os dois últimos referem-se ao nosso combate pela vitória da Vida.

198 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”

199 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
O que é o nome de Deus? No período antigo, o mundo era povoado de muitos deuses; por isso, Moisés pede a Deus o seu nome, o nome com o qual esse Deus que se revela na sarça ardente pode ser chamado. A idéia do nome de Deus pertenceu inicialmente ao mundo politeísta. Mas o Deus que chama Moisés é verdadeiramente Deus. Ele é Deus no senso verdadeiro e próprio. Não existe pluralidade de deuses. Deus é um só. Deus não é um entre tantos outros, por isso não tem um nome com o qual se distinga dos outros deuses. Não é um Deus a mais, por isso seu nome não é um nome entre tantos outros.

200 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
Por isso a resposta de Deus é recusa e assentimento; o nome revelado é, ao mesmo tempo, um nome e um não-nome. O nome de Deus é misterioso e impronunciável, porque o mistério de Deus mesmo não pode ser reduzido a uma imagem ou a um nome imposto pelo homem.

201 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
O nome cria a possibilidade da invocação, do chamado. Estabelece uma relação. Se Adão dá um nome aos animais, isso não significa que ele exprima a natureza deles. Pelo contrário, ele os integra e os situa no seu mundo humano, os coloca em condições de ser chamado por ele. De alguma maneira, ao revelar o seu nome, Deus estabelece uma relação conosco e nos dá a possibilidade de nos relacionar com Ele. De algum modo, Ele se entrega ao nosso mundo humano. Torna-se acessível e por isso vulnerável. Corre o risco da relação, do estar conosco.

202 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
Esse mistério de Deus que se torna acessível e que entrega o seu nome alcança sua plenitude na encarnação. “Manifestei o teu nome aos homens” (Jo 17,6). O que teve início na sarça ardente do deserto se cumpre na sarça ardente da cruz. Deus se tornou acessível no seu Filho feito homem das dores. Ele se entregou em nossas mãos. A partir disso entendemos o que significa o pedido de santificar o nome de Deus.

203 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
Uma vez que Deus, no Verbo encarnado, se entregou a nós, podemos infelizmente abusar, manchar Deus mesmo. Podemos nos apossar do nome de Deus para usá-lo em vista de nossos interesses e deturpar assim a imagem de Deus. Por isso, pedir que seja santificado o seu nome significa implorar que Ele mesmo não permita que destruamos a luz do seu nome neste mundo.

204 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
Suplicamos que Deus mesmo cuide da santificação do seu nome, proteja o maravilhoso mistério da sua proximidade e escape das deformações causadas por nós. Isso nos leva a um grande exame de consciência: como trato o nome de Deus?

205 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
“Santificar” deve ser entendido não no sentido causativo, pois só Deus santifica e torna santo. Santificar é pronunciado no sentido estimativo: reconhecer como santo, tratar de maneira santa. Mais do que isso! Jesus nos ensina a rezar num senso optativo: um pedido, um desejo e uma espera em que Deus e o homem se comprometem (optam, se empenham).

206 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
A santificação do Nome de Deus em nós e por nós contribui para a glória de Deus (não se torna mais glorioso, mas sua santidade se manifesta entre os homens). Quem poderia santificar a Deus, já que é ele mesmo quem santifica? Mas, inspirando-nos nesta palavra! “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 20,26), nós pedimos que, santificados pelo Batismo, perseveremos naquilo que começamos a ser. E pedimo-lo todos os dias, porque cometemos faltas todos os dias e devemos purificar nossos pecados por uma santificação retomada sem cessar... Recorremos, portanto, à oração para que esta santidade permaneça em nós (S. Cipriano).

207 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
Assim a santificação do Nome entre os homens depende de nossa vida e de nossa oração. Pedimos que Deus santifique seu Nome porque é pela santidade que ele salva e santifica toda a criação. Trata-se do Nome que dá a salvação ao mundo perdido, mas pedimos que este Nome de Deus seja santificado em nós por nossa vida. Pois, se vivermos bem, o Nome divino é bendito; mas, se vivermos mal, ele é blasfemado, segundo a palavra do Apóstolo: “Por vossa causa o Nome de Deus está sendo blasfemado entre os gentios” (Rm 2,24; Ez 36,20-22). Rezamos, portanto, para merecermos ter em nossas almas tanta santidade quanto é santo o Nome de nosso Deus (S. Pedro Crisólogo)

208 “SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME”
Quando dizemos “santificado seja o vosso Nome”, pedimos que ele seja santificado em nós que estamos nele, mas também nos outros que a graça de Deus ainda aguarda a fim de conformar-nos ao preceito que nos obriga a rezar por todos, mesmo por nossos inimigos. Por isso não dizemos expressamente: vosso Nome seja santificado em nós, pois pedimos que ele seja santificado em todos os homens (Tertuliano).

209 VENHA A NÓS O VOSSO REINO

210 VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Com esse pedido reconhecemos o primado de Deus: se não há Deus, nada pode ser bom. Sem Deus, nada é bom, nada vale a pena. Sem Deus o mundo se degrada, e também o homem. “Buscai o Reino de Deus e a sua justiça, e todo o resto vos será dado em acréscimo” (Mt 6,33). Com esse pedido é estabelecida uma ordem de prioridade para a nossa vida e para a nossa ação.

211 VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Não nos é prometido um paraíso terrestre ou uma sociedade utópica que funciona. Jesus não oferece receitas fáceis. Estabelece, em vez disso, uma prioridade decisiva para tudo: o Reino de Deus significa o senhorio de Deus, ou seja, que sua vontade é assumida como critério.

212 VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Por isso, o Reino de Deus vem através do coração dócil. Esse é o seu caminho. Ora pedir para ter o coração dócil significa pedir se nos tornemos sempre mais “um” com Ele (Gl 3,28). Pedir que venha o Reino equivale ao Marana Tha, o grito do Espírito e da Esposa: “Vem Senhor Jesus”.

213 VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto um dever de pedir a vinda deste reino, nós mesmos por nossa iniciativa teríamos soltado este grito, apressando-nos a ir abraçar nossas esperanças. As almas dos mártires, sob o altar, invocam o Senhor com grandes gritos: “Até quando, Senhor, tardarás a pedir contas de nosso sangue aos habitantes da terra?” (Ap 6,10). Eles devem, com efeito, obter justiça, no fim dos tempos. Senhor, apressa, portanto, a vinda do teu reinado (Tertuliano).

214 VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Na oração do Senhor trata-se principalmente da vinda final do Reinaldo de Deus mediante o retorno de Cristo. Mas esse desejo não desvia a Igreja de sua missão neste mundo, antes a empenha nesta missão.

215 VENHA A NÓS O VOSSO REINO
Só o coração puro pode dizer com segurança: “Venha a nós o vosso Reino”. É preciso ter aprendido com Paulo a dizer: “Portanto que o pecado não impere mais em vosso corpo mortal” (Rm 6,12). Quem conserva puro em suas ações, em seus pensamentos e em suas palavras pode dizer a Deus “Venha a nós o vosso Reino” (S. Cirilo de Jerusalém).

216 Seja feita a vossa vontade

217 Seja feita a vossa vontade
A vontade do Pai nosso é “que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,3-4). Pedimos instantemente que se realize plenamente este desígnio amoroso na terra como já acontece no céu.

218 Seja feita a vossa vontade
Com essa petição se evidencia que há uma vontade de Deus que deve se tornar o critério do nosso querer e do nosso agir. No Cristo e por sua vontade humana, a Vontade do Pai foi realizada perfeitamente uma vez por todas.

219 Seja feita a vossa vontade
Pedimos ao Pai nosso que una a nossa vontade à vontade do seu Filho para realizar sua Vontade. Somos radicalmente incapazes de fazer a sua Vontade, mas unidos a Jesus e com a força do Seu Espírito, podemos entregar-lhe nossa vontade e decidir-nos escolher o que seu Filho sempre escolheu: fazer o que agrada ao Pai (Orígenes).

220 Seja feita a vossa vontade
O que caracteriza o céu é que nele a vontade de Deus é realizada plenamente. Onde vontade de Deus é feita, ali é céu. A essência do céu é a união com a vontade de Deus A terra se torna céu quando nela se faz a vontade de Deus. Pedimos portanto que ocorra na terra o que acontece no céu.

221 Seja feita a vossa vontade
Jesus declarou aos discípulos que traziam comida para ele: “meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 4,34). Isso significa: ser um só com a vontade do Pai é a fonte de vida para Jesus. A unidade de vontade com o Pai é o núcleo do seu ser.

222 Seja feita a vossa vontade
Nesse pedido, podemos também identificar a profunda luta interior de Jesus durante a agonia no Getsêmani. “Meu Pai, se é possível, que passe de mim esse cálice; contudo, no seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26, 39). Nessa petição vemos concretamente como a alma humana de Jesus se une e se torna “una” com a vontade do Pai.

223 Seja feita a vossa vontade
Nesse sentido, o próprio Jesus é o céu, porque nele a vontade de Deus se realiza plenamente. Nessa terceira petição pedimos que nos aproximemos sempre mais de Jesus a fim que a vontade de Deus vença o nosso egoísmo e nos faça capazes de fazer a vontade do Pai. Aderindo a Cristo podemos tornar-nos um só espírito com ele, e com isso realizar sua Vontade; dessa forma ela será perfeita na terra como céu.

224 Seja feita a vossa vontade
Considerai como Jesus Cristo nos ensina a ser humildes, ao fazer-nos ver que nossa virtude não depende só de nosso trabalho mas da graça de Deus. Ele ordena aqui, a cada fiel que reza, que o faça universalmente por toda a terra. Pois não diz “seja feita a vossa vontade” em mim ou em vós, mas “em toda a terra”: a fim de que dela seja banido o erro, nela reine a verdade, o vício seja destruído, a virtude floresça novamente, e que a terra não mais seja diferente do céu (S. João Crisóstomo).

225 Seja feita a vossa vontade
Pela oração podemos discernir qual é a vontade de Deus e obter a perseverança de cumpri-la. Jesus nos ensina a entrarmos no Reino não por palavras, mas “praticando a vontade do Pai que está nos céus” (Mt 7,21).

226 DAI-NOS

227 DAI-NOS Dai-nos: é a súplica dos filhos que tudo esperam de seu Pai.
“Ele faz nascer o seu sol igualmente sobre os maus e bons e cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45), e dá a todos os seres vivos “o alimento a seu tempo” (Sl 104,27). Jesus nos ensina a fazer este pedido, que glorifica efetivamente nosso Pai, porque reconhece como ele é bom para além de toda bondade.

228 DAI-NOS Dai-nos: é expressão da Aliança.
Pertencemos a Ele e Ele pertence a nós, age em nosso favor. Mas esse “nós” o reconhece também como o Pai de todos os homens e nós lhe pedimos por todos eles, em solidariedade com suas necessidades e sofrimentos.

229 O PÃO NOSSO

230 O PÃO NOSSO O Pai, que nos dá a vida, não pode deixar de nos dar o alimento necessário à vida, todos os bens “úteis”, materiais e espirituais. No sermão da montanha, Jesus insiste na confiança filial que coopera com a providência de nosso Pai. Não nos exorta a nenhuma passividade, mas quer nos libertar de toda inquietação e de toda preocupação.

231 O PÃO NOSSO A presença dos que têm fome por falta de pão, no entanto, revela outra profundidade deste pedido. O drama da fome no mundo convoca os cristãos que rezam para uma responsabilidade efetiva em relação a seus irmãos, tanto nos comportamentos pessoais como em sua solidariedade com a família humana. Este pedido da Oração do Senhor não pode ser isolado das parábolas do pobre Lázaro (Lc 16,19-31) e do Juízo final (Mt 25,31-46).

232 O PÃO NOSSO Trata-se de “nosso pão”, “um” para “muitos”.
A pobreza das bem-aventuranças é a virtude da partilha que convoca comunicar e partilhar os bens materiais e espirituais, não por coação, mas por amor, para que a abundância de uns venha em socorro das necessidades dos outros.

233 O PÃO NOSSO Quem pede o pão para o hoje é pobre.
A oração pressupõe a pobreza do discípulo. Pressupõe pessoas que, por causa da fé, renunciaram o mundo e as suas riquezas e pedem somente o que é necessário à vida.

234 O PÃO NOSSO O discípulo pede o necessário para viver somente naquele dia, porque não deve se preocupar com o futuro. Para ele seria contraditório querer viver longamente neste mundo, uma vez que pedimos que o Reino venha logo (Cipriano).

235 O PÃO NOSSO Na Igreja sempre haverá pessoas que abandonaram tudo para seguir o Senhor, pessoas que propõem de maneira radical um sinal de fé e de confiança na Providência que questionam nossa superficialidade e nossa debilidade na fé. Exemplos: os cristãos do Iraque e Joseph Fadelle

236 DE CADA DIA

237 DE CADA DIA Esta palavra “epiousios” pode ser entendida em vários sentidos. Em senso temporal, é um convite à confiança “sem reservas”. Em senso qualitativo, significa o necessário para a vida de hoje e, em sentido mais amplo, todo bem suficiente para a subsistência. A palavra pode ter um senso escatológico de o “pão de amanhã” (supersubstancial), o verdadeiro maná, o pão do mundo novo, o pão supersubstancial, ou seja, “substância nova”, superior, que o Senhor nos dá no Sacramento do seu corpo e do seu sangue.

238 DE CADA DIA A petição do pão cotidiano para todos é essencial.
Mas a necessidade terrena do pão para todos nos ajuda a superar o aspecto puramente material e a pedir já hoje a realidade futura do “amanhã”. Pedindo hoje pela realidade de amanhã somos exortados a viver já no hoje a realidade de amanhã.

239 PERDOAI-NOS AS NOSSA OFENSAS

240 PERDOAI-NOS A quinta petição pressupõe um mundo no qual há ofensas e dívidas (ofensas contra Deus e contra as pessoas). Toda culpa entre as pessoas comporta alguma ferida infligida ao Amor e à Verdade. A superação da culpa é uma questão nevrálgica para a existência humana. Tanto que a história das religiões gira em torno dessa questão. A culpa atrai a retaliação; a punição aumenta ainda mais a dívida. Cria-se assim uma espiral crescente de dívida na qual a culpa cresce continuamente e oprime cada vez mais pesadamente.

241 PERDOAI-NOS Com essa petição se nos revela que a culpa pode ser superada somente mediante o perdão, e não mediante a punição e a retaliação. Deus é um Deus que perdoa, porque ama seus filhos. Mas o perdão só pode penetrar naquele que, por sua vez, perdoa os outros. A petição é supreendentemente exigente: o nosso pedido só será atendido, se tivermos antes perdoado os nossos devedores.

242 PERDOAI-NOS Nós nos voltamos a Deus, como o Filho pródigo (Lc 15,11-32), e nos reconhecemos pecadores, diante dele, como o publicano (Lc 16,13). Nosso pedido começa por uma confissão, na qual apresentamos nossa miséria à Misericórdia. Mas esse oceano de misericórdia não pode penetrar em nosso coração enquanto não tivermos perdoado os que nos ofenderam. Recusando-nos a perdoar, nosso coração se fecha, sua dureza o torna impenetrável ao amor misericordioso do Pai.

243 ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS

244 ASSIM COMO Esse “como” não é único no ensinamento de Jesus:
“deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48); “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36); “dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34).

245 ASSIM COMO Observar o mandamento do Senhor é impossível se quisermos imitar, de fora, o modelo divino. Trata-se de participar, de forma vital e “do fundo do coração”. Só o Espírito pode fazer nossos os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Não está em nosso poder não mais sentir e esquecer a ofensa; mas o coração que se entrega ao Espírito Santo transforma a ferida em compaixão e purifica a memória, transformando a ofensa em intercessão.

246 ASSIM COMO A ofensa, a culpa é uma força objetiva; ela causa uma destruição e uma ruína que devem ser superadas (não negadas ou ignoradas, nem escamoteadas). Por isso perdoar é mais do que simples querer esquecer e dizer que não foi nada. A culpa precisa ser sanada e superada. O perdão tem um preço – para quem perdoa principalmente. O que perdoa supera em si o mal sofrido; ele como que o destrói dentro de si e se renova a si mesmo. Dessa maneira ele envolve nesse processo de transformação também o ofensor e o culpado. Sofrendo até o fim o mal e superando-o ambos – tanto o ofensor quanto o que perdoa – se tornam novos.

247 ASSIM COMO O amor apaixonado de Deus por seu povo – pelo homem – é ao mesmo tempo um amor que perdoa. E é tão grande que chega a virar Deus contra Si próprio, seu amor contra a justiça. Nisso o cristão vê já esboçar-se veladamente o mistério da Cruz: Deus ama tanto o homem que, tendo-Se feito Ele próprio homem, segue-o até a morte, e desse modo, reconcilia justiça e amor (10).

248 E NÃO NOS DEIXE CAIR EM TENTAÇÃO

249 NÃO NOS DEIXE Este pedido atinge a raiz do precedente, pois nossos pecados são fruto do consentimento na tentação. Pedimos ao Pai que não nos “deixe cair nela”. A expressão original grega é me eisenegkes, que significa “não permita entrar em”, “não nos deixe sucumbir à tentação”. Em algumas línguas se traduz como “não nos induza em tentação”.

250 NÃO NOS DEIXE Esse pedido implora o Espírito de discernimento e fortaleza. Estamos empenhados no combate espiritual e pedimos que Deus não nos permita sermos tentados acima de nossas forças.

251 E NÃO NOS DEIXE Por que Deus permite que sejamos tentados?
Porque a provação é necessária ao nosso crescimento. Mesmo que a tentação implique sempre o risco da queda, ela proporciona a nós a oportunidade de amadurecimento e de progresso. A tentação-prova é diferente da tentação que leva ao pecado e à morte. Deus permite a primeira, e nós devemos lutar para não consentir com o pecado. Fortalecidos pelo Espírito, vencemos as tentações e isso nos faz progredir, restabelece a honra do homem diante de Deus.

252 E NÃO NOS DEIXE Deus não quer impor o bem, ele quer seres livres.
Para alguma coisa a tentação serve. Todos, com exceção de Deus, ignoram o que nossa alma recebeu de Deus, até nós mesmos. Mas a tentação o manifesta, para nos ensinar a conhecer- nos e, com isso, descobrir-nos nossa miséria e nos obrigar a dar graças pelos bens que a tentação nos manifestou (Orígenes).

253 E NÃO NOS DEIXE Esse combate espiritual só pode ser vencido na oração.
Foi por sua oração que Jesus venceu o Tentador, desde o começo (Mt 4,1-11) até o último (Mt 26,36- 44). Nós nos unimos ao combate de Cristo quando fazemos este pedido: não nos deixeis cair em tentação.

254 E NÃO NOS DEIXE O que pedimos é que Deus não nos deixe enveredar pelo caminho que conduz ao pecado. Na oração do Pai nosso está presente, de um lado, a disponibilidade de assumir sobre si o peso da prova (que não está acima de nossas forças); e, de outro, o pedido de que Deus não coloque sobre nós um peso maior do que podemos suportar.

255 MAS LIVRAI-NOS DO MAL

256 MAS LIVRAI-NOS O último pedido que fazemos na oração é o mesmo pedido que Jesus faz em sua oração: “Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes da Maligno” (Jo 17, 15). Neste pedido o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno. “Homicida desde o princípio, mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44), “Satanás é o sedutor de toda a terra habitada” (Ap 12,9).

257 MAS LIVRAI-NOS Não devemos perder de vista que o verdadeiro Mal, o Mal por excelência é o pecado. Pedimos, portanto, que sejamos preservados o pecado que nos faz perder Deus, nos faz perde a nós mesmos.

258 MAS LIVRAI-NOS O Mal não é uma abstração; nós o experimentamos a todo momento como potência que ameaça nos engolir e parece submeter a humanidade a uma escravidão inevitável. Diante de nós está a potência do tráfico das armas, das drogas e das pessoas. A ideologia do sucesso, do bem-estar continuamente nos diz: “Deus é um delírio; ele nos faz perder tempo. Não se preocupe com ele! Carpe diem! Aproveita a vida”.

259 MAS LIVRAI-NOS A desordem moral assume a forma cínica do ceticismo. O que é vergonhoso e imoral é exibido como autoafirmação e como liberdade. Rezar “livrai-nos do mal” significa tomar consciência de que se perdermos Deus, perderemos a nós mesmos. Nesse momento o Maligno obteve a vitória. Enquanto Satanás não consegue nos arrancar de Deus, todas as desventuras, tragédias e sofrimentos que podem sobrevir não atingem nossa saúde. As desventuras podem ser necessárias à nossa purificação, mas é o mal (pecado) que destrói.

260 PERDOAI-NOS Por isso pedimos do mais profundo de nosso ser, que não nos seja arrancada a fé que nos faz ver Deus, que nos une a Cristo. Pedimos que, perdendo os bens, não percamos o único Bem, que não percamos a nós mesmos, que sejamos livres do mal.

261 PERDOAI-NOS Pedimos também que Deus ponha limites aos “males” que devastam o mundo e a nossa vida, que torna a vida quase insuportável. O embolismo mostra o aspecto humano da Igreja. Nós podemos e devemos pedir ao Senhor que livre o mundo e a nós mesmos das tribulações que tornam a vida tão difícil.

262 MAS LIVRAI-NOS Ao mesmo tempo esse embolismo nos faz entender a última petição como um exame de consciência, como uma exortação a colaborar na superação dos males, na destruição da opressão dos mais pobres.

263 MAS LIVRAI-NOS Pedimos que sejamos livres do Maligno, do Mal e dos males presentes, passados e futuros. Neste último pedido, a Igreja traz toda a miséria diante do Pai. Rezando dessa forma, ela antecipa, na humildade da fé, a recapitulação de todos e de tudo naquele que “detém as chaves da Morte e dos Hades” (Ap 1,18).

264 DOXOLOGIA FINAL

265 DOXOLOGIA 2855. A doxologia final – «Porque Vosso é o Reino, o poder e a glória» – retoma, por inclusão, as três primeiras petições do Pai-nosso: a glorificação do seu nome, a vinda do seu Reino e o poder da sua vontade salvífica. Mas esta repetição faz-se agora sob a forma de ação de graças, como na liturgia celeste. O príncipe deste mundo tinha-se atribuído mentirosamente este três títulos de realeza, de poder e de glória (Cf. Lc 4,5-6). Cristo, o Senhor, restitui-os ao seu e nosso Pai, até que Ele Lhe entregue o Reino, quando estiver definitivamente consumado o mistério da salvação e Deus for tudo em todos (cf. 1Cor 15,24-28).

266 DOXOLOGIA 2856. «Depois, acabada a oração, dizes: Amém, subscrevendo com esta palavra, que significa «Assim seja», o conteúdo desta oração que Deus nos ensinou».


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