METODOLOGIA E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS

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Transcrição da apresentação:

METODOLOGIA E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PONTO III.1 INTRODUÇÃO À PROSPECTIVA

Tópicos de discussão O futuro como objeto de estudo Prospectiva e incerteza Determinismo e incerteza Incerteza e sistemas complexos Cenários e sistemas complexos Taxionomia dos cenários Cenários e Planejamento Origens dos estudos prospectivos Prospectiva e definição de estratégias Reflexões sobre o valor do método

“Toda primavera, os sacerdotes do templo se reuniam às margens do rio para verificar a cor da água. Se estivesse clara, a inundação seria branda e tardia, e os fazendeiros teriam colheitas pequenas. Se estivesse escura, a cheia seria suficiente para encharcar os campos e proporcionar uma colheita abundante. Finalmente, se houvesse predominância das águas verde-escuras, as cheias viriam cedo e seriam catastróficas. As plantações ficariam submersas e o faraó teria que usar seus armazéns para reserva de estoque de grãos” Schwartz, The art of the long view.

O futuro como objeto de estudo Parte significativa das atividades humanas está fortemente voltada para a definição do futuro. O presente é apenas um tênue momento entre o passado e o futuro. O futuro condiciona o presente tanto quanto o passado pela forte influência que exerce nas atitudes e nas iniciativas das pessoas, dos atores sociais e, portanto, dos governos. O futuro está predeterminado ou, ao contrário, está completamente aberto a múltiplas alternativas? Até que ponto podemos antever e predizer o futuro, determinado ou não?

O futuro como objeto de estudo O desejo de conhecer (predizer, prever ou inventar) o futuro é tão velho quanto próprio homem e é próprio de sua condição de animal racional. O componente animal é a base desse interesse, por proporcionar ao ser humano seu instinto de sobrevivência e, consequentemente, sua capacidade de reação e previsão diante de um perigo ou oportunidade potencial. O componente racional permite ao homem perceber o tempo como um fluxo, o faz situar-se num contínuo passado-presente-futuro e o torna consciente da transitoriedade de sua própria existência.

O futuro como objeto de estudo O futuro tem sido objeto de reflexão desde sempre: “O tempo é o número do movimento, segundo o antes e o depois” (Aristóteles). “Tudo flui” (Hieráclito). “O tempo é a imagem móvel da eternidade” (Platão). “O tempo é a condição formal a priori de todos os fenômenos...a forma da intuição interna” (Kant) “O tempo absoluto, verdadeiro e matemático,...flui uniformemente e é chamado de outra forma de duração” (Newton).

O futuro como objeto de estudo Até os seres humanos descobrirem o risco, o futuro era um espelho do passado ou o domínio obscuro de oráculos e adivinhos. Até o Renascimento, o futuro estava associado à sorte e ao destino: as escolhas pessoais eram dominadas pela passividade ou orientavam-se pelo destino. Nos tempos modernos, com a descoberta do risco e a menor sujeição do homem à natureza, a expectativa em relação ao futuro assume papel importante como referência para escolhas, tanto individuais quanto as coletivas. O futuro se constitui na própria essência do planejamento

O futuro como objeto de estudo O futuro é, ao mesmo tempo: O domínio da liberdade: não é previsível e não está dado ou predeterminado. O domínio do poder: espaços e possibilidades de construção que enfrentam o império da necessidade. O império da vontade: expressão de uma intenção e de um sistema de idéias e valores que definem o futuro.

Prospectiva e Incerteza Os estudos prospectivos não têm como objetivo prever o futuro e, sim, estudar as diversas possibilidades de futuros plausíveis existentes e preparar as organizações para enfrentar qualquer uma delas. “Todos os que pretendem predizer ou prever o futuro são impostores, pois o futuro não está escrito em parte alguma, ele está por fazer. O futuro é múltiplo e incerto” Michel Godet (1996)

Determinismo e Incerteza Tanto para os deterministas quanto para os indeterministas, os humanos não têm qualquer capacidade de escolher e construir o seu futuro (ou parte dele).

Determinismo e Incerteza A visão religiosa: Determinismo: o futuro já está prefixado por Deus Indeterminismo: o futuro ainda está indefinido porque cabe a Deus determinar o porvir segundo sua vontade absoluta.

Determinismo e Incerteza A visão “científica” O futuro estaria predefinido e determinado por leis gerais, o e conhecimento científico poderia prever todos os acontecimentos futuros desde que tivesse a teoria certa e o conhecesse os eventos iniciais, visto que, “...em mundo de causas e efeitos, se conhecermos as causas poderemos prever os efeitos” “O acaso é apenas a medida de nossa ignorância” (Poincaré)

Determinismo e Incerteza A visão “científica” Popper afirma que os eventos podem ser divididos em: Eventos predizíeis (mudanças das estações, movimentos diários do sol, passagem de cometa ou funcionamento do relógio) Eventos imprevisíveis (caprichos do tempo, movimento das núvens). E pergunta: esses fenômenos são realmente diferentes em termos de previsibilidade ou “...apenas o estado insatisfatório de nossos conhecimentos os faz aparecer como diferentes; se não seria o comportamento das nuvens tão previsível quanto o dos relógios, se soubéssemos tanto sobre as nuvens como sabemos sobre os relógios”

Determinismo e Incerteza A visão “científica” Popper diz que Hobbes e Kant teriam chegado à conclusão de que uma informação psicológica completa nos permitiria calcular de antemão com certeza, da mesma forma que o fazemos com os eclipses solares, a conduta futura de qualquer pessoa, o que representa, da mesma forma que no determinismo religioso, a eliminação do livre-arbitrío.

Determinismo e Incerteza A decisões humanas (e o livre-arbítrio) não estão desvinculadas das causas e das condições concretas das pessoas. O homem e suas circunstâncias de Ortega e Gasset, traduz claramente essa relação entre o determinismo psicológico previsível e a imprevisibilidade das ações humanas.

Determinismo e Incerteza Ao contrário da visão determinista, o planejamento e a concepção de cenários partem do postulado segundo o qual “...o futuro não está entretanto totalmente completamente fixado; ao contrário do passado, que está fechado, pode-se dizer, o futuro está aberto a influências; não está totalmente determinado” (Popper, 1984)

Determinismo e Incerteza O questionamento do determinismo e a proposta de um futuro imprevisível e não determinista baseia-se em três argumentos: Imprecisão e incapacidade de apreender e dominar todos os eventos iniciais relevantes para antecipar o futuro da realidade estudada; as causas iniciais nunca apresentam uma precisão absoluta.

Determinismo e Incerteza Insuficiente base teórica para dominar todas as variáveis e as relações complexas de interação entre elas; as teorias são sempre uma representação simplificada do mundo real e constituem um referencial limitado para a reprodução das relações e do movimento efetivo dos eventos; todo conhecimento científico possui um caráter de aproximação dos elementos da realidade e de explicação dos fenômenos e da causalidade destes.

Determinismo e Incerteza Imprevisibilidade dos movimentos da realidade e dos comportamentos humanos singulares dentro do jogo de causalidade organizado pelos sistemas teóricos.

Determinismo e Incerteza De acordo com as modernas concepções epistemológicas, especialmente a chamada teoria do caos, também nas ciências exatas, vários fenômenos da natureza são imprevisíveis não apenas por insuficiência de informação e da capacidade de conhecimento analítico, mas também pelo fato de constituírem sistemas complexos e não lineares, com mutações ocasionais.

Determinismo e Incerteza Os sistemas complexos e não-lineares são estruturalmente instáveis, e os pontos críticos de instabilidade são denominados “pontos de bifurcação”.

Incerteza e padrão de organização O desempenho futuro da natureza ou da história não é um fenômeno aleatório e arbitrário, tampouco uma trajetória definida por antecipação, da mesma forma que os homens não são totalmente livres nem totalmente predeterminados. A liberdade processa-se e manifesta-se nas circunstâncias que limitam os espaços de possibilidades mesmo para sistemas complexos e não-lineares

Incerteza e padrão de organização Os sistemas não-lineares (caóticos) não são completamente aleatórios, uma vez que tendem a apresentar determinados padrões. Entretanto, à medida que os movimentos do sistema se ampliam, este pode chegar a determinadas condições nas quais a evolução futura pode tomar vários caminhos diferentes dentro de seu padrão de organização. Há um elemento aleatório irredutível em cada ponto de bifurcação; qual caminho tomará é algo que depende da história do sistema e de várias condições externas e nunca pode ser previsto.

Incerteza e padrão de organização A incerteza é uma característica do mundo real. Apesar de carregado de incertezas, o comportamento de qualquer objeto tende a expressar determinados padrões logicamente interpretados e analisados, que decorrem das circunstâncias históricas e da lógica de funcionamento e interação.

Incerteza e padrão de organização Mesmo em sistemas complexos e caóticos, a antecipação de futuros é possível dentro dos espaços de imponderabilidade. É o padrão de organização do sistema que define os espaços de comportamento aleatórios ao condicionar o curso das interações e, por assim dizer, ao delimitar as imponderabilidades futuras. Para os estudos de cenários é necessário considerar a inevitabilidade de lidar e de aceitar a incerteza, tentando, apenas limitar seus espaços de possibilidades. A incerteza é uma característica do mundo real.

Incerteza e padrão de organização Mesmo em sistemas complexos e caóticos, a antecipação de futuros é possível dentro dos espaços de imponderabilidade. É o padrão de organização do sistema que define os espaços de comportamento aleatórios ao condicionar o curso das interações e, por assim dizer, ao delimitar as imponderabilidades futuras. Para os estudos de cenários é necessário considerar a inevitabilidade de lidar e de aceitar a incerteza, tentando, apenas limitar seus espaços de possibilidades. A incerteza é uma característica do mundo real.

Incerteza e padrão de organização O futuro é incerto e indeterminado e constitui um horizonte aberto de múltiplas possibilidades. O futuro é, ao mesmo tempo: O domínio da liberdade: não é previsível e não está dado ou predeterminado. O domínio do poder: espaços e possibilidades de construção que enfrentam o império da necessidade. O império da vontade: expressão de uma intenção e de um sistema de idéias e valores que definem o futuro.

Cenários e sistemas complexos A construção de cenários lida, normalmente, com sistemas altamente complexos – não lineares – e dinâmicos, que convivem com contínuas mudanças estruturais e com elevado grau de incerteza sobre o caminho dessas mudanças.

Cenários e sistemas complexos Os sistemas complexos caracterizam-se por processos de retroalimentação que estabelecem condições de auto-organização e de mudança. Em qualquer sistema complexo e não-linear existiriam dois mecanismos de regulação difrenciados: Retroalimentação positiva: o qual cria uma dinâmica de auto-reforço dos processos de desorganização provocando reação em cadeia. Retroalimentação negativa: se compõe de mecanismos de auto-regulação, os quais se contrapõem ao processo de desorganização e reequilibram o sistema.

Cenários e sistemas complexos Essa formulação geral dos sistemas auto-organizadores tem uma correspondência com a abordagem da dinâmica e da mudança econômica e social da teoria da regulação desenvolvida pelos franceses da chamada Escola de Regulação. De acordo com essa proposição analítica, existe um conjunto de mecanismos – sobretudo institucionais e funcionais – que organiza a mudança e a dinâmica da economia, permitindo assim, a estabilidade dela. Mesmo no meio das crises, existiria um padrão de organização definido pelo sistema de regulação que administraria e regularia o processo de reestrução e de retomada da dinâmica econômica.

Cenários e sistemas complexos “Crise de regulação” Quando as mudanças são de tal envergadura que tornam obsoletos e ineficazes os mecanismos do sistema de regulação dominante, o que demanda novo padrão de organização. Nesse caso, os sistemas econômico e político internacionais podem sofrer alterações tão imensas e profundas que o modo de regulação não consegue mais dar conta das mudanças, pedindo novos mecanismos e novas regras de organização.

Cenários e sistemas complexos A continuidade (não linearidade) dos sistemas depende do objeto que se pretende descrever no futuro. A convivência da mudança com a continuidade (conservação) é uma constante nos sistemas complexos. Mesmo o mais instável dos sistemas apresenta padrões de comportamento e relativa estabilidade de mudanças.

Cenários e sistemas complexos Não se deve subestimar as forças de inércia, que delimitam os espaços e as possibilidades de transformação. Tampouco se deve subestimar as tendências de transformação É necessário, portanto, compreender a estabilidade na mudança e as inércias estruturais para evitar duas armadilhas da antecipação de futuros: A projeção das tendências do passado, como se a estabilidade fosse permanente. A reprodução de instabilidades conjunturais como uma tendência de longo prazo, reduzindo a importância da estrutura e dos fatores de continuidade.

Cenários e sistemas complexos A mudança e a incerteza são a regra, e tudo indica que o futuro não será uma continuidade do passado e do presente. Contudo, as transformações da realidade seguem determinados padrões e circunstâncias ao conservarem componentes relevantes da realidade atual e ao alongarem as mudanças no tempo, de modo que os cenários não se podem deixar dominar pelo presente nem se influenciar pelas dinâmicas e tendências de curto prazo. Só a análise sobre longos períodos permite eliminar os “efeitos de ciclo” e apreender a dinâmica profunda dos sistemas a analisar. Esses são os maiores desafios da construção de cenários.

Planejamento e Cenários Os estudos prospectivos constituem parte importante do processo de planejamento na medida em que oferecem uma orientação para as tomadas de decisões sobre iniciativas e ações para a construção do futuro almejado pela sociedade e pelas empresas. A atividade de planejamento tem como pressuposto central o fato de o futuro não estar predeterminado e ser uma construção social, resultante, portanto, das ações e das decisões da sociedade.

Prospectiva e Cenários Os cenários procuram descrever futuros alternativos. São ferramentas de planejamento numa realidade carregada de incertezas. Os cenários procuram analisar e sistematizar as diversas probabilidades dos eventos e dos processos por meio da exploração de pontos de mudança e das grandes tendências, de modo que as alternativas mais prováveis sejam antecipadas. Como não é possível reduzir “incerteza” (incalculável) a “riscos” (calculáveis), a construção de cenários não é uma atividade científica. É uma arte, que demanda, sobretudo, criatividade e abertura intelectual.

Prospectiva e Cenários Cenários, são portanto, uma “visão internamente consistente da realidade futura, baseada em um conjunto de suposições plausíveis sobre as incertezas importantes que podem influenciar o objeto” (Porter, 1989), Os cenários tratam, portanto, da descrição de um futuro – possível, imaginável ou desejável – para um sistema e seu contexto, bem como do caminho ou da trajetória que o conecta com a situação inicial do objeto de estudo, como histórias sobre a maneira como o mundo (ou uma parte dele) poderá se mover e se comportar no futuro.

Taxionomia dos cenários Na caracterização dos cenários, é possível distinguir dois grandes conjuntos diferenciados segundo sua qualidade, particularmente quanto a isenção ou presença do desejo dos formuladores do futuro: Cenários exploratórios Cenário desejado ou normativo

Taxionomia dos cenários Cenários exploratórios Têm um conteúdo essencialmente técnico, decorrem de um tratamento racional das probabilidades e procuram intencionalmente excluir as vontades e os desejos dos formuladores no desenho e na descrição dos futuros. Trata-se de apreender para onde, provavelmente, estará evoluindo a realidade estudada, para que os decisores possam escolher o que fazer e possam se posicionar positivamente naquela situação.

Taxionomia dos cenários Cenário desejado ou normativo Aproxima-se das aspirações do decisor em relação ao futuro; para ser um cenário a descrição deve ser plausível e viável. Pode-se dizer que o cenário desejado ou normativo é UTOPIA PLAUSÍVEL, capaz de ser efetivamente construída e, portanto, demonstrada – técnica e logicamente – como viável Tem geralmente uma orientação política; procura administrar o destino com base no desejo. Consiste num tratamento técnico e racional dos desejos.

Taxionomia dos cenários

Taxionomia dos cenários

Taxionomia dos cenários

Taxionomia dos cenários

Origens dos estudos prospectivos As técnicas prospectivas começaram a ser utilizadas de forma sistemática entre os militares durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente nos Estados Unidos, como um mecanismo de apoio à formulação de estratégias bélicas. Os primeiros trabalhos prospectivos no ambiente civil foram produzidos pela Corporação Rand, depois da Segunda Guerra. The Year 2000, de Hermann Kahn e A. Wiener (1967). Limites dos Crescimento, do Clube de Roma (1981).

Prospectiva e definição de estratégias “A atitude prospectiva significa olhar longe, preocupar-se com o longo prazo; olhar amplamente, tomando cuidado com as interações; olhar a fundo, até encontrar os fatores e tendências que são realmente importantes; arriscar, porque as visões de horizontes distantes podem fazer mudar nossos planos de longo prazo; e levar em conta o gênero humano, grande agente capaz de modificar o futuro” Gaston Berger (1957)

Bibliografia BAS, Enric. Megatendencias para el Siglo XXI. Un estudio Delfos. México: Fondo de Cultura Econômica, 2004, p.78-134. BUARQUE, S. C. “Metodologia e Técnicas de Construção de Cenários”. Textos para Discussão N.º 939. Brasília: IPEA, 2003, p.50-67 GODET, M. Creating Futures. Scenario Planning as Strategic Management Tool. Paris: Economica. 2006, p.107-159 MARCIAL, E. C. e GRUMBACK, R. J. Cenários Prospectivos. Como construir um futuro melhor. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. p.43-89