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Contato: para_ju@hotmail.com
Copa da Inclusão Ed Otsuka - Ricardo Santoro - Renata Martins Brandão - Gabriela Felix Teixeira - Julia Shellard Corrêa - Raquel Cleide da Mota Carvalho Introdução A Psiquiatria Moderna teve grandes avanços a partir das idéias da Reforma Psiquiátrica Italiana, representada, principalmente por Franco Basaglia. Através da implantação de novos serviços, como os CAPS, os NAPS e os HDs, nos quais não há a reclusão dos usuários, ao contrário das instituições totais, onde a privação de liberdade e afeto é regra. No entanto, observamos que essa nova estrutura traz, também, distorções, principalmente, o fato de que, paradoxalmente, ocorre uma outra forma de institucionalização caracterizada pela dependência do usuário em relação a sua instituição, assim como a grande limitação de sua rede social, reduzida às relações intra-institucional. Por conta disso, percebemos através de relatos e observações de usuários que quando não estão na instituição, o acesso que esses têm a outras atividades é extremamente reduzida. Segundo o próprio Basaglia essa área tem muito a se desenvolver, sendo necessária e relevante todo tipo de experiência que tenha como objetivo proporcionar condições de tratamento mais dignas a essa população, garantindo a ela os direitos inerentes a qualquer cidadão, buscando a reinserção social, e combatendo o descaso e a ignorância da sociedade em geral. Objetivos proporcionar aos usuários o contato com novos ambientes, novas relações interpessoais e novas atividades; Implantação de uma rede de comunicação entre as instituições Metodologia A iniciativa do projeto partiu de dois estudantes do curso de Psicologia, que, a pedido dos próprios pacientes do CAPS Perdizes, criaram uma oficina de futebol, cujo objetivo era o de promover uma atividade esportiva fora do ambiente de tratamento. Foi surpreendente a efetividade terapêutica do jogo no tratamento de pacientes psicóticos. Essa atividade fez com que muitos usuários que nunca participavam dos passeios ou raramente se expressavam fora de espaços fechados se implicassem nessa oficina. Além deles, familiares os acompanhavam, incentivavam e torciam. Notou-se que o interesse por essa oficina não se limitava apenas ao jogar, mas também em conversar sobre o jogo, proporcionando uma maior interação entre os pacientes, além de uma forma de organização para o psicótico. As relações estabelecidas através do jogo, com os membros do próprio time, os adversários e as regras, se tornam um referencial para estruturar o pensamento. Há uma compreensão dos usuários em relação às funções a serem desempenhados no contexto do jogo, o que pode não ocorrer em outras atividades. Fica evidente, então, a representação que o jogo possui das relações sociais cotidianas. A partir dessa experiência surgiu a idéia de realizar um torneio de futebol entre instituições de Saúde Mental. Resultados A Copa da Inclusão teve inicio em 2002, mas além do campeonato de futsal entra as instituições participantes do evento, também são apresentadas, pelas instituições, oficinas culturais e terapêuticas. Há ainda a exposição de produtos confeccionados pelos usuários e a rádio, que propicia a livre expressão dos usuários, narração e comentário dos jogos. Durante o ano todo são realizados encontros com os profissionais e com os usuários das instituições, com o intuito de acompanhar a evolução das instituições em relação às atividades extra-institucionais, proporcionar um espaço para o surgimento de novas propostas, a partir das demandas trazidas pelos usuários e profissionais, promover um espaço para a troca de experiências e conhecimentos, assim como possibilitar articulações. Houve, ao longo dos anos, um aumento sistemático das instituições participantes do evento: Ano Número de instituições 2002 13 2003 18 2004 20 2005 32 2006 40 2007 37 2008 47 2009 52 Aprendizado A Copa da Inclusão formou uma rede de comunicação entre as instituições, o que possibilita outros encontros e trocas de experiências e conhecimentos. Muitas iniciativas conjuntas foram e são realizadas a partir desses encontros. Desde 2005 a Copa da Inclusão acontece no SESC Itaquera, através de uma parceria da ONG Sã Consciência com o SESC, que possibilitou, não só, a utilização da área esportiva do SESC, como também sendo de grande importância na organização do evento. Além de apoiar essa iniciativa. A questão da competitividade entre os times de futsal tem nos chamado a atenção, para tanto, foi criado o Troféu Inclusão, que visa valorizar as instituições por sua participação (no futsal, bazar e oficinas) na Copa da Inclusão, ao invés de só premiar apenas a vitória do futsal Considerações finais É necessário destacar que já tivemos muitos avanços no que diz respeito ao tratamento da doença mental. No entanto, o processo de mudança nos estereótipos formados em relação ao “louco” pode ser lento, uma vez que a loucura continua sendo discriminada pelo fato do psicótico não se enquadrar aos padrões de conduta estabelecidos pela sociedade. Acreditamos que a Copa da Inclusão apresenta um projeto que só tem a contribuir com a reinserção do portador de transtorno mental no convívio social, pois traz a tentativa de desmistificar a idéia preconceituosa de que o psicótico deve ser excluído para ser tratado. Contato:
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