TEATRO ÉPICO E POLÍTICO Cena da peça teatral: Mãe Coragem e seus Filhos, de Bertolt Brecht. Fotografia de Peter de Jong.

Teatro Político de Piscator (1893-1966) O século XX foi um painel temporal para a história do teatro, levando-o a uma revolução técnica e estética. O alemão Erwin Piscator enfatiza a reforma teatral. Não criou uma teoria teatral. Fez duas publicações: Teatro Político e Escritos (pós-morte). Buscou um teatro de experimentação, prático. Erwin Piscator

O teatro é uma “arma” contra a realidade político-social. Teve influência dos cabarés por meio do movimento, da fala, da música e do poder da imagem. Fez oposição aos traços “irracionais, antigos e burgueses” do Expressionismo. Buscava um teatro que fosse imediato e direto nas transformações sociais. O teatro é um manifesto, didático, e não, divertimento.

Uma batalha sociológica A criação do seu Teatro Político se deu de forma simultânea à elaboração de uma revista. Uso do “compère” - influência da Commedia dell’Arte. As peças de Piscator continham acontecimentos e fatos sociais recentes. Um Teatro Didático com o uso de projeção de filmes, documentários, cena simultânea com a utilização de esteiras e elevadores, e luz (elementos criador). Buscando uma dramaturgia sociológica, Piscator faz intervenções, adaptações e apropriações de textos de autores clássicos alemães e universais.

Utopias, fracassos e um idealista Projeto de um teatro: “Teatro Total”, realizado juntamente com Walter Gropius e a Bauhaus. Objetivo do Teatro Total: agitar os espectadores e aproximá-los dos atores. A arquitetura do “Teatro Total” nunca foi colocada em prática, em virtude de questões políticas. Planta do “Teatro Total”

A interpretação do ator deveria ser neorrealista, em consonância com o trabalho do cenário que continha elevadores e esteiras. O trabalho do ator era guiado por funções sociais e políticas, e não individualista. Uma representação objetiva. Inicialmente os atores eram amadores, em seguida foram substituídos por profissionais. Os atores deveriam elevar a voz ou até gritar, em virtude do som produzido pelas esteiras e demais mecanismos cênicos.

O Teatro Épico ganha forma e conteúdo no trabalho de Brecht. Desenvolvido pelo dramaturgo e encenador alemão Bertolt Brecht (1898-1956). O Teatro Épico ganha forma e conteúdo no trabalho de Brecht. Objetivo: demonstrar e esclarecer a complexidade do jogo nas relações humanas. Defendia um teatro anti-ilusionista. É possível haver diversão sem alienação. Bertolt Brecht

Busca uma relação direta com o público, visto que o mesmo é um elemento atuante no jogo. Fazia oposição ao sentimentalismo do drama burguês. Teatro diégese é um teatro narrativo. Mostrar por meio da narração, e não da representação. Contexto social vivido por Brecht: ênfase do capitalismo e desfavorecimento das classes baixas. Sua vivência na guerra traz influências para suas obras.

Suas obras enfatizavam o caráter de mudança de atitude. Segundo Brecht, o “gestus social” era construir a personagem por meio do exercício de apreender objetivamente, características comuns e facilmente identificáveis entre os aspectos sociais e o próprio ator que viva a personagem. O teatro tem uma função democratizante, segundo Brecht. Inicialmente criou peças com características Expressionistas, em seguida com a estética política. A estética do “distanciamento” ou “estranhamento” no Teatro Épico.

Comparação entre o Teatro Dramático e o Teatro Épico. O palco personifica um evento. Ele o narra. Envolve o espectador em uma ação. Torna-o um observador, mas desperta sua atividade. Possibilita-lhe sentimentos. Exige dele decisões. Transmite-lhe vivências. Transmite-lhe conhecimentos. O espectador é imerso na ação. É confrontado com ela. Ela é trabalhada com sugestão. Ela é trabalhada com argumentos. Os sentidos são preservados como tais. São levados ao ponto do conhecimento.

O homem é pressuposto como algo conhecido. O homem é objeto de uma investigação. O homem é imutável. O homem se transforma e é transformável. Tensão voltada para o desfecho. Tensão voltada para o processo. Uma cena em função da outra. Cada cena por si. Os acontecimentos se desenvolvem em um curso linear. Os acontecimentos se desenvolvem em curvas. O mundo como ele é. O mundo como ele se torna. O que o homem deve fazer. O que o homem tem de fazer. Seus instintos. Seus motivos. O pensamento determina a existência. A existência social determina o pensamento.

Algumas das obras de Brecht: Tambores na Noite; Baal; Na Selva da Cidade; Um Homem é um Homem; Galileu Galilei; Mãe Coragem e seus Filhos; O Casamento do Pequeno Burguês; A Ópera dos Três Vinténs; Aquele que diz Sim, Aquele que diz Não; A Exceção e a Regra; Terror e Miséria no Terceiro Reich; Os Fuzis da Senhora Carrar.