Especialização em Políticas Públicas MTP II Jordão Horta Nunes
Fontes tradicionais de conhecimento Autoridade Senso comum Razão Observação Testemunhos dos órgãos dos sentidos
A fábula indiana dos cegos e o elefante
Visão tradicional de ciência Conhecer e explicar os fenômenos naturais. Compreender as relações entre os fenômenos psicológicos, sociais e educacionais. Existe uma relação sempre que podemos dizer “Se isso então aquilo”. Assim, a ciência deve ser capaz de prever. Compreender: conhecer as características Explicar: determinar a causa e identificar as influências de um fenômeno. Características da ciência: objetividade e base empírica.
Visão tradicional de ciência Objetividade como exterioridade em relação a pensamentos e valores. Desconfiança das prenoções, inclinações e pontos de vista pessoais. Valorização da intersubjetividade como acordo entre especialistas relativo ao que é observado. Estudos experimentais e não-experimentais. Distinção em grau entre os critérios de objetividade nas ciências naturais e nas ciências comportamentais.
Objeções à visão tradicional O senso comum e o conhecimento prático são muito importantes na vida cotidiana e nas relações sociais. Os enunciados que julgamos como objetivos estão impregnados teoricamente e “carregados” com um pré-conhecimento que direciona o conhecimento. A ciência não é neutra e está relacionada a valores e interesses. A experiência prática da vida social é fonte de conhecimento e também é influenciada pelo conhecimento. Como uma ciência neutra pode orientar mudanças sociais e pesquisar a própria sociedade em transformação?
O relativismo na ciência Limites à objetividade: o erro e a incerteza como elementos da ciência. A metáfora da “linguagem como cidade”. O senso comum como sabedoria coloquial, construída historicamente, que pode ser até formalizada, questionada e ensinada. Ênfase na idéia de bom senso na filosofia moderna: a filosofia da linguagem comum (Wittgenstein, Austin, Ryle), a fenomenologia do cotidiano (Husserl, Schutz, Merleau-Ponty, valorização das decisões pessoais no “mundo da vida”.
O senso comum como sistema cultural Clifford Geertz A feitiçaria entre os Azande e o bom senso coloquial. O hermafroditismo entre os norte-americanos, os navajo e os pokot. As quase-qualidades do bom senso: naturalidade, praticabilidade, leveza, não-metodicidade e acessibilidade. Para mostrar como o bom senso é um sistema cultural e que possui uma ordem única, passível de ser descoberta empiricamente e formulada conceitualmente, não se deve sistematizar seu conteúdo, que é muito heterogêneo, nem esboçar sua estrutura lógica, pois esta não existe. “O único procedimento que nos resta é o de tomarmos o desvio específico de evocar o som e os vários tons que são geralmente reconhecidos como pertencentes ao senso comum, construindo predicados metafóricos e noções aproximadas, como as de “leveza”.
Um adivinho Azande utilizando o iwa, oráculo da fricção.
A reflexividade e a experiência prática Romper com o senso comum não implica romper com as pré-noções. A experiência faz parte do mundo social e deve ser analisada. Entre o objetivismo (afastamento, exteriorização) e a fenomenologia (valorização da experiência vivida). A observação participante e a construção do objeto.