OS NÍVEIS DE ENTENDIMENTO INTERPESSOAL DE SELMAN SELMAN, R. L. (1980)

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Transcrição da apresentação:

OS NÍVEIS DE ENTENDIMENTO INTERPESSOAL DE SELMAN SELMAN, R. L. (1980) OS NÍVEIS DE ENTENDIMENTO INTERPESSOAL DE SELMAN SELMAN, R. L. (1980). The growth of interpersonal understanding. New York: Academic. SONEGO, Roselaine Vieira; ZAMBERLAN, Maria Aparecida Trevisan. Concepções e práticas sócio-educativas promotoras de autonomia no ensino fundamental. Psicol. estud. ,  Maringá,  v. 12,  n. 2, 2007 .  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722007000200015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 26  Set  2008. doi: 10.1590/S1413-73722007000200015

Coordenar a perspectiva social é fundamental para administração e solução de conflitos. Coordenação de perspectiva social: é a capacidade do indivíduo diferenciar e integrar os seus próprios pontos de vista e os do outro por meio de um entendimento da relação entre os pensamentos, sentimentos e desejos (do outro e dele mesmo)

níveis de entendimento interpessoal: Selman: níveis de entendimento interpessoal: evolução das estratégias de negociação empregadas pelo indivíduo ao interagir numa situação em que há conflitos.

Para Selman, é fundamental a adoção da perspectiva do outro na assunção de papéis, no desenvolvimento do pensamento moral.

Evolução de níveis De uma estratégia freqüentemente mal sucedida na relação com o outro leva o sujeito a revê-la. O contrário também ocorre: êxito de uma nova estratégia mais eficaz promove a aprendizagem Ex: “... quando pedia ao amigo, ele emprestava e ela ficava satisfeita”

  Há, simultaneamente, três dimensões que estão presentes no entendimento interpessoal. Como o sujeito está elaborando cognitivamente o seu próprio ponto de vista em relação ao do outro. Como ele percebe o desequilíbrio emocional na interação e como reage a esse desequilíbrio Qual é a sua finalidade primária nessa interação ( se é dominar ou cooperar).

Ressalta-se que o fato de um sujeito atingir o nível superior não significa que atuará somente nesse nível. Cada nível permanece acessível mesmo que o posterior tenha sido atingido, ou seja, uma pessoa pode estar num nível de entendimento pessoal mais elevado, porém em algumas situações pode agir de forma menos desenvolvida correspondente aos níveis iniciais.

NÍVEL 0: Amizade Momentânea e Solução Física para os Conflitos NÍVEL 1: Amizade Unilateral e Não Relacionada com a Solução dos Conflitos NÍVEL 2: Amizades Bilaterais e Soluções Cooperativas para os Conflitos NÍVEL 3: Estabilidade de Amizades e Soluções Mútuas para os Conflitos NÍVEL 4: Interdependência Autônoma e Ação Simbólica como uma Resolução para os Conflitos

NÍVEL 0: Amizade Momentânea e Solução Física para os Conflitos estratégias de negociação são egocêntricas, momentâneas e impulsivas, freqüentemente utilizam manifestações físicas A resolução do conflito ocorre por meio de duas estratégias principais: a da não-interação (fugir, afastar-se, esconder) ou a da intervenção física direta (lutar, agarrar, gritar, agredir).

Exemplos de falas... Profa: Ele parece não perceber o desconforto do amigo Profa: ...Ele chora chateado e depois volta à brincadeira como se nada tivesse acontecido - Profa: Veja Bruno, seu amigo ficou triste com o que você fez... - Bruno: Mas, nem sangrou. Ele nem está chorando... (necessidade de manifestações exteriores dos sentimentos para identificá-los)

NÍVEL 1: Amizade Unilateral e Não Relacionada com a Solução dos Conflitos Há uma nova compreensão: a de que os efeitos psicológicos ou subjetivos do conflito nos envolvidos (desconforto, raiva, frustração, etc.) são tão importantes quanto os efeitos físicos (perder o brinquedo, machucar-se, etc). Contudo, o princípio parece aplicar-se apenas quando diz respeito a um dos indivíduos envolvidos. Assim, para as crianças deste nível um conflito é essencialmente sentido por uma parte e causado. Ex: “o culpado” foi quem começou; quem retirou o brinquedo/material ou quem agrediu fisicamente, e o outro lado é a vítima.

·       A tarefa das crianças no nível 0, que agem por impulso, que se retraem ou utilizam a ação física em conflitos é aprender a ser unilaterais (nível l). Portanto, um professor ao intervir numa situação de conflito entre duas crianças no nível 0, pode sugerir que cada uma use palavras para expressar o que gostaria que a outra fizesse (demanda), auxiliando-as a identificar o desejo do outro, favorecendo a compreensão de que uma demanda (nível l) é melhor do que o ato de agarrar ou bater (nível 0).

NÍVEL 2: Amizades Bilaterais e Soluções Cooperativas para os Conflitos   O sujeito reconhece que ambas as partes participam psicologicamente no conflito e assim devem engajar-se ativamente em sua resolução. A resolução satisfatória requer atender de certa forma a sensibilidade e o julgamento de cada um dos envolvidos. Ex: Quando duas crianças brigam porque cada uma quer jogar um jogo e resolvem o problema jogando primeiro com um e depois com o outro jogo Decidir na sorte quem começa um jogo Duas crianças que estavam brigando por causa de um balanço, resolvem deixá-lo e vão brincar juntas na gangorra

A boa resolução é quando as duas partes concordam. Entretanto, ainda há falta de compreensão da resolução mútua do problema: o conflito ainda não é visto como se houvesse surgido do próprio relacionamento. Ao contrário, algumas circunstâncias externas ou algum acontecimento é considerado como o ponto da discórdia, assim a forma de resolução é removê-lo.

·       Um professor poderia sugerir a uma criança que exige um brinquedo de outra (nível 1) que aquela também deseja brincar (salientando a perspectiva da outra), pedindo para cada uma colocar o que sente e o que deseja, questionando sobre como poderiam resolver esta questão de forma justa e satisfatória para ambas; se necessário mostrar a criança que ela poderia obter melhor resultado sugerindo que se revezassem no uso do brinquedo ou brincassem juntas (nível 2).

NÍVEL 3: Estabilidade de Amizades e Soluções Mútuas para os Conflitos Neste nível há a compreensão de que um certo conflito numa relação de amizade reside no próprio relacionamento, concentrando-se mais na interação entre as partes do que nas manifestações exteriores de cada parte isoladamente.

Os sujeitos que estão no nível 3 procuram empregar estratégias alternativas mutuamente satisfatórias e compromisso em preservar o relacionamento a longo prazo. A ênfase parece estar no compartilhamento e na comunicação interpessoal ativos, assim como em resoluções mais verbais ou mentais do que físico-corporais.

NÍVEL 4: Interdependência Autônoma e Ação Simbólica como uma Resolução para os Conflitos Se a compreensão do nível 3 pode ser caracterizada uma mutualidade tecida na intimidade das relações, já o nível 4 pode ser visto como uma rejeição parcial de tal mutualidade, pois esta obstrui o desenvolvimento autônomo. Ocorre uma certa rejeição a uma superdependência ou união exagerada que é percebida nas relações de nível 3. Aqui o sujeito acredita que a total independência é tão infrutífera quanto a total dependência.

Com isso, os sujeitos parecem ter a intenção de: Manter contato com as preocupações mais pessoais e sensíveis do amigo Estabelecer um modo ou procedimento operativo para comunicar estes sentimentos reciprocamente Manter contato com os sentimentos mais profundos do outro

Algumas implicações pedagógicas: Ao compreender esse desenvolvimento, o professor pode observar, nas situações em que os alunos interagem uns com os outros, os níveis de entendimento interpessoal, tendo assim maiores condições de realizar intervenções adequadas auxiliando-os nesse desenvolvimento e podendo ainda notar o progresso na coordenação de perspectivas e no engajamento moral – ele pode reconhecer necessidades educacionais a partir do modo predominante de interação do indivíduo.

ð  Identificar os níveis pode auxiliar de muitas maneiras os professores: possibilitando melhor compreensão da conduta dos alunos; ajudando o educador a definir suas próprias expectativas sobre os objetivos que podem alcançar seus alunos e “sobretudo lhe permite não superestimar a capacidade tanto afetiva quanto cognitiva das crianças” – compreender que a criança não atua com determinada estratégia porque assim o quer ou por “alguma característica de personalidade”