ASMA OCUPACIONAL Dra Ana Paula Scalia Carneiro

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
«Forte do Bom Sucesso (Lisboa) – Lápides 1, 2, 3» «nomes gravados, 21 de Agosto de 2008» «Ultramar.TerraWeb»
Advertisements

Alteração de Memória & Envelhecimento
Definição de asma - GINA 2008
Prevalência de Asma diagnosticada por médico em Escolares brasileiros (6-7 e anos) - Estudo ISAAC BRASIL, 1996 % Itabira.
Os Fatos sobre o tabaco.
Perfil do Índice BODE no Ambulatório de DPOC e mortalidade em 4 anos.
NOVO GOLD 2011 LÊDA MARIA RABELO.
SPTDT REUNIÃO CLÍNICA ABRIL
Estudo comparativo da Tomografia Computadorizada de Alta Resolução com a Radiografia de tórax no diagnóstico da Silicose em casos incipientes Dissertação.
Doenças Relacionadas ao Amianto
ASMA ________________________________________________ BIBLIOGRAFIA
Exercício Físico e Doença Alérgica
Curso de ADMINISTRAÇÃO
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SUBSECRETARIA DE ESTADO DA DEFESA CIVIL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DIRETORIA GERAL DE SAÚDE.
Prof. Maria Lucia L. Ribeiro Okimoto
DERMATITES DE CONTATO OCUPACIONAIS
TREINAMENTO NAS AÇÕES DO PROGRAMA DE TUBERCULOSE E HANSENÍASE
Queixas músculo-esqueléticas como causa de alto índice de absenteísmo
VI CONGRESSO BRASILEIRO DE ASMA
DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS DE ORIGEM OCUPACIONAL
NOVAS DIRETRIZES PARA O MANEJO DA ASMA O QUE HÁ EM COMUM ?
O VALOR DAS QUEIXAS CLÍNICAS NO BRONCOESPASMO INDUZIDO PELO EXERCÍCIO
UNIDADE DE FISIOLOGIA PULMONAR HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Metodologia Científica Medidas de Frequência e Associação
O Desempenho Recente da Indústria Brasileira
Métodos de Investigação Epidemiológica em Doenças Transmissíveis
EPIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE EM ARACAJU/SE NO PERÍODO DE 1984 A 2006
Uso da VNI no desmame Pedro Caruso UTI – Respiratória da HC da FMUSP
MÉTODOS DE COLETA DE INFORMAÇÕES
Epidemiologia e Saúde Ambiental
Curso sobre uso racional de medicamentos
Rosana Lazzarini Clinica de Dermatologia
SAÚDE OCUPACIONAL EXPOSIÇÃO A CAMPOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS
Protocolo de Manejo da Exacerbação da Asma
Doenças do Sistema Respiratório
MANUSEIO DA ALERGIA ALIMENTAR
Protocolo de Manejo da Exacerbação da DPOC
Nefrolitíase e Factores Litogénicos na Doença Inflamatória Intestinal Apoio: Bolsa de investigação NGHD P. Figueiredo*, C. Outerelo**, T. Meira*, Teixeira.
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - UFMA
Asma Relacionada ao Trabalho Ubiratan de Paula Santos
Suzana E Tanni, Paula A B de Camargo, Nathalie I Iritsu, Massaki Tani e Irma Godoy A divulgação sobre os riscos do tabagismo mudou o conhecimento dos fumantes.
Estratégia para Diagnóstico de DPOC Curso Nacional de infecção e tuberculose-2012 ACMLemos Prof. Associado da FAMED/UFBA Doutor em Medicina e Saude Chefe.
Radiografia de tórax na UTI
Rossana Ramos Fernanda Bosque
Kelser Souza Kock Alessandra Brunel Paes Ana Paula Vieira Hugen
Asma Criança e Adulto Dra. Jussara Fiterman. Objetivos da apresentação 1.Abordagem dos fenótipos da asma 2.Exposição dos recentes dados dos maiores estudos.
 2007 Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health Seção B Rastreamento das mortes e doenças relacionadas ao tabaco.
Alberto Cukier Divisão de Pneumologia InCor/Hospital das Clínicas
PROGRAMA DE CONTROLE DO TABAGISMO
Hermano Albuquerque de Castro
Terapêutica intermitente da asma: Futuro ou factóide? 10: :20
Asma Ocupacional FUNDAMENTOS DE MODELAÇÃO ESTATÍSTICA Mestrado em Bioestatística e Biometria.
Ambulatório de Pneumologia Hospital Júlia Kubitschek-BH
O que há de novo no tratamento Marcus B. Conde Universidade Federal do Rio de Janeiro Faculdade de Medicina de Petrópolis Encontro.
XII Curso Nacional de Atualização em Pneumologia
Função pulmonar na diabetes mellitus José R. Jardim Pneumologia Universidade Federal de São Paulo.
ASMA E TABAGISMO João Paulo Becker Lotufo
FISIOPATOLOGIA BRONCOESPASMO INDUZIDO POR EXERCÍCIO
Principais tipos de estudo descritivos
Diagnóstico Laboratorial em Doenças Alérgicas
PREVENÇÃO DE DOENÇAS PROFISSIONAIS
Análise de dados epidemiológicos
Dermatite de contato Reações inflamatórias agudas ou crônicas às substâncias que entram em contato com a pele. Pode ser não-alérgica (causada por irritante.
O Estudo Platino e sua implicção em políticas de Saúde Pública
Asma Induzida por Exercício
Hipersensibilidade Tipo I
Principais tipos de estudo descritivos Profa. Dra. Edina Mariko Koga da Silva Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina UNIFESP.
Asma por cobalto em metalúrgicos fábrica de válvulas de motor de automóvel.
ASMA BRÔNQUICA OCUPACIONAL
 Dengue  Hipertensão  5 diferenças Traumatismos (acidentes/violências) Doenças genéticas Doenças relacionadas à assistência da gestação e parto Deficiências/carências.
Transcrição da apresentação:

ASMA OCUPACIONAL Dra Ana Paula Scalia Carneiro Ambulatório de Doenças Profissionais- UFMG ADP - UFMG

ASMA OCUPACIONAL IMPORTÂNCIA NO RECONHECIMENTO “uma causa ocupacional deve ser investigada para toda asma iniciada em adultos” Chan-Yeung e Malo, 1995 Afeta população de adultos jovens Passível de cura Consequências sócio-econômicas e legais ADP - UFMG

PROPORÇÃO DE ASMA ATRIBUÍVEL À OCUPAÇÃO Estudo caso-controle de base populacional: 9 países europeus mais 3 países industrializados (15.637 pessoas) 5 a 10% de asma atribuível à ocupação (0,2 a 0,5% de incidência na pop. geral) Kogevinas M et al. Lancet , v.353,p.1750-4, 1999 Revisão de 23 estudos, 17 países: publicações de risco atribuído a ocupação : mediana=9%, média=12% Blanc P. Am J Med, v.107, p.580-7, 1999 ADP - UFMG

ASMA RELACIONADA AO TRABALHO Asma causada pelo trabalho (Asma Ocupacional propriamente dita) Asma agravada pelo trabalho: asma prévia exacerbada por estímulos inespecíficos no ambiente de trabalho ADP - UFMG

ASMA OCUPACIONAL: DEFINIÇÃO “Asma Ocupacional é uma doença caracterizada por obstrução reversível ao fluxo aéreo e/ou hiperresponsividade brônquica devido a causas e condições atribuíveis a um determinado ambiente de trabalho e não a estímulos externos” Asthma in the workplace. Bernstein, Chan-Yeung, Malo e Bernstein. 2nd ed, 1999 ADP - UFMG

DIFICULDADES NA DEFINIÇÃO Desencadeamento por estímulos inespecíficos Multicausalidade Asma pré-existente e atopia Persistência de sintomas após o afastamento ADP - UFMG

TIPOS DE ASMA OCUPACIONAL Imunulógica (com período de latência) Mediada por IgE (atopia e tabagismo predisponentes): substâncias APM: animais, cereais, plantas, látex, enzimas substâncias BPM (haptenos): platina, anidridos, antibióticos  Mediada por Células: Linfócitos T ativados (CD4 ou CD8): substâncias de BPM: isocianatos, níquel, metais duros Não imunológica: mecanismos: inflamatório (amônia, cloro), farmacológico (OF, TDI, Ac, plicático), irritante (ar frio, exercício), endotoxinas (poeira de algodão) ADP - UFMG

DIAGNÓSTICO DA ASMA OCUPACIONAL História clínica consistente com asma Nexo causal: Exposição a agente(s) suspeito(s) Evidência de obstrução reversível associada à exposição ocupacional Occupational Safety and Health Information Series. A guide to the management of occupational asthma. OSHS, New Zeland,1995 ADP - UFMG

INSTRUMENTOS DIAGNÓSTICOS História clínica e ocupacional Testes cutâneos e sorológicos Testes de função pulmonar pontuais (ex: espirometria) seriados (ex: curvas de pico de fluxo) Provocação brônquica: específica e inespecífica ADP - UFMG

Instrumentos diagnósticos - SWORD História 96% Função pulmonar 62% Curvas de pico de fluxo 56% Testes sorológicos 18% Provocação brônquica 6% Post WK et al. Stepwise health surveillance...Occup. Environ. Med. 1998;55:119-125 ADP - UFMG

Curvas de Pico de Fluxo Expiratório: como programar os registros Duração: conforme história clínica- ocupacional . sintomas imediatos: 1 a 2 semanas, registros 2/2 hrs, sem período de afastamento . sintomas tardios: 3 a 5 semanas,4 registros/dia, com período de afastamento tempo de recuperação, periodicidade de manipulação com os agentes suspeitos Critério de análise: visual e estatístico ADP - UFMG

ADP - UFMG

VALIDADE DAS CURVAS DE PICO DE FLUXO ADP - UFMG

VALIDADE DAS CURVAS DE PICO DE FLUXO ADP - UFMG

VALIDADE DE MÉTODOS DIAGNÓSTICOS ADP - UFMG

CONFIABILIDADE DAS CURVAS DE PICO DE FLUXO 23,5% de resultados falsos. Quirce S et al. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 1995 7,4% de resultados falsos. Gannon PFG et al. Eur. Respir. J. 1993 ADP - UFMG

PROGNÓSTICO A maior parte dos asmáticos ocupacionais persiste com sintomas após uma intervenção ocupacional correta Chan-Yeung, 1987 Relatos de 5 casos de morte após re-exposição (TDI, farinhas, MDI) Carino el al, Respiration, v.64, p.111-13, 1997 ADP - UFMG

Asma Ocupacional em São Paulo: AMBULATÓRIO DE DOP-FUNDACENTRO, 1984-1994 70 35

ASMA OCUPACIONAL EM SÃO PAULO Jan/95 a dez/99, registros de 4 ambulatórios públicos que atendem doenças ocupacionais respiratórias 301/313 casos analisados Idade média 39.5 (SD 10.1) 178 (59.1%) homens, 123 (40.9%) mulheres Tempo médio de exposição 7.9a (SD 7.8) Tempo médio de sintomas 3.2a (SD 3.9) 182 (60.9%) não fumantes Algranti, Mendonça e Rosa. Anais da IV Semana de Pesquisa, FUNDACENTRO, P.93-7, 2000

Instrumentos de investigação História clínica História ocupacional Espirometria (90.7%) Curvas de pico de fluxo (36.2%) Algranti, Mendonça e Rosa. Anais da IV Semana de Pesquisa, FUNDACENTRO, P.93-7, 2000

Principais ramos de atividade econômica Indústrias de plásticos (13.3%) Indústrias de material mecânico, elétrico e eletrônico (13.3%) Montadoras de veículos (8.3%) Serviços de limpeza (8.0%) Indústrias químicas e farmacêuticas (7.6%) Outras (49.5%) Algranti, Mendonça e Rosa. Anais da IV Semana de Pesquisa, FUNDACENTRO, P.93-7, 2000

Principais agentes referidos (1) Produtos de limpeza Fumos de degradação de plásticos e borrachas Solventes Irritantes respiratórios Metais e fumos metálicos Antígenos biológicos Isocianatos Resinas e adesivos Pigmentos Algranti, Mendonça e Rosa. Anais da IV Semana de Pesquisa, FUNDACENTRO, P.93-7, 2000

Principais agentes referidos (2) Poeiras de madeira Névoas de óleo Fibras têxteis Formaldeído, glutaraldeído Névoas de banhos de galvanoplastias Poeiras de papel e papelão Medicamentos Colofônio e outros fluxos de solda Anidridos Aminas

Motivos de ausência de curvas (192 pacientes) Desempregados 36.5% Afastados por doença ou por AT 29.2% Asma grave 13.0% Registros incompletos 6.8% Nível educacional baixo 5.7% Afastados da exposição 5.7% Algranti, Mendonça e Rosa. Anais da IV Semana de Pesquisa, FUNDACENTRO, P.93-7, 2000